Craque holandês ganha camisa de Mané

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Um dos destaques da fase de grupos da Copa do Mundo, o Robin van Persie afirmou que se inspira em Garrincha. Clube que Mané mais defendeu no Brasil, o Botafogo aproveitou a oportunidade e presenteou o holandês com a camisa 7 alvinegra, eternizada por Mané. “Que legal. Fiquei muito feliz em receber essa camisa do Garrincha, agradeço muito ao Botafogo pela lembrança”, afirmou Van Persie, que, na última semana, havia revelado admiração por Garrincha, ao ser perguntado sobre o que conhecia do futebol brasileiro.
“O que vi no último ano e meio foram melhores momentos de Seedorf no Botafogo, talvez um pouco do Ronaldinho. E não vi muito mais. Mas assisti a um filme anos atrás quando eu era um garoto, sobre o Garrincha. Aquilo me inspirou, moldou a minha vida no futebol. Como ele jogava, era rápido, sempre marcava belos gols. Foi minha primeira experiência, quando criança, com jogadores brasileiros”, detalhou.
O encontro do holandês com os botafoguense aconteceu com o apoio de André Bahia (zagueiro do Botafogo que jogou por sete anos no Feyenoord), Wijnaldum (meia holandês) e Seedorf. O gerente de Negócios do clube, Fabio Monterosso, foi ao hotel em que a seleção da Holanda está hospedada e entregou a camisa.
Confira a tradução da carta (originalmente em inglês) enviada pelo Botafogo:
“Caro Van Persie,
Muito nos orgulha saber que Garrincha, nosso grande ídolo, foi inspiração para a sua carreira. Pode ter certeza de que com essa demonstração de carinho a Holanda está no coração do torcedor botafoguense.
É também enorme a satisfação de ver que a genialidade tem o acompanhado na Copa do Mundo. Van Persie, você está fazendo história.
Aceite esta lembrança do Botafogo FR. Será um enorme prazer para nós vê-lo com a nossa camisa gloriosa.
Saudações Alvinegras!”. 

Balotelli sofre críticas e anuncia apoio ao Brasil

A eliminação da Itália ainda na primeira fase da Copa do Mundo gerou uma série de críticas aos jogadores da Squadra Azzurra, especialmente a Mario Balotelli. Em seu perfil oficial no Instagram, o atacante desabafou e respondeu a um torcedor que o acusou de não ser um italiano de verdade.O jogador ainda manifestou sua torcida pela seleção brasileira no restante do Mundial.

Balotelli nasceu na cidade de Palermo e seus pais são de Gana. O jogador tem sido vítima frequente de manifestações racistas, seja quando atua pelo Milan ou pela seleção italiana. Ele se isentou de qualquer culpa pela eliminação italiana, confirmada com a derrota por 1 a 0 para o Uruguai nesta terça-feira.

“Sou Mario Balotelli, tenho 23 anos e não escolhi ser italiano. Quis muito por ter nascido na Itália e sempre ter vivido na Itália. Queria muito esta Copa e estou triste, desiludido e irritado comigo mesmo. Se talvez pudesse fazer um gol na Costa Rica, teria razão, mas e daí? Qual o problema? O que você quer me dizer é tudo isso?”, questionou Balotelli, referindo-se ao torcedor que o acusou de não ser italiano em um vídeo reproduzido pelo jogador em seu perfil (“Mario, sabe qual é a questão? Você não é verdadeiramente italiano. Retire-se”, disse o torcedor).

O atacante aproveitou para se eximir de alguma culpa sobre a queda da Itália. “Não a coloco apenas sobre mim desta vez, porque Balotelli deu tudo pela seleção e não errou nada em nível de caráter. Portanto, procure outro desculpa, porque Balotelli tem a consciência limpa e está pronto para seguir em frente ainda mais forte e com a cabeça erguida”, escreveu, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa.

Por fim, Balotelli disse que jamais seria maltratado pelos africanos. “Tenho orgulho por dar tudo ao seu país. Ou talvez, como você disse, não sou italiano. Os africanos nunca tratariam um irmão assim. Quanto a isto, nós, negros, como você nos chamou, estamos anos-luz à frente. Vergonha não é quem erra um gol ou corre mais ou menos. Vergonhosas são estas coisas. Verdadeiros italianos. Sério?”, rebateu.

Em outra postagem, o atacante deixou uma mensagem em português aos seus fãs. Ele agradeceu aos brasileiros e disse para quem vai torcer agora na Copa: “Valeu, Brasil! A Copa não foi ótima para mim, mas estar com vocês foi nota 10! Os brasileiros estão no meu coração e deixam saudades… Agora mostrem que são o país do futebol e sejam os reis desta festa! Vai, seleção!”

