Águia e Papão abrem semifinais com empate chocho em Marabá

Águia de Marabá e Paysandu ficaram no empate (1 a 1) na abertura da fase semifinal do Campeonato Paraense, na noite desta quarta-feira, 27, no estádio Zinho Oliveira. O jogo foi muito fraco e confuso no primeiro tempo, melhorou na etapa final. O Papão marcou com Biel, aproveitando um rebote do goleiro Axel Lopes. Iury Tanque empatou, de cabeça, superando a defesa bicolor.

Águia na luta pelo bicampeonato

POR GERSON NOGUEIRA

Desde que Mathaus Sodré voltou ao Águia, as vitórias voltaram e o otimismo também. Do time trôpego dos primeiros jogos do Campeonato Paraense, quando a classificação chegou a ficar ameaçada, o campeão estadual ressurgiu com ânimo e confiança. Em poucas rodadas, garantiu lugar nas quartas de final e recuperou o respeito de todos.

Pode-se dizer, sem exagero, que Sodré é o grande reforço do Águia na temporada. Além do Parazão, ele fez com que o time se impusesse na Copa do Brasil, superando brilhantemente um adversário de Série A (Coritiba) e passando como um trator sobre o modesto Capital.

É um cenário que lembra bastante o de 2023, quando o Águia caminhou até a decisão (e o triunfo) do Parazão e também alcançou a terceira fase da Copa do Brasil. Sodré já era o comandante e fez um trabalho muito parecido com o atual.

Para o confronto com o PSC, hoje, no estádio Zinho Oliveira, o Águia se preparou para ter um planejamento diferente da partida da fase de classificação, quando foi inteiramente dominado pelo adversário. O placar de 3 a 0 dá bem a medida da ampla superioridade bicolor naquele dia.

Com o ágil Braga vivendo uma grande fase, marcando gols em quase todos os jogos, o ataque ganhou também a força de Yuri Tanque dentro da área, problema que estava sem solução desde a saída de Luan Parede.  

O meio-de-campo se sustenta na movimentação de Junior Dindê, melhor volante em atividade no futebol paraense. Nas laterais, Bruno Limão e Allan Maia, jogadores de eficiência comprovada e que constituem uma importante válvula de escape do time.

A postura do Águia diante do Papão não deve ser muito diferente do que se viu no jogo contra o Coritiba, uma equipe de nível técnico superior, mas que sofreu com a correria e a intensidade impostas pelo Azulão.

Receita bem encaminhada para um jogo à altura da semifinal.

Hélio prepara o Papão para confronto sem favoritos

Com o sentimento de que recuperou a confiança do torcedor após a goleada e a classificação obtida sobre Manaus, domingo, o técnico Hélio dos Anjos tem reafirmado sua preocupação com a semifinal diante do Águia, considerado por ele um dos melhores times do campeonato.

De maneira bem franca, Hélio comentou que não espera encontrar as facilidades da fase de classificação, quando o Papão meteu 3 a 0 dentro do estádio Zinho Oliveira, sem tomar conhecimento do Águia.

Ao mesmo tempo, o bom momento na Copa Verde sacramenta um começo de temporada de números incontestáveis para os bicolores. Em 15 jogos disputados, sofreu somente duas derrotas – Juventude e Manaus – e venceu 10 vezes, empatando três.

Nem mesmo as críticas depois da eliminação na Copa do Brasil abalam o treinador, que vê a equipe retomando a normalidade. Vencer o jogo de ida das semifinais é ponto fundamental para que o torcedor confirme a fase positiva, embora Hélio tenha queixas da relação com a Fiel, ou parte dela.

Em entrevista, ontem, ele voltou a destacar o esforço dos jogadores, mencionando diretamente o meia Robinho, lamentando a onda de ofensas destinadas aos atletas nas redes sociais.

Deixou claro que são episódios que incomodam pela gratuidade dos insultos, capazes de abalar a tranquilidade e o bom ambiente no clube.

