“Veja” é a barbárie: jornalismo justiceiro

Por Rodrigo Vianna

Nas redes sociais, tarde da noite de sexta-feira, jornalistas afinados com o tucanato e militantes da esquerda extremada se esparramavam em elogios à capa da “Veja”. Eu, que procuro manter distância sanitária da revista, aproximei-me da capa. E só consegui enxergar um gesto de oportunismo barato.

Veja-capa-189x250A “Veja” expõe a imagem – chocante, lamentável, triste – do rapaz preso pelo pescoço num poste na zona sul carioca, e aproveita a cena não para refletir sobre a tradição oligárquica brasileira, não para pensar sobre nossa história de 300 anos de escravidão, ou sobre nossa elite que reclama de pobres nos aviões e clama sempre pela resposta fácil do liberalismo de araque e da violência de capatazes. Não. “Veja” usa a foto terrível em mais uma tentativa para desgastar a imagem do Brasil; e também – que surpresa – para culpar o “governo”. Que governo? Ah, não é preciso ser muito esperto pra descobrir…

Emoldurando a foto triste, “Veja” berra em letras garrafais: “Civilização” e “Barbárie”. E depois acrescenta a legenda malandra, velhaca: “A volta dos justiceiros, criminosos impunes, colapso no transporte, caos aéreo. Onde está o Brasil equilibrado, rico em petróleo, educado e viável que só o governo enxerga”.

Certamente, o Brasil “equilibrado” não está nessa revista. “Veja” pratica o jornalismo da barbárie, um jornalismo que escreve “estado” assim – com “E” minúsculo – numa espécie de bravata liberal fora de época. “Veja” envenena o país todos os dias, com blogueiros  obtusos, asquerosos, que falam para um Brasil pretensamente senhorial, como se ainda estivéssemos antes da Revolução de 30.

Curioso, também, ver a “Veja” falar em “barbárie” e em “criminosos impunes”. Logo essa revista, tão próxima do bicheiro Cachoeira, pautada pelo bicheiro, amiga do bicheiro. A tabelinha com Cachoeira é – sim – um exemplo perfeito desse Brasil de criminosos impunes.

A “Veja”, que tenta pegar carona na imagem do rapaz preso pelo pescoço, pratica um jornalismo justiceiro – que invade quartos de hotel, “julga” e “condena” sem provas, inventa fatos, publica grampos sem áudio, alardeia contas no exterior e dólares em caixa de whisky. Tudo falso, falsificado. Um jornalismo que acredita em boimate e Gilmar Mendes.

A revista não tem moral para falar contra a “barbárie”, nem contra os “justiceiros”. E não tem, precisamente, por praticar um jornalismo que é a própria encarnação da barbárie, da falta de escrúpulos, um jornalismo justiceiro.

O Brasil do lulismo tem muitos problemas. Isso é evidente. Mas não venha a “Veja” querer apresentar a receita de “Civilização” ao Brasil. A receita da “Veja” é a mesma que os EUA oferecem à Ucrânia.

Está claro, por essa capa oportunista e velhaca, qual é a pauta dos setores que não aceitam o Brasil um pouquinho mais avançado dos últimos anos: é jogar tudo no “caos”, na “barbárie”, na insegurança. O Brasil é a jóia da coroa na América Latina em 2014. Tão importante quanto a Ucrânia no leste europeu, tão estratégico quanto a Síria no Oriente Médio.

Não sejamos ingênuos. A velha imprensa brasileira – que se reúne com embaixadores dos EUA às escondidas (isso desde 64, mas também em 2010 – como nos revelou o Wikileaks) – é parte decisiva no jogo pesado que veremos em 2014.

A oposição brasileira não tem programa. A economia não afunda como gostariam os urubulinos. Portanto, é preciso produzir a pauta do caos. Esse é o caldo de cultura em que podem prosperar candidaturas “justiceiras” que a “Veja”, os mervais e outros quetais estão prontos a lançar.

