Doc brasileiro é herdeiro de Eduardo Coutinho

Por Lúcia Ramos Monteiro (via Blog do Sakamoto)

Santo Forte (1999), Babilônia 2000 (1999), Edifício Master (2002), Peões (2004), O Fim e o Princípio (2006) e tudo o que veio depois vi em salas de cinema, conforme estreavam ou passavam em festivais. Mas foi na faculdade, alguns anos antes, que conheci o cinema de Eduardo Coutinho. Se, naqueles anos 1990, eu ainda não tinha clareza do método revolucionário que cada filme dele ia lapidando, ao longo da década seguinte isso se tornou patente.

181_213-alt-eduardocoutinho2No mestrado, estudei parte da obra do cineasta, e sobretudo Cabra Marcado para Morrer. Estava interessada em momentos em que o personagem de um documentário se vê na tela. E é incrível a maneira como isso se dá quando Elizabeth Teixeira, a viúva do líder camponês João Pedro, se vê, dezoito anos depois das filmagens originais de Cabra…. Quando o cineasta a reencontra, ela havia mudado de nome e nem os filhos sabiam de seu paradeiro. Também durante o mestrado, pude ter a experiência de assistir a seus filmes fora do Brasil, de discuti-los em seminários na universidade (nas aulas de François Niney na Paris 3) e de confrontá-los com o trabalho de outros documentaristas, alguns deles oriundos do mesmo Idhec (Institut des hautes études cinématographiques, precursor da atual Fémis) em que Coutinho estudou. Estranhamente, só depois disso me dei conta de como a influência de Coutinho está presente no documentário brasileiro (e, em menor medida, também em alguns programas de televisão).

É como se Coutinho fosse a matriz de uma série de outros documentários e reportagens que, depois, se debruçaram sobre o saber popular, que se interessam não só pelas histórias mas pelo jeito tão peculiar que cada um tem de contá-las, que procuraram instituir uma relação de camaradagem com o entrevistado para, daí, deixar brotar a espontaneidade, o humor, a emoção.

Escritas às pressas, minhas frases dão conta de apenas uma pequena parte do trabalho fundamental que Coutinho veio desenhando ao longo das últimas décadas. Posso ter dado a impressão de que seu método se manteve constante o tempo todo. Não é verdade: poucos cineastas souberam, como ele, impor-se desafios novos constantemente, fazendo não só sua filmografia avançar, mas também a reflexão e a crítica.

Nesse sentido, Edifício Master marca o ápice do aprimoramento do método – ele em geral não participa das pré-entrevistas, mas vê todo o material gravado pela equipe antes de fazer sua própria entrevista, podendo assim unir o frescor da descoberta com uma pesquisa bem documentada. Coutinho nunca se acomodou, nunca deixou estratégia nenhuma se cristalizar. A guinada que deu com Jogo de Cena (2007) eMoscou (2009) é talvez a maior prova disso. Os dois filmes escancaram o flerte que todo documentário mantém com a ficção, colocando em risco as próprias categorias de “documentário” e de “ficção” e embarcando na forma ensaística e na teatralidade (sobre esse assunto, recomendo a leitura do excelente ensaio de Ismail Xavier, publicado na revista portuguesa Aniki e disponível aqui).

É preciso ser um pouco ator para fazer entrevistas, disse Coutinho, numa das vezes em que se viu na condição de entrevistado. Nos parágrafos anteriores, posso ainda ter dado a falsa impressão de que Coutinho inventou seu método do zero. Não é bem assim: ele foi em grande medida um herdeiro do cinema-verdade e do cinema-direto, tendo dialogado por exemplo com o francês Jean Rouch (1917-2004).

No documentário brasileiro, porém, o quase deslumbre, o amor que mantemos pelos modos de narrar populares, pelo linguajar informal e saboroso, a curiosidade que permite entrar na casa – e no quarto! – dos entrevistados deve muito ao caminho que ele abriu. Em 2006, enquanto digitalizava as fitas DV que havia gravado para meu primeiro documentário, me vi batendo papo com os entrevistados em cortiços, apartamentos de classe média e estabelecimentos comerciais do bairro dos Campos Elíseos, em São Paulo. Lá estávamos nós, na cozinha da Dona Leda, filmando o berço do filho caçula da Joelma e ainda o quarto da Dona Maria na Lavanderia Ibérica, enfim, tornando públicos momentos de intimidade.

