Os arquitetos do golpe seguem na ativa; são articulados e perigosos

POR GERSON NOGUEIRA

O Natal chegou e as notícias não são boas. É inevitável constatar que o golpismo está de pé, mais vivo do que nunca, insistente e perigoso. O Brasil foi sacudido em 8 de janeiro de 2023 por ações violentas de ruptura do processo democrático, com invasão e depredação de prédios dos três poderes da República. A Justiça agiu com presteza e respeito à Constituição, processando e condenando os responsáveis pelos atos golpistas em Brasília.

Foi um trabalho exaustivo, sério e minucioso, que resultou na condenação de generais que detinham cargos importantes no governo de Jair Bolsonaro. Pela primeira vez, militares de alta patente foram julgados e sentenciados ao cumprimento de penas em regime fechado.

O que deveria ser motivo de orgulho pela demonstração de solidez democrática do país está, aos poucos, virando sentimento de preocupação com os persistentes ataques às decisões do Supremo Tribunal Federal contra os golpistas – à frente Bolsonaro e quase todo o primeiro escalação de seu governo, incluindo ministros militares.  

Nem mesmo o fato de que o Congresso Nacional foi um dos alvos (junto com o STF e o Palácio do Planalto) da violência dos militantes bolsonaristas sensibilizou a atual composição do parlamento brasileiro quanto à necessidade de respeitar a decisão judicial que colocou na prisão golpistas graúdos e miúdos.

Em manobra urdida com a participação do ex-presidente Michel Temer, ele próprio responsável pelo golpe que depôs a presidente Dilma Rousseff em 2016, sem provas ou acusações consistentes, o Congresso Nacional pôs em marcha o famigerado projeto de lei da dosimetria – palavra técnica que, em português raso, significa anistiar, passar pano para golpistas – com especial preocupação em livrar a cara do líder de toda a tentativa de sublevação, Jair Bolsonaro.  

O PL, aprovado furtivamente na Câmara dos Deputados e vergonhosamente acatado pelo Senado, vai para as mãos de Lula, que deixou claro que irá vetar. Não poderia ser outra a sua posição. A anistia é uma autêntica bofetada na Lei, uma agressão à democracia, sob protesto e rejeição da maioria da população brasileira. É, acima de tudo, um convite a novos golpes, fardados ou não.  

Em completo descompasso com a missão institucional que receberam nas urnas, deputados e senadores se acovardam e abraçam a via da malandragem, relevando crimes gravíssimos praticados pelo núcleo principal do golpismo, incluindo um insano plano (Punhal Verde-Amarelo) para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Não satisfeitos com a mobilização rasteira junto ao Parlamento, os golpistas de plantão se articulam num movimento que remete à farsa engendrada pela Operação Lava Jato, a mesma que levou Lula injustamente à prisão e pavimentou o caminho para eleger Bolsonaro em 2018.

Através de reportagens veiculadas pelos jornalões do Sudeste, baseadas no manjado truque das fontes fantasmas e sem provas, como ensinou Sérgio Moro e seus cúmplices da “república do Paraná”, o alvo da vez é o ministro Alexandre de Moraes, responsável maior pela apuração e condenação dos crimes de Bolsonaro e seus aliados.

Xandão, como passou a ser popularmente conhecido, é a pedra no sapato do golpismo pelo destemor em defesa da Constituição. É objeto diário do ódio dos militontos que infestam as redes sociais e da fúria dos engravatados que deram sustentação ao bizarro governo Bolsonaro. O ministro já tinha sido peça fundamental no respeito às normas legais quando presidiu a Justiça Eleitoral durante a campanha e a eleição de 2022.    

Agora, após o escândalo do banco Master, que gerou um rombo superior a R$ 12 bilhões, e cujo proprietário já se esgueirou da prisão e nem sequer foi julgado, pipocam na mídia hegemônica matérias com insinuações e inconsistências, com o indisfarçado objetivo de demolir a imagem de retidão que Moraes construiu no Supremo.

O jornalismo, em crise no Brasil há décadas, com destaque maior para a constrangedora cumplicidade dos jornalões e redes de TV com a Lava Jato, volta a servir de alavanca para tramoias forjadas nos porões. Os interesses econômicos são postos à frente de qualquer sentido de nação.

A campanha rasa inaugurada nesta semana por reportagem do jornal O Globo cumpre o propósito de desacreditar a Justiça (e Moraes) em benefício de um punhado de gatunos que manipulam dinheiro público, enganam gente inocente e atropelam os ritos constitucionais.

O consolo é que, depois de todas as sujeiras perpetradas por Moro, Deltan & cia., não é mais tão fácil fazer com que pacotes forjados sejam impostos goela abaixo das pessoas. Denúncias precisam ser comprovadas, com provas consistentes, antes que reputações sejam enxovalhadas.

A banda boa e lúcida do Brasil, o que inclui os partidos progressistas, tem que resistir e reagir a esses novos bombardeios tramados pelas elites que dominam os bancos e as bancadas. O que fizeram com Lula lá atrás tentam reproduzir agora contra Xandão porque ambos são obstáculos aos planos de dominação que a direita adiou depois da derrota em 2022.

É preciso estar atento e forte. Os dias de luta não têm fim.  

Leão segue no balanço das horas

POR GERSON NOGUEIRA

A canção era chiclete nos anos 80, como quase tudo que o pop da época produzia. No balanço das horas tudo pode mudar – ou não. No caso azulino, falando das contratações para a temporada de 2026, a torcida espera que as coisas mudem de fato.

Um passo importante foi dado com o anúncio de Juan Carlos Osório para o comando técnico, uma contratação fora da curva e fugindo ao óbvio, o que despertou um certo espanto na mídia que faz a cobertura da Série A.

Apesar da escolha ousada, as dúvidas quanto ao trabalho do colombiano persistem muito menos por ele e mais pelas incertezas quanto aos jogadores que irão compor o elenco na Primeira Divisão. Entre os torcedores há muito receio quanto ao grupo que será formado.

Os medos, normais, têm a ver com o choque de realidade. O Remo terá adversários competitivos, praticamente todos em estágios superiores de preparação, com mais investimento e estrutura.   