Para retomar o Estado brasileiro, eles pouco se lixam se o preço a pagar for a ebulição social. Aécio e Eduardo não darão conta dessa pauta da “ordem contra a barbárie”. A pauta do caos e do Brasil “inviável” (que está na capa da “Veja”) é boa para aventuras autoritárias – semelhantes ao janismo de 1960.

Quem pode encarnar esse figurino? Quem? O terreno vai sendo preparado…

Não creio que o povo brasileiro – equilibrado, sim! E que trabalha duro para construir um país “viável”, sim – não creio que a maioria de nosso povo embarque na aventura da “ordem contra a barbárie” – proposta pela revista. Mas a direita asquerosa e velhaca vai tentar.

O roteiro está claro. É preciso estar atento. E não cair na esparrela de acreditar que a “Veja” – de repente – converteu-se à “Civilização”.

A “Veja” é a barbárie. No jornalismo, na política, na vida do brasileiro comum.

A “Veja” – se pudesse – prenderia o pescoço do povo brasileiro no poste. Mas não vai conseguir. Vai perder – de novo.

O passado é uma parada…

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Michael Jordan em pleno voo, encantando/assombrando o mundo com a camisa do Chicago Bulls, na NBA 1987. Air Jordan é considerado o melhor jogador de basquete de todos os tempos. 

A lei que varia

Por Janio de Freitas

As diretrizes do programa de governo lançadas por Eduardo Campos e Marina Silva não saíram da mais pobre obviedade, mas, talvez como compensação, os dois saíram da linha: foi um ato de propaganda eleitoral explícita, até anunciado e com convocação da imprensa, quando a legislação ainda o proíbe.

Se não pretende lançar também as suas diretrizes, o Tribunal Superior Eleitoral deve aos seus sucedâneos estaduais algum sinal orientador entre afrouxar o rigor legal ou cobrar sua aplicação sem concessões. Do contrário, as eleições começam a desmoralizar-se antes mesmo de iniciado oficialmente o direito de propaganda: tanto há procuradores e juízes eleitorais vigilantes e aplicando sanções, muitas delas noticiadas, como em outros Estados a complacência prevalece.

Para a imprensa política, todo ato de Dilma Rousseff é relacionado com propósito eleitoral. Não seria tão difícil, porém, para os experimentados procuradores e juízes distinguir os que são atos de governo e os que seriam dispensáveis como governo, mas se prestam a propaganda. O mesmo para com atos dos governadores aspirantes a eleição ou reeleição. Logo, se a tolerância com os outros pré-candidatos se deve a um pretendido equilíbrio deles com as vantagens dos governantes, a solução estará em mais vigilância e disposição do Ministério Público e da Justiça Eleitoral para reprimir os abusos do poder. Não em relaxar aqui e endurecer ali.

Não deu para entender a afoiteza de Eduardo Campos e Marina Silva com suas diretrizes sem recheio. A menos que tenha sido para Marina proclamar Eduardo Campos, como fez com explicitude propagandística total, “o futuro presidente do Brasil”. Uma aparente e inconvincente resposta, com tanta disputa política ainda por vir, à dúvida sobre qual deles disputará com Dilma.

À parte o propósito de ambos, se houve algum, foi quase uma provocação que Eduardo Campos decidisse lançar suas diretrizes de presidente em Brasília, nos domínios do Tribunal Superior Eleitoral. A cinco meses do início legal da propaganda, em 6 de julho.

DE FORA

Henrique Pizzolato preso na Itália por estar usando o passaporte do irmão. Mas Pizzolato é italiano, não precisa usar passaporte na Itália. Tem documento específico da dupla nacionalidade.

A médica cubana levou quatro meses entre “descobrir que ganha muito pouco” e procurar o deputado Ronaldo Caiado para pedir asilo, em vez de um dos três ministérios apropriados no seu caso. Interessante, aliás, a escolha que fez, de um deputado pouco conhecido até dos brasileiros e que nem é do Pará, onde ela estava. Sabe das coisas a brava senhora, ao menos quanto a parlamentares.

Mas ou não sabe o quanto ganha ou mentiu com persistência. Nas insistentes e diferentes menções à sua remuneração, omitiu sempre o pagamento que recebe da prefeitura para a alimentação, como os demais integrantes do Mais Médicos. E ainda há a moradia.

