Copa Verde – 1ª rodada
Paragominas x Clube do Remo – estádio Arena Verde, 20h30
Na Rádio Clube, Carlos Gaia narra, Rui Guimarães comenta. Reportagem – Paulo Caxiado. Banco de Informações – Fábio Scerni.
Com receio de que a goleada de 7 a 2 sobre o Náutico-RR na estreia da Copa Verde tenha algum tipo de influência sobre os jogadores, o técnico Mazola Junior, do Paissandu, tratou de adotar o discurso da humildade para o clássico de domingo contra o Remo pela decisão do primeiro turno do Pará. Mazola disse, no treino desta quarta-feira, que o importante agora é esquecer a empolgação pela vitória em Boa Vista e focar no Re-Pa. Charles, Bruninho e Lineker também se manifestaram, elogiando o Remo e alertando para a vantagem que o adversário terá na decisão.
Sem o volante Zé Antonio, suspenso pelo terceiro cartão amarelo, o Papão entrará em campo domingo com seis jogadores “pendurados”. Pikachu, Aírton, Vânderson, Augusto Recife, Djalma e Bruninho têm dois amarelos e correm o risco de ficar fora do segundo Re-Pa, no dia 23. Mazola não revelou ainda o time que pretende escalar, mas todos são titulares e deverão entrar jogando. Na manhã desta quinta-feira, surgiu um novo problema para o técnico: Ricardo Capanema, que se recuperava de lesão, voltou a sentir e está praticamente vetado para a decisão. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)
Quem acompanha a vida do Clube do Remo sabe que há um ex-jogador, um ídolo, que virou torcedor apaixonado pelo Leão. Ele se chama Artur Duarte de Oliveira. Sim, o Rei Artur! O ex-jogador e ex-treinador do Leão usa seu Facebook e demais canais da web para demonstrar diariamente seu amor pelo clube, postando fotos com a camisa azulina. Em semana de Re-Pa, o amor fica ainda mais explícito. Aclamado pela torcida, Artur opina sobre os jogos e compartilha seus momentos como torcedor, caso raro entre ex-atletas. “A minha passagem pelo Remo foi muito vitoriosa, nunca foi tão certa uma escolha na minha vida como ir jogar no clube. Foi a primeira vez que saí de Rio Branco, minha cidade natal, para jogar fora e acabei caindo no clube em que ganhei tudo como jogador, e como treinador a última conquista do time foi sob meu comando”, explica, em entrevista à repórter Bruna Dias, do DOL.
No clássico de domingo (16), Artur vai acompanhar à distância seu clube do coração. Mora em Rio Branco, no Acre. Mas, no jogo de volta, no dia 23, estará nas arquibancadas do Mangueirão, no meio do Fenômeno Azul. “Estarei bem perto, torcendo pelo Leão”, diz. O ex-jogador não consegue lembrar em quantos Re-Pa atuou como jogador, mas ressalta que jamais perdeu para o maior rival. “Eu, como jogador, não perdi nenhum clássico, até porque fiquei apenas dois anos. Como treinador acho que disputei cinco, mas perdi apenas um”, revela.
É possível ver no Facebook centenas de postagens de torcedores azulinos saudando Artur. Virou definitivamente Rei Artur e xodó do fenômeno azul. “O apelido começou na minha estreia no Remo, onde nós vencemos e eu fiz dois gols, e a torcida gritava ‘Ê ê ê, Artur é nosso Rei’, aí ficou. Esse foi o apelido mais carinhoso que recebi e marcou a minha carreira”.
Identificado com a torcida remista, apesar de ter defendido grandes clubes de Portugal ao longo da carreira, o Rei devolve o carinho dos torcedores. “Não me canso de falar: o Clube do Remo foi muito especial na minha vida e a torcida mais ainda, mas quando digo que os torcedores são especiais é porque são mesmo. Para jogar um Re-Pa o jogador precisa ter raça, só isso, porque quando ele entra em campo e dá de cara com a torcida maior motivação não há. Se o atleta tá 100% não serve, tem que estar 120%. Tem que ir para cima, ir na decidida com o adversário, tem que passar por cima, sem violência é claro. Tem que disputar uma bola como se fosse um prato de comida”, opinou Artur.
