A longa noite lusa

POR GERSON NOGUEIRA

A Tuna ficará mais uma temporada fora da elite do futebol paraense. A longa noite de decadência se abateu sobre a agremiação em face de gestões desastrosas e do desmanche de suas divisões de base, que até 15 anos atrás contribuíam para manter a Lusa de pé.

Ontem à tarde, no Mangueirão vazio, a Tuna foi eliminada da Segundinha de acesso ao Parazão 2017. A despedida foi melancólica, com goleada de 4 a 1 diante do Pinheirense. O desfecho era mais ou menos esperado após uma campanha irregular ao longo do torneio.

Quando se observa a queda sofrida pela Tuna nos últimos anos fica difícil acreditar que, até meados de 2000, a tradicional escolinha do Souza era principal referência em revelação de valores no futebol paraense. Mesmo não sabendo lucrar com isso, o clube era especialista na formação de bons atletas, que reforçavam anualmente a dupla Re-Pa e com reforços .

Mesquita, Paulo Guilherme, Luiz Carlos Boné, Ondino, Juninho, Guilherme, Geovani, Mário Vigia, Edgar, Tarciso, Dema, Ageu, Tiaguinho e Paulo Henrique Ganso são apenas alguns dos muitos jogadores que têm história vinculada à azeitada usina de boleiros montada na Lusa desde os anos 50.

unnamedComo o futebol se modernizou e estabeleceu novas formas de transação entre clubes, a Tuna foi ficando para trás, parada no tempo e mergulhada em embates internos, agravados pela dificuldade em montar equipes realmente competitivas.

A última geração vitoriosa foi a de 1992, quando a Tuna conquistou o Campeonato Brasileiro da Série C, há exatos 24 anos. A final, contra o Fluminense de Feira de Santana, no estádio Evandro Almeida, é uma das páginas mais épicas da história do clube. A vitória de 3 a 1 foi construída de forma emocionante.

O primeiro confronto, realizado na Bahia, havia sido vencido pelo Fluminense por 2 a 0. Na partida de volta, a torcida desanimou ao ver o empate de 1 a 1 se desenhando como resultado final, o que dava o título aos baianos.

Só que, aos 45 minutos do segundo tempo, Manelão desempatou, aproveitando cruzamento de Mário Vigia. Quatro minutos depois, o que parecia impossível aconteceu: Juninho fez (de cabeça) o gol do bicampeonato brasileiro da Tuna – havia ganho a Taça de Prata, em 1985.

No Parazão, a situação é pior. A última alegria foi em 1988. Naquela temporada, ao cabo de uma competição tumultuada por batalhas de tribunal travadas entre Tuna e Papão, a equipe lusa acabaria se sagrando campeã, com apenas uma derrota (1 a 0 para o Remo na rodada final).

Era uma Tuna forte e competitiva, dirigida por Fernando Oliveira e alinhando jogadores do nível de Belterra, Mário Vigia, Edgar, Cabinho, Tiago e Luiz Carlos.

O clube atravessa, portanto, o maior jejum de sua história em certames estaduais. Até porque a eliminação da Segundinha garante desde já o 29º ano sem título paraense.

Como instituição, a Tuna não corre o risco de morrer, pois é um dos símbolos da presença portuguesa no Pará. Tem vida social ativa, disputa outras modalidades esportivas. No futebol, porém, o clube a vai colecionando insucessos que impedem a formação de novos torcedores.

A cada ano, fugindo às suas mais caras tradições, sai recrutando jogadores de outros clubes para tentar obter o acesso. As últimas três tentativas mostram que a receita não dá certo. Uma volta às origens, apostando de novo na prata da casa, talvez seja o melhor caminho.

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Carol, a invasora, desnuda as incoerências do STJD

A decisão de punir o Grêmio pela entrada em campo de Carol Portaluppi, ao final da partida com o Cruzeiro pela Copa do Brasil, expõe novamente as incoerências do STJD. Como é de conhecimento público, o tribunal costuma usar pesos e medidas diferentes, dependendo do prestígio dos clubes envolvidos.

