Um novo-velho Papão?

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POR GERSON NOGUEIRA

Dado Cavalcanti chegou, falou sobre seus planos e não fez nenhuma promessa bombástica. Disse aquilo que técnicos costumam dizer quanto a empenho e foco nos resultados. Conhecedor da cultura existente no PSC, ele sabe que gestão tem planos ambiciosos para esta temporada e – mais importante – não ignora os anseios da torcida.

Do grupo de jogadores que foi contratado no começo do ano, Dado já trabalhou com Pedro Carmona e Danilo Pires. Sabe do potencial de ambos, mas, ao contrário de Marquinhos, tem consciência de que não há muito tempo para esperar evolução técnica e condicionamento ideal.

Pelo que se conhece dos trabalhos anteriores do técnico na Curuzu, a tendência é que o novo Papão seja mais parecido com o velho time da Série B 2017. Sendo assim, Perema e Diego Ivo continuam absolutos na zaga, Renato Augusto e Carandina serão prestigiados na zona de marcação e Fábio Matos tem grande chance de reaver a titularidade.

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Nas outras posições, Dado deverá apostar em quem estiver rendendo mais. Por essa razão, Cassiano e Moisés podem permanecer no ataque, mas é provável que Mike, Renan Gorne e Peu ganhem novas oportunidades. As laterais devem sofrer algumas mudanças de perfil. Mateus Miller tende a ser o titular pela esquerda e Maicon Silva corre riscos na direita.

Acima de tudo, o torcedor sabe que Dado vai evitar incorrer nos pecados mais graves da era Marquinhos: cautela excessiva até contra adversários mais fracos e dúvida constante na escolha dos titulares. (Foto: Ascom PSC; ilustração: Casso)

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Remo precisa sanar as fragilidades do elenco

Com sabedoria, o amigo Antonio Valentim, um dos baluartes do blog campeão, disse que a eliminação do Remo na Copa Verde tem um aspecto positivo: permite à comissão técnica (e à diretoria de futebol) fazer um diagnóstico realista sobre a qualidade do elenco para a disputa da Série C.

Não há mais dúvida quanto à instabilidade do time, razão de resultados surpreendentes, tanto positiva quanto negativamente. Ganhou do PSC no clássico e imediatamente despencou diante do Manaus, na Arena da Amazônia. Venceu o Atlético-ES lá fora e empacou frente ao mesmo Manaus, anteontem, no Mangueirão.

Os altos e baixos são normais em começo de temporada, mas o Remo transformou essa condição em característica do time. A oscilação é tão grande que ninguém pode afirmar com convicção qual será o comportamento da equipe no próximo jogo. Desconfio que nem Ney da Matta arriscaria um palpite.

Passada a frustração pela queda na CV, caberá aos dirigentes e ao técnico uma tomada de posição em relação a duas graves necessidades do atual elenco: um zagueiro de área e um camisa 10.

O defensor precisa ser rápido e bom nas antecipações, justamente as qualidades que faltam à dupla titular, Bruno Maia e Mimica. O meia-armador deve ser um jogador capaz de comandar a equipe em campo. O Remo tem quatro meias – Adenilson, Rodriguinho, Andrey e Jefferson – mas nenhum se mostrou confiável para suprir as carências que o time revela a cada novo compromisso.

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Declaração de zagueiro dá margem a boa reflexão

Continua a repercutir a frase seca do zagueiro Paulão, do Manaus-AM, em entrevista a Mauro Borges na Rádio Clube após conquistar a vaga na Copa Verde: “Nossa diretoria está de parabéns pelo grande trabalho realizado, inclusive nos bastidores”, disse, enfático.

O que isso exatamente significa? Teria sido um ato falho do jogador, querendo se referir aos vestiários da equipe, ou é exatamente aquilo que se depreende do termo “bastidores”. Se a segunda hipótese for a verdadeira, a coisa é bem mais embaixo e o Remo realmente não tem mais para quem perder.

Será que, além de vacilar em campo e entregar uma vaga certa na segunda fase do torneio, o Leão de Antonio Baena anda também comendo poeira na chamada zona cinzenta do futebol, ali onde muita coisa acontece, principalmente quanto ao humor das arbitragens? É um caso a pensar.

