Em reação heroica, Leão empata com Amazonas e se classifica para a semifinal da Copa Verde

O Remo está na semifinal da Copa Verde, após empatar em 2 a 2 com o Amazonas, na noite deste sábado (23), na Arena da Amazônia, em Manaus. Como venceu o jogo de ida por 2 a 1Com o placar, a equipe paraense leva a melhor no agregado, já que no primeiro duelo, em Belém, venceu por 2 a 1. Wiliam Barbio marcou os dois gols dos amazonenses no primeiro tempo. Ytalo e Sillas marcaram os gols que garantiram a classificação.

O Amazonas teve um início melhor, utilizando jogadas rápidas pelos lados. Chegou ao gol logo aos 4 minutos. Diego Torres lançou Sassá na área. O centroavante tocou de cabeça para Wiliam Barbio, sozinho, disparar sem chances para o goleiro Marcelo Rangel. O Remo abusava de erros de passe e hesitações ofensivas. O melhor momento azulino foi um cabeceio de Jonilson, para fora.

Insatisfeito com a marcação, o técnico Gustavo Morínigo trocou Henrique por Renato Alves. Aos 34 minutos, o Amazonas fez nova investida, pela direita, com Patric, que cruzou rasteiro em direção à pequena área. A bola passou pelos zagueiros e chegou a William Barbio, que só teve o trabalho de desviar para o fundo do barbante.

Logo a 1 minuto do segundo tempo, o Remo pressionou e chegou a fazer um gol, com Ytalo (que havia substituído Ribamar no intervalo), mas o lance foi anulado por impedimento. Foi um cartão de visitas do que o Leão pretendia fazer na partida, com mudanças simples de posicionamento que resultaram na reação e no empate.

Aos 10′, Ytalo aproveitou um rebote depois de cruzamento de Nathan e de um corta-luz de Kelvin dentro da área. O centroavante bateu cruzado e rasteiro para vencer o goleiro amazonense. Logo em seguida, mandou um chute por cobertura que levou muito perigo.

Ao longo do segundo tempo, o Remo passou a controlar as ações, a partir da aproximação de meio-campo e ataque, com Matheus Anjos e Sillas exercendo um papel fundamental na condução da bola até os homens de ataque. O Amazonas sentiu a mudança de postura azulina e ficou encolhido em seu campo.

Aos 43′, o Leão chegou ao empate: Vidal arriscou da intermediária, o goleiro espalmou para o lado e Ronald foi à linha de fundo para repor a bola na pequena, onde Sillas chegou batendo para as redes. Um belo gol, que sacramentou a classificação azulina à semifinal da Copa Verde.

Brado contra a impunidade

POR GERSON NOGUEIRA

Foi preciso que uma mulher tivesse o desprendimento de romper o silêncio covarde das cúpulas e castas do futebol no Brasil sobre as prisões de Robinho e Daniel Alves, condenados respectivamente na Itália e na Espanha, e presos pelo crime de estupro. De forma corajosa, Leila Pereira, presidente do Palmeiras e chefe da delegação brasileira no atual giro pela Europa, foi a primeira voz a se levantar.

“Ninguém fala nada, mas eu, como mulher aqui na chefia da delegação, tenho que me posicionar sobre os casos do Robinho e Daniel Alves. Isso é um tapa na cara de todas nós mulheres, especialmente o caso do Daniel Alves, que pagou pela liberdade. Acho importante eu me posicionar. Cada caso de impunidade é a semente do crime seguinte”, disse Leila.

Falou tudo, em poucas palavras. O fato é ainda mais auspicioso porque fura a bolha que mantinha o assunto como um tabu, até mesmo na imprensa esportiva, boa parte dela cheia de não-me-toques para mencionar desatinos e crimes de dois ex-craques da Seleção Brasileira.  

Na esteira da declaração firme de Leila, a CBF começou a se mexer, com parcimônia, mas abordando o tema. Na sexta-feira, o técnico Dorival Júnior e o jogador Danilo, capitão da Seleção Brasileira, se posicionaram sobre o episódio, algo raro em se tratando do ambiente do futebol no Brasil, normalmente avesso a atitudes e crimes envolvendo boleiros e técnicos.

Ainda na sexta, depois de longo e constrangedor silêncio, a CBF se manifestou através de nota assinada pelo presidente Ednaldo Rodrigues. Diz, à certa altura do texto, que as condenações colocam um “ponto final em um dos capítulos mais nefastos do futebol brasileiro”.

“É fundamental que a corajosa atitude das vítimas inspire cada vez mais mulheres a não se calarem diante de barbaridades de tal ordem. Mais do que isso: num ambiente em que o machismo impera, nós, homens, precisamos estar na linha de frente para combater não apenas a violência sexual, mas todo tipo de violência”, diz o comunicado.

Logo depois da prisão de Robinho, o presidente Lula lamentou o episódio e aplaudiu a decisão da Justiça em enfrentar o ciclo de impunidade para casos de violência sexual envolvendo astros do futebol no Brasil.  

O Ministério do Esporte expressou “repúdio absoluto à violência sexual”. A mensagem observa que “os casos envolvendo os ex-jogadores de futebol Robinho e Daniel Alves, que foram condenados por estupro, são extremamente lamentáveis, inadmissíveis e imperdoáveis”.

Acrescenta que, ante a gravidade dos crimes cometidos, a condenação dos envolvidos é um passo importante, proporcionando alguma forma de justiça às vítimas. “A justiça deve ser aplicada de forma rigorosa e imparcial, garantindo que os culpados sejam responsabilizados por seus atos, sem concessões”.

Conclui com a afirmação de que “o Ministério do Esporte continuará a trabalhar para fortalecer políticas e ações que contribuam para a prevenção e o combate à violência sexual, bem como para o apoio às vítimas e a construção de uma cultura de respeito e dignidade no esporte e na sociedade”. Que assim seja.