Pela impulsividade da filha do técnico Renato Gaúcho, que tirou fotos e abraçou o pai ainda no gramado, o Grêmio perdeu o mando da partida final da Copa do Brasil, decisão juridicamente tão aloprada que contrariou até membros do próprio tribunal. Mesmo inadequada, a entrada de Carol não interferiu no curso da partida, portanto a perda do mando não se justifica.

Depois da repercussão negativa, o clube gaúcho conseguiu a suspensão provisória da sentença, mantendo o jogo da final com o Atlético-MG em Porto Alegre, mas o desgaste já estava feito.

De toda sorte, o tribunal sai do episódio com a imagem ainda mais arranhada. Na semana passada, ao julgar os incidentes do jogo entre Flamengo e Corinthians, no Maracanã, havia sido extremamente benevolente, multando os dois clubes pela pancadaria provocada pelos torcedores corintianos.

As constantes discrepâncias entre suas decisões indicam uma Corte dividida entre juristas legalistas, que se pautam pelas leis do Direito, e auditores de perfil político, que preferem se basear no poder dos clubes e de seus dirigentes. Já passou da hora de repensar a existência do maior tribunal de justiça desportiva do país.

(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 18)

14 comentários em “A longa noite lusa

  1. Ainda muito PĒ DA Vida , mando abaixo à escalação ,para o bom entendedor…

    TUNA 1-4 Pinheirense

    Alencar Baú ( Tight End)

    Teve dificuldades com a bola de futebol americano que foram usadas no Souza. Talvez se tivesse dois defensores entrosados, não teria sofrido tanto debaixo das esqueléticas traves.

    Gleicinho ( offensive tackle)

    Veio da boca da Almirante Barroso somente para tentar manter o peso e nada mais. É novo e ainda pode parar com essa insistência de ser chutador profissional.

    Bernardo ( defensive tackles)

    Mais um do projeto de valorização da prata dos outros que os diretores foram buscar .

    Preto Barcarena ( defensive tackles)

    Quem te te viu e que te vê . Não reconhece mais nenhum dos buracos no relvado do Chico Vasques

    Ednaldo (Junior) ( defensive Ends )

    O Misturado já é um quase veterano em ação . Sem projeto.

    Tete ( corner Backs)

    Ainda pode ter jeito. Mas precisa ser mais trabalhado . Como castigo deveria ir para escolinha de apanhador de bolas

    Endy ( Holder)

    A esférica procura por ele. Mas ele se livra fácil dela.

    Rafinha (Helinton) ( Punter)

    Mais um que precisa ir pra escolinha , pode vir a ser um bom reserva.. . Helinton entrou em seu lugar e demonstrou que já deve estar procurando uma outra ocupação para a próxima época.

    Flamel ( quarterback)

    Foi a grande decepção . Era a nossa grande esperança . Fracassou assustadoramente no meio de uma equipe madorrenta e sem sangue algum pra doar. Se queria manter a forma , teve um efeito inverso. Triste

    Moisés (Léo Lima) ( Kicker)

    Imaginar que esse gajo foi comprado pelo Santos, não o de Macapá e sim pelo da Vila Belmiro , ninguém vai acreditar. Mais um que veio para manter a -forma- e dar trabalho pra lavanderia.

    Bruno ( punt returner)

    Tem futuro. Mas jogar no meio dessas murrinhas, foi um grande erro.

    Técnico: Fran Costa

    Não deu tempo de aprender as novas regras do esporte. Tem sempre na cabeça o rúgbi que é sua origem. Com mais tempo pra trabalhar teria tido um excelente resultado.

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  2. “A cada ano, fugindo às suas mais caras tradições, sai recrutando jogadores de outros clubes para tentar obter o acesso. As últimas três tentativas mostram que a receita não dá certo. Uma volta às origens, apostando de novo na prata da casa, talvez seja o melhor caminho.”