Embora aprove a cautela com que a diretoria tem se conduzido, evitando precipitações na busca por reforços, o torcedor desconhece o rosto do time que surgir do combo de 20 novos atletas e 12 remanescentes da Série B.

A única aquisição divulgada até o momento é Alef Manga, o que é ainda pouco revelador das ambições do Remo na temporada. Imagina-se que serão contratados jogadores mais graduados quanto à qualidade, até porque se não for assim haverá motivo para muita preocupação.

O Remo entra em 2026 e principalmente no Campeonato Brasileiro com a responsabilidade gerada por 32 anos de espera. Depois de tanto tempo lutando, acumulando decepções e fracassos, o acesso ganhou uma celebração épica, que contagiou o Pará e o país todo.

Até hoje é possível observar a admiração despertada pela conquista azulina e a festa emocionante proporcionada por sua torcida. São ganhos afetivos incalculáveis, que geram a médio prazo vitórias institucionais importantes. Ao mesmo tempo, aumenta a responsabilidade sobre o que virá.

Os temores da torcida estão relacionados com o risco de vexames e de uma experiência de bate-volta, comum entre times que sobem sem organização e preparo. Não parece ser o caso do Remo, até pela explícita disposição em abraçar a ousadia como prática, a partir da contratação de Juan Carlos Osório, técnico da primeira prateleira e de currículo respeitável.   

O executivo Marcos Braz sugere considerar que há 14 meses o Remo era da Série C. O Fenômeno Azul sabe disso de cor e salteado. Conselho inútil, tempo desperdiçado. O momento exige trabalho e coragem. (Foto: Wagner Santana/O Liberal)

Papão precisa transformar crise em renascimento

A renúncia do presidente Roger Aguilera representa uma ruptura na gestão do PSC. Como toda crise, abre a oportunidade para mudanças estruturais importantes. Criticado por torcedores e sócios, Roger abriu mão do cargo – como Sérgio Serra, em 2017 – depois de consultar a família, historicamente vinculada ao clube  

O desgaste provocado pelo rebaixamento à Série C e amplificado pelos graves problemas financeiros, envolvendo pendências trabalhistas que chegam a R$ 17 milhões, fez Roger desistir do mandato. O vice Márcio Tuma assume a missão de conduzir a gestão a partir de agora.

Bicolores de todos os matizes e condições financeiras precisam se unir em torno da causa. O PSC tem que ser reinventado em 2026. O desafio prioritário é voltar à Série B, objetivo que não pode ser negligenciado.

Recado aos 27 indômitos baluartes

Com o término das competições e o recesso do futebol neste final de ano, a coluna sai de cena por 10 dias, dando merecida folga aos leitores. O retorno fica agendado para 4 de janeiro. Até lá.

A manhã de luz que vira explosão no dia seguinte

Na coluna de despedida de 2025, uma linha do tempo que narra um certo dia de agosto de 1945, iluminado por música, sonho e rock’n’roll, véspera da funesta manhã em que Hiroshima virou pó atômico:

Geopolítica ou os russos estão chegando

Liverpool (England) – 05/08/1945, 23h15. John dormiu. Acordou. Foi brincar de cantar.

Três Pontas (MG) – 05/08/1945, 20h15. Milton dormiu. Acordou. Foi brincar de cantar.

Duluth, Minnesota (EUA) – 05/08/1945, 17h15. Bob dormiu. Acordou. Foi brincar de cantar.

Hiroshima (Japão) – 06/08/1945, 8h15. Minato dormiu. Sonhou que brincava de cantar. Não acordou. Desintegrou-se.”   

O autor do inspirado miniconto é João de Deus Costa, nascido em Pedro Leopoldo (MG) há 75 anos, amigo da amiga jornalista Bianca Alves.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 24)

Professor brasileiro recebe prêmio de uma das principais fundações de pesquisa do mundo

Quando abriu o e-mail logo cedo, em uma manhã comum de trabalho, o professor Francisco Rodrigues, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, não imaginava que encontraria uma das notícias mais marcantes de sua carreira. Entre mensagens de rotina, estava ali a carta oficial da Fundação Alexander von Humboldt, da Alemanha, anunciando que ele havia sido selecionado para receber o Prêmio Friedrich Wilhelm Bessel 2025.

A honraria reconhece pesquisadores de todo o mundo que se destacam em diversas áreas do conhecimento e prevê apoio financeiro para que o cientista passe um período prolongado  na Alemanha para realizar pesquisa, desenvolvendo novos projetos e visitando diferentes instituições. Além disso, ao ser premiado, o professor passa a integrar oficialmente a comunidade científica da Fundação Humboldt, o que abre portas para futuros financiamentos. “Fiquei bastante surpreso porque achei que minhas chances eram mínimas. É uma premiação muito concorrida”, conta.

A indicação para que ele concorresse ao prêmio partiu da professora Christiane Tielmann, da Aschaffenburg University of Applied Sciences, com quem Francisco mantém colaboração desde 2011. “Fiquei feliz não só pelo prêmio, mas porque isso beneficia todo o ICMC. Agora posso solicitar recursos para equipamentos e projetos a uma fundação extremamente reconhecida internacionalmente”, destaca. Foi também a primeira vez que a universidade alemã de Aschaffenburgo teve um indicado premiado. “Eles também ficaram muito felizes com a conquista”, acrescenta.

Como funciona a premiação  A honraria, que leva o nome do astrônomo e matemático alemão Friedrich Wilhelm Bessel (1784-1846), é oferecida a pesquisadores estrangeiros de renome internacional cujos trabalhos influenciam diretamente suas áreas. Para ser indicado, é preciso ter desenvolvido algum projeto ou trabalho na Alemanha e ser recomendado por pesquisadores estabelecidos em instituições de pesquisa alemãs.

Francisco esteve duas vezes no país germânico: a primeira em 2006, quando era aluno de doutorado e visitou o Max Planck Institute for the Physics of Complex Systems; e a segunda em 2018, quando foi pesquisador visitante no Potsdam Institute for Climate Impact Research e na Aschaffenburg University of Applied Sciences.

Para o professor, três elementos pesaram na escolha do seu nome: sua dedicação em prol da formação de recursos humanos e do aprimoramento didático, seu compromisso com a divulgação científica e sua relevante produção científica. Ao longo de sua trajetória, Francisco orientou estudantes que hoje ocupam posições de destaque em universidades e empresas de ponta, como Universidade de Harvard, Google e Microsoft. “Isso foi mencionado explicitamente na carta de recomendação. Eles dão muito valor à formação de novos pesquisadores”, explica.