Artur diz ter, além do amor pelo Remo, uma gratidão imensa pelo carinho da torcida. “Essa torcida me ajudou muito como jogador, ela ajudava no meu rendimento em campo. E eu honrei muito bem esse manto, o mais lindo que já vesti. Eu tive a oportunidade de jogar no Paysandu e decidir não ir, essa escolha foi certíssima também. Não poderia de maneira alguma trair essa nação que me acolheu. Acho que minha postura e a escolha de só jogar no Leão contribuiu muito por todo o carinho e idolatria que os torcedores azulinos tem por mim”, conclui.
Dono absoluto da camisa 10, Artur brilhou como meia-atacante do Remo em 1992 e 1993, na primeira passagem. Foi jogar no futebol português, defendendo Boavista e Porto, passou pelo Vitória (BA), Botafogo e Figueirense, fazendo questão de encerrar a carreira com a camisa leonina, em 2004, sagrando-se campeão paraense.
“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é virar o opressor”.
Paulo Freire.
Por Rodrigo Vianna
Quando o presidente do STF mandou prender os condenados do “Mensalão” (só alguns, claro) no dia 15 de novembro, eu escrevi que ali se iniciava a “Operação Joaquim Barbosa”. Era um lance calculado, era uma ação clara de marketing político, um sinal mais do que evidente de que se preparava uma candidatura. De que candidatura falamos? Alguém que atue (ou finja atuar) ”por fora” dos partidos políticos, com um discurso “justiceiro”, indignado e (falsamente) moralista.
Claro que, para os setores tradicionais da oposição (FHC, PSDB, DEM), uma candidatura dessas a princípio não interessa. FHC já berrou contra. Depois, desistiu. Eles se acertam sempre, por cima. E há mais gente manobrando e articulando na oposição. O consórcio midiático, que opera sob coordenação (inclusive política) de seu núcleo mais forte instalado no Jardim Botânico, pode apostar numa terceira candidatura de oposição.
Claro que, para os setores tradicionais da oposição (FHC, PSDB, DEM), uma candidatura dessas a princípio não interessa. FHC já berrou contra. Depois, desistiu. Eles se acertam sempre, por cima. E há mais gente manobrando e articulando na oposição. O consórcio midiático, que opera sob coordenação (inclusive política) de seu núcleo mais forte instalado no Jardim Botânico, pode apostar numa terceira candidatura de oposição.
(se alguém tinha dúvidas sobre a candidatura, a decisão desta terça-feira de Barbosa – suspendendo o despacho de Lewandovski que permitia a José Dirceu ter o pedido de trabalhar fora da cadeia atendido – deixa tudo ainda mais nítido; Barbosa não perde nenhuma oportunidade de fixar-se como o anti-PT, sabe que isso vai garantir-lhe uma avenida aberta junto ao público de classe média, influenciado pela velha mídia)
Os tumultos na rua, o clima de “esfola e mata” que se vai criando em setores da classe média, e – por último – a capa da revista “Veja” (Civilização e Barbárie) apontam nesse sentido. É a pauta da “ordem”! Essa é a pauta que Joaquim Barbosa pode encampar.
Na semana passada, tive a satisfação de participar – como entrevistador – do Programa Contraponto (do Sindicato dos Bancários e do Barão de Itararé – veja aqui, na íntegra), e fiz exatamente essa pergunta ao entrevistado Franklin Martins (ex-ministro da SECOM no governo Lula, estrategista de comunicação de Dilma): “o quadro eleitoral já está definido, com Dilma, Eduardo e Aécio, ou há espaço para um quarto nome?” – foi minha indagação.
Lembrei o caso das eleições de 1960: depois de apanhar 3 vezes nas urnas, com um discurso moralista e antitrabalhista parecido com a pregação atual de PSDB-DEM-Veja-Globo, a UDN cansou e foi buscar um nome “por fora” do quadro tradicional. Janio, com seu moralismo barato, subiu na vassoura e ganhou no voto. Franklin Martins disse que não acredita numa candidatura como essa em 2014: “Salvadores da pátria só funcionam em momentos de enorme confusão econômica; foi assim em 1960 (governo JK havia terminado com inflação em alta), foi assim com Collor em 89, e foi assim com cabo Hitler eleito na Alemanha num momento de grave crise“, lembrou o ex-ministro de Lula.