Com apoio da Fiel, Papão tenta superar o Manaus

O desafio é vencer por dois gols de diferença para avançar às semifinais da Copa Verde. Depois de perder por 1 a 0 na Arena da Amazônia, na quinta-feira, o Papão tem a missão de derrotar o Manaus dentro de seus domínios, aproveitando o apoio da Fiel Bicolor.

Em tese, a tarefa não é das mais complicadas. O Manaus vai disputar a Série D do Campeonato Brasileiro e tem uma equipe limitada. O problema é que o PSC tem enfrentado dificuldades até contra adversários modestos.

Os problemas que impactam o desempenho da defesa desde a derrota para o Juventude, pela Copa do Brasil, atormentam o torcedor. É difícil entender como um time formado por jogadores de bom nível se atrapalhou em Manaus, escapando de um placar mais dilatado.

Robinho, especialista no setor de criação, terá a função de abastecer o ataque, onde Nicolas não conseguiu fazer gols nas últimas duas partidas. Caberá ao meia-armador municiar o centroavante e os homens de lado, provavelmente Jean Dias e Vinícius Leite.  

Ao mesmo tempo, o time terá que readquirir a segurança defensiva da fase inicial do Campeonato Paraense, quando sofreu apenas dois gols. É hora de reagir, classificar e tranquilizar o torcedor.  

Curso Licença C vai capacitar treinadores em Belém

Como parte da parceria entre a Federação Paraense de Futebol (FPF) e a CBF Academy, Belém vai sediar um curso de capacitação de treinadores de futebol. Trata-se do Licença C – Treinador de Futebol, que visa oferecer conhecimento especializado a profissionais que atuam com crianças e adolescentes, especialmente nas escolinhas e categorias Sub-11.

O curso será semipresencial, com aulas on-line realizadas em Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) com atividades práticas presenciais ministradas em Belém. O período do curso on-line será de 15 de abril a 13 de maio de 2024; já as atividades presenciais irão de 21 a 26 de maio.

Sob as normas e padrões de excelência estabelecidos pela CBF, o curso vai proporcionar, além de aulas específicas sobre treinamento e tática, acesso a noções de gestão de equipe e análise de desempenho, com um conteúdo abrangente, repassado por especialistas.

Bola na Torre

Com apresentação de Guilherme Guerreiro, o programa irá ao ar às 22h deste domingo, na RBATV, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. Em pauta, as quartas de final da Copa Verde e a expectativa pelas semifinais do Parazão. A edição é de Lourdes Cezar. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 23/24)

Rock na madrugada – Primal Scream & Paul Weller, “Rocks”

POR GERSON NOGUEIRA

Poucas vezes o rock foi tão decentemente tributado numa canção quanto nesta do Primal Scream (aliás, que puta nome para uma banda). Aqui, o registro ganha vigor e balanço nas guitarras com a participação luxuosa de Paul Weller, “the Modfather”. A filmagem captura bem o clima de uma espelunca apropriada para uma noite roqueira nos subterrâneos de Glasgow.

“Traficantes continuam traficando/ Ladrões continuam roubando. Prostitutas continuam prostituindo, trastes continuam contando. O comércio está no suporte da carne. Strippers se dobrando, vagabundas continuam vagabundeando. Palmas coçando”.

Estes são os versos iniciais de “Rocks” (1994), típico produto da inquietação criativa do Primal, banda de rock alternativo surgida em 1984, em Glasgow (Escócia). Inicialmente, era apenas o duo Bobby Gillespie e Jim Beattie, cuja inspiração para escolha do nome é a famosa teoria do grito primal, inventada pelo médico Arthur Janov nos anos 60.

Atualmente, o Primal é formado por Gillespie, Andrew Innes, Martin Duffy, Debbie Googe, Darrin Mooney e Bobby Gillespie. Antes de tomar coragem para formar a própria banda, Gillespie se aventurou como baterista do The Jesus and Mary Chain.

“Screamadelica”, o belíssimo terceiro disco do Primal, alavancou a carreira do grupo num tempo em que quase todo mundo só falava em Nirvana e grunge. O álbum conectou o público indie ao mundo das raves e, no sentido inverso, a house music para os pubs do som underground.

“Garoto do Cortiço”, escrito (muito bem) por Gillespie, é um livro excelente e revelador, lançado em 2022. Narra a sua história desde a época de dureza nas ruas (e cortiços) de Glasgow e a relação com os pais, pertencentes à classe operária. Vale a leitura. 

Agora algumas palavras sobre Paul Weller, que foi responsável pela sobrevivência do estilo Mod no rock britânico do final dos anos 70 até meados de 80. Por isso, ganhou o apelido de “pai dos mods”, trabalhando com afinco no revival do subgênero consagrado pelo The Who.

Weller foi integrante do The Jam, que surgiu no auge do punk e da explosão de Sex Pistols e Clash. Por ser contemporâneo, o Jam foi confundido com uma banda de punk rock, embora tivesse obviamente mais apuro técnico na execução das músicas. Sobreviveu de 1977 a 1982. Em seguida, Weller fundou o Style Council. Produtivo e experimental, o grupo durou seis anos. Hoje, Weller segue carreira solo de grande prestígio.

Freio na impunidade: Robinho vai cumprir no Brasil pena por estupro cometido na Itália

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, em sessão nesta quarta-feira (20/3), que o ex-jogador Robson de Souza, o Robinho, de 40 anos, vai cumprir, no Brasil, sentença da Justiça italiana que o condenou a 9 anos de prisão por estupro coletivo.

Conforme decisão por maioria, o cumprimento da pena deve ser iniciado imediatamente. O crime foi cometido em 2013, em uma boate de Milão, quando o brasileiro defendia o Milan.

O placar da votação ficou em 9 a 2 a favor do cumprimento da pena no Brasil. De acordo com o voto do relator, Francisco Falcão, a Justiça Federal deve ser comunicada imediatamente para cumprimento da sentença em regime fechado. A maioria concordou com esse posicionamento, que chegou a ser tema de debate entre os ministros.

