À altura dos velhos tempos

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Por Gerson Nogueira

Aconteceu quase tudo o que faz parte do arsenal de emoções do grande clássico. Lances empolgantes, marcações polêmicas, sururu e festa, muita festa. O último item por conta dos azulinos, que esperavam desde 2012 por um triunfo dentro do Campeonato Paraense. A Taça Cidade de Belém é apenas metade do torneio, mas já garante benefícios significativos. Com a conquista, o Remo já se garante na Copa do Brasil 2015 e fica muito próximo da almejada vaga à Série D deste ano.

Os saudosistas costumam gastar horas a fio recordando timaços de Remo e Paissandu de outras décadas. Para esses nostálgicos empedernidos, o futebol do passado é mais talentoso e glorioso do que o atual. Ontem à tarde, porém, mesmo aqueles que se agarram às reminiscências certamente se renderam ao grande duelo, em técnica e emoção, que remistas e bicolores proporcionaram no estádio Jornalista Edgard Proença.

É bem verdade que ficou faltando uma quantidade mais generosa de gols para tornar a festa de fato inesquecível, mas os 90 minutos foram de intensa busca pela vitória, entrega dos atletas e ataques de parte a parte, como o povo gosta.

O Remo, ansioso demais para assegurar o título do turno, começou nervoso e afrouxando a marcação em frente à área. Quando Ilaílson e Dadá acertaram o passo, foi a vez das laterais se mostrarem vulneráveis, principalmente a do lado direito, onde Héliton partia resoluto sobre Levy. A criação permanecia travada, como nos outros clássicos. Eduardo Ramos recebia poucas bolas e praticamente se omitia do duelo no setor.

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Os bicolores, mais organizados e focados, erravam pouco, mas não conseguiam acertar o pé lá na frente. Pikachu, como meia-atacante, ameaçava em arrancadas quase sempre paradas com falta, mas Lima não conseguiu disparar um chute a gol. Nas laterais, Djalma ajudava Max a conter Val Barreto, mas Bruninho sofria com a insistência maior do Remo pelo seu corredor.

Quando tudo parecia indicar que a primeira etapa terminaria premiando o esforço dos marcadores, o Remo ameaçou com duas investidas de Ratinho pela direita, lançado por Ramos. Na terceira, aos 28 minutos, aconteceu o gol. Ratinho entrou na área e, quando se preparava para chutar, furou espetacularmente. Para sua sorte, o zagueiro executou o passe e a bola foi direto nos pés de Val Barreto, que só teve trabalho de escorar para as redes.

O Paissandu mexeu para o segundo tempo, indicando a insatisfação de Mazola Junior com a produção do time. Lineker e Vânderson foram substituídos por Rodrigo Moraes e Dênis. A mudança surtiu o efeito desejado e a equipe ganhou em ofensividade.

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No Remo, Zé Soares já havia entrado no lugar de Ratinho e perdeu uma chance preciosa aos 10 minutos. Recebeu livre, mas chutou à direita do gol de Mateus. O jogo forte no meio-campo continuava, com pouco talento, mas muita disposição dos dois lados.

Aos 30, em cobrança de escanteio, Zé Antonio desviou no meio do caminho e enganou o goleiro Fabiano. O empate do Papão tornou o jogo eletrizante nos 15 minutos finais. No lance seguinte, Fabiano evitou o gol saindo aos pés de Lima. Com Carlinho Rech improvisado de volante e Rubran na zaga depois da saída de Ilaílson, o Remo acusou o golpe, atrapalhando-se muito na saída de bola.

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Em contrapartida, Bruninho, Djalma, Rodrigo Moraes e Dênis tocavam a bola, invertiam posicionamento e abriam espaço na intermediária remista para a entrada de Lima. Foi assim que o atacante invadiu a área e foi tocado por Dadá. O árbitro Wilson Seneme não deu o pênalti.

O Remo aos poucos foi se posicionando melhor, botando os nervos no lugar e armando contragolpes. Aos 40 minutos, Zé Soares teve outra grande chance, mas chutou por cima. Em outra investida, levou um pontapé de Lacerda, que acabou expulso. A grande vibração da torcida azulina embalou o time nos minutos finais e ajudou a sustentar o empate no clássico mais equilibrado da temporada.

