Coluna: No mato sem cachorro

Os dois recentes amistosos da Seleção deixaram o torcedor de orelha em pé e o técnico Mano Menezes a um passo da fritura. A rigor, nenhuma novidade na frustração generalizada. Afinal, os problemas manifestados agora são os mesmos que atormentaram o escrete na última Copa: não temos centroavante, nem meia-armador. Em termos numéricos, significa que não há gente competente para vestir as camisas 9 e 10 da Seleção.  
A constatação dessas carências é naturalmente assustadora para os que nasceram neste país tropical rico em feras do ataque e craques da criação. Difícil explicar tamanha carência para quem já teve Zizinho, Didi, Gerson, Rivaldo e outros bailando ali na meia cancha. Dureza aceitar que o país que gerou Vavá, Mazzola, Amarildo, Quarentinha, Romário e Ronaldo não consiga achar hoje um mísero centroavante para chamar de seu.
Só o extremo aperreio justifica o fato de Mano Menezes ter escalado Elano para usar a 10 contra os holandeses e Jadson, de sua particular preferência, contra os romenos. São dois jogadores medianos, sem aquela faísca que caracteriza o verdadeiro talento. Por sorte, o craque Paulo Henrique Ganso, um legítimo camisa 10, deve ter condições de jogar a Copa América. 
No ataque, Fred é opção de emergência. Sem Luís Fabiano e Adriano, resta a Mano apostar no atacante do Fluminense, mais pelo que já fez um dia do que pela forma atual. Pato, a outra alternativa, é pura incógnita. Às vezes, até empolga, mas no jogo seguinte passa em branco. Ainda assim, joga mais que Fred e Leandro Damião, que acabou preterido.
E assim, na base do desespero e da ausência de alternativas, a Seleção vai tentando se estruturar para 2014. Falta muito para virar um time de verdade, mas Mano bem que podia ser mais radical e apostar tudo na juventude. Ainda é a melhor receita.    
 
 
Vasco campeão pelas mãos de Roberto Dinamite, o libertador da Colina. Depois da queda à Série B, o clube juntou os cacos e agora está na Libertadores. Às vezes, ainda bem, o bom trabalho triunfa.
 
 
Wolter Robilotta, o nosso Rubilota, morreu anteontem. Foi um dos melhores atacantes que o torcedor paraense já viu em ação. Paulista, oriundo do futebol carioca, era um sujeito generoso, capaz até de dividir suas qualidades entre as duas maiores paixões regionais. Veio primeiro para o Paissandu em 1965, onde formou afinadíssimo duo com Bené. O auge foi em 1966, quando ajudou a ganhar o título estadual invicto, num timaço que tinha Abel, Oberdan, Quarentinha, Bené e Tito.
Em 68, mudou de lado. Passou a defender o Remo com igual competência, atuando ao lado de Neves e Zequinha e conquistando títulos. Não teve festa de despedida ou homenagens em vida, mas está definitivamente inscrito na história do futebol paraense.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 9) 

8 comentários em “Coluna: No mato sem cachorro

  1. Sr. Gerson eu assino embaixo sobre a seleção.Embora seja um trabalho de renovação ,mais já que ele tá convocando alguns jogadores mais digamos experientes porque não convocou o ALEX,aquele do Palmeiras e do Cruzeiro que estava ou está na Turquia?Sinceramente pior que não termos mais craques na meia e no ataque é olhar e ver que o selecionado brasileiro não tem tática nenhuma.Mano inventa que é ofensivo escalando 3 atacantes,mais tirando Neymar os atacantes só imitam cobra na areia quente,se rebolando o tempo inteiro mais objetividade que é bom. Nada.O Ronaldo mesmo exibindo uma pança enorme jogou mais que os tres juntos.A seleção não é um time que se defende e sai pro contra-ataque letal ,como era no tempo do Dunga,nem isso e nem é ofensiva.Mas como nunca joguei futebol e nem sou perito como o senhor, lhe pergunto se o sr. tem observado esse detalhe tático tbm.

