Chapecoense faz nova vítima

https://www.youtube.com/watch?v=uBrZqMQT9gc

Raposa e Peixe empatam no Mineirão

https://www.youtube.com/watch?v=10KJnTYs5eY

Gris

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POR EDYR AUGUSTO PROENÇA

É fato que o calor só faz aumentar, mas já começam as manhãs gris, anunciando a chegada do inverno e do fim do ano. Ando pelas ruas e passam por mim estudantes, ainda de uniforme, mas felizes, certamente tendo acabado de sair de provas, comemorando a chegada das férias. Lembro de como era feliz quando ainda estudante. Quase sempre passando por média, acordava, como dizia o saudoso Rui Barata, para “o que ocorrer”. Pegava a bicicleta e partia para meu playground que era a Praça da República. Lá encontrava colegas, também de bicicleta e passeávamos descobrindo tesouros ou mesmo, brincando do que chamávamos de “tranca”, que significava trancar o adversário e ali permanecer, juntos, parados, mantendo o equilíbrio, para ver quem caía primeiro. Mais além, a casa de meu grande amigo Abílio, onde decidíamos o assunto do dia. Podíamos procurar outros moleques para jogar petecas. Ou ainda esticar até o colégio, onde muitos ainda faziam provas, mas sempre havia a oportunidade de jogar um futebol. Podíamos jogar botão. Chamamos os outros colegas para um grande torneio. Claro que meu time era o Flamengo. O hoje respeitável doutor Sérgio Zumero decidiu disputar com o Clube do Remo. Tudo bem. Era sua vez. Espalhou os botões sobre a mesa. A mim cabia irradiar a contenda. Ao divulgar a escalação do time, lá estava, de centro avante, a foto de Sérgio. Contestado, exigiu sua presença, no comando do ataque. Foram horas e horas de debate. Não sei ao certo quem ganhou. Mas foi muito criativo. Certa vez, descendo a Governador José Malcher, por algum motivo, tinha a caderneta escolar em mãos. Conferindo as notas, percebi que em uma matéria, apesar de ter notas para passar direto, havia a exigência, estúpida, de assinar a prova final. E eu estava de calção, chinelas, enfim, figurino de férias. Pior, a prova seria naquela manhã. Acompanhado de minha mãe e após longa negociação, permitiram que fizesse a tal prova. No mais, a falta de compromisso era a tônica. Quase sempre, havia um disco dos Beatles sendo lançado e invariavelmente, meu irmão Edgar já o tinha. Solenemente, sentávamos na sala de estar do apartamento e o ouvíamos contritos. Lá pela décima vez, nossa mãe protestava, mas a essa altura, já estávamos à frente de um espelho, tentando dublar as músicas. As mãos seguravam uma guitarra imaginária. Pobre de mim, irmão mais novo. A mim cabia sempre a segunda voz, quase sempre um George Harrison, afinal, o mais velho era Paul ou John nos grandes hits. Nessas manhãs gris, chego no trabalho e coloco Beatles para ouvir. E todas as memórias desabam no colo. E você? Tem alguma lembrança dessa época feliz de estudante? E com a caderneta nas mãos, com a aprovação comprovada, descia até o Comércio, no prédio em que funcionava o Basa, em que meu pai trabalhava. A busca era por uma recompensa. Imagino, hoje, seu constrangimento em ambiente de trabalho por aquele moleque a apresentar seus resultados e a exigir algum presente. Primeiro, franzia o cenho e dizia “não fez mais do que o seu dever”. Depois sorria, metia a mão no bolso e da surrada carteira tirava algum dinheiro para que eu fosse até a “Quatro e Quatro”, fazer um lanche, o que era uma grande novidade. Como era bom. Sei perfeitamente que o tempo passa e a garotada de hoje deve ter outras prioridades, mas quanto a mim, sinto a tristeza por ter ficado velho e com tantas responsabilidades. Aproveitem, tenho vontade de dizer. Aproveitem.

(Publicado em O Diário do Pará, Caderno TDB, Coluna Cesta, em 18.11.16)

Garotos esquecidos

POR GERSON NOGUEIRA

Dado Cavalcanti foi franco ao ser perguntado, na sexta-feira, sobre o motivo de pouco aproveitar na Série B jogadores da base do Papão. Com jeito, apontou as falhas de formação como obstáculos à ascensão de jovens atletas no clube para justificar o critério de privilegiar os importados, mesmo nas rodadas finais do campeonato.

