O dia em que a ditadura matou a Alegria do Povo

Por Roberto Vieira

20 de junho de 1964.

Garrincha e Elza Soares dormem na Ilha do Governador. O casal mais odiado do país. Castelo Branco se define como homem de centro-esquerda. Os cariocas apoiam Castelo. O São Paulo é campeão em Florença. O Flamengo é campeão do Torneio Naranja com Paulo Choco.

Mas Elza estava com Jango no Comício da Central. Elza estava com Jango na sede do Automóvel Clube. Garrincha estava com Elza pro que desse e viesse. A ditadura chega de madrugada. Os homens acordam todo mundo na casa. Garrincha, Elza, a mãe e os três filhos da cantora.

Armas em punho. Todo mundo nu virado pra parede da sala. Paredão. Garrincha pede que poupem as mulheres. Os militares vasculham a casa. Destroem os móveis. Semeiam o terror.

Garrincha está só diante do time adversário. Garrincha bicampeão mundial. Garrincha das pernas tortas. A ditadura vence o jogo. Mas antes de sair, deixa uma lembrança. Um dos carabineros abre a gaiola do mainá. Pássaro indiano. Xodó de Mané Garrincha. Curiosamente presente de Carlos Lacerda. Lacerda que amava os tanques. Lacerda que também teria seu dia de mainá.

O pássaro desaparece nas mãos do futuro torturador. O mainá tem seu pescoço torcido. Garrincha observa o gesto e chora. O último a sair agarra Mané e afirma: “Se abrir o bico vai ficar que nem esse passarinho!”. Os jornais publicam a notícia. Subtraindo a verdade.

O Brasil do mulato inzoneiro. O Brasil do homem cordial. Mostra sua face brutal. Longe das arquibancadas. Longe dos campos de futebol. 20 de junho de 1964.

O dia em que a ditadura matou Mané Garrincha…

TJD derruba últimas esperanças do Remo

Caíram por terra as últimas esperanças que o Remo tinha de obter ganho de causa no tapetão em torno do caso Edilson Belém. O Tribunal de Justiça Desportiva, como já era esperado, decidiu por 6 a 1 confirmar a decisão do presidente da Casa, Antonio Barra Brito, e não deu provimento ao recurso do Remo para paralisar o Campeonato Paraense, alegando irregularidade na situação do jogador Edilson Belém, do Independente Tucuruí. Funcionou na defesa do Independente o advogado André Cavalcante. Pelo Remo, o defensor foi advogado Hamilton Gualberto. E o jogador foi defendido pelo advogado Henrique Lobato. Resta ainda ao Remo a possibilidade de recorrer ao STJD para tentar derrubar a decisão do presidente do TJD, mas o presidente Sérgio Cabeça acaba de dizer à Rádio Clube que não pretende insistir com o recurso judicial.

Galo promete não amarelar no Mangueirão

Com a volta já confirmada dos titulares Lima (lateral-direito), Adenisio (volante), Wegno e Marcelo Peabiru (atacantes), o Independente Tucuruí está pronto para tentar quebrar a centenária escrita das decisões de campeonato estadual no Pará. Nunca um clube interiorano levantou um título paraense. Sinomar Naves e seus comandados, mesmo depois do empate em casa, mostram-se confiantes para o confronto final, descartando o risco de “amarelar”, como já se viu com tantos outros times que desafiavam a dupla Re-Pa.

Dupla Re-Pa bem posicionada no É Gool

Parcial do projeto É Gool, da Caixa Seguros: Paissandu, 5.619 títulos vendidos; Remo, 5.508. No ranking nacional, os clubes paraenses aparecem em 10º e 11º lugares. Sorteio de R$ 500 mil todo sabado. O título É Gool custa R$ 6,00 nas agências lotéricas.

Ganso está liberado para disputar final

Quase um mês e meio depois de ter lesionado a coxa direita no primeiro jogo da final do Campeonato Paulista, contra o Corinthians, Paulo Henrique Ganso voltou a treinar com seus companheiros de Santos, nesta segunda-feira, no CT Rei Pelé. O médico do clube, Rodrigo Zogaib, afirmou que o meia tem condiçôes de atuar 90 minutos, quarta-feira, diante do Peñarol, no Pacaembu. No último sábado, o meia já havia feito atividade física e treinado levamente com a bola. Hoje, ele participou de uma atividade mais forte, tática e, assim como no final de semana, não demonstrou qualquer resquício do problema na coxa. Ganso fez os exercícios normalmente, chutou bolas a gol e treinou junto com os outros atletas. “O Ganso tem um bom condicionamento físico, está perto do ideal. Liberamos ele para os trabalhos normalmente. Acredito que ele possa jogar a partida inteira, só depende de uma decisâo técnica”, afirmou o médico Rodrigo Zogaib. Ganso deve reforçar o Santos na finalíssima da Copa Libertadores, assim como Léo. O lateral-esquerdo, que também desfalcou a equipe no 0 a 0 da ida, no Uruguai, treinou normalmente sábado e comprovou que está recuperado da lesão no tornozelo esquerdo. Deve retomar a vaga de Alex Sandro.(Com informações da ESPN)

Perguntinha do dia

Quem é mais decisivo: Rafael Oliveira, artilheiro do Paissandu no Parazão 2011 (19 gols), ou Mendes, que fez 10 gols mas marcou sempre nas finais? 