O professor também mantém um canal no YouTube com mais de 15 mil inscritos e publica regularmente textos sobre ciência na plataforma Medium: “Fiquei muito feliz com esse reconhecimento, porque o ensino é algo que sempre buscamos valorizar. É uma dimensão essencial do nosso trabalho”.

Além disso, as pesquisas desenvolvidas por Francisco têm um impacto social relevante. Em parceria com pesquisadores alemães, Francisco desenvolve métodos computacionais que utilizam inteligência artificial para avançar no diagnóstico de transtornos mentais, como Alzheimer, autismo, esquizofrenia, Parkinson e depressão. “Tradicionalmente, esse diagnóstico depende muito da experiência clínica. Nós buscamos criar métodos baseados em imagens de ressonância magnética que possam oferecer medidas objetivas. São resultados que realmente poderão transformar vidas”, afirma.

Além da área médica, o grupo de pesquisa trabalha com problemas que impactam diretamente a sociedade, como previsão de epidemias, análise de crises econômicas, modelagem de eventos climáticos extremos e estudos sobre aquecimento global. “Os sistemas complexos nos ajudam a compreender as grandes questões da atualidade: clima, epidemias, crises econômicas, transtornos mentais. São problemas reais da humanidade. E essa relevância aparece no reconhecimento internacional”, explica Francisco.

Ele é o segundo docente do ICMC a conquistar esse reconhecimento. Em 2022, o professor Tiago Pereira recebeu o mesmo prêmio. Anualmente, a Fundação concede cerca de 20 prêmios a pesquisadores que tenham obtido o doutorado há, no máximo, 18 anos.

Neste ano, o professor do ICMC também havia sido eleito um dos cientistas mais influentes do mundo em ranking elaborado pela Universidade de Stanford (EUA) em parceria com o grupo editorial Elsevier. Rodrigues foi chefe do Departamento de Matemática Aplicada e Estatística do ICMC e é editor de revistas científicas internacionais, de livros e periódicos científicos de prestígio.

Argentino Martín Anselmi é o novo técnico do Botafogo

O Botafogo anunciou a contratação do técnico Martín Anselmi, de 40 anos, que estava livre no mercado (último trabalho foi no Porto). O treinador argentino chega ao clube carioca para ocupar o lugar de Davide Ancelotti. Ele assinou até o fim de 2027.

Martín Anselmi chega ao Glorioso acompanhado do auxiliar Luis Pastur e do preparador físico Diego Bottaioli. O preparador de goleiros Darío Herrero completa a comissão técnica alvinegra. Anselmi é aguardado no Rio de Janeiro no dia 4 de janeiro, um dia antes da reapresentação do elenco no Espaço Lonier.

Martín Anselmi, que iniciou a carreira como auxiliar técnico, trabalhou ao lado de Gabriel Milito e Miguel Ángel Ramírez, ex-treinadores de Atlético-MG e Internacional, respectivamente. No comando técnico do Independiente del Valle, do Equador, foi campeão da Sul-Americana e da Recopa Sul-Americana, além dos títulos da Copa do Equador e da Supercopa do Equador.

Posteriormente, ele ficou um ano no Cruz Azul, do México, até aceitar a proposta do Porto para a metade da temporada 2024/2025. Os times de Anselmi são conhecidos pelo versátil modelo de jogo ofensivo. Esse, aliás, foi um fator importante pelo aval da diretoria alvinegra para a sua contratação. Além disso, o fato de já ter disputado Libertadores pesou. (Com informações do Lance!)

Para um pai remista (in memoriam)

Por Tony Vilhena (*)

Na história, tudo parece contra o Remo. A CBF e suas injustiças com o futebol do Norte; a imprensa do resto do Brasil que despreza os feitos do clube e a beleza da torcida Fenômeno Azul; os times do eixo sul-sudeste que acham desgastante jogar aqui, esquecendo que pelo critério distância o Remo é o mais prejudicado de todos (para jogar o Brasileirão o clube viajará a distância de mais de duas voltas completas na terra).

É bem verdade que as vezes o próprio Remo se atrapalhou sozinho, com dirigentes que só afundaram o clube (um botou o Baenão à venda para se locupletar, mas não deu certo) e com a presença no estádio de um grupo de delinquentes disfarçado de torcida organizada que já fez o clube perder mando de campo e ser multado.

Mas a torcida de verdade nunca o prejudicou ou abandonou, mesmo no pior momento quando ficou sem divisão nacional, sem grandes jogos, numa crise financeira desalentadora. A sua torcida fez valer o trecho de seu hino que canta “em cada um de nós mora a esperança”… 

Nesse espírito, a torcida do Remo o reergueu, junto a remistas sérios que assumiram a direção e juntaram profissionais de apoio e atletas num projeto audacioso, mas realista.

Chegar no domindo, 23 de novembro de 2025, fazer 3 a 1 no Goiás e garantir o tão sonhado acesso à Série A foi consequência desse trabalho competente, árduo e coletivo. Virou história.

E é aqui neste feito, Pai, que eu só pensava que o senhor também faz parte desta história. Mesmo sendo apenas mais um daqueles remistas desconhecidos e apaixonados que, diante do orçamento familiar apertado, dava um jeito de comprar os ingressos para nos levar desde crianças para ver o jogo do Remo.

Lembro que chegando nas proximidade do estádio (Baenão, Mangueirão ou aonde fosse) alternava quem ia um tempo pendurado no seu cangote e quem ia segurando com toda a força a barra da sua camisa para não se perder no meio da multidão. Já no intervalo do primeiro para o segundo tempo, era “sagrado” o senhor comprar para cada um de nós uma rosquinha amarela, daquela impossível mentir que comeu, vistos os farelos que se espalhavam pelo rosto e pela roupa da garotada, e uma laranjinha, que não passava de um saquinho de gelo com corantes e saborização de laranja (o mais apreciado e daí ter dado o nome ao produto), uva, tutti-frutti ou coco. Pai, o senhor não permitia a gente perceber o sacrifício das moedas juntadas. Talvez, se a gente soubesse, aceitaria somente assistir o nosso Remo sem precisar gastar com nada mais. 

