
Por Gerson Nogueira
Com o mérito de usar a velocidade e o jogo simples para superar as condições do gramado, o Remo passou pelo Paragominas e estabeleceu vantagem expressiva no cruzamento inicial da Copa Verde. Jogando em terreno lamacento, o time trocava poucos passes para chegar ao ataque, evitando passes desnecessários. O gol de Max logo aos 17 minutos facilitou as coisas, quebrando o domínio territorial que o Paragominas imprimia nas ações de meio-de-campo.
As tentativas do PFC não surtiam efeito porque Aleílson e Adelson não superavam a marcação da dupla Max e Rogélio. Aleílson, o mais avançado, perdia-se em jogadas junto à área, sem produzir nenhuma oportunidade clara. Enquanto isso, o Remo subia de produção e botava em prática seu jogo de velocidade. Marcou o segundo, aos 35 minutos (Leandro Cearense, cobrando pênalti), após boa trama de Jonathan e Tiago Potiguar, e se tranquilizou ainda mais.

Deve-se dizer que a disposição da equipe, lembrando a postura diante do Cametá, teve peso significativo nessa parte do jogo. Potiguar, Ratinho, Jonathan e Rodrigo Fernandes eram os destaques, conseguindo jogar bem apesar do campo enlameado. Sem maior pressão do Paragominas, a defesa do Remo também se saía bem.
Ratinho cumpria papel fundamental na ligação, tendo em Tiago Potiguar o principal parceiro de manobras. Com movimentação permanente, o meia-atacante voltou a se destacar. Curiosamente, ambos desfrutavam de liberdade, não sendo incomodados pela marcação do Paragominas.
Para o segundo tempo, apesar das ponderações de Charles Guerreiro sobre a necessidade de manter a concentração, o Remo afrouxou o cerco e permitiu aos poucos que o Paragominas pressionasse desde os primeiros minutos.
Veio então o único cruzamento encaixado pelo PFC na partida, propiciando, depois de rebatida de Ilaílson, que Aleílson apanhasse de rebote, descontando para os donos da casa aos 10 minutos. Sem Dadá, lesionado, e Ilaílson, expulso por jogo violento, o Remo se retraiu ainda mais, abandonando o estilo ofensivo.

A partir da metade do segundo tempo, o Paragominas tomou conta das ações e empreendeu um sufoco danado. O lance mais agudo ocorreu aos 36 minutos: o zagueiro Renan errou o bote e perdeu a chance com a bola rondando a meta remista. Depois disso, em contra-ataque rápido, Potiguar quase conseguiu ampliar, mas errou no arremate final.
Charles poupou alguns titulares, mas teve o mérito de jogar simples e objetivamente. Com isso, resultado excelente para os planos remistas nesta maratona que mistura a rodada de abertura da Copa Verde e a decisão do primeiro turno do Parazão. De quebra, o Remo derruba uma cábula em relação ao Paragominas e desanuvia o ambiente para o Re-Pa.

Queixa justa, insulto desnecessário
Reclamações contra a arbitragem são corriqueiras neste campeonato. Ontem, de novo, a diretoria do Remo voltou a contestar a atuação do árbitro, no confronto contra o Paragominas. Andrey da Silva e Silva, sob chuva, conduziu o jogo com relativa tranquilidade, mas incorreu em falhas pontuais e decisivas.
Deveria ter expulsado o goleiro Paulo Wanzeller no lance do pênalti sobre Potiguar. Deixou ainda de assinalar uma falta dupla sobre o mesmo Potiguar em jogada que se desenrolou nos instantes finais. Pode-se considerar que foi rigoroso demais na expulsão do volante Ilaílson, embora o histórico do jogador na partida já indicasse que poderia ser excluído.
No final, o presidente remista, Zeca Pirão, avisou que irá “queimar” Andrey. É o segundo árbitro nessa condição por iniciativa do Remo. O primeiro foi Joelson Cardoso, que apitou a goleada azulina sobre o Cametá. O estranho é que as queixas têm se avolumado depois de vitórias. Imagino que os dirigentes pegariam em armas em caso de derrota.
Pior do que a queixa contra a arbitragem foi o tom desrespeitoso adotado pelo presidente azulino em relação ao Paragominas, depois do jogo, em entrevista ao repórter Paulo Caxiado, da Rádio Clube. É sabido que houve hostilidade à delegação remista na cidade, como parte idiota dessa súbita rivalidade criada entre os dois clubes. Ocorre que todo dirigente deve manter o equilíbrio e o decoro, levando em conta que se trata de um vereador de Belém. Ofensa e deselegância, que podem ter o efeito de motivar ainda mais o Paragominas para o jogo de volta. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
———————————————————-
Racismo envergonha o futebol
Os torcedores de Huancayo (Peru), ao insultarem o volante Tinga durante a partida em que o Real Garcilaso local venceu o Cruzeiro, repetiram como autômatos a prática racista que torcidas ditas mais educadas, de países do chamado primeiro mundo, como Itália e Espanha, já cansaram de exibir ao mundo. Prova de que maus exemplos se propagam como fogo no mato seco e que a alma, muitas vezes, pode se apequenar, sendo capaz de nivelar homens a animais irracionais.
Uma noite triste.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 14)