Seis ministros defenderam o cumprimento imediato da pena. Agora, cabe à Justiça Federal de Santos a expedição da ordem de prisão.

O advogado de Robinho, José Eduardo Alckmin, afirmou que entrará com Habeas Corpus para tentar impedir a prisão, que deve ser imediata, segundo determinou a Corte. Disse ainda que recorrerá ao STJ e ao STF contra a homologação da sentença italiana.

Papão cai, mas vaga está aberta

POR GERSON NOGUEIRA

A derrota diante do Manaus irritou a Fiel, mas podia ter sido muito pior. Um lance de contra-ataque com Renanzinho podia ter resultado em estrago maior. Aos 53 minutos do segundo tempo, ele avançou sozinho, driblou Diogo Silva, mas se enrolou na hora de definir e o goleiro conseguiu ficar com a bola.

Os mesmos erros de marcação da defesa do PSC nas últimas partidas se repetiram ontem à noite, em Manaus. Do meio para a frente, a movimentação funcionou inicialmente, mas a parte criativa deixou a desejar. Apesar disso, a primeira chance foi bicolor.

Robinho cruzou na área, Vinícius Leite aproveitou o rebote e chutou forte, mas o goleiro Vinícius Fávero evitou o gol. A partida se manteve favorável ao Papão até os 10 minutos, quando o Manaus começou a sair em contra-ataques perigosos.

Na primeira brecha concedida pela marcação, o Manaus chegou lá. Aos 13 minutos, Renanzinho investiu pela esquerda, passou para Wendel e este cruzou na área. Na sobra, a bola ficou limpa para Adenilson, que só teve o trabalho de finalizar para as redes.

O gol empolgou o Manaus, que aos 16 minutos quase chegou ao segundo, novamente com a dupla Renanzinho e Wendel. A finalização saiu rasteira, mas Diogo Silva fez grande defesa. A pressão permaneceu e, aos 20’, Val Soares tentou afastar e quase marcou contra.

As tentativas de reação do PSC foram tímidas e o melhor momento foi próximo do final, quando Edinho cobrou escanteio e tentou fazer um gol olímpico, mas o goleiro conseguiu desviar para fora.

Na etapa final, com algumas mudanças, o time paraense voltou mais ofensivo. Com a vantagem, o Manaus ficou à espera de uma chance para o contragolpe. Aos 8 minutos, Ibiapino foi lançado na direita, mas o zagueiro Wanderson conseguiu desarmar quando ele engatilhava o chute.

Mais lúcido atacante do Papão na partida, Vinícius Leite cruzou na medida para Robinho, que chutou forte e obrigou o goleiro a dar rebote. Jean Dias, que havia substituído Edinho, conseguiu aproveitar, mas o lance foi invalidado por impedimento do atacante.

Na metade da segunda etapa, Thiaguinho recebeu sem marcação e arrematou para o gol. Diogo Silva espalmou e evitou o gol. A impressão é que o PSC temia se expor em excesso, por temor dos contra-ataques.

Quando resolveu pressionar mais, já com Esli Garcia em campo, a zaga do Manaus se mostrou firme, não dando qualquer chance. No final, o lance descrito na abertura do texto quase castiga a falta de firmeza do Papão no jogo. Por sorte, Renanzinho, que tinha a bola nos pés, inventou de fazer um gol Puskás e acabou desperdiçando o lance.

O resultado refletiu a objetividade do Manaus diante de um PSC que parecia um tanto soberbo no início e muito inseguro na reta final.

Um reforço caseiro arruma a defensiva do Leão

Problemas defensivos deixaram a torcida do Remo em desespero durante a passagem de Ricardo Catalá pelo comando técnico. Com muitas falhas, a dupla Ligger e Reniê não conseguia passar confiança. Em todos os jogos, pelo Parazão e pela Copa do Brasil, a zaga era o ponto negativo do time. A gota d’água foi a desastrosa apresentação contra o Porto Velho, que custou a eliminação do Remo da Copa do Brasil.  

Com a chegada de Gustavo Morínigo, a situação mudou. O sistema de defesa ganhou mais consistência e segurança, principalmente porque todos passaram a marcar melhor em todos os setores do campo.

Os bons ventos beneficiaram também o goleiro Marcelo Rangel, que sofreu ataques da torcida nos primeiros jogos como titular. Os números não escondem a evolução: nas quatro partidas da gestão Morínigo, o Remo marcou 10 gols e sofreu apenas dois.

Diante do Amazonas, adversário mais temível enfrentado pelos azulinos neste começo de temporada, Morínigo manteve Jonilson na zaga, que já havia entrado bem no confronto com o Santa Rosa.

Ao lado do experiente Ligger, o zagueiro de 22 anos mostrou capacidade de antecipação e eficiência no jogo aéreo, sem cometer nenhum erro. Jogou como veterano, atuando com frieza e determinação. Saiu de campo aplaudido e reconhecido como um dos pilares da importante vitória.

Jonilson foi beneficiado com a ausência de Ícaro, lesionado, e a saída de Reniê. Tornou-se titular por força do bom desempenho desde a base azulina e a aplicação nos treinos. Ganhou uma chance e soube se agarrar a ela.

Formará dupla de novo com Ligger no jogo decisivo de sábado (23), às 18h, na Arena da Amazônia, contra o Amazonas na briga por uma vaga nas semifinais da Copa Verde.

Robinho: ação rápida da Justiça derruba impunidade  

A prisão do ex-jogador Robinho, no começo da noite de ontem, encerrou um processo que se arrastava desde 2013 com toda pinta de que terminaria em impunidade. Condenado a 9 anos de prisão pela Justiça italiana, por participar do estupro coletivo de uma mulher albanesa, ele fugiu para o Brasil a fim de se beneficiar dos tratados de extradição.  

