
POR GERSON NOGUEIRA
Quatro pênaltis desperdiçados pelo Flamengo transformaram uma atuação aguerrida em frustração na final da Copa Intercontinental, ontem, em Doha (Qatar). Após um empate em 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação, o PSG errou menos nos pênaltis e conquistou a competição, com atuação inspirada do goleiro Safonov, que defendeu três cobranças.
Diante de um público melhor do que nas partidas anteriores, Kvaratskhelia abriu o placar aos 38 minutos, aproveitando cruzamento rasteiro de Doué. A bola ainda foi tocada pelo goleiro Rossi. O cenário era de amplo domínio do PSG diante de um Flamengo intimidado.
No 2º tempo, a história mudou. Com mudanças pontuais no meio-campo, o Flamengo passou a pressionar o PSG. Aos 17 minutos, veio a recompensa. Um pênalti cometido por Marquinhos sobre Arrascaeta deu ao Rubro-Negro a chance do empate. Jorginho deu um saltinho e mandou a bola no canto direito da trave de Safonov, empatando a partida.
O PSG desperdiçou três grandes chances de desempatar, sendo a última nos pés de Marquinhos. O empate levou a decisão para a prorrogação, que mostrou os times desgastados e com baixa intensidade. O PSG forçou em busca do gol, mas o Fla resistiu e segurou o empate.
Na série de penalidades, o PSG levou por 2 a 1 em uma disputa que expôs a imperícia dos jogadores, incluindo Ousmane Dembélé, premiado com o The Best Fifa, que isolou sua cobrança por cima do gol.
O grande herói foi mesmo o goleiro Matvei Safonov, que defendeu os pênaltis de Samuel, Pedro, Léo Pereira e Luiz Araújo, garantindo o triunfo do PSG e a comemoração no estádio de Doha. O clube francês havia sido derrotado pelo Chelsea na final do Mundial de Clubes 2025.
Em termos de atuação individual, Safonov foi absoluto. Arrascaeta reafirmou a importância para o time, cavando o pênalti que garantiu o empate. Marquinhos ficou aquém do nível esperado de um titular da Seleção Brasileira.
Pachequismo estraga a cobertura da final
A manchete do Sportv após a final de ontem é bem sugestiva do nível de pachequismo que a imprensa esportiva alcança nessas ocasiões: “Nos pênaltis, Flamengo perde o título da Copa Intercontinental”. Sim, para o canal, não foi vitória do PSG, mas derrota do Rubro-Negro. A inversão é deliberada, fruto da reiterada louvação que cerca o Mengo há décadas.
Constrangedora também foi a preocupação dos repórteres em arrancar do espanhol Luís Enrique uma declaração elogiando o Flamengo. Nem era necessário. Cavalheiro e bom desportista, o técnico iria naturalmente reservar palavras elogiosas ao time brasileiro e a seu treinador.
Não satisfeito, um repórter trepidante insistiu em saber se Luís Enrique acreditava no sucesso de Filipe Luís num clube da Europa, já dando como certeza a carreira internacional do técnico flamenguista. É quando a sabujice explícita se mistura com o viralatismo mais rasteiro.
Por fim, a tônica das mesas-redondas e dos analistas veio carregada do ufanismo que normalmente só é concedido às participações do Rubro-Negro. Não há nem a preocupação de dosar os superlativos.
PSC perde volante e ganha encrenca na Justiça
A tumultuada saída de Leandro Vilela tirou o impacto do anúncio da contratação do lateral JP Galvão, novo reforço do Papão para 2026. Em recuperação de uma lesão grave, sofrida durante o returno da Série B, o volante surpreendeu ao entrar com ação judicial cobrando do clube salários atrasados e outros direitos, no valor de R$ 4 milhões.
Jogador voluntarioso, de estilo intenso na marcação, Vilela era uma das esperanças de estabilidade no meio-campo para a próxima temporada. Ontem mesmo, ele foi anunciado como reforço do Náutico, que tem Hélio dos Anjos no comando. Coincidência ou não, Hélio mantém uma disputa litigiosa com o PSC na Justiça do Trabalho.
Ancelottinho fora é primeiro reforço do Fogão
O contestado Davide Ancelotti não é mais técnico do Botafogo. O desligamento foi oficializado ontem à noite, marcando formalmente o primeiro passo do projeto do Fogão para a próxima temporada. A dúvida é se a SAF, comandada por John Textor, será mais ágil desta vez na contratação de um treinador do que foi em 2025.
Ancelotti sai após um trabalho discreto, que não esteve à altura do caro elenco do Botafogo. Técnico iniciante, o filho de Carlo Ancelotti, técnico da Seleção Brasileira, teve dificuldade em montar um time competitivo e pecou bastante por uma certa ingenuidade na gestão de elenco.
O sexto lugar no Brasileiro e a classificação para a fase de grupos da Libertadores 2026 ficaram abaixo das metas do clube, bem como os fracos desempenhos obtidos na Libertadores e na Copa do Brasil. O Botafogo precisa de um técnico de verdade, cascudo e capaz de comandar adequadamente um elenco formado por várias cobras criadas.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 18)


Foram 48 votos favoráveis e 25 votos contra. O texto segue agora para a sanção presidencial.









