Papão atropela o Estrelão

POR GERSON NOGUEIRA

O ritmo forte imposto pelo PSC desde os primeiros minutos foi determinante para a vitória sobre o Rio Branco (AC), ontem à noite, na Curuzu, pela Copa Verde. O Estrelão acreano tinha dificuldades para marcar o rápido ataque bicolor e não conseguia sair de seu campo. As falhas começaram a surgir e as chances de gol também. Depois de 2 a 0 no 1º tempo, o Papão completou para 3 a 0 na etapa final.

Com volume técnico superior e inversão de jogadas, o PSC foi dominando as ações e chegou ao gol logo aos 16 minutos, com Biel aproveitando um clarão na zaga adversária. O volante recebeu dentro da área e disparou um chute forte, sem chances para o goleiro Evandro Gigante.

Mesmo com a vantagem, o Papão continuou agressivo, querendo o segundo gol. O Rio Branco chegava com parcimônia, sem criar chances. Aos 24’, o gol mais bonito da noite. Vinicius Leite recebeu rebote da zaga, ajeitou a bola e mandou um tiro seco no canto esquerdo de Gigante.

Depois do intervalo, o PSC fez mudanças na equipe. Vinícius Leite, lesionado, saiu para Edinho entrar. O time seguiu jogando ofensivamente e perdendo chances claras de gol, com Nicolas, Biel e Esli Garcia (que havia entrado no lugar de Jean Dias).

Aos 23 minutos, uma escaramuça na área resultou no terceiro gol do Papão. Nicolas cabeceou e o goleiro Artur Bruno espalmou. Nicolas insistiu tentando fazer o gol, mas a bola sobrou para o zagueiro Carlão, que deu o chute final para as redes.

Ainda surgiu a oportunidade do quarto gol. Aos 42’, Leandro recebeu na pequena área e finalizou, mas estava impedido e o gol foi anulado. Apesar das chances perdidas, o 3 a 0 ficou de bom tamanho, traduzindo bem a ampla superioridade bicolor em campo.

Leão estreia contra o Trem sob novo comando

A principal atração do jogo desta noite, no Baenão, entre Remo e Trem do Amapá, é a estreia do técnico Gustavo Morínigo. Depois de desembarcar em Belém na quarta-feira, o paraguaio já assumiu o comando e participou do treino final para a estreia na Copa Verde.

A escalação ainda deve repetir as escolhas de Ricardo Catalá, mas o jogo será um excelente campo de observação para o novo treinador. Felipinho deve voltar ao time formando o ataque com Ribamar e Marco Antônio.

O desempenho frente ao limitado representante amapaense pode determinar também as primeiras mudanças de peças no elenco. A conferir.

Jogos Abertos são confirmados para este semestre

Maior torneio estadual de esporte amador, os Jogos Abertos do Pará (Joapa) têm início nos próximos dias com as visitas técnicas às sedes regionais ainda neste mês de março. A confirmação da 13ª edição pela Secretaria Estadual de Esporte e Lazer veio acompanhada da informação de que a diretoria técnica da Seel está na etapa de ajustes para a realização das inspeções aos 10 municípios que irão sediar o Joapa.

O evento faz parte do calendário de atividades esportivas da Seel. Segundo o diretor da área técnica da secretaria, Eliandro Kogempa, a primeira cidade a receber a equipe de inspeção será o município de Moju.

Meia indicado por Nicolas fecha com os bicolores

Não deixou de ser surpreendente a contratação pelo PSC do meia Carlos Maia, que disputou o Campeonato Paraense defendendo o Castanhal sem maior destaque. Aos 22 anos, com breve passagem pelo Goiás, onde atuou ao lado do atacante Nicolas, o jogador não tem credenciais maiores para ser o meia de criação que o time precisa e busca.

Foi contratado por influência do ídolo alviceleste. Maia disputou sete partidas pelo Castanhal – marcou um gol no confronto com o Tapajós. A passagem pelo Goiás em 2023 também foi rápida. Seis jogos apenas.

A parceria com Nicolas é vista como positiva, podendo facilitar a presença de Maia no elenco que vai disputar a Série B. Apesar disso, o clube segue no mercado à procura de um camisa 10 que possa revezar com o experiente Robinho, e agora com Carlos Maia.