Na última quarta-feira (20), as coisas começaram a tomar outro rumo. O STJ decidiu, por 9 votos a 2, homologar o pedido da Justiça da Itália para que Robinho cumpra no Brasil a condenação. A corte brasileira definiu que o ex-santista deve cumprir a pena em regime fechado.

Robinho, dias antes do julgamento no Brasil, havia dito em entrevista que foi vítima de racismo por parte da Justiça italiana. Um argumento tosco e despropositado, levando em conta que durante as audiências ele jamais compareceu ao tribunal de Milão.

Um pedido de habeas corpus impetrado pela defesa foi negado ontem pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a prisão então foi autorizada e cumprida no começo da noite.

É importante notar que, além de Robinho, o também ex-jogador Ricardo Falco foi julgado e condenado pelo mesmo crime. Cumpre pena até hoje.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 22)

Alepa aprova PL que dispõe sobre a valorização das mulheres e o combate ao machismo na rede pública ensino

Os deputados da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) aprovaram, na manhã desta terça-feira (19), o Projeto de Lei nº 56/2023, que dispõe sobre a valorização das mulheres e o combate ao machismo na rede pública estadual de ensino do Pará. De autoria da deputada Maria do Carmo (PT), a proposta diz que a unidade escolar criará uma equipe multidisciplinar que contará com a participação dos docentes, alunos, pais e voluntários, com o propósito de prover atividades didáticas, informativas, de orientação e conscientização sobre os direitos das mulheres, bem como estimular o combate ao machismo.

São objetivos do projeto de lei: prevenir e combater a reprodução do machismo nas escolas da rede pública estadual de ensino; capacitar professores e equipe pedagógica para realização das ações de discussão e combate ao machismo; incluir, no Regimento Escolar, regras normativas que coíbam a prática do machismo, entre outros.

De acordo com a Secretária Adjunta de Inteligência e Análise Criminal (SIAC), a cada 25 segundos uma mulher é agredida no Brasil. “No Pará, segundo os dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), por meio da Secretaria Adjunta de Inteligência e Análise Criminal (SIAC), em 2022, de janeiro a dezembro, foram computados 49 casos de feminicídio em todo o Estado. Isso representa uma redução de quase 30% se comparado ao mesmo período de 2021 e 2020, em que foram registrados 69 e 68 casos, respectivamente”, aponta a justificativa da proposta, que acrescenta: os dados computados mostram, ainda, que apenas no mês de dezembro de 2022, a redução foi de 20% nos casos de feminicídio em comparação a 2018 a 2021.

Ministério Público

Os parlamentares aprovaram também três propostas do Ministério Público do Pará (MPPA). A primeira é o Projeto de Lei Complementar nº 1/2024, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 057, de 06 de julho de 2006, Lei Orgânica do Ministério Público do Estado do Pará. A matéria visa a inserção de atribuições processuais do Procurador-Geral de Justiça, como a de funcionar como instância revisora para fins de homologação do arquivamento de inquérito policial ou de quaisquer peças de informação.

A segunda proposta (nº 860/2023) dispõe sobre a estrutura organizacional dos órgãos auxiliares e serviços de apoio técnico e administrativo e do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos Servidores dos Quadros Auxiliares (PCCR) do Ministério Público do Estado. A aprovação do PCCR é um momento histórico para o MPPA, pois o PCCR é antigo. O projeto tem por objetivo formalizar as unidades organizacionais existentes e revisar a estrutura dos cargos e da remuneração dos servidores do Ministério Público do Pará. A terceira proposta (nº 6/2024) altera o anexo único da Lei nº 7.736, de 20 de setembro de 2013, que dispõe sobre a fixação das gratificações pelo exercício de cargo ou função no órgão.

Mesa Diretora

Dois projetos de autoria da Mesa Diretora foram acatados. O Projeto de Decreto Legislativo nº 7/2024, que ratifica os convênios ICMS nº 212/23 e 213/23, que Disciplina o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS; e o Projeto de Decreto Legislativo nº 8/2024 , que ratifica o Convênio ICMS nº 226/23, também referente ao ICMS.

Bravura do Leão empolga torcida

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo jogou do jeito que o povo gosta. Tomou o gol por um erro individual, mas encontrou forças para a virada ainda na etapa inicial, com dois gols resultantes de uma excelente movimentação no setor de meio-de-campo. Perdeu um jogador e passou o 2º tempo resistindo bravamente à pressão adversária até garantir a vitória.

No papel, Remo e Amazonas têm times desiguais. O representante amazonense, que vai disputar a Série B, tem jogadores que já se conhecem há mais tempo e um técnico remanescente da campanha de 2023.  

Ainda assim, no confronto de ontem à noite, no Baenão, essa diferença técnica não foi determinante. Contou muito mais a intensidade que o Remo impôs ao jogo, correndo e marcando como a torcida há tempos pedia. Sob o comando de Gustavo Morínigo, o time não dá espetáculo, mas entrega raça.

Não é pouca coisa. O Remo pré-Morínigo era inteiramente diferente, quase sempre apático e pouco intenso. Desde sua chegada, é evidente o crescimento da defesa, com a melhoria se refletindo na performance do goleiro Marcelo Rangel, um dos destaques diante do Amazonas.

Com ações pontuais na formação da zaga, ele conseguiu incutir um sentido de resistência e concentração fundamental para que as coisas se normalizassem. O resultado disso é visível.

Diante de um ataque forte e com repertório, como o do Amazonas, a linha defensiva do Leão teve uma atuação destacada, apesar do erro primário de Nathan no lance do gol sofrido aos 14 minutos. Ele tentou driblar, mas optou pelo lado errado e perdeu a bola. Diego Torres chutou, a bola desviou em Jonilson e matou o goleiro Marcelo Rangel.

Mesmo com a frustração, a torcida seguiu apoiando e acreditando. Dez minutos depois, Matheus Anjos recebeu nas costas da zaga, avançou até a área e deu um passe precioso para Echaporã empatar a partida.