(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 16)

Rock na madrugada – Casa das Máquinas, Casa de Rock

https://www.youtube.com/watch?v=Wk2XVT4yQ88

O peso de um jatinho

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Da coluna de Lauro Jardim, em O Globo:

Agora é pra valer: Luciano Huck não será candidato a presidente da República. A decisão já foi tomada pelo apresentador. E será anunciada até amanhã.
Hoje mesmo Huck começará a avisar o seu entorno.
Ontem, Huck rascunhou algumas linhas para explicar seus motivos. O apresentador não se filiará a partido algum, mas dirá que continuará discutindo as questões relevantes do Brasil. Mais cedo, chegou a dizer a um interlocutor:
— Com o mergulho que fiz nos últimos meses, me sinto preparado a discutir qualquer assunto.

Será que o jatinho pesou na decisão?

Brava Justiça (??) brazuca

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Bancos que pagam jantar em apoio a Moro nos EUA, tiveram dívidas perdoadas por Temer.

E vida que segue…

Direto do Twitter

“Desconversa do dia: ‘escolas de samba são financiadas por bicheiros’. Sempre foram. Mas não restou aos golpistas melhor argumento pra desqualificar o desabrido engajamento da Tuiuti no repúdio ao governo do vampiro. Hipocrisia. Beija-Flor=Miriam Stevenson. Tuiuti=Martha Rocha.”

Sérgio Augusto, no Twitter

Facebook e Google, os novos Leviatãs?

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Por C. Drummond

O crescimento do Facebook e do Google ameaça a economia e a sociedade, alertou o bilionário George Soros em Davos em seu discurso anual sobre as perspectivas mundiais, mas os monopólios globais da tecnologia da informação são só a parte mais vistosa de um problema de proporções imensas. Com crescimento desenfreado em especial a partir dos anos 1980, as multinacionais conquistaram um poder sem precedentes e exercem controle indireto sobre os Estados Nacionais e as sociedades.

As megaempresas transnacionais são os novos Leviatãs, na definição cunhada em 2005 pelos economistas Alfred D. Chandler e Bruce Mazlish, que consideraram o poderio do bloco privado superior ao do Estado Nacional, rotulado com aquela metáfora bíblica pelo filósofo Thomas Hobbes no século XVII.

Segundo a organização Global Justice Now, 69 das 100 maiores receitas anuais em 2015 provieram de corporações empresariais globais e 31 de Estados Nacionais. A ONG registrou aumento de seis megaempresas em relação ao ano anterior. O valor das dez maiores, de 285 trilhões de dólares, superou o dos 180 países mais pobres, de 280 trilhões. O trabalho soma-se a vários outros realizados desde que a ONU divulgou, anos atrás, que cerca de metade dos 100 maiores PIBs do mundo era composta de multinacionais, estas mensuradas pelas suas receitas.

Considerados os campeões em inovação, o Facebook e o Google concentram uma capacidade crescente de moldar a atenção das pessoas e as gerações que crescem na era digital terão dificuldade em restaurá-la, chamou atenção Soros. O domínio dos monopólios digitais tem consequências políticas de longo alcance, mostra a manipulação de informações nas eleições de 2016 nos EUA. A perspectiva mais alarmante, segundo Soros, é a aliança entre os monopólios de informação e os complexos de vigilância desenvolvidos pelos grandes Estados Nacionais. 

A característica distintiva das empresas da plataforma de internet, disse o empresário, é que elas são redes e desfrutam de retornos marginais (por unidade adicional vendida) crescentes. Isso explica seu agigantamento: em oito anos e meio, o Facebook conseguiu 1 bilhão de usuários e precisou de metade desse tempo para alcançar o segundo bilhão.

A essa taxa, o Facebook converterá o planeta em menos de três anos. O Facebook e o Google controlam mais da metade de todas as receitas de publicidade na internet. Inúmeros provedores de conteúdo contribuem para a rentabilidade dos donos das redes sociais por não poderem evitar o uso das suas plataformas e terem de aceitar os termos que lhes são oferecidos. 

A lucratividade excepcional daquelas empresas resulta, em grande parte, de fugirem do pagamento pelo conteúdo que oferecem. As companhias afirmam estar apenas distribuindo informações, mas o fato de serem quase monopolistas nessa atividade as torna um serviço público, e nessa condição deveriam estar sujeitas a regulamentos mais rigorosos visando à preservação da concorrência, da inovação e de um acesso universal justo e aberto, criticou Soros.