Cumpriu-se, com dificuldade além do esperado, a primeira parte do projeto remista de recuperação. Um bom passo foi dado, mas os principais reforços do time ficaram devendo. No fim das contas, quem segurou as pontas foi a prata da casa e remanescentes de 2013. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola) 

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A seleção da primeira metade

Depois da conquista azulina, a seleção do primeiro turno fica assim escalada: Fabiano (CR); Magno (PFC), Max (CR), Charles (PSC) e Alex Ruan (CR); Diogo Carioca (PFC), Dadá (CR), Djalma (PSC) e Eduardo Ramos (CR); Lima (PSC) e Aleílson (PFC). Ramos entra por exclusão, diante da inexistência de outro meia-armador de ofício nos outros clubes.

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A volta do duelo Pará-Amazonas

A semana promete novas emoções às duas grandes torcidas. Pela Copa Verde, um duelo com os representantes amazonenses: o Paissandu encara o Princesa do Solimões na quarta e o Remo pega o Nacional. O Papão pode ser considerado favorito destacado, mas no confronto dos leões nortistas reina certo equilíbrio. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO, edição de segunda-feira, 24)

Tarde de decisão e emoção no Mangueirão

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Campeonato Paraense 2014 - Remo x Paysandu

Campeonato Paraense 2014 - Remo x Paysandu

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(Fotos: ANTONIO CÍCERO-DANIEL COSTA/Diário)

Leão campeão da Taça Cidade de Belém

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O Remo conquistou o título da Taça Cidade de Belém (1º turno)  do Campeonato Paraense 2014 ao empatar, em 1 a 1, com o Paissandu, na tarde deste domingo no estádio Mangueirão. O empate garantiu também a conquista da vaga para a Copa do Brasil 2015. O resultado deixa ainda o clube muito perto da sonhada participação na Série D deste ano. O jogo foi muito equilibrado, mas o Remo atraía o Paissandu para o seu campo e explorava os lançamentos para o atacante Ratinho pela esquerda.

Na quarta tentativa, Ratinho invadiu a área e quando tentava driblar o marcador, este tocou a bola para o centro da área, onde o atacante Val Barreto se encontrava livre, com o gol escancarado. A vantagem parcial deu ainda mais tranquilidade ao Remo, que passou a controlar o jogo no meio-campo, valendo-se da forte marcação de Dadá sobre o ala Pikachu, escalado como um meia pelo técnica Mazola.  

Ainda no primeiro tempo, o Remo substituiu Ratinho por contusão. Zé Soares entrou em seu lugar, dando mais velocidade ao ataque remista. O Paissandu pressionava, mas Lima e Héliton não conseguiam criar boas jogadas de área. Quase ao final da primeira etapa, Lima escorou cruzamento e marcou o gol, mas o lance foi invalidado porque o atacante estava adiantado.

Para o segundo tempo, o Paissandu fez duas mudanças. Tirou Vânderson e Héliton, colocando Rodrigo Moraes e Dênis na equipe. A mexida tornou a equipe mais presente na área azulina. O Remo recuou para explorar o contra-ataque, mas cedia muito espaço. Mas, numa escapada de Levy pela direita, Zé Soares foi lançado e perdeu grande oportunidade. Diante do goleiro Mateus, bateu cruzado. A bola passou rente ao poste direito.

Instantes depois, veio o gol alviceleste. Em escanteio pelo lado esquerdo, a bola foi desviada na pequena área pelo volante Zé Antonio. O gol de empate, aos 30 minutos, deu sangue novo aos bicolores, que partiram para tentar a virada. Isso quase ocorreu aos 39 minutos em novo escanteio. Fabiano saiu nos pés de Lima e evitou o gol. O atacante também dividiu bola na área com Dadá, reclamou pênalti, mas o árbitro Wilson Seneme mandou seguir.

