O São Paulo demitiu nesta quarta-feira o técnico Ricardo Gomes. Pintado irá assumir o cargo até o fim do Campeonato Brasileiro. (Da ESPN)
Dia: 23 de novembro, 2016
Neymar corre risco de prisão na Espanha

POR LUÍS ANTÔNIO PRÓSPERI – em seu blog
Neymar tem uma saída na encrenca que se meteu ao trocar o Santos pelo Barcelona, em 2013, e deixar a empresa DIS fora da transação. Se procurar a DIS e propor um acordo, o craque pode se livrar do pedido de cinco anos de prisão na acusação formal feita pelo grupo de investimento. Seria uma forma de resolver o caso e se livrar dos processos na Justiça da Espanha. O problema é que a DIS não quer acordo e sim condenar Neymar.
A bronca da DIS vem da época da venda de Neymar ao Barcelona. O grupo alega que deveria receber 40% da transação total de 83,3 milhões de euros (R$ 299,2 milhões) e não 40% dos 17 milhões de euros (R$ 61 milhões), que era o valor reconhecido pelo Barça na negociação. Como o clube espanhol reconheceu na Justiça da Espanha que o custo da operação foi de 83,3 milhões de euros, a DIS entrou com a ação contra Neymar, Santos e Barça.
Em julho deste ano, a Justiça da Espanha resolveu arquivar o pedido da DIS, mas o processo foi reaberto, a pedido do Ministério Público de Madri, no início deste mês de novembro. O juiz José de la Mata, da Audiência Nacional (o STF espanhol), aceitou a denúncia contra Neymar, seu pai e sua mãe e dirigentes do Barcelona por crime de fraude e corrupção.
Os denunciados podem ser julgados e condenados a prisão, conforme consta na ação do grupo DIS, que pede ainda uma indenização entre € 159 e € 195 milhões (R$ 571 a R$ 700,3 milhões), dinheiro este que seria repassado ao Fisco da Espanha.
Se Neymar e Barcelona não procurarem a DIS e propor um acordo financeiro, o craque corre risco mesmo de ser julgado e condenado. Messi e seu pai se livraram da cadeia, em ação na Justiça da Espanha e Receita Federal, após um acordo com o Fisco e pagamento de multa milionária.
Desde o início do imbróglio com a DIS, Neymar, por orientação de seu pai e advogados, não reconhece os direitos econômicos do grupo de investimento brasileiro. Quando o craque trocou o Santos pelo Barcelona, em 2013, ele era fatiado entre Santos, DIS e empresa NN do pai de Neymar.
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A pressa como inimiga do jornalismo

POR LYSIANE HARGREAVES MUNHOZ (*), no Comunique-se
Deadline. Fechamento de edição. Com a internet, esse processo foi acelerado. Apura-se e publica-se. Descobre-se e publica-se. Ligam, tentam apurar, publica. Publica. Publica. Publica. Depois se pesquisa. Posteriormente se edita. Na pior das hipóteses, se corrige. E assim vão seguindo os jornalistas e o jornalismo.
Na manhã no dia 12 de maio, algumas horas depois da abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff pelo Senado, a redação do Sul 21 estava agitada, visto que era um momento importante jornalisticamente para apurar informações. Repórteres estavam nas ruas trabalhando, outros monitoravam portais na internet. Milton Ribeiro, editor deste veículo de comunicação online, explica que a equipe do Sul 21 é pequena fora de Porto Alegre, logo é mais difícil conseguir furos de reportagens distantes da capital.
“Realmente, a internet, primeiro, tem essa notícia de uma linha que acontece agora. Aconteceu isso: “Dilma caiu” e não dá mais nada, depois vai se completando a notícia. Nós somos uma empresa pequena. Então, a gente busca colocar o foco numa notícia mais completa com alguma interpretação, entrevistando pessoas, especialistas na área da notícia para, justamente, dar um algo a mais. O furo é um negócio desejável, dá audiência e credibilidade, porém um veículo pequeno como o nosso dificilmente consegue”, conta Milton.
A realidade vivida pelo Sul 21 não é novidade. Ultimamente, tanto os grandes portais como veículos alternativos precisam conviver com a rapidez das informações na internet. Esse fluxo de notícias contínuas foi acelerado com o surgimento da internet, já que se consegue obter novidades ou dados não apenas localmente, mas foi ampliado o espaço, ou seja, as pessoas conseguem se comunicar globalmente, as fronteiras foram reduzidas. Da mesma forma a noção de tempo mudou. Os acontecimentos viram notícias, instantaneamente, o mundo inteiro tem conhecimento dos fatos devido à agilidade que a comunicação ganhou.