A pena mais dura dos mundiais

Por Gerson Nogueira

O afastamento sumário de Luis Suárez prejudica tecnicamente a Copa por privá-la de um atacante em grande forma, mas tem o aspecto salutar de punir um ato que destoa da essência do futebol como esporte. A mordida que o uruguaio desferiu no italiano Chiellini agride o conceito de jogo limpo, tão defendido pela Fifa ao longo das últimas Copas.

Pode-se questionar o rigor da pena, afinal nove jogos parecem um exagero em comparação com outras infrações de jogo. O Comitê Disciplinar da entidade, que tem histórico de inclemência em relação a gestos antiesportivos, entendeu que a agressão foi fora da disputa normal de bola.

Suárez é reincidente em atitudes dessa natureza. Já foi punido na Holanda e na Inglaterra, onde pegou 10 jogos de gancho por morder Ivanovic, do Chelsea, no ano passado. A sentença tira o artilheiro uruguaio da Copa do Mundo, estabelece multa pesada (cerca de R$ 250 mil) e afastamento de qualquer atividade no futebol por quatro meses, incluindo partidas do Liverpool e presença em estádios.

Significa, em outras palavras, que Suárez passa a ser visto como um delinquente do esporte. Para a Fifa, seu comportamento é intolerável em um campo de futebol, ainda mais na disputa de uma Copa do Mundo, assistida por milhões de pessoas no mundo inteiro.

É a maior punição já determinada pelo Comitê Disciplinar na história da Fifa e, como todos os atos delituosos previstos no código interno da entidade, é passível de recurso, mas enquanto a apelação da Federação Uruguaia não for julgada, ele terá que cumprir a suspensão nos jogos oficiais da seleção uruguaia já a partir deste sábado – confronto com a Colômbia pelas oitavas de final.

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Depois do mundial, Suárez não poderá atuar na próxima Copa América e das eliminatórias para a Copa de 2018. Os artigos violados pelo ídolo uruguaio são o 48, parágrafo 1 do Código Disciplinar, e o 57.

Em conversa com jornalistas uruguaios no Centro de Imprensa da Fifa é possível perceber o ressentimento pelo que consideram uma pena exageradamente dura para Suárez. Deixam no ar a insinuação de que o goleador foi punido porque poderia representar uma ameaça ao Brasil, caso as duas equipes se defrontassem nas quartas de final.

Independentemente do raciocínio delirante, é preciso mergulhar na alma uruguaia para compreender essa reação. Para torcedores, jornalistas e jogadores da Celeste, determinadas atitudes não configuram anormalidades. Desde a infância aprendem a gostar do futebol raçudo e sanguíneo. Provocar, dar cusparadas, esbofetear adversários e peitar árbitros é parte desse arsenal de recursos, considerado plenamente válido quando o objetivo é vencer.

Na quarta-feira, o zagueiro Lugano já havia escolhido como alvo de sua ira a “imprensa brasileira”. Segundo ele, jornais e emissoras de TV do Brasil estariam amplificando episódio menor e normal, utilizado como forma de “desestabilizar emocionalmente” o jogador adversário. Parece um mero exagero verbal, mas a frase resume o pensamento médio dos uruguaios sobre futebol.

Desde Obdulio Varela que o Uruguai se aferrou à tese de que vencer jogos é questão de vida ou morte. As batalhas campais promovidas em inúmeros jogos da Libertadores confirmam essa vocação guerreira, que colide com o verdadeiro sentido do esporte mais popular do mundo. Suárez tem um passado de brigas nas divisões de base do Nacional, produto de uma infância problemática, segundo a própria imprensa de seu país.

Que ninguém se iluda: para os uruguaios, Suárez cometeu apenas um leve deslize, pelo qual não merecia qualquer punição. Para eles, ficará a convicção de que seu banimento foi imposto visando beneficiar diretamente o Brasil, que não aceita sofrer nova derrota em Copas.

É um jeito de pensar que tem a dupla utilidade de preservar a tradição guerreira e alimentar a vaidade, ao considerar que o Uruguai seria de fato o maior empecilho aos planos brasileiros de levantar a taça.

Ainda bem que o bom José Mujica, apesar de estimular a lorota de conspiração contra a seleção de Oscar Tabarez, admitiu que de Luizito Suárez não se pode esperar gestos delicados ou gentilezas. Melhor ainda se saiu Gigghia, que reprovou publicamente o gesto de Suárez, lembrando que não tinha o direito de fazer isso como representante de um país.