O empresário destacou a superioridade da definição de poder de monopólio na União Europeia em relação aos Estados Unidos. A aplicação da lei nos EUA concentra-se, principalmente, em monopólios criados por aquisições, enquanto a lei da Europa proíbe o abuso do poder de monopólio, independentemente de como foi alcançado.

Além disso, a legislação americana adotou uma doutrina estranha: ela mede o prejuízo como um aumento no preço pago pelos clientes por serviços recebidos – e isso é quase impossível de provar quando a maioria dos serviços é prestada gratuitamente. O procedimento não leva em consideração as valiosas plataformas de dados que as empresas coletam de seus usuários. As leis europeias de proteção de privacidade e de dados são muito mais fortes do que as americanas. A UE levou sete anos para construir um caso contra o Google, mas seu sucesso influencia hoje ações nos Estados Unidos contra os monopólios.

O poder descontrolado dos monopólios empresariais é um problema imenso, alertou o Nobel de Economia Joseph Stiglitz no artigo intitulado “America has a monopoly problem – and it’s huge”, publicado em outubro. Dominada pelas grandes corporações, disse, a economia falhou para a maioria e enriqueceu poucos. As consequências são graves.

“Costumávamos pensar que os altos lucros eram um sinal do sucesso do funcionamento da economia americana, efeitos de um produto melhor, um serviço de qualidade superior. Mas, agora, sabemos que maiores lucros podem resultar de uma maneira mais eficaz de explorar os consumidores e discriminar preços extraindo o excedente do comprador, cujo principal efeito é redistribuir a renda para o novo super-rico”, analisa Stiglitz.

A lei antitruste Sherman de 1890 visava coibir a concentração de poder econômico para revitalizar a sociedade e a democracia, diz, mas um exército de economistas e legisladores estreitou o seu escopo, presumiu que o mercado é de fato naturalmente competitivo e isso ensejou a proliferação e o fortalecimento dos monopólios. O aumento no poder de mercado de poucas empresas em cada setor levou a uma elevação nos preços em relação aos custos e isso diminuiu o padrão de vida e reduziu os salários dos trabalhadores.

O economista atribui grande parte do crescimento da desigualdade a uma redistribuição de renda a partir dos trabalhadores e dos poupadores comuns para os proprietários desses oligopólios e monopólios. Parte disso, analisa, pode ser resultado natural da evolução da economia, do crescimento das indústrias com efeitos sociais, econômicos e ambientais, de mudança na demanda para os serviços locais, mas muito se deve a uma alteração das regras implícitas do jogo e à adoção de novos padrões antitruste mais permissivos que facilitaram a criação, o abuso e a alavancagem do poder de mercado de poucos grupos.

Múltiplos estudos, prossegue Stiglitz, confirmaram um aumento dramático da parcela do preço acima do custo de produção e distribuição (mark-up), como seria de esperar a partir do crescimento do poder de mercado. Mordecai Kurz, da Universidade de Stanford, mostrou recentemente que quase 80% do valor patrimonial das empresas com ações ou outros títulos negociados com o público são atribuíveis às rendas, representando quase um quarto do valor adicionado total e com grande concentração no setor de tecnologia da informação. Tudo isso é uma mudança marcante em comparação com 30 anos atrás.

Os efeitos adversos da desigualdade resultante são óbvios, continua o economista, mas há numerosas consequências indiretas que resultam em uma economia com desempenho mais pobre. Primeiro, a riqueza originada da capitalização das rendas, que ele denomina de riqueza-renda, esvazia a formação de capital.

A fraca formação de capital dos anos recentes é parte e parcela do crescimento das rendas e da riqueza-renda, levando à estagnação econômica. Segundo, com monopólios o retorno marginal do investimento é menor do que o retorno médio – eles sabem que os seus preços podem cair se eles produzirem mais –, o que explica o resultado anômalo de imensos lucros corporativos, mas baixas taxas de investimento corporativo, mesmo com o custo de capital desabando.

Terceiro, as distorções na alocação de recursos associadas ao poder de mercado levam a uma economia menos eficiente.

Quarto, o poder de mercado em particular tem sido usado para sufocar a inovação – exatamente o oposto do que deveria acontecer, segundo a Escola de Chicago. Há evidência do declínio do ritmo de criação de novas firmas inovadoras, especialmente daquelas lideradas por jovens empreendedores.