Nos acréscimos, um belíssimo passe de Henrique em profundidade para Ribamar, que venceu a marcação na velocidade e mandou um chute rasteiro, para virar o marcador. Ainda houve um pênalti claro, com a bola batendo no braço de um zagueiro do Amazonas, mas o atrapalhado árbitro Sávio Sampaio mandou o jogo seguir.

Nem bem o 2º tempo começou e o time azulino sofreu um baque tremendo. Echaporã recebeu o segundo amarelo e foi expulso. Por quase 50 minutos, o time resistiu bravamente, suportando com altivez o cerco do Amazonas.

A vitória do Leão foi valorizada pela excelente presença do goleiro Marcelo Rangel, paredão responsável por quatro defesas decisivas, em chutes de Sassá, Jô, Diego Torres e Patrick. Atuações firmes de Jonilson, Matheus Anjos, Jaderson, Henrique e Ronald.

Morínigo passou no teste mais espinhoso deste início de trabalho. Depois de duas vitórias no Parazão e duas na Copa Verde, o técnico ganha a confiança da torcida para avançar no processo de reconstrução do time.

Onça impôs pressão após a expulsão de Echaporã

Era um jogo equilibrado até o final do 1º tempo. O 2º tempo parecia destinado a ser ainda mais brigado, mas, com a expulsão de Echaporã, o Remo viu-se obrigado a recuar. A partir daí, foi sufoco o tempo todo. Diego Torres ficou à vontade para distribuir passes e lançar bolas na área.

Nas poucas ocasiões em que conseguiu articular uma saída de bola com passes de pé em pé, o Remo levou perigo. Kelvin, mesmo com dupla marcação, criou duas situações muito perigosas pelo lado direito.

Na primeira, Nathan desperdiçou um passe de Renato Alves, mandando a bola por cima. Se tivesse observado o interior da área, veria Ytalo livre para receber o cruzamento. Depois, Kelvin driblou a marcação e tocou rasteiro, mas o centroavante azulino foi desarmado quando ia arrematar.

A postura cautelosa para preservar o resultado é compreensível, afinal há um desgaste maior com um jogador a menos, mas não pode ser uma camisa de força. Chutões a esmo poderiam ser substituídos por passes para cadenciar o jogo e preparar jogadas capazes de incomodar o adversário.

De toda sorte, o resultado amplamente festejado pelo torcedor presente ao Baenão tem a ver com a virada de 2 a 1 e principalmente com a constatação de que o time agora tem fibra e vontade de vencer.

Papão desafia o Manaus na capital baré

Hélio dos Anjos tem feito mexidas constantes no time do Papão em busca do melhor ajuste possível. Por isso, em jogos da Copa Verde, tem utilizado jogadores que nem sempre entram nas partidas válidas pelo Parazão.

Começa pelo gol, onde Diogo Silva é o titular na CV e Matheus Nogueira é escalado no certamente estadual. Além disso, o meio-de-campo pode ter mudanças hoje diante do Manaus, na capital amazonense.

Biel, autor de dois gols contra o Bragantino, tem presença certa, assim como Leandro Vilela e Robinho. O ataque terá Nicolas e Edinho, com a provável participação de Vinícius Leite.

É um compromisso considerado difícil, mas que o time paraense tem plenas condições de conquistar um bom resultado.

Águia conquista o primeiro troféu da temporada

O Águia não para de acumular conquistas e colecionar troféus. O mais recente é do Troféu Camisa 13/RBATV da temporada. Por ser o único time interiorano semifinalista do Campeonato Paraense (com 18 pontos conquistados), o Azulão já é o campeão TC13 do interior.

Em verdade, o Águia é bicampeão, pois no ano passado, além de ter conquistado o inédito título do Parazão, a equipe de Marabá também ficou com o troféu concedido ao melhor time do interior. A premiação será feita no próximo dia 16 de abril, na grande festa dos melhores do campeonato.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 21)

Rock na madrugada – Oasis, “Cum On Feel The Noize”

POR GERSON NOGUEIRA

Cover caprichado do Oasis para um clássico do Slade, banda “farofa” de grande sucesso nos anos 70. A versão é de 1996, no auge do grupo, e adicionou peso, qualidade e pegada à música, que já era energética e parecia definitiva. No estilo vibrante de sempre, Liam Gallagher é quem canta, embora no registro do disco “Morning Glory?” a voz seja de Noel.

Abaixo, o registro de “Cum On Feel The Noize”, com Noel cantando e solando guitarra, ao vivo, no programa Later… com Jools Holland (em novembro de 1995). O Oasis ainda respirava dias de relativa paz, apesar da permanente fricção entre os irmãos Gallagher, que resultaria no fim da banda em 2009.

Bolsonaro é indiciado pela PF por falsificação de certificado vacinal

É o primeiro indiciamento do ex-presidente e pode ser o início de uma avalanche

Bolsonaro e Mauro Cid são indiciados pela PF por falsificação de certificado vacinal

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas de Covid-19. A informação foi dada em primeira mão pela jornalista Daniela Lima, em seu blog no G1 e confirmada pelo ICL Notícias.

Quatro assessores de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro, indiciados com ele por envolvimento no esquema de fraude em cartões de vacina contra a Covid-19, receberam juntos ao menos R$ 493,9 mil em salários, com dinheiro público, entre agosto de 2023 e janeiro de 2024, segundo levantamento da coluna realizado em portais da transparência.

Relatório da Polícia Federal que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso dos cartões de vacina afirma que a fraude pode ter sido realizada no escopo da tentativa de aplicar um golpe de Estado no país e impedir a posse de Lula (PT).