Hoje somos nós, filhos e filhas, que levamos nossa prole. Pois o que faz o Remo ser grande, além das suas conquistas esportivas, é a reunião das pessoas anônimas apaixonadas pelo clube e que na medida de suas possibilidades nunca deixaram de contribuir (mesmo que seja com pouco) e acreditar (mesmo que seja de modo desarrazoado), assim, repito, igual ao senhor.

Por isso, na minha escalação lendária, ladeado de tantas mulheres e homens que fazem o Clube do Remo ter a importância que tem, orgulhoso escrevo o seu nome em letras garrafais: PEDRO DE CASTRO VILHENA.

Receba, aí no céu nosso muito obrigado. O Remo subiu!

Com amor e admiração, do seu filho Tony Vilhena. 

Obs: 22 de dezembro de 2025, marca 4° ano de seu falecimento. Ele foi radialista durante mais de 40 anos, atuando na Rádio Liberal e Marajoara, sempre secretariando o programa do Diplomata do Rádio, Costa Filho Show.

(*) Tony Vilhena é professor e cientista político

Foto: Tiago Gomes/O Liberal

Roger Aguilera renuncia à presidência do PSC

Em carta (abaixo, na íntegra) dirigida à torcida do Paysandu, na tarde desta segunda-feira (22), o presidente Roger Aguilera comunicou sua renúncia ao cargo.

À imensa Nação Bicolor e aos Poderes do Clube

Prezados Senhores (as),

A história da minha família no Estado do Pará sempre esteve ligada de forma umbilical ao Paysandu. Meu avô e meu pai são pessoas que sempre viveram e contribuíram com o nosso clube. Comigo não foi diferente. Há 25 anos estou envolvido de forma voluntária na administração, sem qualquer remuneração. Nesse tempo, tive a oportunidade de vivenciar muitas conquistas e alegrias que sempre levarei em meu coração.

Com esse ânimo, aceitei o desafio de ser o Presidente da nossa Instituição, mesmo sabendo dos desafios financeiros que hoje impedem o Paysandu de chegar ao lugar que ele mereceria estar.

Dediquei-me de corpo e alma, abdiquei da minha família, da minha saúde e das minhas atividades profissionais para estar no Paysandu. E, apesar desse esforço, não conseguimos atingir os objetivos almejados. Lamento por isso e levarei no meu peito essa dor, podem ter certeza.

Diante desse contexto e para possibilitar um 2026 de total renovação, a ser empreendida pelos meus pares que certamente compreenderão minhas razões e terão a possibilidade de dar continuidade nas mudanças que se fazem necessárias, é que venho, por meio desta, de forma respeitosa e irrevogável, apresentar minha renúncia ao cargo de Presidente do Paysandu Sport Club, cargo que exerço até a presente data.

A minha decisão foi tomada após cuidadosa reflexão, motivada por razões de ordem pessoal, que me impedem de continuar dedicando ao Clube o tempo e a atenção que o cargo exige.

Agradeço a todos os membros da Diretoria, do Conselho, colaboradores, atletas e, especialmente, à apaixonada torcida bicolor pela confiança, apoio e parceria durante o período em que estive à frente desta honrosa Instituição.

Desejo pleno sucesso à nova gestão e reafirmo minha confiança no futuro do Paysandu Sport Club, certo de que continuará honrando sua história e tradição no cenário esportivo nacional.

Deixo o registro de que continuarei colaborando com o Clube, mesmo sem cargo formal, afinal, sou apayxonado torcedor do Paysandu.

Aproveito a oportunidade para saudar todos os bicolores e desejar um Natal de união e um Novo Ano repleto de novas vitórias.

Atenciosamente,

Belém, 22/12/2025.

Roger Alberto Mendes Aguilera – presidente do PSC

Uma corrida contra o tempo

POR GERSON NOGUEIRA

O ano regular do futebol brasileiro se encerrou oficialmente ontem, com a final da Copa do Brasil, mas os clubes estão em plena movimentação para formar elencos para a temporada 2026. É o caso do Remo, que está a 36 dias da aguardada estreia no Brasileiro da Primeira Divisão.  

Depois de anunciar o técnico colombiano Juan Carlos Osório para comandar o projeto da Série A, o Remo deve anunciar reforços nos próximos dias, já com o aval do novo treinador. Por enquanto, só o atacante Alef Manga foi confirmado como reforço.

A torcida deve se preparar para o surgimento de nomes de atletas do futebol sul-americano, indicados por Osório, que devem estar entre as prioridades do clube. Além do custo menor em relação ao inflacionado mercado brasileiro, são peças que se adequam ao perfil do técnico.

A carreira de Osório mostra que ele tem ideias muito específicas sobre a maneira de jogar. Cobra postura posicional, explora os corredores laterais e o controle da posse de bola. Aprecia o rodízio nas escalações e elege um ou dois jogadores como responsáveis pela organização do time em campo.

Efeito imediato da contratação de Osório, um técnico de nível internacional, que disputou Copa do Mundo e grandes torneios de clubes, é a opção pela pré-temporada no CT do Retrô, na região metropolitana do Recife (PE). Um passo típico de quem incorporou o espírito da Primeira Divisão.  

Nos contra-ataques, Corinthians garante a taça

Com um gol ainda no 1º tempo, explorando a barafunda defensiva do Vasco, o Corinthians começou a garantir a conquista da Copa do Brasil 2025. Yuri Alberto foi lançado entre os zagueiros, dominou sem sofrer combate e tocou na saída do goleiro Léo Jardim.

Apesar disso, o Vasco encontrou forças para empatar ainda na etapa inicial, em belo cruzamento para o cabeceio de Nuno Miranda. O problema é que o jogo era disputado em ritmo confuso, sujeito a constantes erros de passe. Foi assim que o Corinthians fez 2 a 1 já no 2º tempo.

Memphis Depay aproveitou bola rasante da direita e tocou para as redes. Gol com a assinatura de um jogador que se consolida como decisivo para o Corinthians. Os 20 minutos finais foram cruéis com a vibrante torcida vascaína, vendo o time insistir sem sucesso por um novo empate.  