A partir da década de 1990, com o surgimento dos provedores de acesso à internet no Brasil, aparecem também os primeiros portais de notícias. O Universo Online (UOL) foi fundado pelo Grupo Folha no ano de 1996 sendo um dos primeiros provedores de internet no país. O UOL estreou com salas de bate-papos, disponibilizava edições online dos seus veículos impressos no portal. A partir dessas novas formas de obter informações diversos conglomerados ao longo dos anos lançaram, no ambiente virtual, sites de notícias e aumentaram suas disputas pela audiência do público.
A jornalista da Radio France Internationale (RFI) e correspondente internacional da Globo News em Paris, Lúcia Müzell, explica que o furo na internet se mantém por pouco tempo, é uma questão de quinze a vinte minutos e, na prática, se torna uma conversa de jornalistas, pois os leitores não estão interessados em quem noticiou primeiro e não buscarão saber na rede quem o fez. “Fica um papo muito de jornalista. Aí a Folha deu primeiro no site, ou O Globo deu? Acho que é um pouco de ficar muito no nosso mundinho de jornalista e não perceber o impacto real disso. Mas, sim, existe essa briga feroz entre os grandes veículos brasileiros, também se percebe isso nas coberturas internacionais. Em uma cobertura internacional, é raro ter um furo exclusivo. Então, o outro portal também vai publicar, quando vemos está todo mundo igual”, comenta a jornalista do RFI.
Nos últimos meses no Brasil, acontece um fluxo constante de informações a cada momento. A rotina numa redação jornalística é apurar os acontecimentos da sociedade. O jornalismo conquistou historicamente a legitimidade social, isto é, ganhou um espaço nas cidades para construir a realidade em que se vive. Justamente, por ter uma função de narrar o tempo presente e produzir ao público informações para agirem cotidianamente, ele tem como pressuposto de trabalhar com a verdade. Essa verdade entendida como uma forma das pessoas vivenciarem as situações cotidianas cria um sentimento de segurança. Quando novos fenômenos ecoam na população, por exemplo, como a internet, portanto, também refletirá no jornalismo, pois não se pode esquecer que as notícias e as reportagens como os próprios jornalistas são resultados de processos amplos e históricos os quais são influenciados pela cultura, política, economia, tecnologia de uma sociedade.
O mercado jornalístico passa por uma crise, os jornais e as revistas não são os principais meios de informação que as pessoas buscam atualmente. Isso reflete na forma de consumo de informações, pois antes de esperar os jornais ou revistas chegarem às bancas, assistir na televisão ou ouvir no rádio, o público com a expansão do alcance da internet passou a buscar as notícias nas redes, pois tem acesso a elas gratuitamente. Isso é perceptível na pesquisa realizada, em 2015, pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República conhecida como “Pesquisa Brasileira de Mídia 2015: Hábitos de consumo de mídia pela população brasileira”. Nela foi possível observar que 76% dos entrevistados afirmaram não ler jornal, outros 21% leem ao menos um dia da semana, sendo que, destes, apenas 7% o fazem todos os dias.
Na pesquisa é observável que o uso da internet tem crescido no país, pois ela foi apontada por 42% dos entrevistados na pesquisa que a usam, contudo existe um percentual alto de entrevistados que não utiliza esse meio são 51%. Também é possível perceber que a televisão continua sendo uma das fontes de informação mais usada pelos brasileiros. Isso é percebido, pois 95% dos entrevistados afirmaram ver televisão, sendo que destes 73% têm o hábito de assistir diariamente. Das razões que usam esse veículo, majoritariamente, 79% assiste para se informar, também 67% usam como forma de lazer. Embora se possa observar que os consumidores ligados à internet atualmente têm mais meios à sua disposição nos quais conseguem se informar em comparação com as pessoas do século passado. Não se pode afirmar que os indivíduos utilizem mais horas em sua rotina para consultarem os meios de comunicação para entenderem os acontecimentos.
Jornalismo Ctrl C + Ctrl V
As empresas jornalísticas, tanto a grande mídia quanto a alternativa, estão repensando formas de produção de notícia para acompanhar a velocidade das informações na internet. Além da busca das notícias, as redações estão com um número reduzido de profissionais que, muitas vezes, por estarem sobrecarregados, não conseguem cobrir todas as pautas pensadas no dia. Muitos veículos têm usado release feito por assessorias de imprensa de empresas ou de órgãos públicos para publicarem diretamente nos seus sites sem revisarem ou checarem as informações. Da mesma forma empresas têm reproduzido matérias de agências de notícias em seus espaços.