Quinto, a habilidade desses novos monstros empresariais de evitar tributação significa que o público está sendo privado de receitas essenciais para investir em infraestrutura, pessoal e tecnologia – novamente contribuindo para a estagnação e distorção da economia com a outorga, a essas firmas, de uma vantagem competitiva injusta.

Sexto, com o dinheiro movendo-se da base da pirâmide para o topo, o que significa o gasto de uma parcela menor da renda, a demanda agregada é enfraquecida, a menos que seja compensada por outras macropolíticas. Na década decorrida desde a Grande Recessão, a política fiscal foi restringida, e, devido a essas restrições, a política monetária não conseguiu preencher a lacuna.

“Devemos nos preocupar com essa aglomeração de poder de mercado, não só por causa das suas consequências econômicas, mas também em razão dos seus efeitos políticos. Uma desigualdade econômica crescente leva a uma desigualdade política crescente, que pode e tem sido usada para criar regras do jogo que perpetuam a iniquidade econômica”, chama atenção Stiglitz.

Empresas gigantes criam demandas nem sempre benéficas à sociedade. A General Motors fez uma campanha em 1952 pelo desmonte dos sistemas de trânsito urbano com o objetivo de estimular o uso de automóveis. “O que é bom para a GM é bom para os Estados Unidos”, disse na época o presidente da empresa, Charles Wilson. Não foi bem assim.

lobby da montadora minou o transporte público, com consequências profundas em várias áreas e que mantém a economia estadunidense refém dos combustíveis fósseis até hoje, observa Neva Goodwin em trabalho sobre o impacto social das corporações multinacionais. Outro exemplo citado é a criação, pela Nestlé, de demanda pela sua fórmula alimentar infantil nos países subdesenvolvidos. 

A frase do dia

“A Globo agora se empenha em queimar o filme da Tuiuti, lembrando o acidente do ano passado. Se vale retrospecto, que tal lembrar os crimes contra a humanidade cometidos por Anísio Abrahão, patrono da Beija-Flor. Terrorista e chefe do crime organizado, que nem os Irmãos Marinho.”

Palmério Dória, jornalista e escritor

Novo texto da Previdência mantém distorções e não combate privilégios

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Governo não tem legitimidade para propor alterações, e proposta ideal deveria incluir mudanças de gestão em vez de corte de direitos

A nova versão do texto da reforma da Previdência, que o governo quer ver sendo votada a partir da próxima segunda-feira (19), mantém perdas aos trabalhadores e não corrige distorções. Para o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, a proposta apresentada pelo relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA), insiste em operar mudanças apenas nos critérios de acesso, com cortes de direitos, quando deveria abordar também a cobrança aos grandes devedores, o combate à sonegação e aperfeiçoamento na gestão dos recursos. A  forma mais eficaz para equilibrar as contas da Previdência, segundo ele, é a criação de empregos formais.

“Os dados recentes divulgados pela Receita Federal dão conta que grandes empresas no Brasil devem mais de R$ 450 bilhões”, diz Clemente. “Não há nenhuma medida nesse campo. Portanto o déficit é decorrente de problemas sérios de gestão, na cobrança, e é fortemente influenciado pela crise econômica. Temos mais de 13 milhões de pessoas desempregadas que não contribuem. Se estivessem ocupadas contribuindo sobre um salário mínimo, por exemplo, já gerariam mais de R$ 30 bilhões de arrecadação para à Previdência.”

Já a presidenta da Associação de Docentes da Universidade Federal do ABC (ADUFABC), Maria Carlotto, diz que, independentemente da proposta, o governo Temer não tem legitimidade para aprovar mudanças em uma legislação tão fundamental, e avalia que o governo não tem os votos necessários. “Independentemente do conteúdo, o que é particularmente grave é que essa reforma vai ser proposta num contexto em que o governo não tem nenhuma legitimidade. O nível de confiança da população nas instituições está baixíssimo”, afirma Maria Carlotto. (Do Sul21)

Perguntinha do dia

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Sergio Moro será homenageado em Nova York em evento patrocinado por empresas que têm processos tramitando na Justiça Federal. A pergunta vai para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça): pode um juiz ser patrocinado por empresas?