Sobrou raça e vibração, mas faltou inspiração, até para o bom Rayan. Sem iniciativas criativas, a pressão do Vasco limitou-se ao jogo aéreo, sempre rechaçado pela alta zaga corintiana. No fim, o triunfo premiou o pragmatismo no embate entre dois times extremamente limitados.

Homenagem especial a um grande azulino

O professor Tony Vilhena, leitor assíduo deste espaço, envia um texto para publicação em homenagem ao pai dele, já falecido, torcedor do Clube do Remo. Pediu para que fosse publicado exatamente hoje, no dia 22 de dezembro, data do 4º ano de falecimento do ‘seu’ Pedro Vilhena:

PARA UM PAI REMISTA (in memoriam)

“Na história, tudo parece contra o Remo. A CBF e suas injustiças com o futebol do Norte, a imprensa do resto do Brasil que despreza os feitos do clube e a beleza da torcida Fenômeno Azul. Os times do eixo sul-sudeste que acham desgastante jogar aqui esquecem que pelo critério distância o Remo é o mais prejudicado de todos (para jogar o Brasileirão o clube viajará a distância de mais de duas voltas completas na terra).

Nesse espírito, a torcida do Remo o reergueu, junto a remistas sérios que assumiram a direção e juntaram profissionais de apoio e atletas num projeto audacioso, mas realista. Chegar no domingo, 23 de novembro de 2025, fazer 3 a 1 no Goiás e garantir o tão sonhado acesso à Série A foi consequência desse trabalho competente, árduo e coletivo. Virou história. E é aqui neste feito, Pai, que eu só pensava que o senhor também faz parte desta história. (…)

Lembro que chegando nas proximidades do estádio (Baenão, Mangueirão ou aonde fosse) alternava quem ia um tempo pendurado no seu cangote e quem ia segurando com toda a força a barra da sua camisa para não se perder no meio da multidão. Já no intervalo do primeiro para o segundo tempo, era ‘sagrado’ o senhor comprar para cada um de nós uma rosquinha amarela, daquela impossível de mentir que comeu, vistos os farelos espalhados pelo rosto e pela roupa da garotada, e uma laranjinha, que não passava de um saquinho de gelo com corantes e saborização de laranja (o mais apreciado e daí ter dado o nome ao produto), uva, tutti-frutti ou coco. Pai, o senhor não permitia a gente perceber o sacrifício das moedas juntadas. Talvez, se a gente soubesse, aceitaria somente assistir o nosso Remo sem precisar gastar com nada mais.

Hoje somos nós, filhos e filhas, que levamos nossa prole. Pois o que faz o Remo ser grande, além das suas conquistas esportivas, é a reunião das pessoas anônimas apaixonadas e que na medida de suas possibilidades nunca deixaram de contribuir (mesmo que seja com pouco) e acreditar (mesmo que de modo desarrazoado), assim, repito, igual ao senhor.

Por isso, na minha escalação lendária, ladeado de tantas mulheres e homens que fazem o Clube do Remo ter a importância que tem, orgulhoso escrevo o seu nome em letras garrafais: PEDRO DE CASTRO VILHENA. Receba, aí no céu nosso muito obrigado. O Remo subiu!

Com amor e admiração, do seu filho Tony Vilhena.”

(Pedro Vilhena foi radialista por mais de 40 anos, atuando nas Rádios Liberal e Marajoara, sempre secretariando o programa de Costa Filho, o “Diplomata do Rádio”).

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 22)

O projeto Caracu

Por Aldo Valente (*)

É difícil aceitar como normal o rebaixamento absolutamente vexatório do PSC para a Série C 2026. Mais difícil ainda é a blindagem que parte da imprensa promoveu em torno da incompetência do presidente Roger Aguillera. O sobrenome desta família é inquestionável, pois o avô e o pai promoveram grandes momentos na história bicolor.

Mas há um provérbio japonês que diz: pai rico, filho nobre e neto pobre. Aqui cabe perfeitamente o provérbio, e sobra para o Roger a carapaça de pobre, não financeiramente, mas de espírito, de iniciativa e de competência. Na sua administração sobrou a soberba, a desordem, o despreparo e o fracasso.

Depois que o barco afundou ele se escondeu e passou o controle da barca furada para uma comissão com alguma história no clube, porém deixa o clube falido, sem recursos e a cada semana chega uma cobrança judicial de milhões em dívidas trabalhistas. Será que a família Aguillera vai colocar a mão no bolso para pagar as dívidas do clube? Ou vamos arcar com o prejuízo da vaidade deste rapaz?

O Alberto Maia vem nas redes sociais e apela para o sentimento da torcida bicolor e começa até bem, traz um executivo conceituado, treinador e comissão técnica que dá para o gasto. E no sábado (13) chama a torcida para conversar, mostrar a nova camisa e mais blá blá blá. E num passe de mágica me aparece com a camisa de 2016! Pasmem!!

Camisa antiga num arranjo típico de um fundo novo de lata velha e acha que teve a ideia mais genial do mundo. E, para completar, com um preço de R$ 439,00. Isso é um desrespeito, uma afronta ao torcedor bicolor.

Fosse solidário e quisesse trazer a torcida para apoiar o clube, a ideia da camisa antiga não seria de todo ruim, mas que convencesse que era a camisa que iniciou a marca Logo e trouxe grandes conquistas, e acima de tudo colocasse um preço acessível, da mesma maneira que o Marcelo Sant’Ana fez no Bahia quando foi presidente. O Bahia deu uma arrancada, vendeu milhões de camisas e a torcida abraçou o clube.

Aqui o torcedor bicolor lanterna da Série B, rebaixado vergonhosamente e ainda assim o 4º melhor em público e renda, superando inclusive alguns clubes da A. Agora no fundo do poço o torcedor é chamado para ajudar no projeto de reconstrução, um típico projeto Caracu, em que os caras de pau entram com a cara e a desfaçatez e o torcedor entra com o resto.

Presidente Roger, se ainda lhe resta vergonha e dignidade, pague as dívidas que contraiu no clube e renuncie. E a nova comissão que trate os torcedores com mais respeito.

(*) Aldo Valente é pesquisador do Instituto Evandro Chagas e sócio do PSC.

