O grande ‘ato’ do Botafogo

img_6339

POR MAURO CEZAR PEREIRA, em seu blog

Grande surpresa do campeonato brasileiro, o Botafogo caminha para retornar à Copa Libertadores numa temporada em que seu objetivo era permanecer na primeira divisão. A bela campanha estabeleceu novas metas, mas assegurar sua posição na elite do futebol nacional era, de fato, fundamental dentro da reconstrução do clube.

O blog conversou com Domingos Flores Fleury da Rocha, vice-presidente jurídico do Botafogo. Ele explica como os alvinegros, então com as finanças asfixiadas por ações trabalhistas e compromissos não cumpridos, saíram do buraco no qual a antiga administração deixou o clube a partir da posse do presidente Carlos Eduardo Pereira.

Qual era a situação do Botafogo quando a atual gestão assumiu o clube no que se refere às questões trabalhistas, processos na justiça, não recolhimento de tributos, profissionais não registrados etc?
Domingos Fleury – A situação do clube era a pior possível: sem dinheiro em caixa, a única receita do clube no final de 2014 (direitos de TV) encontrava-se integralmente penhorada em processos trabalhistas. Salários de funcionários e atletas estavam há vários meses sem pagamento; FGTS, impostos e tributos em geral há mais de dois anos sem pagamento; acordos de dívidas cíveis descumpridos, atletas conseguindo na Justiça do Trabalho a rescisão indireta dos contratos por força dos atrasos nos pagamentos. Um verdadeiro caos.

O ex-presidente abandonou o ato trabalhista. Como o Botafogo conseguiu retomá-lo?
Domingos Fleury – O ex-presidente sonegou receitas do ato trabalhista e desmoralizou o clube perante o TRT do Rio de Janeiro. Está foi a tarefa mais difícil, restaurar a credibilidade do clube. O novo presidente Carlos Eduardo Pereira se colocou à frente desta missão e juntamente com os vices geral e jurídico, se reuniu com o presidente do TRT e demais autoridades pedindo um voto de confiança na nova gestão do clube e apresentando um plano de pagamento das dívidas trabalhista em 10 anos. A grandeza e a história do Botafogo pesaram a nosso favor, conseguimos um novo ato, já pagamos mais de R$ 25 milhões e estamos rigorosamente em dia. Atualmente, o clube desembolsa R$ 1.650.000 mensais no ato trabalhista.

Qual a importância do ato trabalhista dentro da reestruturação do clube?
Domingos Fleury – É fundamental a manutenção do clube no ato trabalhista. Só assim tem sido possível planejar e executar as atividades do clube, utilizando as receitas remanescentes após o pagamento da parcela mensal. Sem o ato trabalhista todas as nossas receitas estariam penhoradas, inviabilizando o funcionamento do clube.

Qual a situação atual do Botafogo quanto à justiça do trabalho?
Domingos Fleury – Alguns credores recorreram contra a decisão do Presidente do TRT que concedeu um novo ato ao Botafogo. Recorreram porque o presidente anterior do clube assinou acordos com estes credores, acordos que não cumpriu, renunciando expressamente ao direito de o Botafogo pagar as dívidas para com eles através de ato trabalhista. O recurso será julgado pelo Órgão Especial do TRT, isto é, por todos os desembargadores que fazem parte do Tribunal. No momento o resultado está igual, um voto para cada lado. O julgamento será concluído em 2017.

Havia pagamento de FGTS perdidos e que foram recuperados. Poderia detalhar esse caso?
Domingos Fleury – O presidente Carlos Eduardo Pereira contratou uma empresa especializada na recuperação de FGTS, a qual pesquisou todos os processos trabalhistas encerrados nos últimos 40 anos e apurou montantes substanciais do Fundo de Garantia depositados judicialmente e não transferidos para a Caixa Econômica Federal. Já foram descobertos aproximadamente R$ 10.000,000, mas existem mais valores a serem aproveitados. O montante já quitou as parcelas do Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro) referentes ao FGTS até janeiro de 2019.

E o futuro do Botafogo?
Domingos Fleury – A situação do clube ainda é delicada, pois além do Ato Trabalhista, temos o Profut e financiamentos de dívidas municipais. No total, pagamos aproximadamente R$ 2.200.000 por mês, não incluídas todas as obrigações correntes do clube. Em suma, o Botafogo necessitará de gestões austeras pelos próximos 10 anos, no mínimo, para continuar sua gloriosa história no futebol.

Algumas palavras sobre o Comandante

101345949-79834395-530x298

POR GERSON NOGUEIRA

“Condenem-me, não importa, a história me absolverá”.

A morte de Fidel não foi inesperada. Ocorre que quando um gigante morre o impacto é sempre duro. O velho Comandante convalescia há pelo menos quatro anos, mas, com sua partida, vai embora uma das últimas utopias da geração que acreditava poder mudar o mundo. Fidel simboliza o destemor e a bravura dos grandes heróis, por conduzir sua pequena ilha a um confronto de gigantes contra a maior potência do planeta. Rico de nascença, nem por isso hesitou em pegar em armas para defender suas convicções e desafiar o império ianque.