Concordo, em parte, com Franklin Martins. De fato, a oposição teria chances reais se a economia naufragasse. Por isso, segue a torcida contra dos urubulinos na mídia. Mas parece que perderam essa batalha. Aécio seria o candidato para comandar a oposição num momento de crise econômica. Do lado dele, está a turma de economistas que defendem a volta do modelo tucano dos anos 90: cortes, recessão, redução do papel do Estado. Eduardo é uma candidatura mais audaciosa. E pode prosperar numa situação como a atual: a economia não naufraga mas anda de lado. Eduardo reconheceria os avanços sociais de um governo do qual fez parte, mas propondo ajustes.
O problema é que: Eduardo tem um discurso mais coerente para o momento atual, só que não tem palanques regionais; já Aécio tem palanques regionais, mas parece “falar para o passado” – como diz Franklin. Os dois sozinhos não seriam sequer capazes de levar a eleição ao segundo turno. Seria ingênuo imaginar que a oposição (midiática, e que opera em clara parceria com atores internacionais) vai assistir do sofá o lulismo ganhar pela quarta vez. E ainda mais com vitória no primeiro turno. Não. Eles vão para o tudo ou nada.
Prepara-se no país a pauta do “caos”, para que desse caldo de cultura prospere uma candidatura da “ordem”. Militantes experientes, lideranças sindicais e atores políticos com a bagagem de Franklin Martins seguem a apostar que Joaquim Barbosa não será candidato. “Não faria sentido, ele se exporia demais”, disse-me um velho conhecedor da política. Pois, há pelo menos 3 meses, aposto no sentido contrário. Joaquim Barbosa é o tipo do ator que não age pela lógica convencional. Se o fizesse, ficaria quieto no STF. Lula, pelo visto, já percebeu que é preciso tirar Barbosa da toca. Agora.
Barbosa, tenho insistido desde novembro, pode sair do STF entre abril e maio, dizendo que já cumpriu sua missão moralizadora, e oferecendo seus serviços para os “brasileiros cansados da corrupção e da desordem”. Barbosa terá que se filiar a um partido logo em maio ou junho – mas poderá depois avaliar, esperar, analisar o quadro que brotará das ruas no pós Copa do Mundo. Se as manifestações (por motivos muitas vezes justos, diga-se) forem infladas a ponto de criarem um clima de ”desordem” e “anomia”, o vingador do STF poderá decidir-se pelo salto mais arriscado: a candidatura presidencial. Um plano “B” seria candidatura ao Senado pelo Rio – mantendo-se na tribuna e sob os holofotes.
A oposição não perde nada se apostar em três candidatos: Aécio (mesmo sem crise econômica) é candidato para ao menos 20% ou 25% dos votos (sairá forte de Minas e vai grudar em Alckmin e Richa para conquistar seus votos entre a oposição tradicional ao petismo); Eduardo corre por fora (tentando recolher os votos dos “descontentes mas nem tanto”) e também é candidato para 15% ou 20% dos votos. Mas para garantir segundo turno seria preciso algo mais. Se a pauta da “ordem” vingar, Joaquim Barbosa virá para o combate. Sim!
Para os tucanos, o ideal seria um Barbosa virulento, mas sob ataque (e ele tem telhados de vidro aos montes). Assim, não cresceria demais, fazendo apenas algum estrago na votação de Dilma, para garantir o segundo turno. A Globo, a Veja e os tucanos (com seus aliados fora do Brasil) não aceitarão Dilma forte a ponto de ganhar no primeiro turno. Nem o PMDB quer isso. A elite quer uma Dilma fraca, que não possa enfrentar bancos nem baixar juros, e que se renda à agenda liberal. Barbosa pode ser uma ferramenta para isso. A Operação segue em vigor. E a capa de “Veja” é mais um sinal.
O perigo é o vingador sair do controle, atropelar a oposição e tornar-se sozinho um fenômeno eleitoral. Não acho impossível. Hoje, eu apostaria que a direita velhaca (sob comando e a reboque da mídia velha) vai avançar com a pauta do “caos” e da barbárie, para deixar uma avenida aberta ao terceiro candidato da oposição. A Democracia brasileira terá que mostrar muita maturidade para enfrentar os golpes que virão da oposição e da imprensa (inclusive internacional) oferecendo aos eleitores sua “dose diária de fel, ressentimento e raiva” – na definição precisa de Franklin Martins.
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