Aumento do número de gringos pode ser barca furada

Uma bela novidade foi criada para o Brasileiro da Série A junto com um tema bastante polêmico. Para o certame, que começa no dia 13 de abril, foi criado o Troféu Roberto Dinamite destinado ao artilheiro. Homenagem ao ídolo vascaíno que é o maior goleador da história da competição.

Ficou definido no conselho técnico que haverá paralisação do campeonato durante os jogos da Seleção Brasileira em datas-Fifa e foi aprovado o aumento do limite de estrangeiros, de sete para nove.

E é aí que a porca torce o rabo.

A concessão atende a uma reivindicação dos clubes, mas pode, a médio prazo, se voltar contra o nível geral do futebol brasileiro. A Europa buscou jogadores estrangeiros para fortalecer suas ligas e acabou enfraquecendo suas seleções, que levaram duas décadas para se recuperar.

Um outro aspecto a considerar é a pujança financeira dos grandes clubes brasileiros em relação aos vizinhos sul-americanos. Nem mesmo os gigantes argentinos Boca Juniors e River Plate conseguem competir na busca por reforços dentro do continente.

O meia uruguaio De La Cruz, astro do River, é um exemplo. O Flamengo fez proposta, houve resistência do clube argentino, mas o jogador acabou negociado com a equipe brasileira. Essa fartura estimula a defesa do aumento da cota de estrangeiros, com os riscos derivados disso. 

Voltaremos ao tema. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 07)

A frase do dia

“A pequeníssima queda na popularidade do presidente Lula nada tem a ver com o próprio governo. Deve-se a subida dos alimentos, por questões climáticas. Imputar essa flutuação à declaração de Lula sobre o genocídio palestino é só a mídia burguesa se dando muita importância”.

Ricardo Pereira, jornalista e professor

No STF, entidades denunciam assédio judicial contra jornalistas em Mato Grosso

Jornalistas dizem que o governador bolsonarista Mauro Mendes (União) recorre à Polícia Civil para fazer “assédio judicial”

Por Caio de Freitas Paes e Rubens Valente – Agência Pública

Nesta segunda-feira (4), um grupo de entidades de defesa do jornalismo ajuizou uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) a fim de tentar garantir o direito constitucional ao sigilo das fontes jornalísticas. Os aparelhos eletrônicos de dois jornalistas de Mato Grosso, incluindo seus telefones celulares, estão em poder da Polícia Civil após uma operação de busca e apreensão deflagrada em Cuiabá em 6 de fevereiro deste ano.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Instituto Vladimir Herzog e o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT), além dos dois profissionais alvos da operação policial, assinaram a reclamação protocolada no STF.

Por que isso importa?

  • O sigilo da fonte é fundamental para a liberdade de imprensa, um dos pilares da democracia
  • Esclarecer se há abusos por parte da polícia contra jornalistas pode evitar que esse tipo de conduta se torne padrão contra a imprensa

No último dia 16, a defesa dos jornalistas de Cuiabá Alexandre Aprá e Enock Cavalcanti impetrou um habeas corpus na Justiça local a fim de trancar o inquérito e impedir uma devassa, pela Polícia Civil, nos telefones celulares e aparelhos eletrônicos apreendidos com os jornalistas. As entidades de defesa do jornalismo pediram que a questão fosse analisada com urgência e que o inquérito fosse suspenso e arquivado “com o objetivo de assegurar direito constitucional à preservação do sigilo da fonte”.

Em decisão no início da tarde desta terça-feira (5), o desembargador Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, negou o trancamento do inquérito. Ele disse não ver “plausibilidade” no pedido, pois, “pelos elementos aqui constantes, não vislumbro, de plano, o aventado constrangimento ilegal”.

A investigação policial contra os jornalistas começou a partir de uma queixa apresentada à polícia pelo governador bolsonarista Mauro Mendes (União).

Os profissionais dizem ser alvo de um “assédio judicial”, por meio da Polícia Civil, promovido pelo governador, sobre o qual fazem uma cobertura crítica sobre ele e o seu governo. Uma comitiva de jornalistas mato-grossenses também formalizou a denúncia durante o primeiro encontro neste ano do Observatório da Violência contra Jornalistas e Comunicadores Sociais, vinculado à Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) em Brasília (DF), na última sexta-feira (1º). O observatório foi criado pelo governo Lula no ano passado. O encontro foi acompanhado pela Agência Pública.