O Remo se segurou ainda mais na defesa, mas Zé Soares ainda desperdiçou grande chance para o desempate aos 43 minutos. Aos 47 minutos, o zagueiro Lacerda foi expulso depois de acertar um pontapé no atacante Zé Soares. Em seguida, um lance de bola alçada na área remista teve intervenção difícil de Fabiano em dois tempos. Na sequência, jogadores se empurraram, Eduardo Ramos foi agredido e o tempo fechou. Depois de ânimos serenados, os azulinos festejaram perante mais de 26 mil pagantes a conquista tão aguardada. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola) 

Remo x Paissandu (comentários on-line)

Campeonato Paraense – 1º turno (decisão)

Clube do Remo x Paissandu – estádio Jornalista Edgard Proença, 16h

Na Rádio Clube, Guilherme Guerreiro narra, Carlos Castilho comenta. Reportagem – Paulo Caxiado, Dinho Menezes.

Teste de fogo para cardíacos

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Por Gerson Nogueira

Tem tudo para ser o mais empolgante e tenso clássico dos últimos anos. As condições são particularmente favoráveis. O Remo é o líder na classificação geral do Campeonato Paraense e o Paissandu é o segundo colocado, ambos bem à frente dos demais times. Já fazia um bom tempo que a dupla de gigantes não se distanciava com tanta facilidade do chamado bloco intermediário.

Acima das demais razões, o principal motivo para crer num jogaço é a qualidade dos times. O Paissandu tem um conjunto bem afinado, compensando com entrosamento o que carece de talento em algumas posições. A lateral-esquerda, por exemplo, que hoje não terá o titular Aírton. Ou o meio-de-campo, onde falta um especialista na armação.

Ao mesmo tempo, o técnico Mazola Junior conta com trunfos que potencializam a força do jogo coletivo. Charles é um dos melhores zagueiros da competição. Especialista na lateral direita, Pikachu ganhou função ofensiva. Djalma será seu escudeiro e parceiro de manobras. Ricardo Capanema é o chamado carrapato, um infatigável marcador. E Lima é o artilheiro e mais destacado atacante do Parazão.

No front remista, ainda falta organização tática que garanta consistência à equipe. O jogo de quinta-feira contra o Paragominas escancarou essa fragilidade. Ao mesmo tempo, a excepcional reação final do time naquela noite evidenciou uma grande qualidade. O Remo, mais que qualquer outro time deste campeonato, tem peças de reposição no banco de reservas.

unnamed (100)A prova disso é que, quando precisou empatar e virar em cima do PFC, Charles Guerreiro lançou mão das peças de reposição. Pôs em campo Zé Soares, Athos e Leandro Cearense, conseguindo mudar o ritmo da prosa e atingir seu intento. São jogadores que por uma razão ou outra não costumam entrar jogando, mas que têm o mesmo nível dos titulares.

Além dos jogadores citados, ainda há Ratinho, que no último Re-Pa executou funções ofensivas com grande aplicação. A qualidade individual faz do elenco remista o mais respeitado da competição, não por acaso o primeiro colocado na tabela.

O drama está na parte tática, onde ainda são flagrantes as dificuldades em determinados jogos. Como não tem aproximação entre os setores e o meio-campo se embaraça quando é bem marcado, o time ainda oscila muito. Diante disso, melhor oportunidade não poderia haver para Charles calar seus críticos com uma atuação convincente do ponto de vista tático.

Apesar da expressiva vantagem do empate, o Remo tem contra si a pressão de não vencer um turno do campeonato há dois anos. Na luta para conseguir vaga na Série D, a conquista da Taça Açaí (primeiro turno) é fundamental para tranquilizar as coisas no Evandro Almeida.

Comparativamente, o Paissandu entra muito mais relaxado na decisão. E a tranquilidade pode ser grande aliada numa batalha que exige, acima de tudo, sangue frio e nervos no lugar. A conferir.

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Mais do que uma taça em jogo

Garantir vaga na Quarta Divisão não é a única coisa que move o Remo neste momento. Os investimentos caros feitos pelo clube, contratando pelo menos seis reforços de alto nível (Ramos, Athos, Max, Leandrão, Potiguar e Zé Soares), inflacionaram a contabilidade, elevando a folha salarial para patamar de Série B – cerca de R$ 550 mil.

Um eventual revés terá impacto negativo nas arrecadações, que constituem a maior receita do clube no momento. Maltratado por tantas frustrações nos últimos anos, o torcedor, que até agora proporcionou ampla vitória azulina nas arquibancadas, tende a abandonar a causa ou a reduzir o apoio.

