Recorde e liderança

POR GERSON NOGUEIRA

Apesar de alguns sustos – como o chute de Carrillo na trave, logo aos 7 minutos, e o cabeceio de Ramos, aos 26 minutos do 2º tempo –, a Seleção Brasileira conseguiu derrotar o Peru, ontem, em Lima, com gols de Gabriel Jesus e Renato Augusto. O resultado dá a Tite a mesma marca de João Saldanha na fase classificatória para a Copa de 70 e põe o Brasil na liderança isolada das Eliminatórias.

unnamed-3Como a noite não foi de atuação brilhante do selecionado, o talento dos atacantes brasileiros fez a diferença. Em noite de Neymar muito vigiado, Phillipe Coutinho e Gabriel Jesus resolveram a parada.

Aos 13 minutos do segundo tempo, depois de uma sequência de fintas de Coutinho, a zaga cortou para o meio e Gabriel recebeu livre. O chute saiu cruzado, pelo alto, no contrapé do goleiro Gallese. O Peru, que até então exercia meia pressão no campo de defesa do Brasil, ficou ainda mais desnorteado, cedendo espaço para os contragolpes puxados por Coutinho e Neymar.

Depois de um primeiro tempo pobre em inspiração, mas de muita disputa pela bola no meio-campo, a partida ficou bem mais franca e emocionante na etapa final, quando começou a se acentuar o desgaste físico dos principais jogadores peruanos, como Cueva, Yotún e Guerrero.

Neymar, o dono do jogo contra a Argentina de Messi em Belo Horizonte, sentiu os efeitos da dura marcação. Viu-se obrigado, em vários momentos, a recuar até a linha do meio-campo para escapar ao cerco (e aos pontapés) dos peruanos. Em compensação, Phillipe Coutinho e Gabriel Jesus

A registrar os dribles desconcertantes que Coutinho aplicou sobre os marcadores peruanos, sempre em busca do gol. A excelente atuação deixa claro que a boa fase no Liverpool começa a se refletir também no escrete canarinho. Tite tem o mérito de ter apostado em seu talento para compor o tridente com Gabriel e Neymar.

Depois de abrir o placar, Gabriel acabou tendo participação decisiva no lance do segundo gol, dando passe caprichado para Renato Augusto, que chegava à grande área. O volante chutou rasteiro, no canto direito de Gallese.

A vitória representa a consolidação do sistema implantado por Tite e expõe, com clareza, o tempo perdido sob a era Dunga. E o mais interessante é que o time parece com fôlego para continuar evoluindo. Os aplausos da civilizada torcida peruana atestam a qualidade do jogo desenvolvido pelo Brasil hoje.

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Fim de ciclo no comando técnico do Papão

Dado Cavalcanti acertou ontem sua saída do Papão após receber (e recusar) uma oferta de redução salarial. A proposta teve apenas caráter protocolar, pois a mensagem foi clara: o Papão não tinha mais interesse em sua permanência. Pelo bom relacionamento com os dirigentes, o técnico não se opôs a continuar dirigindo o time nos dois jogos que restam pela Série B.

A saída estava mais ou menos desenhada, pois Dado enfrentou questionamentos sérios ao longo de toda a segunda passagem pelo clube no Brasileiro.

Por outro lado, o Papão não corre mais riscos e é louvável a preocupação em acertar as coisas com Dado, mas fica a impressão de que o Papão poderia retardar um pouco a definição pelo simples fato de que o campeonato ainda não terminou. Tudo ao seu tempo.

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Antigos vícios e novos erros no calendário de 2017

A adaptação do calendário brasileiro para 2017, imposta pela mudança determinada pela Conmebol na Libertadores, acabou desagradando quase todas as partes interessadas. No anúncio feito anteontem, a CBF perpetuou alguns dos problemas mais visíveis da agenda do futebol e ainda conseguiu agravar ainda mais determinadas situações.

Como a Libertadores teve uma redução de jogos, esperava-se que o calendário brasileiro fosse melhor planejado, com ganhos no aspecto técnico. Ao contrário, a CBF manteve as 18 datas dos campeonatos regionais e esticou a duração até o início de maio, antes ia até abril.

Com isso, o Brasileiro só começa quase ao final de maio, tendo duração de seis meses e meio e perdendo uma semana em relação a 2016.

A Copa do Brasil não sofreu grandes mudanças e segue sendo disputada praticamente o ano todo. O problema é que haverá um intervalo entre as duas partidas finais, o que representa um claro prejuízo no aspecto técnico.

A exclusão da Primeira Liga do calendário não chega a ser algo tão sentida, mas a CBF desfaz o compromisso de torná-la oficial.

Sem dúvida, a partir da brecha dada pela Conmebol, a entidade brasileira desperdiça grande chance de ajustar seu calendário. Enfim, tudo como dantes.

(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 16)

3 comentários em “Recorde e liderança

  1. Sobre Dado…

    Até acredito que estava na hora do adeus, mas, caso Chamusca venha se concretizar como novo técnico, creio que Papão terá “Dado” um grande passo para trás.

    É bom lembrar que Chamusca não conseguiu subir o Fortaleza quando esteve lá (e olha que o Fortaleza tinha um timaço em 2015) e subiu o Guarani na irregular série C/2016.

    Enfim, Chamusca, para mim, não tem credenciais para assumir o Papão, pois está a bastante tempo afastado da competitiva série B.

    Vejo enormes risco com esse nome.

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  2. Disse-o tudo, amigo Celira. Essa troca não passa de uma ameaça pra chamuscar as pretensões Bicolores, basta ter visto o Guarani jogar pra constatar que o cogitado substituto do Dado é inferior ao substituído.
    Insisto que o Papão necessita de um treinador competente, mas também enérgico, capaz de apagar fogueiras de vaidades que vivem acendendo na Curuzu. Dado é até bom treinador,porém não tinha pulso pra coibir acessos de estrelismo que contaminaram o ambiente.

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  3. Amigos Chamusca? tirem-me os tubos, não é Cláudio?
    A saída de Dado era certa apenas achei deselegante a forma como foi feita, demitir o cara com o campeonato em andamento, mas ….
    Concordo com Carlos e Jorge, o Paysandú precisa de um treinador com o T maiúsculo chega de testar nomes que não se enquadram com o time de massa que tem torcida que cobra muito dos seus dirigentes.
    Os fracassos acumulados quando treinador do Fortaleza e a sua campanha no Bugre é de preocupar bastante a fiel bicolor.
    2017 será um ano muito competitivo e se estamos na Sul-americana deveríamos contratar um técnico com experiência em competições deste quilate.

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