Leão supera Lusa e se classifica para a final do Parazão

Com gols de Ytalo e Jaderson, o Remo derrotou a Tuna neste domingo no Mangueirão e garantiu presença na grande final do Campeonato Paraense. O resultado define o clássico Re-Pa em mais uma decisão estadual. A atuação dos azulinos no primeiro tempo foi cheia de erros e pouca ofensividade, o que gerou vaias da torcida no intervalo. A Tuna forçou os cruzamentos, mas a defesa azulina se safou bem.

Na etapa final, a Tuna aumentou a pressão, tentando ocupar o campo de defesa do Remo, mas a postura de Pavani, Sillas e Jaderson melhorou, depois dos erros e da lentidão do primeiro tempo. Ytalo, substituto de Ribamar no comando, deu nova dinâmica ao ataque, principalmente a partir dos 20 minutos.

Com Ronald substituindo Kelvin e Echaporã no lugar de Sillas, o Remo passou a jogar em velocidade, explorando os espaços na zaga tunante. Aos 25 minutos, Echaporã entrou na área e finalizou à meia altura. O goleiro Iago Hass defendeu com a ponta dos dedos.

Aos 34′, Ronald foi lançado na esquerda e cruzou na medida para Ytalo, que testou para as redes. Foi o terceiro gol do camisa 9 nos últimos três jogos. O gol aliviou a tensão entre os remistas, que passaram a envolver o meio-campo tunante com passes rápidos e lançamentos em profundidade. Logo em seguida, Ronald deu uma assistência preciosa para Ytalo, que chutou forte, mas o goleiro tunante conseguiu espalmar.

Aos 37′, em saída rápida, o atacante Pedro Vítor lançou Jaderson, que dominou e bateu rasteiro, sem chances para o goleiro Iago Hass. Aos 49′, Henrique invadiu a área e disparou em direção ao gol. O goleiro evitou o gol, mas após a finalização o volante pisou de forma não intencional no braço do lateral Wander, que saiu de campo com suspeita de fissura na clavícula.

Remo e Paysandu irão duelar quatro vezes em abril, pela Copa Verde e pelo Parazão. Na quarta-feira, 3, jogam pela semifinal do torneio. A volta será no dia 10. Ainda não há definição quanto às datas da decisão do Campeonato Paraense.

O menino que carregava água na peneira

Manoel de Barros

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito,
porque gostava de carregar água na peneira.

Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!

Rock na madrugada – Pearl Jam, “Come Back”

POR GERSON NOGUEIRA

E os dias não passam, yeah/ Eu espero todas as noites / Por uma possibilidade real de encontrar você em meus sonhos / Às vezes você está lá e está falando comigo.

Chega a manhã e eu posso jurar que você está ao meu lado. E está tudo bem. Está tudo bem, está tudo bem. Eu estarei aqui. Volte, volte. Eu estarei aqui.

Registro de estúdio da canção que o Pearl Jam gravou em homenagem póstuma a Johnny, Dee Dee e Joey Ramone, dos Ramones. Eddie Vedder transformou em versos a saudade e o sentimento de perda. Já no auge do sucesso com o PJ, o cantor veio acompanhando os Ramones a um show em São Paulo, recordando os tempos de roadie da banda punk nova-iorquina.

A música entrou no famoso “disco do Abacate” (‘Pearl Jam’, 2006). Foi composta após a morte de Johnny Ramone, ídolo e um dos mentores de Vedder. Ele revelou que iniciou a compor a canção quando voltava do funeral do amigo. Nos shows, ele dedica “Come Back” a todos os Ramones mortos. A música ganhou novo apelo sentimental após a perda de Chris Cornell, em 2017, outro grande amigo dos músicos do Pearl Jam.