Essa história da doutora Ramona dá rumba.

CBF confirma Lusa e Vasco na Série B 2014

unnamed (62)A Diretoria de Competições da CBF divulgou nesta sexta-feira a tabela de jogos do Campeonato Brasileiro da Série B, confirmando Vasco e Portuguesa entre as equipes disputantes. Na véspera, a entidade já havia anunciado a tabela da Série A, com o Fluminense. A divulgação das tabelas aconteceu logo depois que a CBF conseguiu derrubar as liminares que contestavam o julgamento do STJD, que decidiu pelo rebaixamento da Lusa. Confira as duas tabelas nos links abaixo:

Tabela Série A 2014

Tabela Série B 2014

Icasa quer substituir Figueirense na Série A

Icasa-x-FigueirenseA diretoria do Icasa convocou a imprensa para uma entrevista coletiva no final da manhã desta sexta-feira. O Blog, no entanto, antecipou o conteúdo, que está agitando os bastidores do futebol brasileiro. O departamento jurídico alviverde entrou com uma ação no STJD, alegando que o jogador Luan do Figueirense teria atuado de forma irregular na partida contra o América/MG, dia 28 de maio, pela 2ª rodada do Campeonato Brasileiro Série B. Se for confirmada a irregularidade, o time catarinense perderia seis pontos e o Icasa disputaria a Série A este ano.

Luan foi emprestado ao Metropolitano com contrato até o dia 31 de maio de 2013. O jogador, que tem vínculo com o Figueirense até 30 de junho de 2015, se reapresentou ao time catarinense antes do encerramento do empréstimo e foi reintegrado ao elenco. Sem rescindir contrato com o Metropolitano, Luan entrou em campo pela Série B.

A prescrição da denúncia foi um questionamento feito ao diretor jurídico do Icasa George Ferrúcio. “O clube está ciente de toda a documentação necessária, estamos certos de todos os prazos e amparados pelo próprio código”, resumiu, citando o CBJD, no artigo 165, parágrafo 6º, letra d – do dia em que o fato se tornou conhecido pela Procuradoria, nos casos em que a infração, por sua natureza, só puder ser conhecida em momento posterior àqueles mencionados nas alíneas anteriores, como nos casos de falsidade. (Do Diário do Nordeste) 

Bate-papo com Vágner Benazzi

Por Cláudio Santos

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Nosso segundo Bate-Papo é com Vágner Benazzi, técnico experiente, 59 anos. Passou por muitos clubes do futebol brasileiro, como Bragantino, Portuguesa-SP, Fortaleza, Figueirense e Paysandu, entre outros. É conhecido como “rei do acesso” por ter levado muitos clubes a esse feito, principalmente em São Paulo, onde conquistou vários títulos nas divisões A2, A3, B1. Foi campeão e vice da Série B, com Gama e Figueirense, respectivamente; vice-campeão da Série C com o Marília-SP. Em 2007, ficou na 3ª posição no Brasileiro da Série B com a Portuguesa. Benazzi chegou a ser sondado pelo Remo para assumir o time no Parazão deste ano, mas revelou que acabou de firmar contrato com o Comercial-SP para disputar a Série A1 do Paulista.

1 – Qual o tempo necessário para um técnico realizar seu trabalho num clube de futebol e conseguir seus objetivos. Isso, claro, com condições de trabalho?

Não existe uma regra e nem uma fórmula para um técnico realizar um bom trabalho. Para conseguir alcançar os objetivos, é importante que o técnico tenha um bom grupo, formado por 15 – 16 jogadores de mesmo nível, infraestrutura completa para os jogadores se prepararem fisicamente, nutricionista, médico, preparador físico, auxiliares técnicos e boas condições de treinamento. Com estas condições para atuar o técnico consegue desenvolver um bom trabalho. É evidente que o tempo conta muito, quando se inicia um projeto do zero, o resultado tem que ser pensado a médio-longo prazo. Não se constrói um time vencedor em 2 meses.