“O presente eixo [falsificação dos cartões] (…) pode ter sido utilizado pelo grupo para permitir que seus integrantes, após a tentativa inicial de golpe de Estado, pudessem ter à disposição os documentos necessários para cumprir eventuais requisitos legais para entrada e permanência no exterior (cartão de vacina), aguardando a conclusão dos atos relacionados a nova tentativa de Golpe de Estado que eclodiu no dia 8 de janeiro de 2023″, afirma o relatório.

Mauro Cid, Sergio Rocha Cordeiro e Max Guilherme Machado de Moura foram presos em maio do ano passado por envolvimento no caso, enquanto Marcelo Costa Câmara foi preso em fevereiro deste ano, acusado pela PF de estar envolvido no planejamento de um golpe de Estado.

Cid, Cordeiro e Moura foram colocados em liberdade em setembro e são monitorados até agora por tornozeleira eletrônica. Cid confessou sua participação no esquema para fraudar o sistema de saúde. No caso de Câmara, a PF aponta uma série de dados que demonstram como ele auxiliou o ex-ajudante de ordens no caso. Câmara permanece preso.

Além disso, segundo as investigações, os assessores de Jair Bolsonaro que o acompanharam após a saída da presidência da República emitiram cartões de vacinação fraudulentos na véspera de diferentes viagens que fizeram para atuar na segurança do ex-presidente nos EUA do fim de dezembro de 2022 até março de 2023. Na colaboração premiada, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, afirmou que os certificados falsos serviam para “viagens”. Cid recebeu R$ 113,5 mil em salários como coronel do Exército.

No caso de Max Guilherme, a PF verificou que ele obteve, pela primeira vez, no “Conecte Sus” um registro com dados falsos no dia 26 de dezembro de 2022. No dia seguinte, 27 de dezembro de 2022, ele viajou aos EUA para aguardar a chegada de Bolsonaro que ocorreria três dias depois. Ele retornou ao país no fim de janeiro e, novamente, em 13 de março de 2023, viajou para acompanhar o ex-presidente.

No entanto, uma semana antes, no dia 8 de março do ano passado, obteve outro certificado falso de vacina, segundo os registros de acesso do sistema de saúde. Max é sargento da Polícia Militar do Rio e, mesmo cedido, recebeu R$ 63,4 mil da PM. Ele ainda ganhou mais R$ 34,6 mil para assessorar Bolsonaro.

Já o capitão do Exército Sérgio Cordeiro emitiu cinco atestados falsos de vacinação entre dezembro de 2022 e março de 2023. O “Conecte Sus” registrou acesso de Cordeiro no dia 23 de dezembro de 2022 para acesso a um cartão falso de vacinação. Ele viajou para os EUA com Bolsonaro, alguns dias depois, em 30 de dezembro.

Um mês depois, Cordeiro emitiu novo certificado, quando retornou ao Brasil. O procedimento se repetiu em 13 de março, quando foi uma vez mais cuidar da segurança de Bolsonaro na Flórida, já que o ex-presidente ainda estava fora do país.

Cordeiro foi o que mais recebeu entre os assessores de Bolsonaro, um total de R$ 162,7 mil — R$ 88,3 mil como militar e outros R$ 74,3 mil como assessor do ex-presidente.

Pelo uso dos certificados ilegais, todos eles foram indiciados pela prática do crime de uso de documento falso. Além disso, Cid e Câmara foram indiciados pela prática do crime de inserção de dados falsos em sistema de informações. Todos também foram indiciados por associação criminosa.

Marcelo Costa Câmara recebeu ao menos R$ 114,9 mil no período analisado pela reportagem. O valor se refere aos seus pagamentos como militar da reserva — os valores recebidos por ele como assessor de Bolsonaro, posto que ocupou até outubro de 2023, não foram localizados pela reportagem no Portal de Transparência da União.

A PF fez um processo administrativo disciplinar (PAD) contra Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e determinou a devolução do salário e dos valores de auxílio-alimentação do período em que ele esteve preso no ano passado, entre janeiro e maio de 2023. No total, foi pedido um valor de R$ 87 mil. Torres entrou com um recurso na Justiça Federal de Brasília e conseguiu uma suspensão da determinação de devolução dos valores.

O advogado Paulo Bueno que atua na defesa de Bolsonaro peticionou junto ao STF questionando o vazamento de dados do relatório policial para a imprensa alegando que pediu cópias do procedimento e foi informado pelo cartório responsável de que o mesmo não havia tomado ciência ainda do despacho do ministro. Por isso, solicitou esclarecimentos.

A primeira prova de fogo

POR GERSON NOGUEIRA

Gustavo Morínigo completou três jogos no comando do Remo, com três vitórias tranquilas sobre o Trem-AP e o Santa Rosa (2), mas terá hoje à noite a primeira prova de fogo na função. Encara o Amazonas pela segunda fase da Copa Verde, no estádio Baenão. O primeiro de dois jogos eliminatórios.

O Amazonas vai disputar a Série B deste ano, tem um time que sofreu poucas mudanças em relação à ótima campanha no Brasileiro da Série C 2023 e acaba de passar para a terceira fase da Copa do Brasil, derrotando o Maringá fora de casa (1 a 0).

Por tudo isso, é um dos favoritos ao título da Copa Verde e representa uma ameaça real a um Remo ainda em fase de reconstrução. Os três últimos jogos com Gustavo Morínigo mostraram um time menos vulnerável defensivamente, mas com limitações no setor de criação.

Diante do Santa Rosa, no sábado, o time funcionou bem enquanto marcava, mas falhava seguidamente nas jogadas de aproximação entre meio e ataque. Piora ainda mais a situação com as ausências de Marco Antônio e Felipinho, jogadores que têm iniciativa própria e qualidade para partir com a bola dominada.

Morínigo teve pouquíssimo tempo para trabalhar, enfrentou o natural desconhecimento sobre as peças do elenco e não é responsável pelos muitos problemas e vícios acumulados desde a passagem de Ricardo Catalá.