Sim, também tenho uma dívida com Coutinho. Acredito que, embora as gerações seguintes tenham inventado e/ou precisem inventar formas próprias de fazer cinema, o método que ele criou está vivo em cada um de nós.

O passado é uma parada…

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Fachada do Cine Olímpia nos idos de 1940. Dos mais antigos cinemas do Brasil, o Olímpia permanece em funcionamento até hoje, embora não mais operando como cinema comercial. (Via Nostalgia Belém) 

Caso Héverton: CBF derruba liminar em S. Paulo

O desembargador Viviani Nicolau, da 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferiu decisão, na tarde de sexta-feira, suspendendo a liminar concedida pela 42ª Vara Cível de São Paulo ao torcedor da Portuguesa. Foi assim restabelecido o resultado do julgamento do STJD, que retirou 4 pontos da Lusa, devido à escalação irregular do jogador Héverton. O mesmo torcedor da Portuguesa, que pleiteava a anulação do julgamento do STJD, também foi derrotado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, nos termos da decisão da Desembargadora Tereza Cristina Sobral Bittencourt Sampaio, da 27ª Câmara Cível (Consumidor), que confirmou a licitude da decisão do Juiz da 2ª Vara Cível da Barra da Tijuca, entendendo correto o julgado da Justiça Desportiva. Ao indeferir o pedido do torcedor da Portuguesa, a relatora, desembargadora Tereza Cristina Sobral Bittencourt Sampaio, salientou:

“Diante de todos esses argumentos, entendo que a decisão proferida pelo magistrado de piso não pode ser considerada ilícita, pois apenas constatou (em sede perfunctória) não haver ilegalidade procedimental no processo nº 320/2013, que tramitou junto ao STJD (prova inequívoca), motivo pelo qual deveria ser efetivado o cumprimento imediato desta decisão administrativa.

Ressalto, por fim, que tal entendimento está em total consonância com o disposto no artigo 217, da Constituição Federal de 1988, que assegura a autonomia das entidades desportivas e das associações quanto a sua organização e seu funcionamento. Isto significa dizer que não compete ao Poder Judiciário (tal como se dá em relação ao mérito administrativo de decisões proferidas pela  Administração Pública), interferir na autonomia dos entes privados de forma a substituir indevidamente as decisões proferidas por seus órgãos.

Assim, inexiste qualquer violação ao artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988, tendo sido observado, ao revés, a norma Constitucional prevista no artigo 217, em adequada interpretação sistemática de nossa Carta Política. No que se refere ao fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, entendo, ainda uma vez, que o descumprimento da decisão proferida pelo STJD é fato suficiente a causar danos ao primeiro agravado (CBF) haja vista a proximidade de campeonato brasileiro de 2014.”

Ameaças de “organizados”: até quando?

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Por José Eduardo

Os atos de violência relacionados a torcidas organizadas produziram mais um triste capitulo neste final de semana, onde jogadores e empregados do Corinthians foram agredidos e hostilizados, antes da partida do clube, contra a Ponte Preta, válida pelo Campeonato Paulista.

Quero deixar claro, desde logo, antes de emitir qualquer opinião acerca da questão, que não se trata este de um problema exclusivo do Corinthians. Todos os grandes clubes brasileiros sofrem do mesmo mal.

A impressão que se tem é que as diretorias dos grandes clubes brasileiros possuem uma dependência quase que química das organizadas, que se julgam no direito de exigir reuniões, satisfações, esclarecimentos, auxilio financeiro e ingressos, como se fossem verdadeiramente um órgão constituído dos clubes.