2 – Qual a maior dificuldade que encontrou no Paysandu?
Não enfrentei muitas dificuldades. Quando assumi o time, havia alguns jogadores machucados e outros fora de forma. Tivemos que desenvolver um plano emergencial para conseguir superar as dificuldades e os jogadores entenderam o desafio de nossa missão.

3 – Teve problema com algum jogador do elenco do Papão?
Eu procuro sempre focar no trabalho e no objetivo a ser conquistado. Gosto de jogadores que assimilam o meu estilo e que, assim como eu, estejam focados. Não tive nenhum problema com jogador do elenco, trato o assunto de forma direta, gosto de atleta que tenha garra, força de vontade. Quem está empenhado em enfrentar as dificuldades junto comigo será sempre bem-vindo.

4- Vandick e sua diretoria deram todas as condições para que o senhor realizasse seu trabalho?
Sim, eles sempre estiveram presentes e prontos para atender as necessidades da comissão técnica.

5 – O sr. quebrou alguns tabus, como vencer fora de casa, conseguir 2 vitórias seguidas, coisa que os outros técnicos que passaram pelo Paysandu na Série B 2013 não haviam conseguido. O que deu errado, até culminar com o rebaixamento do Paysandu? Houve falta de comprometimento do grupo de jogadores ou de parte deles?
Como eu disse, nós assumimos um compromisso com os jogadores, procuramos injetar força e mostrar para eles que eram capazes de se superar e alcançar as vitórias. Todos estavam comprometidos, tanto que conseguimos quebrar alguns tabus. O resultado em 2013 foi o reflexo do que foi realizado antes de minha chegada ao clube.

PSCXABC serieB-MQuadros (33)6 – Em uma entrevista o sr. disse: “Quem fazia confusão já foi embora. Quem era só blá blá blá, papo furado… já tinha ido embora”. Deu pra perceber que o sr. se referia ao Iarley, que tinha acabado de deixar o clube. Por que?
Não estava me referindo a nenhum jogador específico. Como digo, quero do meu lado aquele que briga por mim e pelos companheiros, que vai até a última consequência para atingir um objetivo.

7 – Jogador derruba técnico?
Se o grupo não estiver comprometido e acreditar em seu comandante, é mais fácil dispensar uma pessoa do que o time inteiro.

8 – Como o sr. recebeu a equipe das mãos do técnico Arthurzinho?
Eu não falo a respeito do trabalho de outros técnicos. O Paysandu vinha de resultados negativos e precisava acreditar em seu potencial. Trabalhamos duro durante todos os períodos até fazer o elenco acreditar e reencontrar a vitória.

9 – Técnico Arturzinho, seu antecessor, saiu dizendo que nem Guardiola daria jeito no Paysandu, pois o problema não era técnico. O sr. viu desse jeito, também?
Se eu não acreditasse no potencial do time eu não teria aceitado a proposta. Já enfrentei muitos desafios e isso faz parte da minha carreira.

10 – Existia aquela famosa “panelinha” de alguns jogadores, para rebaixar o clube?
Se existia eu não tive conhecimento. Não perco tempo do meu trabalho para administrar “panelas”. Deixo claro sempre em minha chegada aos clubes que quem não estiver contente deve conversar comigo e ir procurar algo melhor. Do meu lado eu quero sempre quem está comprometido.

PSC Auxiliar e tec Vagner Benazzi-Mario Quadros

11 – Dizem que técnicos experientes como o sr. não dão mais certo no futebol paraense. Sempre falo que por aqui se faz o contrário, ou seja: dá-se tempo a um técnico local (às vezes, até 7 meses) e quando a lambança está concretizada, só aí o bom técnico é lembrado, para chegar e comandar um grupo que ele não formou. É contratado como salvador dos erros dos dirigentes. Se salvar, é bom, caso contrário… É por aí, professor?

O técnico precisa de liberdade para montar o seu elenco com as peças que acredita e que sabe que vão se encaixar. É sempre muito mais complicado arrumar algo que está indo mal em um curto espaço de tempo do que começar do zero. Além disso, sai muito mais caro para o clube.

