Da série “Orgulho do Pará”

Por Alessandra Blanco, do Portal iG 

Desde que Alex Atala atingiu o nível “hors concours” dos chefs brasileiros, com seu restaurante galgando posições cada vez mais elevadas na lista dos melhores do mundo, começaram também as apostas de quem seria o “próximo Atala”. Ele mesmo já deu algumas pistas, a cada vez que fala em público, cita novos nomes, de jovens chefs, que vêm despontando pelas cozinhas do Brasil: Rodrigo Oliveira, do Mocotó, Raphael Despirite, do Marcel… Mas, desde o ano passado, um outro nome vem surgindo cada vez mais entre as grandes promessas da culinária brasileira: Thiago Castanho.

Ele é o chef do Remanso do Peixe, em Belém do Pará, ganhou o prêmio deste ano de chef revelação da revista Prazeres da Mesa, já ganhou também o de chef do ano da Vejinha regional de Belém. E tem só 23 anos.

Em dezembro do ano passado, fiz uma pesquisa com alguns chefs brasileiros perguntando o que iríamos comer em 2011. A resposta de Rodrigo Oliveira foi: “Em 2011, a região Norte é a grande tendência, e o Thiago Castanho, o grande nome. Vamos desmistificar aquela comida e entendê-la de vez”. Na última semana, essa “profecia” de Rodrigo ficou mais perto dos paulistanos. Nos dias 23 e 24 de junho, Thiago veio a São Paulo e preparou um menu típico paraense junto com a chef Mara Salles, no Tordesilhas.

Eu estava louca pra provar a comida do Thiago. Até então, ouvia dizer que ele era o discípulo de Paulo Martins, que fazia uma comida com ingredientes típicos paraenses, mas com uma nova abordagem, modernizada. Trabalhou em Portugal com Vitor Sobral.

Depois de terminar esse menu, dá para entender bem a razão. Estive em Belém do Pará há alguns anos, provei a comida de Paulo Martins (um verdadeiro mestre), tucupi, jambu…  Achei tudo maravilhoso. Comida bem tradicional. Mas é verdade que a comida de Thiago é diferente. É como comer comida nordestina e provar os pratos que Rodrigo Oliveira tem feito no Mocotó. A tradição está lá, os ingredientes são os mesmos, mas tudo é mais suave, elegante, moderno. Tem mágica. Você saboreia, sem sair pesado. Talvez o prato que mais traduza tudo isso seja mesmo o filhote do Remanso. Toda a tradição de Belém está nele, mas é como se fosse uma nova criação. Agora, dos deuses mesmo foi o pirarucu defumado. Odeio a palavra alta gastronomia. Mas se algo pode representar a alta gastronomia brasileira, pra mim, esse prato é forte candidato.

Sortudos que puderem ir a Belém conhecer o Remanso do Peixe, é esse o endereço: Travessa Barão do Triunfo, 2590 – casa 64, bairro Marco, Belém do Pará. Tel. 91  3228-2477.

Como é bom ver alguém falando bem da nossa terra. São coisas assim que comovem a gente.

Perguntinha do dia

Será que a súbita falta de pontaria dos três melhores chutadores do Paissandu, na decisão de domingo, teria alguma ligação com o atraso salarial no clube (em alguns casos, superior a dois meses)?

Começa o desmanche na Curuzu

A diretoria do Paissandu cedeu ao Penarol (AM) os jogadores Paulo Wanzeler, Yago Pikachu, Diego Ourém, Billy, Bryan e Marquinhos para a disputa da Série D. Eles se apresentarão ao clube amazonense ainda nesta semana. Caso não aceitem a transferência, serão dispensados pois não estão nos planos do técnico Roberto Fernandes para a Série C.

Outros jogadores cotados para integrar a barca do adeus na Curuzu são Ari, Hebert, Zeziel e Alisson. O goleiro Nei já foi liberado, depois que o clube fechou acordo com o goleiro Dida, ex-Independente.

Capitão do tri perde a classe e insulta Tostão

Por Bruno Freitas

À espera de um desfecho, a aposentadoria para os jogadores campeões mundiais pela Seleção prometida pelo Governo Federal ainda na gestão Lula suscita debate acalorado mesmo dentro deste rol seleto de ídolos das Copas. Recém nomeado presidente de honra da associação que cuida dos interesses destes atletas, Carlos Alberto Torres qualificou como demagógica a posição do ex-companheiro de 1970 Tostão, que manifestou publicamente que abrirá mão do dinheiro, caso ele realmente seja oferecido.

“É um demagogo, pode escrever aí. O Tostão não precisa ficar falando. Ele teve mais sorte que do os outros, é médico, não sei nem se é ele que escreve aquela coluna lá no jornal. Mas tem gente que não foi preparada. Esse filho da p… deveria falar algum tipo de verdade. Não gosto nem de falar”, comentou Torres.

“Demagógica? Não sou bilionário. Só entendo que o governo não pode pegar dinheiro e distribuir assim [sem critérios]. E os campeões de outros esportes, as outras classes? Um artista que elevou o nome do Brasil também poderia pedir esse benefício. Mesmo assim, entendo também que a carreira de um jogador tem suas particularidades, precisa realmente ser amparada de um jeito diferente”, rebate Tostão, que reforçou à reportagem do UOL Esporteque recusaria o auxílio financeiro em caso de aprovação.