(Foto: Cristino Martins/O Liberal)

Balanço da Alepa mostra crescimento da produção legislativa e avanços do modelo itinerante

O presidente da Assembleia Legislativa do Pará reuniu a imprensa para apresentar dados do desempenho parlamentar em 2025 e comentar mudanças que impactaram o funcionamento da Casa, na manhã desta sexta-feira, 19, durante café da manhã institucional realizado na sede do parlamento, em Belém, para apresentar um balanço das atividades legislativas e discutir perspectivas para o próximo ano. O encontro teve como foco a prestação de contas da Mesa Diretora e a abertura de um espaço de diálogo com a imprensa sobre o funcionamento do Poder Legislativo estadual.

Ao apresentar os números da produção legislativa de 2025, Chicão destacou o volume de matérias analisadas e aprovadas pela Casa. Ao longo do ano, a Alepa realizou 58 sessões, entre ordinárias, extraordinárias e preparatórias, com 2.832 proposições apresentadas e um índice geral de aproveitamento de 98,85%.

Foram 1.169 projetos apresentados, com 720 aprovados, além de 1.062 moções, das quais 1.044 foram deferidas, e 601 requerimentos, com 567 aprovados. Para o deputado líder do Poder Legislativo, os números refletem mudanças no ritmo e na organização dos trabalhos. “Esses dados mostram que a Assembleia tem funcionado de forma mais eficiente e com maior compromisso com a pauta que chega ao plenário”, avaliou.

Chicão também explicou que alterações administrativas e regimentais contribuíram para esse desempenho, especialmente o modelo de sessões que seguem até o esgotamento da pauta. “Hoje não existe mais aquela lógica de empurrar matéria para depois. A pauta é resolvida, e isso muda completamente o rendimento”, afirmou.

O presidente lembrou ainda que, apesar das adaptações ocorridas após a pandemia da Covid-19, a Alepa manteve a exigência de sessões presenciais, como forma de garantir responsabilidade institucional.

“A presença do deputado aqui é essencial. O mandato se exerce no plenário, com debate, voto e participação efetiva”, disse. Ao final do encontro, Chicão reforçou que a proposta é manter uma relação permanente de diálogo com a imprensa e com a sociedade. “Quanto mais transparente for o Parlamento, mais confiança a população vai ter no trabalho que é feito aqui dentro”, garantiu.

Momento de perguntas e respostas

Durante a conversa com os jornalistas, Chicão foi questionado sobre a experiência do projeto Alepa Itinerante, que em 2025 levou as sessões de votação de projetos a cinco diferentes regiões do Pará, e destacou que a iniciativa permitiu uma aproximação real entre o Parlamento e as diferentes áreas do Estado.

“Essa interação foi muito positiva. A audiência pública fez com que os deputados se aproximassem da realidade dessas regiões, muitas vezes desconhecidas até por quem é votado nelas”, afirmou. O presidente ressaltou que a ação também possibilitou que parlamentares conhecessem de perto grandes projetos e demandas estruturais do interior do Pará. 

O presidente adiantou ainda que há uma proposta para incluir a assembleia itinerante no regimento interno da Casa, garantindo que a iniciativa se torne uma obrigação para futuras gestões.

Questionado sobre a possibilidade de continuidade do projeto em 2026, Chicão confirmou a intenção de realizar novas edições, mesmo sendo um ano eleitoral. “Nós vamos fazer sim algumas assembleias itinerantes no próximo ano. O planejamento é realizar pelo menos quatro ou cinco, em diferentes regiões do Estado”, disse, explicando que a escolha dos municípios leva em conta critérios como infraestrutura, capacidade logística e papel regional como polos. 

Outro ponto abordado foi a participação da Alepa na COP30. Chicão avaliou como histórica a presença do Parlamento paraense no evento internacional e destacou o protagonismo institucional alcançado. “Foi extremamente produtivo para o Poder Legislativo. Se não me falha a memória, foi o primeiro espaço de um Parlamento estadual em uma COP”, afirmou. O estande da Alepa foi aberto não apenas para deputados, mas também para prefeitos, entidades e diversos segmentos da sociedade, com cerca de 60 painéis temáticos realizados.

Nesse contexto, Chicão também ressaltou a realização, em Belém, de um encontro internacional com parlamentares de aproximadamente 49 países, coordenado pelo Congresso Nacional. “A visibilidade que o Pará ganhou com esse evento não se conseguiria em uma situação normal nem em 20 anos”, comentou.

Durante o debate, Chicão também foi questionado sobre o sentimento de pertencimento da população do interior e antigos discursos separatistas. Para ele, esse tipo de pauta perdeu força nos últimos anos, em parte graças à maior presença institucional do Legislativo. “Essa aproximação fortalece o sentimento de pertencimento. Quando a Assembleia vai até as regiões, a população passa a se sentir parte do Estado”, afirmou.

Como exemplo, citou a sessão itinerante em Altamira, onde demandas da área da saúde resultaram, em curto prazo, em articulação com o Governo do Estado. “Em uma semana, conseguimos encaminhar soluções que talvez demorassem muito mais tempo sem essa interlocução”, disse.

Ao ser provocado sobre o impacto do ano eleitoral de 2026 na produtividade da Casa, Chicão afirmou que não vê motivo para preocupação. Ele lembrou que, em 2025, apenas uma sessão foi encerrada por falta de quórum, ocasião em que determinou o desconto nos vencimentos dos deputados ausentes.

“Não tem lógica ter sessão e deputado não dar quórum. Independentemente de eleição, a responsabilidade com a população continua”, afirmou, acrescentando que a medida reforçou a presença parlamentar nas sessões seguintes.

Entre outros temas, o presidente falou sobre o projeto de adoção e revitalização da praça Dom Pedro II, em frente à Alepa, hoje marcada por insegurança e degradação. Chicão relatou entraves burocráticos e técnicos, e demonstrou indignação com a situação atual.

“Não me conforta ver essa realidade. Não é possível o poder público fechar os olhos para isso”, disse, afirmando que espera avançar no projeto em parceria com a prefeitura de Belém a partir de 2026. Ele também confirmou que o projeto da nova sede da Assembleia segue em andamento, com adequações ambientais para evitar a derrubada de árvores.

O presidente respondeu ainda sobre ações voltadas ao Marajó, destacando a criação recente da Frente Parlamentar da região. “O Marajó precisa ser olhado de uma maneira diferente”, afirmou.