Comitiva de jornalistas durante encontro do Observatório da Violência contra Jornalistas e Comunicadores Sociais
Comitiva de jornalistas durante encontro do Observatório da Violência contra Jornalistas e Comunicadores Sociais

Mendes alega que é alvo de mentiras

Segundo levantamento entregue pelo Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) ao coordenador do Observatório do MJSP, o secretário Nacional de Justiça, Jean Uema, atualmente há pelo menos 18 jornalistas na mira de inquéritos da Polícia Civil. De acordo com o Sindjor-MT, isso representa um “flagrante uso da máquina pública” contra críticos do governo Mendes.

Como pano de fundo do caso está a Operação Fake News 3, realizada em 6 de fevereiro passado pela Polícia Civil, que teve como alvos, além de Aprá e Cavalcanti, o empresário e comunicador Marco Polo Pinheiro.

Em nota enviada à Pública nesta terça-feira (5), a Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) de Mato Grosso encaminhou a seguinte manifestação do governador Mauro Mendes, na íntegra: “Qualquer cidadão brasileiro, seja ele político ou não, tem assegurado o direito de processar todos aqueles que praticarem o[s] crime[s] de calúnia e difamação. O governador de Mato Grosso exerce esse direito, recorrendo ao Judiciário para processar aqueles que mentiram, difamaram e caluniaram. Isso é perseguição ou o exercício de um direito constitucional?”.

Entre as denúncias apresentadas ao Ministério da Justiça, há o rumoroso caso de perseguição contra Alexandre Aprá. A trama foi objeto de reportagem da Pública no ano passado e envolveria a contratação de um detetive particular supostamente responsável por forjar um falso envolvimento de Aprá com tráfico de drogas ou pedofilia.

Durante o encontro no Ministério da Justiça, a comitiva de jornalistas mato-grossenses afirmou que o governo Mauro Mendes usa o aparato investigativo e a estrutura da Delegacia de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI) da Polícia Civil para “criminalizar” os críticos do governo.

Foi a pedido da DRCI e do Ministério Público que a Operação Fake News 3 foi desencadeada. No relatório do inquérito – base da operação, subscrito pelo delegado Ruy Guilherme Peral, da DRCI – a Polícia Civil aponta que Aprá, Enock e Marco Polo formaram uma suposta “associação criminosa” a fim de caluniar e perseguir Mauro Mendes e o desembargador do Tribunal de Justiça Orlando de Almeida Perri.

Mauro Mendes e o desembargador do Tribunal de Justiça Orlando de Almeida Perri
Desembargador do Tribunal de Justiça Orlando de Almeida Perri (à esq) e o governador Mauro Mendes (ao fundo)

A DRCI diz que Aprá, Cavalcanti e Pinheiro repassaram, em sites e via WhatsApp, uma reportagem do site Repórter Brasil que falava de suspeitas sobre decisões judiciais pró-garimpeiros em Mato Grosso.

Na operação contra Aprá, Cavalcanti e Pinheiro, a polícia tinha autorização para apreender telefones celulares, notebooks, tablets e até videogames dos investigados. A decisão judicial que permitiu a operação autorizou também a quebra do sigilo telemático dos equipamentos, que seguem sob a guarda da polícia. Para os jornalistas, tal fato ameaça o sigilo de suas fontes.

Na conclusão do inquérito, o delegado Peral pediu ainda a prisão preventiva de Aprá, que foi negada pelo juiz João Bosco Soares da Silva, da 10ª Vara Criminal, responsável por autorizar a Operação Fake News 3.

Jornalistas afirmam que Mauro Mendes usa o aparato investigativo e a estrutura da DRCI para “criminalizar” os críticos do governo

A comitiva mato-grossense pediu também ao Ministério da Justiça uma investigação sobre a legalidade da compra e do uso do aparelho de espionagem GI2-S, adquirido pelo governo Mauro Mendes sem licitação em 2022 – compra já detalhada pela Pública no ano passado.

O GI2-S é fabricado pela companhia israelense Cognyte, a responsável pelo programa First Mile – que a Polícia Federal suspeita ter sido usado ilegalmente pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro, foco do chamado escândalo da “Abin paralela”.

