Independente põe a mão na taça do returno

Preciso nas finalizações, o Independente superou o Cametá dentro do Parque do Bacurau, na tarde deste domingo, marcando 2 a 1 e ampliando a vantagem na decisão do returno do Campeonato Paraense. Joãozinho e Wegno fizeram os gols do time de Tucuruí, enquanto Leandro Cearense descontou, cobrando penalidade. Irreconhecível no primeiro tempo, o Cametá adotou uma postura cautelosa, preocupando-se em reforçar a defesa e marcar os principais jogadores do Independente. A tática acabou se revelando equivocada porque, ainda no primeiro tempo, o visitante chegou ao gol, após grande jogada individual de Marçal. Ele arrancou com a bola dominada desde seu campo, driblou dois defensores e chutou da entrada da área. A bola resvalou na zaga e ele completou de cabeça, acionando Joãozinho, que entrava pela direita. Livre de marcação, o atacante fuzilou o goleiro André Luís, abrindo o placar. Aos 38 minutos, Robinho desperdiçou boa chance para igualar, chutando forte por cima da trave.

No segundo tempo, o Cametá voltou mais ofensivo e criou diversas situações perigosas na área do Independente, mas o empate só viria aos 37 minutos em pênalti cobrado por Leandro Cearense. O lance foi polêmico: Cassiano invadiu a área e caiu após choque com Fábio. Aos 44 minutos, o Cametá teve grande chance de desempatar, mas a zaga do Independente conseguiu abafar o lance. Logo em seguida, o goleiro Dida deu um chutão para o ataque e Wegno aproveitou para fazer o gol da vitória. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

 

Empate burocrático no Serra Dourada

O primeiro tempo já foi de dar calo no olho. Os holandeses, mesmo estranhando o calor, conseguiram dar um suor danado na atrapalhada zaga nacional. Julio César, sem os vacilos da Copa, se saiu bem evitando pelo menos dois gols do jovem Afellay. No time de Mano, somente Neymar parecia disposto a tentar alguma coisa. Os demais faziam o chamado cumprimento de expediente. Elano, Robinho e Fred praticamente nem entraram em campo, tamanha a indolência nas jogadas. Veio a etapa final, sem mudanças no escrete brazuca. Mas, logo a um minuto, Neymar na cara do gol bateu em cima do goleiro Krull. Em seguida, mais duas boas chances perdidas por Fred Slater. A massa gritava por Lucas, do São Paulo. Mano atendeu. Elano e quase ninguém notou. Sandro substituiu Lucas Leiva e, mais à frente, Leandro Damião entrou no lugar de Fred, sem acrescentar muita coisa. A Holanda tocava a bola, deixando o tempo escorrer, mas ainda houve tempo para Ramires – em homenagem a Felipe Melo – acertar uma sarrafada em Robben e levar o vermelho.

A seleção deixou o campo vaiada, o que não deixa de ser um exagero, afinal o time está em fase de montagem e pegou pela frente a vice-campeã mundial. Mas os 36 mil torcedores têm lá seus motivos, principalmente depois de ver Mano desperdiçar preciosos minutos com Robinho, Fred, Elano e André Santos, jogadores que nunca acrescentaram nada à Seleção. É gritante a falta que faz um legítimo camisa 10 ao time, alguém que organize o jogo, faça lançamentos e – acima de tudo – saiba criar. Ganso pode ser esse cara.

Coluna: A audácia dos caboclos

Até as pedras do cais de Cametá sabem que, há alguns anos, o Campeonato Estadual não é lá grande coisa. Nesta temporada, o sopro de renovação é a participação de dois representantes interioranos, da região do Baixo Tocantins. Em cenário de terra arrasada, baixa empolgação da torcida e pouca inspiração dos boleiros, pode-se afirmar que os tocantinenses salvaram a competição.
O primeiro turno foi ganho pelo Paissandu meio aos trancos e barrancos. Desfalcado de seu melhor jogador (Tiago Potiguar) e com um técnico execrado pela massa, o time acabou levando a taça muito mais por exclusão do que por mérito.
Veio o returno, com expectativa de uma reação do Remo, desesperado pela vaga à Série D. Ninguém apostava numa final de turno entre times emergentes. Tudo levava a crer que a segunda parte do torneio seria dominada pelos velhos rivais de sempre. Aos poucos, porém, Cametá e Independente Tucuruí vestiram roupa de gente grande e invadiram a festa.
Ambos aproveitaram, com sabedoria, a queda de rendimento dos concorrentes. O Paissandu preferiu se acomodar, o Águia não acertou o passo e o Remo, no auge do desespero, resolveu trocar de técnico. Despachou Paulo Comelli e trouxe Givanildo Oliveira para as semifinais. Não houve jeito: Sinomar Naves levou a melhor, com méritos.
E, afinal, o que Cametá e Independente apresentam de diferente em relação aos demais times do Parazão? Simples: times estruturados, alguns jogadores de qualidade e esquemas bem definidos. Acima de tudo, jogam com objetividade, exploram o fator campo com inteligência e encaram a dupla Re-Pa sem a mesma cerimônia de antes.
Como ocorreu com o São Raimundo em 2009, os duelistas deste domingo entenderam que não há mais distância que os separe dos grandes da capital. Exceto pela camisa, história e massa torcedora, Remo e Paissandu têm equipes comuns, do mesmo nível dos demais.
Uma velha anedota, muito ouvida nas áreas ribeirinhas do rio Tocantins, valoriza a audácia e o desembaraço do caboclo cametaense, tipo paraense bem genuíno, principalmente quanto ao sotaque especialíssimo. E o destemor dos Romualdos contagiou os matutos de Tucuruí, resultando na surpreendente performance de ambos neste campeonato.
 
 
O sucesso desses times tem muito a ver com quatro jogadores: Leandro Cearense e Robinho, no Cametá; Gian e Marçal, no Independente. Habilidosos, garantiram a solidez ofensiva dos finalistas. A dupla cametaense, mais jovem, cria jogadas e faz muitos gols. Robinho é o craque da competição e Leandro lidera a artilharia.
Já os experientes armadores de Tucuruí brilham pela capacidade de organização e qualidade do passe. Gian, às vésperas da aposentadoria, faz sua melhor temporada desde que foi trazido pelo Remo em 2003.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 5)