Em terras tupiniquins, inacreditavelmente, as diretoriais dos clubes se reportam aos Conselhos Deliberativos, aos Conselhos Fiscais e às torcidas organizadas!! Tratam-se estas de mais um poder constituído dentro do clube, o qual se autoproclama titular de prerrogativas as quais, incrivelmente, acabam sendo respeitadas e atendidas pelos dirigentes de todos os grandes clubes brasileiros.

Um absurdo completo!!!

Sempre que eventos de violência acontecem, é comum as pessoas clamarem por ações da Polícia e do Ministério Público mas, muito pouco se fala acerca das medidas a serem adotadas pelos clubes que, quando podem, estimulam o desenvolvimento das organizadas, concedem-lhe apoio político, financeiro e jurídico.

Assim, a pergunta a ser feita é: Quem será o primeiro clube a declarar independência das organizadas???

Doação para quitar multa é legal, dizem ministros

Por Mariângela Gallucci – O Estado de S. Paulo

A “vaquinha eletrônica” organizada pelos condenados do mensalão para quitar as multas impostas pelo Supremo Tribunal Federal foi considerada uma “manobra legal” por dois ministros da Corte e integrantes da Procuradoria-Geral da República, Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) e Banco Central. Segundo as autoridades, as campanhas de arrecadação pela internet em favor do ex-deputado federal José Genoíno (PT) e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, apesar de “driblarem” a punição que deveria recair sobre os réus, não podem ser coibidas nem o sigilo dos doadores quebrado oficialmente sem que haja indícios de lavagem de dinheiro ou depósito atípico.

A fim de pagar as multas fixadas pelo STF nas condenações, foram realizadas campanhas na internet. Genoíno arrecadou mais de R$ 700 mil e Delúbio, R$ 1 milhão. Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, apesar de causarem um certo choque, iniciativas como essas não são proibidas pela lei. Receita. As doações terão de ser informadas à Receita Federal nas respectivas declarações de Imposto de Renda. Se as autoridades fiscais desconfiarem de irregularidades, poderão iniciar uma investigação. Além disso, eventuais indícios de ilícitos poderão ser apurados por integrantes do Ministério Público que atuam nas cidades onde as contas bancárias foram abertas.

No caso de Delúbio, o advogado Arnaldo Malheiros explicou que uma conta foi aberta numa agência da Caixa Econômica Federal em Brasília para receber depósitos identificados. Segundo o advogado, as doações terão de ser declaradas. “É isento de IR, mas tem de pagar imposto sobre doações.” Malheiros contou que a maioria das doações foi de cerca de R$ 1 mil. “Quem doou são pessoas que apoiam o partido.”

Charles fica, mas perde auxiliares

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Depois da derrota do Remo para o Paragominas, na Arena Verde, no domingo, sobrou para os auxiliares diretos do técnico Charles Guerreiro. Nildo Pereira e Edmilson foram afastados por decisão da diretoria, sob a alegação de mau relacionamento com o grupo de jogadores. Segundo fontes do clube, alguns jogadores tinham se queixado de Nildo e Edmilson aos diretores. O técnico, pelo menos por enquanto, continua prestigiado e prepara o time para as semifinais do turno diante do Cametá. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola) 

Semifinais do turno sofrem alteração

Em função da estreia do Paissandu na Copa Verde, a ordem das semifinais do primeiro turno do Parazão foi alterada: Paragominas x Paissandu será na quarta-feira, 20h30, na Arena Verde, e sábado, 8, no Mangueirão, ás 16h. Cametá x Remo ficou para a quinta-feira, 6, às 20h30, no Parque do Bacurau, e no domingo, 9, no Mangueirão, às 16h. O acordo será formalizado em reunião, na tarde desta segunda-feira, na sede da FPF.

A frase do dia

“Perdemos por detalhe. Paragominas tem um campo complicado e tivemos dificuldades com os desfalques. Infelizmente erramos no início e perdemos a liderança. Agora resta trabalhar para tentarmos ir à final do primeiro turno”.

Charles Guerreiro, técnico do Remo.

Capa do DIÁRIO, edição de segunda-feira, 03

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