De acordo com projeto do Poder Executivo, os brasileiros campeões de Copas receberiam de uma só vez uma quantia de R$ 100 mil. Fora isso, existe a previsão de um auxílio especial mensal para jogadores sem recursos, ou com recursos limitados, de até R$ 3,4 mil.

Esquartejamento em marcha

Por Guilherme Augusto, no DIÁRIO

Separatistas em ação
Com o título “Duda Mendonça fará o marketing separatista do Pará”, o repórter Daniel Bramatti relata, em matéria no “Estadão”, que, no dia 9 de junho, o pequeno aeroporto de Redenção, no sudeste do Pará, “teve um movimento atípico.”
Conta o jornalista que de jatinhos e helicópteros desembarcaram, para uma reunião com o publicitário baiano, Duda Mendonça, vários fazendeiros, comerciantes e empresários do setor imobiliário. Na pauta do encontro, claro, o projeto separatista.
 
Bala na agulha
A rigor, nada de novo, a não ser a presença na reunião de empresários do ramo imobiliário. 
 
Turno extra
Outra revelação da reportagem é a apresentação de Duda como responsável pelo comando da campanha publicitária dos dois comitês separatistas – o da criação do estado de Carajás e o da criação do estado do Tapajós – “em rede estadual de rádio e televisão nos 40 dias anteriores à consulta popular”, que está prevista para acontecer em dezembro. 
 
Cereja do pudim
Até então se sabia que Duda comandaria a campanha de fundação de Carajás, localizado em região onde é dono de terras e criador de gado. Agora, fica-se sabendo que a sua influência marqueteira chegará também, se a informação for correta, ao oeste do Pará.
Para os separatistas tapajônicos, é a sopa no mel. Eles vinham se queixando da falta crônica de recursos para a campanha. Duda deve entrar nela como a cereja do pudim de cupuaçu.

Coluna: A seleção do campeonato

A escalação ficou pronta bem antes de domingo. Esperei o jogo decisivo apenas para não incorrer no mesmo erro da Fifa na Copa de 2002, quando precipitadamente premiou o goleiro alemão Oliver Kahn, que falhou bisonhamente na finalíssima contra o Brasil. Minha lista é a seguinte:
Alexandre Fávaro (PSC). A regularidade e o senso de colocação fazem do paraense Fávaro um goleiro diferenciado. Ajudou, em vários jogos, a reparar lambanças da pior zaga que o Paissandu teve nos últimos anos.  
Sidny. Depois de um começo instável, consolidou-se como importante figura do atual elenco, saindo-se bem tanto na ala como atuando pelo meio.
Zagueiro central: Rafael Morisco. Do fiasco remista no torneio, principalmente pela incompetência nas semifinais, o zagueiro foi uma das exceções. Faz o estilo xerife, rebatedor e se destacou pela eficiência. 
Adson. A linha de defesa do Independente só se aprumou quando Sinomar optou por Adson como titular. De bom porte físico, mostrou-se extremamente eficiente no jogo aéreo, chegando a marcar gols importantes.
Fábio Gaúcho. Dono de excelente chute, o lateral-esquerdo destacou-se na competição pela eficiência defensiva e a qualidade no apoio ao ataque.
Wilson Guerreiro. Entra na lista mais pelo primeiro turno exuberante, quando comandou o Cametá a partir do meio-campo. Forte na marcação, Wilson tem bom passe e habilidade para o drible. 
Robinho. O meia-armador encheu os olhos de todo mundo com atuações primorosas pelo Cametá, como criador e definidor de jogadas. Despertou o imediato interesse do Paissandu e não se deixou afetar pela situação. 
Gian. Aos 35 anos, provou que lançamentos e passes certeiros ainda não caíram de moda. Com empenho e regularidade, calou críticos chatos, como este escriba baionense. Na final, venceu a marcação individual e ainda deixou sua assinatura no passe para Joãozinho fazer o terceiro gol.  
Marçal. Entra na seleção tanto pelo papel de organizador quanto o de meia-atacante. Ao lado de Gian, formou uma dupla afiadíssima de criação. Quando havia espaço, ainda surgia lá na frente para finalizar – como no primeiro gol do Independente no Mangueirão.
Rafael Oliveira. Ganhou a titularidade pela excelente primeira metade do campeonato, quando marcou um caminhão de gols importantes e levou o Paissandu à conquista do turno.
Leandro Cearense. Além de artilheiro isolado, Leandro teve atuações pelo Cametá que o credenciam como melhor jogador da competição. Seus predicados: boa técnica, capacidade de definição e facilidade para tabelinhas e inversão de jogadas.
 
 
Sinomar Naves. Montou o time campeão e só por isso já é digno de aplausos. Com dinheiro curto e elenco pobre, soube compensar desfalques com a perfeita utilização das peças disponíveis. É verdade que andou cometendo deslizes nos jogos decisivos, mas chega ao título histórico com todos os méritos.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 28)