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  2. Não se assustem colegas do blogue com o horário.Acordo cedo assim para fazer minhas preces que costumam levar cerca de meia hora,em silencio.Leio a Biblia e depois vou à uma padaria aqui na rua Gaspar Lemos,no bairro pioneiros.Vejam mapa da cidade de Campo GRANDE,MS.Depois vou trabalhar ,mais para lá chegar apanho dois onibus,pagando uma só passagem.Chego lá quase 8 da manhã. Volto somente a noite e aí vou para a igreja onde atuo fazendo palestras e depois vou dormir lá pela zero hora.E agora com esse aparelho normalizado que me foi presenteado eu durmo bem pouco porque virou um “vício” ler o blogue do sr.Gerson e os portais de noticias de Belém.Asssim como eu quantos paraenses não estão mundo afora tentando ganhar a vida honestamente? O importante é que demos demonstrações de hombridade e probidade.Como falei aqui outro dia .NÃO BASTA SER HONESTO OU TRABALHADOR é preciso ser e PARECER SER.Bom trabalho a todos e que DEUS nos abençoe.

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  3. Muito oportuna essa tua avaliação Gérson e acredito que o problema para essa carência de um 9 e de um 10 na seleção tem fortes possibilidades de residir nas categorias de base dos times brasileiros,onde os técnicos das divisões de formação de jogadores acabam adotando uma infeliz concepção de jogo retrancado e defensivo preoucupados que estão em ganhar os campeonatos voltados para essa categorias,uma preoucupação que pelo menos em tese não deveria existir já que o objetivo primordial da divisões de base deveria ser a formação,a preparação de futuros craques e não ganhar os campeonatos de sub 20,sub 17etc..No blog do Renato Mauricío Prado há um comentário muito interessante de um brasileiro que reside há alguns anos na Espanha que analisa com muita acuidade e precisão qual o porquê do Barcelona ser o que é hoje.Nas divisões de base do time catalão,os técnicos sempre tem como ditame principal adotar uma postura de jogo ofensivo,de atacar o adversário e sempre valorizando o talento,como muitas vezes acaba ocorrendo nas divisões de base dos times brasileiros,em que o garoto talentoso é por várias vezes irracionalmente preterido por não seguir a “filosofia”,a “postura tática” do treinador(talvez a exceção seja o Santos).Quantos Paulo Henrique Gansos,verdadeiros “camisas 10”, já não foram excluídos por não se encaixarem no jogo preso,defensivo,estilo bate-estaca bem nos moldes de Dunga,Murici e até mesmo do próprio Mano.Não ocorrendo mudanças nesse sentido,a carência de camisas 9 e 10 só tende a se acentuar.

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  4. Rubillota, que graças a Deus, ví jogar, marcou realmente no futebol do Norte deste País, merece homenagem póstuma à altura, já que em vida, de homenagens, nunca precisou, ao contrário, sempre homenageou as torcidas de Paisandu e remo, com seus gol’s e jogadas eficientes, às vezes, desconcertantes, foi sim um craque, na arte de jogar futebol.

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  5. Desculpas por um erro de redação da minha opinião, onde está escrito”como muitas vezes acaba ocorrendo”leia-se “diferente do que acaba ocorrendo”

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  6. Ainda há piuco tomei conhecimento do infausto. Muito anos já decorreram desde a ultima vez que conversei com VOLTER RUBILOTA. PAYSANDU e REMO honraram-se com esse filho adotivo. Fomos companheiros de inumeras viagens. As idades nos aproximavam e por isso convivia-mos. Após suspender as chuteiras fez o do Mosqueiro o seu prazer preferido o que fazia muitos pensar que um comercio existente na prais do S. Francisco e que levava seu nome (Rubilota) fosse de sua proproedade. Deus acolha a sua alma.

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