Por essa razão, levantar a Taça Açaí adquire importância extrema para os remistas. Como é natural, a urgência e as cobranças redobram a carga sobre as cabeças de técnico e jogadores.

Ao contrário do rival, cujo ambiente só foi conturbado por mais um choque de pressão do staff de Pikachu (aparentemente solucionado), o Remo convive com entrechoques internos até agora represados graças à expectativa de vitória no primeiro turno.

Charles se mantém pela boa campanha no Parazão, mas sabe que um tropeço mais sério lhe custará o cargo. Jogadores importantes, como Eduardo Ramos e Leandrão, precisam mostrar que valem o quanto custam. A diretoria cobra resultados, a torcida exige comprometimento. Por tudo isso, os azulinos pisarão hoje no Mangueirão dispostos a vencer ou vencer. Determinação é característica obrigatória nos vitoriosos.

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Bola na Torre

O programa será festivo, com link ao vivo para acompanhar a comemoração dos campeões do turno. Guilherme Guerreiro comanda, como sempre, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. Começa à 00h15, logo depois do Pânico na Band.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 23) 

Quando a paixão invade a avenida

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O amigo Ricardo Gluck Paul, publicitário e empresário, ao lado do ex-jogador Beto, ícone do Papão dos anos 60, desfilando pelo Rancho Não Posso Me Amofiná na Aldeia Cabana. A escola jurunense festeja em seu enredo deste ano o centenário do clube alviceleste. 

O passado é uma parada…

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Gerson Conrad, Ney Matogrosso e João Ricardo. Secos & Molhados, 1974.

Enquanto isso, no país da Copa…

Por Ricardo Setti (Veja)

Oito anos com sua poderosa voz de locutor trovejando contra os desmandos do governo Lula da tribuna do Senado, em boa parte do tempo como líder do PSDB, meses a fio com críticas quase diárias à campanha eleitoral da atual presidente Dilma Rousseff, procurado com ansiedade pelas câmeras da TV Globo sempre que uma palavra da oposição precisava ser colocada no ar, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) está jogando pela janela uma imagem cuidadosamente polida.

Refiro-me ao fato de Dias ter-se ingloriamente incluído na lista de espertalhões que, a despeito de terem situação econômica privilegiada e, em muitos casos, ainda exercerem cargos públicos remunerados, aproveitam-se de brechas na Constituição de 1988 e deliciam-se mamando nos recursos dos Tesouros de seus Estados, embolsando gordas aposentadorias por terem sido governadores.

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APOSENTADORIA NA MOITA E ATRASADOS DE 20 ANOS

Dias, na moita, pediu em outubro passado uma aposentadoria que lhe rende apetitosos, magníficos 24.800 reais como ex-governador do Paraná no remotíssimo período de 1987 a 1991. Quer dizer, ele deixou o Palácio Iguaçu, no qual passou 4 anos, há duas décadas, mas quer vida boa às custas do contribuinte até morrer. Sem contar, é claro, que embolsa do Tesouro Nacional 26.700 reais mensais como senador da República.

Isso, porém, não é tudo: o senador também requereu do sofrido Tesouro do Paraná 1,6 milhão de reais de “atrasados” relativos a esses 20 anos. Estranhíssimo considerar “atrasados”, como se o governo do Paraná não houvesse pago, recursos que não recebia antes porque não solicitou. Não se sabe que cálculos foram feitos para se chegar a esse 1,6 milhão, já que, multiplicado por 20 anos — e com 13º salário –, a aposentadoria acumulada pelo senador, em valores de hoje, superaria os 6 milhões de reais.

De todo modo, o senador tucano perdeu toda a moral para fazer dos gastos públicos do governo federal seu cavalo de batalha. Não sei onde vai enfiar a cara, quando voltar a ocupar seu lugar no plenário do Senado.

O caso dos “atrasados” está sendo analisado pela Procuradoria-Geral do Estado. E a Ordem dos Advogados do Brasil pretende contestar no Supremo Tribunal todas as aposentadorias de ex-governadores — os ex-presidentes da República, diferentemente do que ocorre em quase todo o mundo, não recebem aposentadoria.