Por essa razão, não é possível julgá-lo por acreditar em Renato Alves como solução para a marcação, ao lado de Henrique. Bem como não pode ser criticado por ignorar a presença de Paulinho Curuá, um volante de mais qualidade. 

É aceitável, até certo ponto, manter Matheus Anjos na suplência e insistir em escalar Jaderson improvisado como armador, quando a verdadeira vocação dele é o jogo pelos lados. Do mesmo modo, Sillas seria muito melhor aproveitado na criação.  

São problemas que somente a passagem do tempo pode sanar. Morínigo tem o mérito de fazer o time azulino se tornar mais brigador, persistente e intenso, na medida do possível. São atributos importantes, que podem propiciar um triunfo sobre a Onça amazonense.  

Um estranho preconceito ronda o legado de Garrincha

Há 62 anos, Mané Garrincha conduziu a Seleção Brasileira ao bicampeonato mundial na Copa do Chile. Sem Pelé, lesionado logo no início do Mundial, o Anjo de Pernas Tortas assumiu a imensa responsabilidade de liderar em campo o escrete canarinho.

Com dribles, chutes de fora da área (até em cobrança de falta), Mané foi o craque daquele Mundial e encantou definitivamente o planeta futebol. Além dele, a Seleção tinha mais quatro botafoguenses como titulares, daí a merecido reconhecimento de que aquela Copa foi ganha pelo Botafogo.  

Se havia alguma dúvida sobre o gênio tortuoso da ponta-direita, a Copa disputada no Chile deixou tudo muito claro para todos. Foi um show solo de Mané. Caçado pelos adversários, ele foi impávido, destemido e forte para garantir mais uma taça para o Brasil.

Estranhamente, nos últimos anos, as seguidas listas de melhores de todos os tempos omitem Garrincha, que chegou a ser preterido em algumas escolhas por Cristiano Ronaldo e até (pasme!) Ribery e Raúl Madrid (??).

Que os europeus tenham seus gostos estranhos quanto a craques, tudo bem. O problema é quando a lista é de um astro brasileiro. Ronaldo Fenômeno disse a uma publicação inglesa na semana passada que o seu ataque tinha Romário, Ronaldo e CR7. Com Pelé e Messi no meio-campo.

Nenhum problema quanto a preferir jogadores contemporâneos, mas ignorar um dos maiores artistas da bola em todos os tempos é pecado de lesa-futebol, além de lesa-pátria também. É como se houvesse um odioso constrangimento em citar Garrincha.

O fato é que nossos jogadores, até os gigantes, como Ronaldo, têm pouquíssima informação sobre a história do futebol no país. O nível de formação é baixo, o que afeta também a percepção sobre os gênios que abriram caminho para que o Brasil se tornasse potência futebolística.

Garrincha, a Alegria do Povo, reinou absoluto naquela faixa direita dos gramados por duas décadas, sempre com o mesmo drible e as arrancadas fenomenais. Sorte nossa que o gênio nasceu aqui.

Rio Negro perde de 7 a 0 e apela para o cai-cai 

Quando a coluna era finalizada, chegou a notícia de que o Rio Negro tomava uma taca de 7 a 0 diante do Parintins, pelo campeonato amazonense. Inconformado com o tamanho da peia, os jogadores começaram a cair em campo, a fim de interromper a partida.

Um papel vergonhoso, indigno da prática desportiva. Até o fechamento, o jogo seguia paralisado, sob críticas duríssimas e justas da crônica esportiva do Amazonas. Além do tapa na cara do torcedor, há o desrespeito óbvio aos patrocinadores e aos demais clubes envolvidos na competição.

A Federação Amazonense terá que agir com rigor contra o Rio Negro, a fim de evitar a desmoralização completa de sua principal competição. Além disso, terá que averiguar as suspeitas de que o placar teria sido arranjado, por interferência da máfia das apostas.

Esse episódio típico de várzea remete a um outro, envolvendo um dos gigantes do futebol nacional. Foi em 1944, pelo Campeonato Carioca, e ficou conhecido como o jogo do “Senta pra não perder de mais”.

O Botafogo aplicava um sacode de 5 a 2 sobre o Flamengo quando os atletas rubro-negros decidiram sentar no gramado, impedindo que o jogo prosseguisse. Eram tempos de futebol semi-amador e de baixa visibilidade em termos de exposição jornalística.

Ainda assim, a vergonha até hoje é lembrada com evidente satisfação pela torcida botafoguense, com direito a tirar onda como chororô rubro-negro pela marcação do quinto gol da tarde, por Geninho.

À época, o Flamengo era bicampeão do Rio e tinha um grande time. Não esperava tomar de 5 a 2 para o Botafogo. O caso foi parar no tribunal da Federação Carioca e o Botafogo ficou com a vitória. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 20)

Governo federal desmente especulações e confirma COP30 em Belém

Em resposta imediata a uma onda de especulações na imprensa do Sul e Sudeste, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República publicou nota no início da noite desta terça-feira (19), desmentindo os boatos sobre a eventual mudança de local da sede da COP30, a Conferência do Clima sobre Mudanças Climáticas, marcada para novembro de 2025, em Belém.

“O Governo Federal reafirma que a 30ª Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP-30) será realizada em Belém-PA, em novembro de 2025, conforme definido pela ONU. É compromisso desta gestão que a capital paraense sedie a conferência e disponha de infraestrutura e logística adequadas para receber o maior evento de discussão climática do mundo”, diz a nota.

Já o Itamaraty reafirmou nesta terça-feira, 19, que “mantém o planejamento de que a cidade de Belém será sede da COP30” e que continua trabalhando “em conjunto com o governo do Pará para assegurar o êxito do evento”.

As duas manifestações deixam claro que o governo Lula não tem planos de desmembrar a conferência da ONU, apesar do forte lobby das grandes metrópoles do país, São Paulo e Rio, que nada têm a ver com a problemática amazônica.