O editor Milton Ribeiro comenta que existe a pressão da diretoria administrativa das empresas de comunicação que exige um número mínimo de postagens nos sites e, ao mesmo tempo, há a pressão de copiar corrigindo das agências e assessorias de imprensa devido aos erros. “Porque, muitas vezes, a assessoria de imprensa não tem muita qualidade e tu acabas fazendo um Ctrl C e Ctrl V. Se coloca release ou porque copia meramente das agências de notícias, nós copiamos, lemos mal e, às vezes, nem se leu, coloca no site, usa fotografia do cara e encontra coisas erradas depois. Já aconteceu casos, que eu vi não aqui no Sul 21, que teve pessoas que copiaram textos daquele portal Outras Palavras que só tem (artigos de) opinião e lá no meio tinha uma propaganda assim: colabore com Outras Palavras, clique aqui e nos financie. E tinha em outro site a propaganda deles. Quer dizer, o cara nem se preocupo em tirar uma propaganda exclusiva dali. Outras vezes, tu copia a matéria e tem links, mas não para matérias tuas, mas dos outros. Isso causa a maior confusão. A pressão do chefe que quer colocar o maior número de matérias para conseguirmos mais cliques e ao mesmo tempo se encontra erros. Isso é realmente um problema grave, porque o cara te apressa ali e tu não tens tempo de mexer aqui, depois o mesmo cara vem e reclama do fato de ter até um telefone da assessoria de imprensa”, comenta o editor do Sul 21.
A jornalista Lúcia Müzell explica que um dos problemas do jornalismo brasileiro é de não ter um grande número de correspondentes internacionais nas principais regiões do mundo, contudo ficam mais concentrados na Europa. “E aí os correspondentes europeus acabam falando sobre assuntos que eles estão a par por estarem em países que estão muito ligados a atualidade internacional e diretamente ligados a Europa, mas não são assuntos diretamente europeus e muito menos francês. Já falei, por exemplo, sobre Líbia, Síria”. Ela também comenta que durante coberturas internacionais, por exemplo, como os atentados em Paris ocorridos no mês de novembro do ano de 2015, há muitas informações e rumores. Ela prefere noticiar os fatos quando tem alguma certeza de que ele é verdadeiro e a chance de voltar atrás é menor, muitas vezes, a jornalista entra em conflito com a equipe da Globo News, pois as agências de notícias já estão divulgando as informações e a empresa a cobra que dê também. “Eu digo “olha gente isso não está confirmado, vamos esperar mais um pouquinho”.
Quase sempre se confirma depois, porque é raro as agências errarem assim, ter um erro muito grave. A AFP e a Reuters são muito criteriosas no que elas vão publicar. No Atentado, a polícia francesa é muito respeitosa e tem um comportamento que acho exemplar que é completamente diferente do brasileiro só divulgam depois de tudo estiver apurado por eles. Quando vem alguma história de rumor eu já fico meio assim, porque ou logo vai vir a confirmação da polícia e daí podemos dar sem problemas, ou às vezes, é só rumor que vem de redes sociais. É difícil. Tem gente que vai sair divulgando informação só para dar primeiro, só e isso é comum. E de fato essa pressa acaba atrapalhando e acaba influenciando nisso. Cabe a gente manter a cabeça no lugar e pensar o que é mais importante a tua credibilidade ou se é dar aquela notícia dez minutos mais cedo ou meio hora mais cedo que o teu concorrente?”, explica a jornalista Lúcia Müzell.
Tempo Real
A busca por noticiar os fatos instantaneamente tem comprometido o produto que os jornalistas oferecem ao seu público, pois quando esses profissionais não cumprem com a finalidade do jornalismo de disponibilizar conteúdos que permitam aos cidadãos compreenderem os fatos para terem liberdade de escolha e poderem cobrar dos governantes, o papel não está sendo realizado.
Dar notícias em primeira mão ganha confiança das audiências, contudo a rapidez de informar precisa estar ligado a verificação dos acontecimentos. Ultimamente, os jornalistas buscam publicar o furo esquecendo o fundamental a confirmação dos fatos. As novas tecnologias contribuíram para aprimorar a comunicação e disponibilizar o conteúdo, contudo utilizar essa fonte sem checar é deixar as questões éticas de lado. Além da credibilidade de apuração dos fatos, outro ponto importante para a qualidade do “produto-notícia” é a revisão dos textos disponibilizados na internet e, muitas vezes, divulgados nos jornais impressos que depois precisam fazer erratas nas outras edições.
A pressa de divulgação das informações não se é pensado revisar o conteúdo pelos editores ou pelo próprio repórter. Logo, a clareza e correção da linguagem são decisivas para a confiança por parte do público. A pressa pode atrapalhar o jornalismo quando os profissionais utilizam a velocidade das informações nas redes de forma negativa. A internet contribui de forma significativa o cotidiano das pessoas, contudo é preciso associar a velocidade que ela resulta com a apuração correta das informações. Dessa forma o jornalismo estará cumprindo o seu papel: informar os cidadãos.
(*) Estudante de jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante do projeto ‘Correspondente Universitário’ do Portal Comunique-se.
Capa do Bola – quarta-feira, 23
