Vamos virar o país do “escracho”? Ou já viramos?

torquemada

POR FERNANDO BRITO, no Tijolaço

A Justiça brasileira está dando um tiro no pé e fazendo nosso país regredir  em matéria de respeito às instituições, ao se comportar – e não importa se são alguns juízes, se o Judiciário não lhes põe freios – de maneira sensacionalista que está fazendo.

A esta altura, os observadores que acompanham a situação brasileira – e há muitos, até em razão da repercussão internacional da “temporada de caça” que aqui se abriu – devem estar horrorizados com o clima de linchamento que, pouco importa se voluntariamente ou não, está sendo criado em nosso país.

A exibição das cenas deploráveis da resistência de Anthony Garotinho em ser retirado de um hospital para um presídio e a divulgação das fotos de Sérgio Cabral tomadas para sua ficha de identificação prisional são algo que não se dá em qualquer país civilizado.

Seja qual for o julgamento pessoal que se tenha sobre eles, a lição do respeitadíssimo penalista pernambucano Aníbal Bruno, há 40 anos, segue atual:

Por mais baixo que tenha caído o indivíduo, haverá sempre, em algum recanto do seu mundo moral, um resto de dignidade […] que o Direito não deve deixar ao desamparo. Ninguém ficará ligado a uma espécie de pelourinho, onde seja exposto sem defesa ao vilipêndio de qualquer um.

Não é uma questão política, é judicial. Tanto que você não viu nada semelhante com pessoas notórias detidas em parte alguma do mundo, onde o Judiciário não se vê como promotor de espetáculos.

Aqui, a prisão preventiva virou “arroz de festa”: decreta-se com razão ou sem razões. E o que não se vê  acontecer no mundo dito civilizado, o dito mundo civilizado vê que acontece aqui.

Duvido que até gente tíbia, na alta cúpula do Judiciário, que deveria estar exercendo – e já deveria ter exercido, faz tempo – suas responsabilidades, não esteja constrangida com o clima que se instalou e nos tornou o país do “escracho”. Mas não pode reagir mais, porque agora será linchada pela mídia também, se o fizer.

Ou alguém acha que o conceito absurdo de que o STF é “um puxadinho do PT” é só da horda que invadiu a Câmara, esta semana.

A imagem do Brasil ganhou mais um fator de erosão, já não bastassem a crise econômica e o processo que levou à ascensão de Michel Temer ao poder. Será que alguém, em sã consciência, agora pode achar que foi um erro a queixa de Lula à ONU?

Escrevam o que digo. Haverá um movimento igual e contrário, um repuxo desta onda insana que se vive.

Quem (sobre)viver verá.

Lyoto Machida sofre suspensão por um ano e meio por uso de doping

006_lyoto_machida-0-0Ex-campeão dos meio-pesados do UFC, Lyoto Machida recebeu suspensão de 18 meses por uso de doping, conforme a USADA (Agência Americana dos Estados Unidos) anunciou na última quarta-feira (16). A informação foi divulgada pela FOX Sports.

A pena usual para o atleta deveria ter sido de dois anos, mas como o atleta admitiu o uso da substância 7-keto-DHEA, houve uma redução da punida. O período de 18 meses de inelegibilidade começa em 8 de abril de 2016, a data em que seu exame positivo foi coletado e que ele declarou o uso da substância proibida. Como a pena é retroativa, o lutador está liberado para retornar ao cage em outubro de 2017.

O episódio aconteceu em abril, quando Lyoto se preparava para enfrentar Dan Henderson. Faltando apenas três dias para o UFC Tampa, Lyoto assumiu que fez uso de um suplemento que continha a substância 7‐keto‐DHEA, considerada um agente anabólico e a luta com Henderson foi cancelada. (Terra Esporte) 

A longa noite lusa

POR GERSON NOGUEIRA

A Tuna ficará mais uma temporada fora da elite do futebol paraense. A longa noite de decadência se abateu sobre a agremiação em face de gestões desastrosas e do desmanche de suas divisões de base, que até 15 anos atrás contribuíam para manter a Lusa de pé.

Ontem à tarde, no Mangueirão vazio, a Tuna foi eliminada da Segundinha de acesso ao Parazão 2017. A despedida foi melancólica, com goleada de 4 a 1 diante do Pinheirense. O desfecho era mais ou menos esperado após uma campanha irregular ao longo do torneio.

Quando se observa a queda sofrida pela Tuna nos últimos anos fica difícil acreditar que, até meados de 2000, a tradicional escolinha do Souza era principal referência em revelação de valores no futebol paraense. Mesmo não sabendo lucrar com isso, o clube era especialista na formação de bons atletas, que reforçavam anualmente a dupla Re-Pa e com reforços .

