
POR GERSON NOGUEIRA
Um campeonato desenxabido desde o começo se encaminha para inevitável anticlímax com a virtual conquista antecipada do título pelo Palmeiras. As últimas rodadas carecem do tempero necessário para adicionar um sopro de emoção à disputa. São as mazelas dos campeonatos de pontos corridos, indiscutivelmente meritórios, mas quase sempre insossos nos momentos decisivos.
Líder ao longo de toda a competição, o Palmeiras mantém confortável dianteira de seis pontos, embora o segundo colocado (Santos) se apresente com apetite e competência para ainda sonhar com o título.
A verdade é que, a não ser pelo equilíbrio visto no fim do primeiro turno, quando o Flamengo ficou bem próximo de roubar a liderança, o Palmeiras navega em águas calmas, sem jamais ter sofrido um bafo tão forte de pressão.
Isso garantiu ao time armado por Cuca ir atravessando a competição com razoável tranquilidade, apesar das muitas limitações que apresenta. O jovem Santos de Dorival Junior ultrapassou o Flamengo na rodada deste fim de semana, mas tirar seis pontos de diferença a quatro rodadas (12 pontos em disputa) do fim é tarefa das mais ingratas.
Mais consistente e confiante, o Palmeiras tem uma sequência aparentemente mais cômoda que a do Santos. Dependendo exclusivamente de suas próprias forças, jogará em Belo Horizonte contra o Atlético na próxima rodada, recebendo depois Botafogo e Chapecoense, saindo para enfrentar o Vitória em Salvador na última rodada. Precisa de duas vitórias para levantar a taça.
O Santos joga contra o Vitória na Vila Belmiro, Cruzeiro no Mineirão, Flamengo no Maracanã e América-MG na Vila. Precisa vencer todas as partidas e torcer para que o Palmeiras faça muita lambança a partir de agora, coisa que não ocorreu ao longo de 34 rodadas.
Para o Flamengo, terceiro aspirante ao título, o grau de dificuldade é ainda maior para superar o Palmeiras. A sete pontos do líder, cumpre o seguinte trajeto final no campeonato: América-MG em BH, Coritiba e Santos no Maracanã e Atlético-PR em Curitiba.
O futebol costuma pregar peças e desafiar a lógica, mas em pontos corridos dificilmente ocorre uma reversão de expectativa na fase terminal de um campeonato. O Palmeiras, em condições normais de temperatura e pressão, já pode mandar fazer as faixas e estocar os fogos.
Por outro lado, reforça-se a impressão de que o modelo europeu de campeonatos adotado desde 2003 pela CBF deixa sempre um quê de frustração, por privar a torcida da confrontação final entre dois adversários em igualdade de condições para levantar o título.
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Enfim, surge uma luz no fim do túnel azulino
Em meio às escaramuças da campanha eleitoral, brota uma alternativa capaz de apaziguar as correntes internas e possibilitar um futuro menos conturbado para o Remo nos próximos dois anos. Bombeiros começaram a agir nos dois lados da disputa que ora divide o clube ao meio.
A ideia é formar uma chapa de consenso unindo os vices das duas candidaturas, Ricardo Ribeiro e Marcos Lobato, que não sofrem restrição no colégio eleitoral azulino.
Caso a proposta seja plenamente aceita pelos dois candidatos, Manoel Ribeiro e André Cavalcante, será levada à apreciação da Assembleia Geral com boas chances de vir a ser aclamada para comandar o clube pelos próximos dois anos.
As primeiras consultas envolveram a chapa de André Cavalcante, que se mostrou receptivo à ideia. Segundo o relato de um emissário, o candidato teria dito que está aberto a tudo que seja bom para o Remo. Deixou a impressão de que não se opõe à terceira via.
A mesma proposta será levada hoje a Manoel Ribeiro, considerado mais refratário à iniciativa, pois encara a candidatura como sua última chance de voltar a presidir o Remo.
Ricardo Ribeiro tem um histórico de bons serviços prestados ao Remo em diferentes gestões. Lobato é da nova geração, mas vem recomendado pelas atividades profissionais na área fazendária.
A dúvida é saber quem iria ser o novo cabeça de chapa na eventualidade de concordância dos atuais candidatos. Outra dificuldade para a fusão de chapas está nos grupos de apoio de cada candidatura. Em torno de Manoel já existem até indicações de futuros ocupantes de cargos na área do futebol.
De toda sorte, é um novo cenário que se abre para a intrincada situação do clube às vésperas da eleição. Para fazer justiça, há duas semanas a coluna citou um cardeal azulino que defendia exatamente essa saída conciliadora, fazendo muitas referências elogiosas aos dois vices das chapas inscritas.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 07)
Realmente, o Palmeiras é o virtual campeão brasileiro deste ano, mesmo diante da débil possibilidade de um sprint santista nessa reta final, principalmente se o Galo bater o Verdão na próxima rodada.
Por isso acho que o campeonato está até bastante animado e dando ao público a oportunidade de assistir grandes jogos, pelo menos jogos disputadíssimos, como o PalmeirasxInter de ontem.
Como defensor do sistema de pontos corridos, sinto-me aliviado de não ter que assistir mais ‘viúvas-virgens’, triste caso em que o timaço invicto do Atlético(MG) de Paulo Isidoro, Cerezo, Luisinho, entre outros craques, perdeu a final para o botocudo São Paulo de Chicão, Antenor, Getúlio e Mirandinha, sobrevivente acidental de uma disputa envolvendo 62 clubes, divididos em 4 chaves e após uma avalanche de peladas do tipo DesportivaxXV de Piracicaba.
Ao menos isso, nunca mais. Espero.
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Jorge Amorim, assino embaixo. Nem todo formato de disputa é perfeito, mas pesando os prós e contras, prefiro mil vezes deixar a meritocracia de pontos corridos, que dá o direito de campeão para quem de fato é campeão de direito.
Sobre o Remo, está é a melhor solução para o atual momento do clube, quem sabe esta seja um primeiro passo para a organização azulina? Estarei na torcida.
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Amorim, na condição de simpatizante dos “pontos corridos”, eu sinto falta do ápice da emoção, representado pelas finalíssimas. Na minha opinião, dividir a competição em dois turnos disputados em “pontos corridos”, poderia minimizar este problema.
Havendo vencedores distintos, viria a finalíssima, em dois jogos, com vantagem do empate e do mando de campo da segunda partida.
Tal medida preservaria a meritocracia e elevaria deveras a emoção no campeonato.
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Amorim,
Amigo, eu vejo que futebol não é pra ser justo. É pra ser emocionante e rentável. Dito isso, os pontos corridos é o avesso. Como todo campeonato brasileiro, este é apenas mais um insosso brasileirinho com um campeão esquecível.
Sobre a ideia de meritocracia, bem, não dá pra se falar em meritocracia, quando há participantes com orçamentos na casa dos 150 milhões e outros com orçamentos na casa de 20 milhões. Isto é desigualdade social. Típica do Brasil.
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É, Celira, esta questão das disparidades orçamentárias realmente é um fator de grande significância. Mas, não podemos esquecer que há muito Clube na série A cuja pontuação não é compatível com a farta verba orçamentária disponível.
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