Fla não consegue patrocínio pro Dentuço

Principal responsável por colocar Ronaldinho no Flamengo em janeiro, a Traffic tinha expectativa de conseguir um patrocínio master para a camisa do time de R$ 30 milhões, mas ela está longe de ser alcançada. Até agora, a maior proposta enviada à Gávea foi de R$ 15 milhões, e apenas por uma temporada, da montadora francesa Peugeot. A empresa de J. Hawilla já havia aceitado a negociar o espaço na camisa do Fla por cerca de R$ 22 milhões, mas, por pressões de setores do clube, poderá aceitar a proposta que oferece metade do que era esperado. Ainda de acordo com a nota, nem se os R$ 15 milhões forem somados aos outros patrocínios de camisa, o Flamengo receberá os R$ 30 milhões esperados. O clube ganha R$ 2 milhões da TIM. Do BMG, entram nos cofres R$ 8 milhões. (Da coluna Painel FC, da Folha de SP)

A frase do dia

“Pelo que estou vendo, as coisas não vão acontecer. Vai ter a Copa, mas infelizmente teremos problemas e não vai ser a melhor de todos os tempos. Vou te falar uma verdade: os evangélicos acreditam que Jesus vai voltar. Só ele para fazer com que o Brasil faça a melhor Copa. Se ele descer nos próximos três anos, aí será possível”.

De Romário, cada dia mais vestindo a roupa de opositor de Ricardo Peixeira, em entrevista à Folha de SP.  

Coluna: Um empate que caiu do céu

O torcedor do Independente ficou com a sensação de que a vitória escapou por pouco. Os alvicelestes festejam um empate quase milagroso, levando em conta as circunstâncias. Os dois estão mais ou menos certos. E têm o direito de continuar acreditando em seus times para a finalíssima de domingo no Mangueirão. É fato, porém, que o Paissandu saiu de Tucuruí mais confiante, embora nem seja para tanto.
Com assustador índice de passes errados, a partida foi tecnicamente sofrível. O mau futebol não impediu alguns lances emocionantes de área, como os gols de Andrei e Fábio Gaúcho e as três oportunidades desperdiçadas pelo Independente no primeiro tempo.
Duro de aguentar foi o período posterior ao desempate do Independente. O Paissandu travou, sem saber se ia à frente ou tentava se defender. Acabou ficando no meio do caminho. Abriu-se então um buraco imenso entre a defesa e o ataque, permitindo ataques seguidos do Independente.
Contei pelo menos quatro arrancadas de Gian, Marçal e Fábio Gaúcho, sem receber qualquer combate, entre a intermediária do Independente e a entrada da área do Paissandu. Além disso, os atacantes de Tucuruí recebiam lançamentos com inteira liberdade nos dois lados da área, aproveitando o espaço deixado pelos laterais Sidny e Zeziel.
Os dois zagueiros não sabiam a quem marcar, o meio-campo não existia e os atacantes ficavam isolados na frente, vendo o time ser atacado seguidamente. O Independente só não ampliou por incompetência e afobação. Cafu, Joãozinho, Marçal e Gian perderam várias chances.
A salvação bicolor começou a surgir no horizonte quando Andrei saiu, extenuado, para Billy entrar. Não que o volante seja tão superior ao meia. A questão é que Billy está acostumado a ocupar a meia cancha. E foi exatamente isso que ele fez, passando a atrapalhar as manobras dos armadores do Independente.
Sem saber o que fazer, Roberto Fernandes pôs em campo Claudio Allax e Héliton. Os dois, junto com o Billy, deram novo fôlego ao time, que passou pelo menos a atacar um pouco mais, permitindo que a defesa respirasse. Mas se ilude quem avalia que essas mexidas levaram o Paissandu ao empate. O segundo gol foi produto de mero acaso. Isto é, nasceu de um cochilo cavalar do zagueiro Marraqueti, que havia substituído Gian minutos antes. Ele tinha o lance dominado e podia, como qualquer zagueiro, dar um bico para o mato. Preferiu dominar, perdeu a bola e foi obrigado a cometer a falta, que Mendes cobrou com a perícia habitual.
 
 
Resultado justo, pela objetividade de um e a inconstância do outro. Paissandu está próximo do tri, mas não pode se dar ao luxo de sofrer tantos apagões em campo. Sinomar Naves terá titulares de volta. Fernandes precisará corrigir posicionamentos. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 20)