Mesquita, Paulo Guilherme, Luiz Carlos Boné, Ondino, Juninho, Guilherme, Geovani, Mário Vigia, Edgar, Tarciso, Dema, Ageu, Tiaguinho e Paulo Henrique Ganso são apenas alguns dos muitos jogadores que têm história vinculada à azeitada usina de boleiros montada na Lusa desde os anos 50.

unnamedComo o futebol se modernizou e estabeleceu novas formas de transação entre clubes, a Tuna foi ficando para trás, parada no tempo e mergulhada em embates internos, agravados pela dificuldade em montar equipes realmente competitivas.

A última geração vitoriosa foi a de 1992, quando a Tuna conquistou o Campeonato Brasileiro da Série C, há exatos 24 anos. A final, contra o Fluminense de Feira de Santana, no estádio Evandro Almeida, é uma das páginas mais épicas da história do clube. A vitória de 3 a 1 foi construída de forma emocionante.

O primeiro confronto, realizado na Bahia, havia sido vencido pelo Fluminense por 2 a 0. Na partida de volta, a torcida desanimou ao ver o empate de 1 a 1 se desenhando como resultado final, o que dava o título aos baianos.

Só que, aos 45 minutos do segundo tempo, Manelão desempatou, aproveitando cruzamento de Mário Vigia. Quatro minutos depois, o que parecia impossível aconteceu: Juninho fez (de cabeça) o gol do bicampeonato brasileiro da Tuna – havia ganho a Taça de Prata, em 1985.

No Parazão, a situação é pior. A última alegria foi em 1988. Naquela temporada, ao cabo de uma competição tumultuada por batalhas de tribunal travadas entre Tuna e Papão, a equipe lusa acabaria se sagrando campeã, com apenas uma derrota (1 a 0 para o Remo na rodada final).

Era uma Tuna forte e competitiva, dirigida por Fernando Oliveira e alinhando jogadores do nível de Belterra, Mário Vigia, Edgar, Cabinho, Tiago e Luiz Carlos.

O clube atravessa, portanto, o maior jejum de sua história em certames estaduais. Até porque a eliminação da Segundinha garante desde já o 29º ano sem título paraense.

Como instituição, a Tuna não corre o risco de morrer, pois é um dos símbolos da presença portuguesa no Pará. Tem vida social ativa, disputa outras modalidades esportivas. No futebol, porém, o clube a vai colecionando insucessos que impedem a formação de novos torcedores.

A cada ano, fugindo às suas mais caras tradições, sai recrutando jogadores de outros clubes para tentar obter o acesso. As últimas três tentativas mostram que a receita não dá certo. Uma volta às origens, apostando de novo na prata da casa, talvez seja o melhor caminho.

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Carol, a invasora, desnuda as incoerências do STJD

A decisão de punir o Grêmio pela entrada em campo de Carol Portaluppi, ao final da partida com o Cruzeiro pela Copa do Brasil, expõe novamente as incoerências do STJD. Como é de conhecimento público, o tribunal costuma usar pesos e medidas diferentes, dependendo do prestígio dos clubes envolvidos.

Pela impulsividade da filha do técnico Renato Gaúcho, que tirou fotos e abraçou o pai ainda no gramado, o Grêmio perdeu o mando da partida final da Copa do Brasil, decisão juridicamente tão aloprada que contrariou até membros do próprio tribunal. Mesmo inadequada, a entrada de Carol não interferiu no curso da partida, portanto a perda do mando não se justifica.

Depois da repercussão negativa, o clube gaúcho conseguiu a suspensão provisória da sentença, mantendo o jogo da final com o Atlético-MG em Porto Alegre, mas o desgaste já estava feito.

De toda sorte, o tribunal sai do episódio com a imagem ainda mais arranhada. Na semana passada, ao julgar os incidentes do jogo entre Flamengo e Corinthians, no Maracanã, havia sido extremamente benevolente, multando os dois clubes pela pancadaria provocada pelos torcedores corintianos.

As constantes discrepâncias entre suas decisões indicam uma Corte dividida entre juristas legalistas, que se pautam pelas leis do Direito, e auditores de perfil político, que preferem se basear no poder dos clubes e de seus dirigentes. Já passou da hora de repensar a existência do maior tribunal de justiça desportiva do país.

(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 18)

Colorado tropeça na Ponte e segue na zona

https://www.youtube.com/watch?v=sAcWtjbEtOE

Peixe vence e encosta no líder

https://www.youtube.com/watch?v=6mZAyHzq_9w

Verdão empata com o Galo

https://www.youtube.com/watch?v=jS4zVhMrJ1k