Conforme revelado pela Pública, o que o governo de Mato Grosso informou a órgãos de controle sobre o potencial uso do GI2-S se contradiz com a real capacidade do aparelho – que opera de modo a “não revelar para as operadoras de telefonia celular que a rede está sendo monitorada”, “permitindo atividade secreta e uso dissimulado do aparelho” celular monitorado.

O hackeamento se torna possível também porque o GI2-S, da Cognyte, permite invasões ativas via “entrega automática de um SMS predefinido para qualquer telefone que seja capturado” – técnica similar ao phishing, que é o envio de comunicações fraudulentas de modo a parecer que vêm de fontes confiáveis, invadindo proteções do aparelho com um pretenso consentimento do usuário.

Esse é um ponto relevante, pois o governo de Mato Grosso defendeu sua compra perante o Ministério Público Estadual (MPE) alegando que o aparelho de espionagem era uma “ferramenta passiva”.

Segundo apurado pela Pública, o deputado estadual de Mato Grosso Valdir Barranco (PT) enviou um ofício em outubro de 2023 ao então ministro da Justiça Flávio Dino pedindo apoio para esclarecer o uso da ferramenta de espionagem GI2-S pelo governo Mauro Mendes. O caso segue aberto, sem conclusão, no MJSP. 

Jornalista Eumano Silva lança em Brasília livro sobre o PCB na resistência ao regime militar

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Livro reconstitui a trajetória do Partidão na luta clandestina contra a ditadura e na formação da ampla frente política que redemocratizou o Brasil

O livro-reportagem “Longa jornada até a democracia – Volume II” conta a história do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no enfrentamento à ditadura e na redemocratização do país. Lastreada em documentos oficiais inéditos, entrevistas, reportagens e farto material bibliográfico, a obra editada pela Fundação Astrojildo Pereira recompõe a trajetória do Partidão – apelido do PCB – de 1967 até 1992.

Escrito pelo jornalista Eumano Silva, o livro reproduz o clima sombrio da Guerra Fria, com relatos minuciosos sobre a vida clandestina de dirigentes e militantes, fugas, prisões, torturas, mortes e desaparecimentos de comunistas. O roteiro de histórias entrelaça personagens que parecem saídos dos romances policiais, como espiões e informantes infiltrados pela repressão nas organizações de esquerda. Mostra também o trabalho silencioso, e essencial para o partido, de caseiros, motoristas e distribuidores de jornais.

A CIA e da KGB aparecem em vários episódios do mundo real retratado pelo autor. O caso mais conhecido envolveu o “Agente Carlos”, apelido de um assessor do então secretário-geral do PCB, Luiz Carlos Prestes, que passou para o lado da repressão e trabalhou para a CIA.

O texto jornalístico percorre o submundo da ditadura e repassa, em ordem cronológica, os fatos e os personagens mais destacados na longa jornada dos brasileiros rumo à democracia, como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e José Sarney. A reportagem reconstitui as agruras da clandestinidade e a participação do PCB, desde o final da década de 1960, na ocupação de espaços na sociedade e na formação da frente democrática de oposição ao regime militar.

O Volume II de “Longa jornada até a democracia” trata de fatos transcorridos entre dezembro de 1967, data do VI Congresso, e janeiro de 1992, quando o PCB realizou o X Congresso, encontro que decidiu pela mudança de nome para Partido Popular Socialista (PPS).

O primeiro volume, lançado em 2022, escrito pelo jornalista Carlos Marchi, aborda o período compreendido entre 1922, ano da fundação do PCB, e 1967, marco da mudança na estratégia da organização comunista. No VI Congresso, a definição por mudança na linha política tornou o PCB a única organização comunista a tomar o caminho pacífico no enfrentamento ao governo instalado no Brasil com o golpe de 1964. As demais forças originadas no partido fundado em 1922 optaram pela luta armada.

Apesar da opção pelo caminho pacífico, o Partidão se tornou alvo da repressão na mesma medida que as demais organizações de esquerda. Uma dezena de dirigentes do Comitê Central do PCB foi assassinada pelo governo militar.
Mesmo clandestino, e com perdas irreparáveis, o partido teve expressiva influência na política institucional ao atuar dentro do MDB, legenda legal de oposição. Os comunistas foram responsáveis, por exemplo, pela incorporação, pelos emedebistas, das bandeiras da anistia, da Assembleia Nacional Constituinte e da eleição direta para presidente.

