POR GERSON NOGUEIRA
Perder nunca é agradável, mas a derrota do Papão na sexta-feira à noite pode ter compensações terapêuticas. O torcedor que foi à Curuzu viu um filme tantas vezes repetido na Série B deste ano. O time foi vencido de virada pelo Criciúma com a mesma apatia demonstrada ao longo da competição, sem mostrar o sangue e a flama que caracterizam o clube há décadas.
O resultado deixou claro, de uma vez por todas, que o 14º lugar é merecido e está de bom tamanho para a caótica campanha realizada. Pelos muitos erros cometidos, o Papão não poderia mesmo sonhar com uma colocação melhor. Pode se considerar até afortunado por não passar pelo martírio da luta contra o rebaixamento nas rodadas finais do campeonato.
Contra um Criciúma desfalcado de vários titulares, mas nem por isso menos valente, o Papão teve um começo forte no ataque e razoavelmente seguro na defensiva. O gol de Cleyton, logo aos 11 minutos, em chute que resvalou na zaga antes de encobrir o goleiro, gerou a expectativa de uma grande atuação.
Aos poucos, o Papão foi diminuindo o ritmo, mesmo com Celsinho, Cleyton e Tiago Luiz construindo jogadas. Leandro Cearense ainda teve duas boas chances depois da abertura do placar. Esse desperdício iria fazer falta no segundo tempo.
Encolhido atrás, o Criciúma não abandonou a cautela nem quando ficou atrás no marcador. Sua estratégia era explorar os contragolpes, sempre perigosos. Chegava à área em bolas aéreas, mas o ataque não se fazia presente.
Nos instantes finais do primeiro tempo, quando o Papão ameaçava ampliar, nasceu o empate catarinense. Após escanteio, a zaga alviceleste vacilou e não conseguiu afastar a bola. O rebote caiu nos pés de Ianson, que chutou rasteiro no canto direito de Emerson, que apenas olhou a bola entrar.
A etapa final teve um ritmo mais arrastado, com poucos lances marcantes. Lucas quase marcou aos 18’, mas foi o Criciúma que mostrou mais desembaraço e condicionamento. Em jogada cheia de dribles pelo lado esquerdo do ataque, quatro bicolores ficaram vendo a banda passar e a bola chegou a Alex Maranhão, que bateu de bico e virou o placar, aos 42’.
De concreto, fica a certeza de que o Papão precisa observar os equívocos cometidos na Série B desta temporada para não reincidir em 2017. Os novos desafios estão apenas começando.
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Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta o programa, que começa logo depois do Pânico, na RBATV, por volta de 00h30. O convidado será André Cavalcante, presidente do Remo. Valmir Rodrigues e este escriba de Baião integram a bancada de debatedores.
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Santa Rosa põe o Pará no topo
do basquete dos Jogos Escolares
Competição com bem menos visibilidade do que merece, os Jogos Escolares da Juventude registraram boas participações de atletas paraenses. Registrei no domingo passado a excelente participação do futsal de Portel, valorizada pelo esforço de estudantes e pais para conseguir chegar à Paraíba, sede da competição.
Pois merece destaque também a inédita conquista do basquetebol masculino do Pará, representado brilhantemente nos Jogos pela equipe do Colégio Santa Rosa, de Belém. Invictos, com cinco vitórias, os meninos do Santa Rosa superaram adversários respeitados e tradicionais para chegar ao título.
Além de ganhar a medalha de ouro, o Santa Rosa garantiu para o Pará o acesso à primeira divisão da modalidade dentro da competição. Depois de superar Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraíba e Espírito Santo, o time paraense encarou no confronto final o forte quinteto do Rio Grande do Sul.
Com excelente atuação, o Santa Rosa bateu a representação gaúcha por 43 a 35, coroando a trajetória vitoriosa e surpreendente – antes dos Jogos, o Pará não era apontado entre os favoritos para a conquista do ouro.
O feito representa um saudável sopro de vida no basquete paraense, que já desfrutou de momentos de muita visibilidade e interesse do torcedor, mas que hoje se arrasta em torneios de tiro curto e sem maior repercussão.
Que o vitorioso exemplo dos meninos do Santa Rosa estimule os responsáveis pelo esporte no Estado a buscarem meios de resgatar os anos dourados do basquete, preferencialmente valorizando a base.
(Coluna publicada no Bola deste domingo, 27)