Por fim, ao tratar do enfrentamento à violência contra a mulher, Chicão destacou a parceria recente de Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com a Universidade Federal do Pará (UFPA) para estabelecer parceria entre a Procuradoria Especial da Mulher da Alepa e projetos da Universidade, no intuito de promover ações conjuntas voltadas à equidade de gênero, e ainda a consolidação da Campanha do Laço Branco.

“A conscientização é fundamental, porque muitas mulheres ainda não percebem a violência que sofrem como algo denunciável”, concluiu.

Remo aposta alto em Manga

POR GERSON NOGUEIRA

Ousadia parece ser a palavra do momento no Remo. O clube confirmou na sexta-feira o seu primeiro reforço para 2026: Alef Manga, 31 anos, passagem apagada pelo Avaí na Série B 2025 e imagem arranhada pelo envolvimento no esquema de apostas esportivas, que causou uma suspensão de um ano, estendida ao futebol internacional. A rigor, o atacante parecia marchar para um final de carreira em declínio.  

O Remo resolveu apostar em Alef Manga. A chance que o clube proporciona ao jogador, com visibilidade nacional na Série A, não é pouca coisa. Espera-se que o atacante dedique ao clube o esforço necessário para resgatar seus melhores momentos na carreira.

Pelo começo promissor, era jogador com toda pinta de que iria longe. Despontou no Volta Redonda, chamando atenção de vários clubes pelo futebol agressivo e a facilidade para finalizações em velocidade.

Teve ótima passagem pelo Goiás e foi bem com a camisa do Coritiba. Veio a suspensão de 360 dias em 2023, após Manga confessar participação em esquema de manipulação de resultados.

No retorno aos gramados pelo Avaí, em 2025, Manga disputou 31 partidas (1.636 minutos jogados, média de 61 minutos por jogo) e marcou quatro gols na campanha vitoriosa pelo título catarinense. Na Série B, porém, perdeu a titularidade e terminou em baixa.

O interesse do Remo causou estranheza após a fraca participação de Manga no Brasileiro, mas um fator contribuiu para a contratação: o executivo Marcos Braz e os dirigentes do clube comparam a situação de Manga com a de Pedro Rocha, que também vinha de uma passagem discreta pelo Criciúma quando chegou ao Leão no começo do ano.

Rocha tornou-se artilheiro da Série B, com 15 gols marcados, e peça exponencial na campanha que levou ao acesso do Remo à Primeira Divisão. Cabe destacar que Manga nunca mostrou o mesmo nível técnico de Rocha, apesar de atuar também pelo lado esquerdo do ataque.

Outro diferencial está na dedicação aos treinos e no respeito às metas estabelecidas. Pedro Rocha mostrou-se um atleta no sentido puro do termo, entregando-se à preparação e buscando atingir o melhor condicionamento. Quando isso ocorreu, virou o goleador que o Remo precisava.

Alef Manga terá que provar que seu comprometimento com o Remo vai além das palavras bíblicas e motivacionais que tem usado nas redes sociais. Além da desconfiança natural que cerca um jogador punido por participar do esquema de apostas, ele terá que enfrentar as cobranças da torcida.

Por outro lado, o clube aproveitou a ocasião para fechar um negócio financeiramente vantajoso com um atacante que interessava a clubes da Série B. Por enquanto, porém, a contratação é uma aposta de risco.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração a partir das 22h, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, os preparativos da dupla Re-Pa para as primeiras competições de 2026. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Papão enfrenta o desafio das dívidas trabalhistas

Sete jogadores levaram o PSC aos tribunais, cobrando acordos não cumpridos, salários atrasados e gratificações diversas. O montante das ações supera a casa dos R$ 12 milhões. O efeito imediato disso foi a interrupção da agenda positiva que a diretoria vinha conseguindo construir desde que o time foi rebaixado à Série C, com a contratação do executivo Marcelo Sant’Ana e do técnico Júnior Rocha.

A apresentação da camisa comemorativa ao 10º aniversário da marca Lobo, com direito a show na Curuzu, no sábado passado, foi eclipsada pelas notícias que estouraram ao longo desta semana, com destaque para as cobranças de Leandro Villela (R$ 4 milhões) e Rossi (R$ 5,1 milhões).

Não há esforço de marketing capaz de superar a exposição pública de dívidas com jogadores, que expõem o caos financeiro do clube. O efeito paralelo é a imagem negativa que passa a envolver o PSC justo no momento em que novos reforços são buscados.

Na final da Copa, dois vascaínos em destaque

Na decisão da Copa do Brasil neste domingo (21), no Maracanã, entre Vasco e Corinthians, dois jogadores despertam elogios gerais: o goleiro Léo Jardim, peça fundamental pelo desempenho nas decisões por pênaltis, e o jovem atacante Rayan, cria da base cruzmaltina e grande revelação de artilheiro – valorizado com multa estabelecida de R$ 500 milhões.

São os destaques individuais do time de Fernando Diniz, superando o experiente Philippe Coutinho, meia-armador e ídolo da torcida. Jardim e Rayan são as principais armas do Vasco e os maiores expoentes da própria Copa do Brasil. Sem levantar um título nacional há 24 anos, a empolgação em torno do Almirante cativa grande parte da torcida brasileira.   

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 20/21)

Entre a ousadia e o risco

POR GERSON NOGUEIRA

De forma surpreendente, o Remo anunciou ontem a contratação de Juan Carlos Osório, técnico colombiano de larga experiência internacional e currículo respeitável. Um profissional da primeira prateleira, à altura do desafio representado pela Primeira Divisão brasileira – e que não estava em nenhuma lista de especulados nas últimas semanas.

A demorada expectativa pelo novo técnico vinha angustiando a torcida, que passou rapidamente da euforia com a conquista do acesso a um sentimento de preocupação com o futuro. Pode-se dizer que a espera valeu a pena.

Depois de conviver com a possibilidade de contratar Cuca, Palermo, Tiago Nunes, Eduardo Batista ou Léo Condé, nomes cogitados desde que Guto Ferreira foi descartado, a diretoria do Remo concentrou esforços no mercado externo e rapidamente fechou acordo com Osório, sem permitir o vazamento das negociações, como ocorreu com Cuca e Palermo.