Arquivos militares obtidos pelo autor documentam a montagem da máquina repressiva pelo governo fardado. Os papeis registram o passo a passo da estruturação dos Departamentos de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codis). Descrevem também as disputas entre o Exército e a Marinha pelo controle do aparato criado pelas Forças Armadas para perseguir adversários.
Os anexos do livro contêm fotos inéditas de dirigentes do Partidão procurados pela repressão e imagens de presos nas dependências militares. Apresentam ainda fac-símiles de páginas de exemplares raros do jornal Voz Operária.
Entre os episódios mais impressionantes narrados pelo livro, está a cinematográfica operação montada no exterior para retirar do Brasil o dirigente Giocondo Dias. A transferência do arquivo de Astrojildo Pereira, fundador do PCB, para a Europa também teve lances espetaculares. Outra façanha dos comunistas foi manter durante dez anos, longe das garras da repressão, uma gráfica no Rio de Janeiro, no subsolo de uma casa, onde era produzido o material impresso do partido. Os documentos oficiais também identificam um sargento da Polícia Militar de São Paulo infiltrado pelo PCB no DOI-Codi do estado. Quando tomava conhecimento de prisões de militantes, o policial avisava o partido e ou as famílias.
As artimanhas dos comunistas para enganar os órgãos de segurança incluíam disfarces, documentos falsos. Camaradas instalados nas fronteiras ajudavam nas travessias de militantes e dirigentes nas fronteiras com os países vizinhos – muitas vezes com malas de dólares.
“Longa Jornada até a democracia” resgata a experiência no exílio e os abalos sofridos pelo partido em decorrência da ação de dirigentes do partido cooptados pelos órgãos de segurança. O livro também desenredou mistérios que, durante décadas, suscitaram especulações. As apurações elucidaram, por exemplo, o segredo do “ouro de Moscou”, expressão usada pelos adversários dos comunistas para designar os recursos enviados ao PCB pelo bloco comunista. Com base em depoimentos dos responsáveis pelo transporte do dinheiro, o autor calculou valores anuais repassados ao Partidão.
O colapso da União Soviética, acelerado no final dos Anos 1980, teve contribuição determinante para as mudanças de rumo que levaram à mudança de nome em 1992. O desempenho eleitoral insatisfatório, e dissidências internas, como a saída do grupo de Prestes, abalaram e enfraqueceram o Partidão. O surgimento do Partido dos Trabalhadores (PT) no final da ditadura também reduziu o espaço de atuação dos comunistas e ajuda a explicar a perda de relevância do PCB depois da redemocratização.

Sobre o autor:
Formado em jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) em 1987, Eumano Silva trabalhou em alguns dos principais veículos da imprensa brasileira. Nascido em 1964 em Iturama (MG), especializado em política, o autor foi repórter da revista Veja e dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Começou a carreira na cobertura da Assembleia Nacional Constituinte, dirigiu as sucursais de Brasília das revistas Época e Istoé, ocupou as funções de editor de política do jornal Correio Braziliense e editor-executivo do site Congresso em Foco e da revista Veja Brasília. Há mais de três décadas, realiza pesquisas sobre a ditadura militar. Concentrou-se, sobretudo, na busca e análise dos arquivos secretos das Forças Armadas.
O jornalista foi ainda observador independente nas buscas de desaparecidos na região da Guerrilha do Araguaia e participou dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade. É também autor dos livros “A morte do diplomata” e “Nas asas da mamata”. Como analista político, fez trabalhos para Rádio CBN, Portal Metrópoles, TV Democracia, programa Sua excelência, o fato, e Broadcast Político.
Eumano ganhou os seguintes prêmios: Jabuti de melhor livro-reportagem com o livro “Operação Araguaia – Os arquivos secretos da guerrilha”; Esso, com uma série de reportagens sobre a Guerrilha do Araguaia. Excelência Jornalística, na categoria meio ambiente, da Sociedade Interamericana de Imprensa, com a reportagem digital “O Levante dos ribeirinhos”, posteriormente editada como livro impresso.

Atualmente, Eumano exerce a função de especialista em inteligência política da Oficina Consultoria.