Quantos hoje teriam o mesmo desprendimento? Num mundo tão refém do individualismo e do deus mercado é natural que alguns não compreendam sua persona revolucionária. Cometeu, sim, erros – mas, quem nunca? O mais importante legado da vida política de Fidel foi a dignidade que deu ao povo de Cuba, um pequeno país que se tornou referência mundial em educação e saúde públicas.

Um Don Quixote pragmático, mas não menos visionário. Li muito sobre Fidel e sua revolução. Li ensaios sérios que buscavam desmistificar sua aura heroica. Nada disso conseguiu diminuir seu tamanho. Poucos líderes mundiais foram tão analisados, julgados e fotografados ao longo dos anos. Poucos também construíram uma imagem tão forte e definitiva.

fidel-castro-onu

“Comer pouco, dormir pouco e incomodar muito vocês”.

Aliás, estou lendo “Corpos Divinos”, espécie de romance autobiográfico de Guillermo Cabrera Infante, contemporâneo da tomada do Palácio de Moncada, em 1959. No livro, o cubano Infante traça em poucas linhas um retrato pouco lisonjeiro do Comandante.

cynan7sweaauqkoNão esqueço das referências discretas à revolução cubana contidas em “O Poderoso Chefão II”, principalmente a cômica cena da fuga em massa e estabanada dos partidários de Fulgencio Batista, como ratos, escapando sorrateiramente dos guerrilheiros que desciam a serra.

Fidel desafiou, com coragem e astúcia, o poderio bélico norte-americano. Indomável, resistiu meio século às pressões declarada ou oculta de Tio Sam, sem recuar ou afrouxar de seu intento de garantir uma Cubra livre e independente. Cabra bom.

Portou-se como símbolo maior do pensamento de esquerda no mundo até seus últimos dias. Ditador? Sim, mas não havia outro meio de manter seu país a salvo do capitalismo que tanto condenava e resistir ao poderio bélico norte-americano. Alinhou-se sempre do lado certo, apoiando movimentos populares pelo mundo e avalizando Mandela, Allende, sandinistas na Nicarágua, Lula, Chavez, Dilma.

Acima de tudo, Fidel foi um bravo, um líder admirável, construtor de sonhos e fiel aos seus ideais. Veio, viu e venceu. Que descanse em paz.

cymgwrqwqaarpgx

Em respeito ao grande comandante

_50745391_106965429

POR NATALIA PIETRA, no Facebook

Para os ignorantes de plantão que estão comemorando a morte de Fidel Castro, fica aqui minha compreensão. Eu os compreendo. Eu sei, deve ser muito difícil pra essa gente que nunca fez nada pelos demais (e mal faz por si mesma) imaginar que este senhor que morreu aos 90, aos 27anos comandou a tomada do quartel de Moncada e que aos 30 e poucos estava à frente de uma das revoluções mais importantes para compreender a geopolítica e a história do século XX.
Deve ser duro mesmo olhar para nossas vidinhas insignificantes, uma existência que talvez não seja lembrada nem sequer pelos descendentes, e se deparar com uma biografia como a do Fidel Castro. Imagina que esse cara era de uma família rica de Cuba e deixou o conforto familiar para lutar numa revolução. Como pode?
E tu aí não topa sequer entrar em greve pra não estragar os planos de férias, afinal, o pacotinho pago parcelado da CVC é mais importante do que qualquer causa coletiva. Não topa ir a um protesto pra não atrasar a janta e fica chamando quem protesta de vagabundo. Realmente, para quem pensa assim só sobra o deboche, a zombaria. Eu entendo, mentes assim, vidas como essas, não têm condições de compreender um personagem como Fidel Castro.

Disse tudo. E viva Fidel!

Guerreiro e revolucionário

_80166125_ap590108092

Após uma tentativa frustrada de golpe de estado contra Fulgencio Batista, Fidel Castro foi exilado no México, onde permaneceu por dois anos. Voltou à Cuba em 1956 e seu movimento revolucionário assumiu o poder. Fidel entrou em Havana no Ano Novo de 1959, depois de derrubar Fulgencio Batista, que fugiu na véspera.

Fidel Castro pula de um tanque ao chegar em Giron, Cuba, perto da Baía dos PorcosAP

Viva Fidel!

fidel-castro

“E cresço na aurora livre galopando esse corcel.

Cresço no verso espumando entre as linhas do papel.

Cresço rubro de esperança na barba de Don Fidel”.

(Poesia de Ruy Guilherme Paranatinga Barata, poeta e comunista paraense, em homenagem ao comandante Fidel Castro Ruiz)

_90769802__90729953_castrocienfuegos-1

Rock na madrugada – Oasis, Cigarettes & Alcohol

https://www.youtube.com/watch?v=9gqU8blVehc