12 – Pelo que o sr. observou houve erro no início da preparação física e na montagem do elenco do Paysandu?

Como não sou preparador físico fica difícil de analisar. Eu acredito nos profissionais de minha comissão e quando chegamos ao clube fui informado que a situação não era das melhores. Quando isso acontece, o técnico tem que deixar de dar treino tático e montar a equipe para a realização de um trabalho de preparação física para que os jogadores consigam aguentar a maratona de jogos.

PSC Wagner Bennazzi-Mario Quadros (8)

13 – No seu trabalho, o senhor prioriza: coletivos ou treinos táticos? Por quê?

Os dois possuem grande importância. O coletivo é para dar ritmo de jogo e colocar em prática o que foi realizado no treino tático. Já o tático é fundamental para armar o posicionamento do time em campo e armar as principais jogadas, contra-ataques e etc.

14 – Quando o sr. chegou ao Paysandu, indicou o Zulu, atacante do Juventude. Faltou um pouco mais de empenho da diretoria para lhe dar esse jogador?
A diretoria foi atrás do jogador, mas o negócio não deu certo. Tenho certeza de que eles esgotaram todas as chances para contratá-lo. A diretoria do Paysandu sempre foi muito honesta comigo.

15 – Quando assumiu o Paysandu, o sr. disse que encontrou um grupo desunido. Como assim?
Os jogadores não estavam focados em um objetivo único e a consequência disso é a falta de confiança em atingir os resultados. Trabalhamos muito firme essas questões para trazer a autoestima de volta ao grupo.

16 – Gostaria que o sr. definisse 2 jogadores do elenco do Paysandu, em relação a comprometimento e profissionalismo, com o clube, durante sua passagem pelo clube: Iarley e Eduardo Ramos.
Ambos procuraram ajudar o elenco e demais jogadores. O Iarley achou melhor não continuar no clube e eu respeitei a posição dele. O Eduardo Ramos era o nosso homem de criação, lutou e foi até o fim com o grupo.

17 – Qual jogador do Paysandu, do elenco de 2013, o sr. não levaria para um time em que estivesse trabalhando?
Não levo comigo jogadores descompromissados e pouco interessados em trabalhar em grupo. Quem me conhece e já trabalhou comigo, sabe: se está disposto a cooperar e dar o sangue pelo companheiro, sempre terá chance de ser aproveitado no futuro.

18 – Considero o sr. um dos melhores técnicos brasileiros. O que faltou para treinar um time de ponta, como Cruzeiro, Grêmio, Corinthians, Flamengo?
Obrigado pelo elogio. Eu já passei por equipes de grande importância no cenário nacional e fiz bons trabalhos. Talvez o que tenha faltado seja um convite, constantemente sou chamado para assumir clubes por todo o Brasil, e não posso descartar a chance de trabalhar em grandes equipes. Para assumir um time de grande importância é preciso ter bagagem, uma história de realizações dentro do futebol e isso eu tenho. Estou sempre pronto para assumir grandes desafios.

19 – Existe técnico de série A, B, C, D… de pelada? Todo técnico tem seu limite?
Não acredito que a profissão de técnico deve ser rotulada. Cada técnico tem a sua importância dentro de seu trabalho e é preciso saber que ninguém chega ao sucesso sem passar por algumas etapas. No inicio de minha carreira tive que encarar divisões menores até chegar à elite do futebol nacional.

20 – O que falta para o futebol paraense crescer no cenário brasileiro?
Se organizar ainda mais para fortalecer o futebol do estado. Os times são rivais dentro de campo, mas fora dele devem conversar para pensar como um todo, se espelhar em grandes exemplos e buscar soluções que vão beneficiar a todos.

Obs.: Neste mês, o focalizado foi Vágner Benazzi por ser um profissional conceituado e conhecedor do futebol paraense. Pode não ter dado certo no Paysandu, mas sabemos que ele foi o menos culpado em tudo que aconteceu. Espero que os amigos tenham gostado. Em março tem mais. Teremos um técnico que já passou pelo Remo. Os amigos certamente irão gostar.

(Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola) 

A cara do torcedor

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O blog inaugura uma nova seção, a partir de hoje, para publicar fotos de torcedores no estádio. Razão de ser do futebol, a torcida é responsável pela sobrevivência do maltratado futebol paraense. O espaço visa homenagear esses verdadeiros baluartes. A foto acima, tirada no estádio Parque do Bacurau em Cametá, na quinta-feira à noite, é dos torcedores Maurício Remista e Bruno Queiroga, que acompanharam de perto a vitória do Remo por 2 a 0.

Os gigantes que se escondem na Amazônia

Por Lucas Berredo (via Trivela)
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Em “Como o Futebol Explica o Mundo”, o jornalista americano Franklin Foer argumenta como a globalização contribuiu (por vias tortas) para reforçar o poder das instituições regionais no esporte. Isto é, ainda que Barcelona, Real Madrid e outras potências econômicas, ano a ano, ampliem sua influência no mercado da bola, algumas cidades mantêm viva uma espécie de “tribalismo futebolístico” – o apelo ao torcedor que se orgulhe de uma identificação étnica ou a defesa da cidade ou bairro em que nasceu. São os casos dos embates entre Celtic e Rangers, em Glasgow, ou Estrela Vermelha e Partizan, em Belgrado.
No Brasil, pode-se enumerar uma série de rivalidades semelhantes. Nenhuma dupla, entretanto, se confrontou tantas vezes e construiu uma concorrência tão peculiar quanto Remo e Paysandu. O Re-Pa, o dérbi de Belém do Pará, foi disputado 719 vezes desde 1914 – um recorde no futebol mundial. O Leão Azul é o maioral no confronto, com 256 vitórias conquistadas (35,6% do total) e 928 gols marcados. O Papão da Curuzu tem 30 triunfos e 33 tentos a menos que o rival, mas se orgulha de possuir três títulos estaduais a mais.
Instalados numa região afastada dos grandes centros do país, Remo e Paysandu conquistaram, juntos, 87 das 101 edições do Campeonato Paraense – 86,1% do total. A história do confronto, que completa cem anos no próximo dia 14 de junho, engloba episódios e personagens tão esquisitos quanto memoráveis.
O remista, por exemplo, não esquece o jogo de 1972, quando o atacante Alcino – o “Motora” – driblou a defesa inteira do Paysandu, pôs a bola após a linha do gol e sentou na esfera. Já a Fiel alviceleste costuma relembrar a goleada de 7 a 0 em cima do rival – até hoje a maior goleada do clássico.
Alguns dos atores do clássico, especialmente os que atuaram entre os anos 50 e 80, também se tornaram ídolos do futebol brasileiro. Waldir Cardoso Lebrego, o Quarentinha, jogou pelo Paysandu entre 1950 e 1952 e depois se transferiu para o Botafogo, onde atuou com nomes como Garrincha, Gérson e Nílton Santos. Do outro lado, destacam-se Nelinho, lateral da Seleção Brasileira nos anos 70, Rosemiro, futuro ala do Palmeiras, e Giovanni, que vestiu os fardamentos de Santos e Barcelona nas décadas de 90 e 2000.
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Apesar da rica história, Remo e Paysandu, a exemplo dos times europeus supracitados, não vivem suas melhores fases. Por uma sucessão de gestões ruins, o Papão, que chegou a disputar uma Copa Libertadores no início dos anos 2000, não participa da Série A do Brasileiro há nove anos; o Leão Azul, pelo mesmo motivo, sequer possui uma vaga assegurada na Série D do campeonato nacional.
Ainda assim, a rivalidade sobrevive. Prova disso se deu no ano passado, quando os gigantes paraenses colocaram 41.604 pessoas no Olímpico Edgar Proença – popularmente chamado de Mangueirão – para um confronto da primeira fase do Campeonato Paraense. A partida foi disputada sob um típico temporal do inverno amazônico e terminou com vitória azulina, por 2 a 1.
Longe dos clichês frequentemente abordados quando se fala da região – como a forte participação das torcidas nos clássicos –, a tradição do futebol paraense remonta ao início do século 20, quando Belém do Pará se tornara o centro da Belle Époque amazônica.
À época, a cidade, fortificada economicamente pelo ciclo da borracha, atraiu vários imigrantes britânicos e franceses, que trouxeram consigo a prática do ludopédio. Logo então o esporte se tornou popular na elite local e, já em 1908, o Pará organizou seu primeiro campeonato de futebol – o quarto Estado brasileiro, após São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, a ter seu próprio certame.
Inicialmente um clube de regatas, o Remo surgiu em 1905 e, oito anos depois, inaugurou seu departamento de futebol, vencendo o Estadual logo na temporada de estreia. No entanto, o Norte Club, vice do certame, não se contentara com o título azulino: os dirigentes do time perdedor acusaram uma irregularidade no empate de 1 x 1 com o Guarany e pediram para que o jogo fosse anulado. A Liga Paraense de Foot-Ball não acatou o pedido.
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Da indignação com o suposto favorecimento à equipe azulina, os integrantes do Norte Club decidiram formar um novo time, que fosse capaz de encarar o emergente Remo em igualdade de condições. Daí surgiu o Paysandu, que ao contrário do rival, levou seis anos para conquistar seu primeiro Estadual.
A temporada de 2014 será especial para ambos os clubes. No domingo passado, o Paysandu completou cem anos de existência – com direito a goleada para cima do São Francisco, de Santarém –, e daqui a quatro meses, acontecerá o centenário do primeiro Re-Pa, vencido pelo Leão por 2 a 1.
Poderia ser um marco comemorado com mais pompa. Cairá no meio da Copa, no mesmo dia em que Manaus, a cidade escolhida para representar a Amazônia no Mundial, receberá Inglaterra x Itália. Bem que esse jogo poderia ser em Belém, celebrando em alta o 100º aniversário do clássico mais vezes disputado no planeta. Poderia ser, ao menos, festejado com remistas e bicolores disputando a Série A do Brasileiro – a última vez ocorreu em outubro de 1993 (empate de 1 x 1).
Enquanto isso não acontece, louvemos a história dos dois maiores clubes do Norte do país nesta semana tão importante para ambos. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
Lucas Berredo, jornalista, conhece mais história do automobilismo até que o Emerson Fittipaldi e torce para o maior clube do Pará.