    Perfeito Gerson Nogueira. Esse negócio de recrutar jogadores, principalmente do remo, para subir não é , nunca foi e nunca será negócio para a Tuna Luso. Hoje então nem se fala. A Lusa segunda mais gloriosa do Estado, tem mesmo é de voltar ás suas origens no futebol para poder retornar ao mapa do cenário nacional a exemplo de Sampaio, Moto, River e outros que retornaram. Para isso é necessário que a Lusa pegue o exemplo de 1970 quando não disputava nenhuma divisão nacional até 78, mas era um clube muito forte no Pará, sempre disputando títulos estaduais e revelando craques. a receita para o sucesso da Tuna mesmo que só fossem Remo e Paysandu os representantes do Pará na elite, era a base forte de formação de atletas que a Lusa possuía e durou anos, cujos jovens atletas lusos saia da base para os profissionais e iam disputar torneios de incentivo diversos, amistosos pelo interior, muitos jogos preparativos até o início do Parazão. A lusa se movimentava com seus próprios atletas e jamais ficava parada igual hoje, por isso era forte. Depois em 1979 veio divisão nacional pela primeira vez para a Tuna Luso e o clube continuou a dar glórias para o futebol do Norte. Porém hoje em dia, além de não ter mais aquela forte escolinha, a Tuna fica parada quase o ano todo, e próximo do seletivo à elite recruta jogadores refugos de outros times fracassados em Belém para tentar voltar. Assim vcs não querem que a Lusa volte.

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  3. É muito triste, principalmente, devido a tantas glórias e tradições da Àguia. Fiquei sabendo ontem por intermédio de um boleiro, que o tal do Feijão é de Castanhal dorme embaixo das arquibancadas do Pinheirense e não recebe um mísero $$$$, assim como todos os boleiros do Pinheirense.

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  4. Mas, nem tudo está perdido, pois nossa Gloriosa Águia ainda tem muito prestígio. Senão, o que dizer de posar como protagonista da Coluna, onde, apesar do tropeço, é abordada com tamanha, e merecida, consideração. Resiste, Tuna!!!

    A propósito, interessantíssima a referência ao passado exitoso da base tunante como fornecedora de reforços que eram realmente reforços.

    Deveras, na atualidade, o que há é que os jogadores que para cá vêm, em sua grande maioria, devido à extrema ruindade, só reforçam mesmo o próprio bolso e as finanças dos seus empresários e respectivos parceiros.

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  5. Definitivamente a Tuna já é um Bangu, Olaria, America-RJ, Juventus-SP ou Ferroviária da vida, isto é, um clubes de futebol ameaçado de extinção e dificilmente irá voltar a ser a Águia Guerreira, até porque a cada ano fica mais difícil solucionar os problemas. A única coisa que salva mesmo é a instituição, que resiste bravamente. Fran Costa como técnico… sem comentários.

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  6. Hoje completam 10 anos da Maior vergonha que sofreu o futebol paraense de todos os tempos esse dia que tbm está gravado na história do Rival

    🎂🎂👏👏👏👏😃😃😃😃😃😃

    Sigam @KoringaRemista

    Ficha Técnica

    Paulista 9 x 0 Paysandu

    Local: Estádio Jaime Cintra, em Jundiaí (SP)
    Público: 1.618 pagantes.
    Renda: R$ 13.220,00
    Árbitro: Rogério Pereira da Costa (MG)
    Cartão amarelo:Eduardo e Marcus Vinícius (Paulista) ;Júnior, João Paulo, Élson, San, João Vitor (Paysandu).
    Cartão vermelho: Júnior (Paysandu)
    Gols: Dema, aos 5’/1T, Jaílson, aos 29’/1T, aos 46’/1T, aos 3’/2T, aos 16’/2T e aos 31’/2T, Fábio Vidal, aos 36’/1T, Marcus Vinícius, aos 45’/1T e Victor Santana, ao 1’/2T

    Paulista
    Victor (Róbson); Marco Aurélio, Dema, Rever e Fábio Vidal (Eduardo); Glaydson, Marcus Vinícius, Marcelo Oliveira e Felipe Sodinha; Victor Santana (Leandro Alves) e Jaílson.
    Técnico: Vágner Mancini.

    Paysandu
    Márcio; Oziel, João Paulo (Esquerdinha), Júnior e João Vitor; Marabá, San, Élson (Rodrigo), Rogerinho e Têti (Zé Augusto); Aldrovani.
    Técnico: Sinomar Naves.

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