Gols de meninos da base garantem vitória do Leão na Copa Verde

Um gol de Felipinho abriu caminho para a vitória do Remo, na noite desta quinta-feira (7), contra o Trem do Amapá por 3 a 1, na estreia azulina na Copa Verde. O triunfo teve ainda um gol do centroavante Ribamar, que desencantou após seis partidas como titular, e um golaço do garoto Kanu, egresso da base remista. O placar final de 3 a 1 deu a impressão de um bom desempenho azulino, mas o time continuou com os mesmos erros da era Ricardo Catalá: pouca agressividade, nenhuma organização ou planejamento, espaçamento excessivo entre os setores.

Ainda assim, em função da fragilidade do adversário, o Remo conseguiu o placar que buscava, mas em muitos momentos chegou a se abalar emocionalmente, como tem ocorrido seguidamente em jogos do Campeonato Paraense. O primeiro gol aconteceu logo aos 6 minutos. Felipinho arriscou da entrada da área e a bola entrou no canto direito.

Depois disso, o time do Trem passou a tocar a bola e a explorar os espaços defensivos deixados pelo Remo. Confusa, a marcação azulina permitia a movimentação do visitante. Tácio quase empatou e Aleilson chegou a driblar o goleiro Marcelo Rangel, mas demorou a finalizar.

Aos 11 minutos do 2º tempo, o Trem chegou ao empate em pênalti cobrado por Daniel. Os amapaenses nem tiveram tempo de comemorar: aos 12′, após um cruzamento certeiro de Felipinho, Ribamar desviou para o gol. Mesmo em vantagem no placar, o Leão seguia nervoso, errando muitas tentativas de chegar ao ataque. Aos 20′, saíram Ribamar e Pavani para a entrada de Kanu e Kelvin.

E foi através de Kanu que o Remo encontrou finalmente alívio na partida. Aos 49′, ele recebeu passe pela direita, avançou até a área, deu um corte no zagueiro e bateu forte na saída do goleiro, fechando o placar em 3 a 1.

Rock na madrugada – Jimi Hendrix, “Purple Haze”

POR GERSON NOGUEIRA

Apresentação ensandecida do deus da guitarra no Atlanta Pop Festival, em 1968. Acompanhado pelo The Jimi Hendrix Experience, o guitarrista fez uma apresentação histórica para um público cada vez mais cativo de sua genialidade e virtuosismo no instrumento. Lembro que, menino ainda, eu não entendia a sonoridade de Hendrix. Achava aquela guitarra áspera demais, muito distorcida para os meus ouvidos, reféns do som limpo dos Beatles.

Anos depois, quando finalmente atinei para o trabalho magistral de Hendrix de desbravamento de fronteiras musicais, virei fã de carteirinha. Consciente do tempo perdido, corri para conhecer toda a obra dele, que já havia partido (morreu em setembro de 1970). Uma carreira curta, um legado inestimável. Nenhum guitarrista foi tão influente quanto ele. Influenciado por gigantes do blues, Hendrix bebeu na escola de Chuck Berry e Muddy Waters.

Curiosamente, na última vez que subiu ao palco, na noite de 6 de setembro de 1970 (12 dias antes de sua morte), Hendrix foi vaiado. Era o festival Peace and Love, em Fermarn, na Alemanha. Como havia acontecido no trágico show dos Rolling Stones em Altamont, a gangue de motoqueiros Hell’s Angels dava “segurança” ao evento. Chovia e o público tentava fugir do frio, mas o atraso na apresentação foi irritando a multidão.

Quando Hendrix ia começar o show, caiu um dilúvio. A apresentação ficou para o dia seguinte, ao meio-dia, e quando o guitarrista chegou ao palco foi recebido com vaias. Sorrindo, ele respondeu amavelmente: “Paz, de todos os modos; paz”. E arrematou: “Se forem vaiar, pelo menos que seja afinado”, irônico. A seguir, atacou com uma versão incendiária de Killing Floor, clássico do blueseiro Howlin’ Wolf, e calou os descontentes.

No dia 16 de setembro, ele ainda tocaria guitarra no show do cantor Eric Burdon, no clube Ronnie Scott’s, em Londres, para o lançamento do projeto de funk psicodélico War, depois de ter deixado o The Animals. Hendrix acompanhou Burdon em três canções.

Celebrado como guitarrista, muitos esquecem que Jimi foi também um grande cantor, além de compositor e arranjador. Custou a entender que tinha uma boa voz. Precisou ser incentivado por amigos como Mick Jagger e John Lennon. Nos últimos anos, em meio às viagens alucinógenas, dedicava-se a ouvir por dias inteiros a obra de Bob Dylan, de quem se tornou um fã devotado.

Hendrix gravou pouco. De maio de 1967 a outubro de 1968, compôs e produziu seus três discos de estúdio (Are You ExperiencedAxis: Bold as Love e o duplo Electric Ladyland). Após esses discos, ele passou a sofrer com as exigências de um público que queria ouvir apenas seus grandes sucessos e vê-lo em performances pirotécnicas com a guitarra. Comparativamente com outros astros de seu tempo, Hendrix deixou poucas canções, mas seus discos moldaram o rock a partir dali.