Não é o primeiro a dizer isso, embora de forma diferente. Há dois anos, Mazola Jr. afirmou que o problema da base no futebol do Pará é que não há base. Foi fundo e citou problemas de saúde (desnutrição, verminose) envolvendo jovens promessas do futebol bicolor. Há quem não goste, mas há um quê de razão nas duas análises.

É fato que os dois grandes clubes de Belém – da Tuna já falei anteontem – só olham em direção às divisões de base na hora do aperreio financeiro, como faz o Remo agora, ou quando surge a necessidade de completar o elenco de profissionais.

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De maneira geral, os garotos são esquecidos ou pouco observados nos clubes. Entregues a técnicos nem sempre habilitados para essa fase de formação, dependem do fator sorte para se consolidar – e da generosidade de alguns poucos baluartes, que contribuem com alimentos e até com o dinheiro do transporte para os treinos.

A última tentativa de investimento nos juniores coube ao Remo, em 2013, e levou o clube às quartas de final da Copa do Brasil Sub-20, sem que nenhum dos jogadores ali revelados tivesse aproveitamento digno no time profissional nos dois anos subsequentes.

No Papão, que teve em Pikachu (cria da base) seu grande nome na temporada 2015, o exemplo não frutificou. Neste ano, apenas o volante Rodrigo Andrade foi guindado à equipe titular, mas o zagueiro Pablo, outro nativo, perdeu espaço.

Dado pode ter lá suas razões em não apostar nos valores domésticos, mas cabe ao clube dedicar um olhar mais atento e objetivo para suas divisões de base. Não basta participar da hoje pouco prestigiada Copa São Paulo de Juniores. É preciso formar e aproveitar os jovens atletas.

Leandro Carvalho, um dos mais habilidosos atacantes surgidos na Curuzu, já é avaliado como um caso perdido. Problemas extracampo impediram que se firmasse no time, apesar de boas atuações na Copa Verde 2015. Perambulou por outros clubes, por empréstimo, como se o clube não soubesse o que fazer com ele. Seu retorno confirmou essa impressão. Não foi mais aproveitado e está na lista dos disponíveis.

O comportamento inadequado seria o maior entrave para que Leandro se estabeleça como profissional, mas as deficiências de sua formação têm a ver com as limitações da própria estrutura da base alviceleste.

Para que uma revelação vingue, precisa passar por um minucioso processo de acompanhamento, que inclui assistência em todas as etapas de sua vida. O craque não nasce pronto. Traz habilidades naturais que devem ser trabalhadas e potencializadas, sem esquecer a formação do cidadão.

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Bola na Torre

Ricardo Ribeiro, vice-presidente da Chapa 10 à eleição presidencial do Remo, é o entrevistado deste domingo. A apresentação é de Guilherme Guerreiro, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Começa logo depois do Pânico, na RBATV, por volta de 00h30.

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A saga dos meninos heróis de Portel

Um exemplo comovente de humildade e superação vem sendo dado nos Jogos Escolares da Juventude, em João Pessoa (PB), pelo time de futsal da Escola Paulino de Brito, de Portel. Alcançou as semifinais do torneio nacional depois de superar muitos desafios, incluindo o duro seletivo com outras equipes paraenses e a viagem de ônibus até a capital paraibana.

Para tornar possível o sonho de disputar os Jogos, os pais dos jogadores tiveram que contribuir com R$ 350,00, cada. Além disso, o grupo saiu fazendo rifas, coletas e pedindo ajuda de amigos da cidade marajoara. Sem qualquer ajuda oficial, pode-se dizer que os garotos do futsal portelense transformaram limão em limonada.

Cansados da viagem de 40 horas, perderam na estreia para o colégio Amorim Tatuapé (SP), por 3 a 2. A reabilitação veio no jogo seguinte, sobre o colégio Encanto Unidade (RN), por 3 a 1. Na quinta-feira, a vitória foi sobre os paranaenses de Campo Mourão, também por 3 a 1, em partida emocionante e definida nos segundos finais.

A presença da Escola Paulino de Brito nas semifinais dos Jogos (organizados pelo Comitê Olímpico Brasileiro) já constitui uma tremenda façanha, levando em conta o nível dos demais competidores e os apertos enfrentados pelos meninos para chegarem à Paraíba.

(Coluna publicada no Bola deste domingo, 20)