A pedra foi cantada. Era quase certo que a ação movida pelo Remo contra o Independente Tucuruí, reivindicando pontos do jogo do dia 29, não daria em nada – como, de fato, não deu. Despacho do presidente do Tribunal de Justiça Desportiva, lavrado no último sábado e divulgado somente ontem, confirmou as previsões.
Por princípio, sou radicalmente contra esse tipo de manobra, que colide com o espírito puro do jogo e transporta a disputa esportiva para a seara do tapetão. Infelizmente, clubes e dirigentes costumam se agarrar ao expediente extremo sempre que deixam escapar a vitória dentro de campo.
Ainda atordoada com a perda do segundo turno, depois de atuação vexatória do time em Tucuruí, a direção remista saiu à procura de uma saída jurídica. Apostou suas fichas na suposta irregularidade envolvendo a documentação do jogador Edilson Belém.
Além de tentar voltar ao campeonato por via jurídica, o recurso ao TJD cumpriu a função de acalmar os ânimos da torcida, atenuando o desgaste da eliminação. Todo o impacto do prejuízo, porém, virá a partir de agora, em dose cavalar. Com o fim das últimas esperanças, a ficha vai cair e o torcedor apresentará a conta da confiança depositada nos dirigentes que prometeram recolocar o clube em lugar de destaque.
Apesar das merecidas críticas aos caminhos adotados pela diretoria, principalmente na errática montagem do time para o Campeonato Paraense, não se pode aplaudir o coro de alguns corneteiros que pregam renúncia coletiva no clube.
Por óbvio, o curtíssimo período de gestão (cinco meses) não serve como parâmetro de avaliação do trabalho dos atuais dirigentes, principalmente em face da realidade deixada pela administração anterior.
De mais a mais, quem anda propondo o expurgo dos diretores não carrega a necessária envergadura moral para tanto. Aliás, grande parte dos atuais carbonários é composta de alegres defensores do desastrado projeto de desmanche do patrimônio remista, que quase levou à destruição do clube. Por tudo isso, é recomendável ir devagar com o andor, patuléia.
Ronaldo deixou os gramados há alguns meses, mas somente hoje se despede oficialmente da Seleção Brasileira. Quis o destino – e a agenda de negócios da CBF – que o adversário fosse a apagada Romênia, seleção européia de terceira linha. Não importa. O maior centroavante da história do futebol vale sozinho o espetáculo.
A festa é uma oportunidade primorosa para que os brasileiros reverenciem e agradeçam a carreira fulgurante de Ronaldo. Os 15 minutos destinados à sua apresentação deveriam ser de aplausos ininterruptos por tudo que ele nos deu em duas décadas de grande arte futebolística.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 7)