Por justiça, vale lembrar que, em 1994, o lateral brasileiro Leonardo foi punido com quase igual rigor por ter aplicado uma cotovelada no rosto de um jogador norte-americano. Pegou suspensão de sete jogos e desfalcou a seleção que viria a se sagrar pentacampeã do mundo.

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E se o réu pedisse perdão?

A severidade da punição repercutiu muito no mundo do futebol, com alguns jogadores admitindo a dificuldade em aceitar uma condenação tão rigorosa e outros reconhecendo a necessidade de punição. Fred chegou a dizer que no calor dos acontecimentos esse tipo de atitude pode acontecer, lamentando que Suárez esteja fora da Copa.

Fica, porém, a tristeza pela ausência de um pronunciamento do próprio jogador. Reconhecer publicamente o erro seria o primeiro passo para que seu gesto fosse abrandado e sua pena pudesse ser revista. A recepção festiva a Suárez ontem em Montevidéu, dando a ele o tratamento de vítima, indica que esse gesto nobre de admitir o erro jamais vai acontecer.

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Mudanças devem

dinamizar o jogo

Felipão finalmente deu o passo que se esperava. Entendeu que a meia cancha do escrete ia mal das pernas e que Paulinho era o responsável direto por isso, embora não o único. Como entrou bem na partida contra Camarões, Fernandinho tem a primazia de ocupar aquele espaço na intermediária onde a Seleção mais precisa de dinamismo e rapidez.

Na Copa das Confederações, o jogo intenso que começava no meio-campo acabava se irradiando pelos demais setores do time. Com isso, o Brasil saía forte para o ataque, levando a melhor nas investidas pelas laterais e também nas ações concentradas pelo meio do ataque.

Foi uma campanha irretocável, embora sem deixar saudades a respeito da velha troca de passes, tão cara a quem aprecia o jeito clássico de jogar bola. O Brasil que Felipão formatou para a Copa do Mundo tem muito a ver com aquele do torneio preparatório, mas convive com mudanças de comportamento por parte dos adversários.

Nenhum dos times enfrentados na primeira fase permitiu que os corredores laterais fossem ocupados pelos jogadores brasileiros. Até o México, que não prioriza o jogo pelos lados do campo, dedicou atenção especial a essa área tão explorada pela Seleção.

São evidências de que o Brasil da Copa das Confederações foi cuidadosamente estudado e mapeado pelos oponentes. Ninguém entra desprevenido contra Marcelo e Daniel Alves, alvos principais de marcação e combate. Com os alas vigiados, resta a Felipão preparar melhor seus meio-campistas, que dispõem de mais espaço para manobrar.

Luiz Gustavo faz uma boa Copa, mas Paulinho não reeditou as atuações de um ano atrás. Sua saída vai forçar uma recomposição de papéis do meio para frente. Oscar tende a se aproximar mais de Fernandinho, enquanto Hulk deve ficar próximo a Luiz Gustavo, como complemento e escolta.

A modificação era esperada desde o segundo jogo e Felipão chegou a pensar em escalar Hernanes, mas a boa presença de Fernandinho fez com que alterasse seus planos. Resta agora a questão da lateral direita, onde Maicon também pode ganhar uma chance, substituindo a um cansado e pouco inspirado Daniel Alves.

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Apagão germânico diante de Tio Sam

Sob chuva, a Alemanha derrotou os Estados Unidos com um futebol que em nada lembrou aquela dinâmica massacrante empregada contra Portugal na estreia. A força ofensiva do time só se manifestou duas vezes, através de Thomas Muller. No meio-de-campo, o time se embaraçou muito com a marcação apenas razoável dos americanos.

No final da partida, visivelmente desinteressada, a Alemanha permitiu que os Estados Unidos ameaçassem de verdade o gol de Neuer. Em dois momentos, Tio Sam cercou a pequena área e esteve a pique de empatar. Não foi evidência de grande futebol dos americanos, mas deixou claro que a poderosa seleção germânica tem seus momentos de apagão.

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CR7 deixa marca, mas decepciona

 

Cristiano Ronaldo sai devendo muito da Copa que tinha tudo para ser a sua Copa. Fez gol contra Gana e inscreve seu nome na história como único português a marcar seguidamente em três mundiais – 2006, 2010 e agora. Badalado e rico, eleito melhor do mundo pela Fifa, o craque do Real Madri chegou cercado de expectativas e desconfianças. No fim das contas, a pífia campanha lusitana e sua discretíssima performance deram plena razão aos desconfiados.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 27)