Sem jogar bem, Brasil de Dorival segura a Espanha

Apesar de não repetir a atuação de sábado, em Wembley, quando venceu e convenceu, a Seleção Brasileira fez um duelo de tempos desiguais contra a Espanha, no estádio Santiago Bernabéu. O placar final de 3 a 3, com três penalidades marcadas, dá a medida das emoções que o jogo proporcionou.

Pelas razões erradas, o árbitro português Antônio Nobre virou um dos protagonistas do amistoso. Com interpretações confusas, teve atuação muito contestada pelos brasileiros.

Eventos contra o racismo, antes da partida, focaram em Vinícius Jr., alvo da fúria discriminatória de quase todas as torcidas adversárias do Real Madrid. O atacante recebeu a braçadeira de capitão da Seleção, que entrou em campo usando agasalhos pretos.

A Espanha foi dominante nos primeiros 45 minutos, com uma ajuda e tanto da arbitragem. Aos 10 minutos, Lamine Yamal caiu dentro da área. Pênalti esquisito. Rodri cobrou e converteu.

A Seleção Brasileira não conseguia se encontrar, apesar das tentativas de Vinícius e Rodrygo. A Espanha foi sempre mais objetiva e, aos 35’, Olmo recebeu passe dentro da área, aplicou um belo drible em Beraldo, superou Bruno Guimarães e tocou no canto para ampliar.

Ainda na etapa inicial, Rodrygo aproveitou uma saída em falso do time espanhol para descontar, com um gol por cobertura. Ainda houve tempo para um ataque poderoso da Espanha. Rodri acertou um disparo e Bento defendeu à queima-roupa.

De uma só tacada, no intervalo, Dorival fez quatro alterações. Endrick foi um dos que foram lançados e novamente confirmou ser um jogador predestinado. Logo aos 4 minutos, Andreas cobrou escanteio, Laporte desviou de cabeça nos pés de Endrick, que emendou para as redes.

Com o placar empatado, Vini Jr. saiu para a entrada de Douglas Luiz e recebeu aplausos gerais no Bernabéu, na condição de grande ídolo do Real.

Aos 39’, Carvajal foi lançado em profundidade e Beraldo fez a segunda besteira da noite, cometendo falta dentro da área. O especialista Rodri foi lá e botou a Espanha na frente, de novo.

Nos acréscimos, Carvajal imitou Beraldo e derrubou Galeno. Outro pênalti marcado. Paquetá bateu e cravou o empate definitivo.

Após a vitória sobre os ingleses e o empate com os espanhóis, o saldo do giro europeu da Seleção Brasileira pode ser considerado positivo, levando em conta o clima de desânimo que baixou sobre o escrete após os pífios resultados nas Eliminatórias. Dorival sai fortalecido.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 27)

Rock na madrugada – Johnny Marr, “How Soon is Now”

POR GERSON NOGUEIRA

Clássico atemporal dos Smiths, aqui em interpretação afiadíssima de Johnny Marr, no programa de Jimmy Fallon (EUA). O arranjo de guitarra em “How Soon Is Now”, como em tantas outras músicas, leva a assinatura inconfundível de um ourives do instrumento, com profundidade na textura e sofisticação nas variações de som.

Interpretar as próprias canções, depois que Morrissey já havia gravado de forma definitiva, não deixa de ser uma iniciativa corajosa de Marr, um guitarrista que se saía bem cantando.

“Há um clube, se você gostaria de ir? Você poderia conhecer alguém que realmente te ama..
Então você vai e fica sozinho, e sai sozinho/ E você vai para casa e chora e quer morrer”.

Simplória, a letra segue a temática preferida de Morrissey e Marr, sempre às voltas com questões de comportamento, dramas próprios de uma juventude entediada e meio que sem horizontes.

Pode-se dizer que, se Morrissey era voz e imagem do Smiths, Marr era o som. Mais que isso: Johnny tem um jeito peculiar de tocar, tornando a guitarra crucial para a sonoridade da banda.