Lógica se impõe nas semifinais

POR GERSON NOGUEIRA

Os melhores times do Campeonato Paraense estão classificados para as semifinais. PSC, Remo, Tuna e Águia iniciam no próximo dia 30 de março os jogos da penúltima etapa da competição. Os jogos das quartas de final, neste fim de semana, confirmaram as previsões. Nem mesmo o azarão São Francisco conseguiu se intrometer na festa dos bacanas do Parazão.

A Tuna entrou em campo disposta a reverter a diferença de um gol e conseguiu, não sem um certo suspense. O gol de Gabriel Furtado deu esperanças à Lusa, mas Negueba empatou e o Leão Santareno permaneceu em vantagem até os 50 minutos do 2º tempo.

Foi quando ocorreu o lance mais dramático. Bola cruzada da direita alcançou o centroavante Leandro Cearense quase na marca do pênalti. Ele nem subiu tanto para desviar de cabeça para o fundo das redes. Gol típico de centroavante. A barulhenta torcida cruzmaltina fez a festa, com ânimo renovado para a decisão nas penalidades.

O otimismo se confirmou. A Tuna conseguiu derrotar o São Francisco por 4 a 2 nos tiros livres e confirmou participação das semifinais, tendo como adversário o Remo, a quem já derrotou neste campeonato.

Em Bragança, outro jogo chamava atenção, pois o Caeté lutava para reverter o placar de 2 a 0 aplicado pelo Águia na partida de ida, em Marabá. Tinha tudo para ser um jogo emocionante, mas o time bragantino ficou na vontade. Com um jogo confuso ao longo do 1º tempo, o Caeté foi presa fácil dos contra-ataques do Águia no segundo período.

Bruno Limão e Braga liquidaram com os sonhos do Caeté e garantiram ao Águia uma vitória de 2 a 0, que pavimentou a presença da equipe marabaense nas semifinais, onde vai enfrentar o PSC. As lembranças são boas. No ano passado, o Águia derrotou os bicolores e foi à final contra o Remo, garantindo o primeiro título estadual de sua história.   

Os dois confrontos que mais prometiam emoções nas quartas de final deixaram um quê de frustração, não só para os times eliminados, mas para quem esperava um campeonato mais surpreendente e menos óbvio. 

O aspecto positivo é que o Parazão terá na fase decisiva a presença dos quatro times que mais se destacaram tecnicamente.

Papão passa pelo Bragantino, mas expõe falhas

O primeiro tempo do confronto entre PSC e Bragantino, ontem, na Curuzu, teve momentos de forte presença ofensiva do time visitante. Douglas Lima, Bala e Edicléber incomodaram o setor de defesa bicolor com saídas rápidas, que resultaram em pelo menos três grandes chances. O goleiro Matheus Nogueira, com intervenções precisas, evitou o pior para o Papão.

Alguns dos erros exibidos contra o Juventude, na quarta-feira, pela Copa do Brasil, ressurgiram como fantasmas na Curuzu. A zaga atuava sem conexão com os volantes e abria espaços para a movimentação do Bragantino.

Aparentemente tranquilo e sem pressa, o PSC custou a entender que o adversário estava empenhado em fazer uma despedida digna, de preferência marcando gols. O melhor momento do ataque bicolor ocorreu já na reta final do primeiro tempo e resultou no bonito gol de Nicolas.

A bola foi cobrada por Edinho, em arco, e passou pela linha de zaga até chegar no centroavante, que desviou firme para as redes. Um gol com a marca de Nicolas, que não costuma desperdiçar oportunidades do tipo.

Com a vantagem, o Papão retomou o controle emocional da partida e ampliou o marcador no segundo tempo, com dois gols de Biel. O primeiro após uma escaramuça na área, aos 5 minutos. O outro lance teve a brilhante participação de Esli Garcia.

Biel vem se destacando com atuações de qualidade sempre que entra na equipe. Com a escalação de ontem, passa a ser um dos candidatos a ocupar o papel de segundo volante, tendo em vista as atuações recentes.

Uma exibição que deu para o gasto, mas que reacendeu preocupações com a articulação defensiva. O Bragantino ainda descontou com Matheus Ceará, de cabeça, aos 36 minutos.

Hélio reclamou das críticas, mas precisa entender que imprensa e torcida estão com os olhos na Série B. Todas as preocupações têm a ver com o Campeonato Brasileiro.  

Leão confirma classificação com vitória tranquila

Os primeiros minutos deram a impressão de um Remo mais inquieto, com alternativas para buscar o gol. Sillas caindo pela direita, ajudado por Jaderson, era o atacante mais ativo da equipe. Foi ele que abriu o placar aproveitando cruzamento de Raimar, aos 7 minutos. O tiro forte no canto esquerdo não deu chances ao goleiro Claudio Vitor.

Ao estabelecer uma vantagem de 4 a 0 no placar agregado, o Remo ficou ainda mais à vontade no jogo, inclusive para errar nas tentativas de chegar ao ataque. Jaderson não acertava passes e Henrique exagerava nos chutes de fora, todos muito longe do gol.

Ribamar aparecia novamente isolado, sem jogadas que o beneficiassem, e Renato Alves no meio era apenas um rebatedor de bolas. No segundo tempo, com Matheus Anjos, Kelvin e Ronald em campo, o Remo chegou ao segundo gol. Um passe de Ronald para Nathan resultou em finalização perfeita.

Um voleio de Matheus Anjos empolgou o torcedor, mas a bola saiu pela linha de fundo. O meia-armador voltou a mostrar capacidade para assumir a coordenação do jogo criativo.

Ytalo ainda mandou uma bola no travessão e o placar ficou mesmo em 2 a 0. Justo pela movimentação dos times e suficiente para que o Remo chegue bem às semifinais. 

Foi a terceira vitória sob o comando de Gustavo Morínigo, mas o processo de reconstrução ainda precisa melhorar muito para dar ao time a confiabilidade necessária.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 18)