O último clube do colombiano foi o Tijuana, do México, onde não chegou a ganhar destaque, no período de 2024 a 2025. Acumulou 35 jogos, obtendo 14 vitórias. Antes, havia passado pelo Atlético-PR (11 partidas).

Osório treinou também o Zamalek, do Egito, por duas temporadas. Em seu país, dirigiu o América de Cáli e o Atlético Nacional. Comandou a seleção do México de 2015 a 2018, cumprindo o ciclo na Copa do Mundo de 2018 quando conseguiu classificar a equipe à segunda fase do torneio.

A experiência com a seleção mexicana é um dos pontos mais destacados do currículo de Osório, carimbando a condição de técnico de alto nível e experiência em Copa do Mundo. O trabalho seguinte foi com a seleção do Paraguai, em passagem relâmpago, com apenas um jogo realizado.

O Brasil conheceu Osório pelo trabalho no S. Paulo, em 2015. Ficou por cinco meses, tempo suficiente para adquirir a fama de técnico inventivo e obcecado por variações táticas e controle da posse de bola. Seus times costumam ter, de fato, mais de 11 titulares. Será uma ruptura na cultura regional, que valoriza times que têm titulares bem definidos. Como se sabe, o torcedor gosta de ter a escalação na ponta da língua.

O fato é que, apesar do risco embutido na contratação, o Remo teve a ousadia de adotar um novo patamar dentro de uma visão moderna da realidade do negócio futebol. Além disso, aproveita para posicionar a marca do clube no mercado internacional.  

Rossi x PSC: confirmação de um divórcio inevitável

Acabou em divórcio, aparentemente litigioso, o casamento entre Paysandu e Rossi. É uma espécie de crônica da tragédia anunciada. A baixa produtividade do jogador, que esteve em campo apenas 15 vezes na Série B, coincidiu com a horrorosa campanha do time no Brasileiro.

Principal astro da equipe e candidato a ídolo da Fiel, Rossi só mostrou eficiência e apetite competitivo no Campeonato Paraense e na Copa Verde, mesmo sem participar de todos os jogos. Apesar disso, continuou a merecer a confiança da diretoria e o carinho dos torcedores.

O problema se desenhou de fato na Série B, quando todos esperavam que ele seria o líder do time em campo. As lesões e problemas físicos impediram que tivesse uma sequência, o que gerou críticas nem tão veladas dentro do elenco e a insatisfação crescente da Fiel.

No momento mais agudo do Brasileiro, quando o time se lançou a um último esforço para tentar escapar do rebaixamento, a ausência de Rossi ganhou contornos ainda mais graves.    

Depois da queda, o clube começou a buscar meios de negociar um acordo de rescisão com o jogador. Tudo parecia encaminhado, mas ontem surgiu a notícia bombástica: Rossi entrou com ação na Justiça Trabalhista, cobrando indenização de R$ 5,1 milhão por atraso de salários e direito de imagens, além de outras alegações contra o PSC.  

Desse modo, ele segue o caminho aberto por Leandro Villela, que também acionou o PSC na Justiça, reivindicando R$ 4 milhões. É uma situação que conflita, aos olhos do torcedor, com as emocionadas juras de amor eterno na apresentação do atleta. Coisas do mundo da bola, onde as paixões normalmente são fugidias.

Domingo pode marcar a consagração vascaína

Do inferno ao céu em apenas quatro jogos. Assim pode terminar a temporada para o Vasco, cuja campanha no Brasileiro foi pouco mais que sofrível. Mas, desde 2011, quando ganhou a sua primeira Copa do Brasil, o Vasco não tinha motivos tão fortes para acreditar em nova conquista.

A partida de anteontem, em Itaquera, mostrou um Vasco operário, disputando todos os quadrantes do campo, disposto a tudo para assegurar um empate sem gols, mas com sabor de vitória.

É verdade que o time não é absolutamente confiável. Alterna bons e maus momentos dentro de um jogo, o que deixa a torcida em constante suspense, mas as quatro partidas – da semifinal e da final da Copa do Brasil – podem fazer total diferença no balanço da temporada.

Após superar o favorito Fluminense, o Vasco de Rayan, Léo Jardim e Fernando Diniz marcha para derrotar o Corinthians de Dorival e Depay neste domingo (18h), no Maracanã. A energia de um time com fome de vitórias nunca pode ser subestimada.   

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 19)

Remo anuncia Osório, uma aposta surpreendente para a Série A

Terminou a novela: de volta à Série A após mais de três décadas e a 40 dias da estreia, o Remo finalmente anunciou na manhã desta quinta-feira (18) o nome de seu novo treinador: é o colombiano Juan Carlos Osório. Ele vai assumir o time azulino após a saída de Guto Ferreira, que comandou a empolgante campanha na reta final da Série B, conquistando o acesso à Primeira Divisão.

Aos 64 anos, ‘El Profe’, como Osório é conhecido, volta a trabalhar no futebol brasileiro após passagens discretas por São Paulo (2015) e Athletico Paranaense (2024), onde ficou por apenas dois meses. O seu principal trabalho aconteceu entre 2012 e 2015 no Atlético Nacional (Colômbia), quando conquistou seis títulos nacionais.

A trajetória de Osório inclui, além das passagens pelo Athletico-PR e São Paulo, o mexicano Tijuana, seu último clube. Sua contratação causou surpresa nos meios esportivos, em função da ausência de trabalhos vitoriosos nos últimos anos e a decepcionante experiência no Furacão, onde ficou por apenas 12 jogos.

No São Paulo, sua passagem é mais lembrada pelos bilhetinhos que mandava aos jogadores durante as partidas, variando o uso de canetas azuis e vermelhas.

No Remo, que perdeu mais de três semanas negociando com vários técnicos – Guto Ferreira, Cuca, Tiago Nunes, Léo Condé e Martín Palermo, dentre outros -, a contratação de Osório é avaliada como uma aposta do executivo Marcos Braz, que deixou claro que buscava “um nome de impacto”. Foi de Braz também a desastrosa escolha de Antônio Oliveira na Série B.

Profissional conhecido no continente, com passagem pela Seleção do México (Copa de 2018), Osório tem larga experiência no futebol latino-americano e currículo consistente.