Uma conversa com o presidente

Por Enio Barroso Filho

1606405_770124863016078_1437717730_oNesse dia aí da foto o nosso eterno presidente do Povo, Lula, me disse:
– Enio, eu acho que vou pro céu. Eu vou pro céu! O que tu acha ???
E eu disse-lhe:
– Eu sei que eu não vou !!! Não conheço ninguém por lá. Os meus amigos tudo bebem, fumam e são do PT. Vou fazer o que num lugar que eu não conheço ninguém ??? Eu quero é ficar com os meus amigos.
Aí o presidente pensou, pensou… passou a mão na barba, levantou o queixo e disse ainda alisando a barba:
– Não… Vamo pro céu, porra! Lá só tem barbudo! E facilita a gente ganhar os caras pro nosso lado.
Hoje, refletindo sobre aquela nossa conversa, entendo melhor o significado da “governabilidade” e busca pela hegemonia política.
Precisamos é manter o que já temos e sempre que possível, ampliar as bases !!!

O esforço recompensado

Por Gerson Nogueira

Com direito a golaço de Ratinho nos minutos finais, o Remo passou pelo Cametá, limpou a barra com o torcedor e garantiu sobrevida a Charles Guerreiro no comando técnico. Não que tenha sido um primor de espetáculo. Com excesso de gente no meio-campo, a partida foi feia e truncada, mas o Remo foi mais objetivo, aguerrido e mereceu vencer.

unnamed (59)As dificuldades se concentraram, mais uma vez, na meia cancha. Eduardo Ramos, um camisa 10 de pouca mobilidade, precisa de companhia e suporte. Para que se torne útil de verdade, seu estilo exige aproximação. Charles escalou Tiago Potiguar ao seu lado, mas este não tem cacoete de meio-campista. É atacante e acaba agindo como tal. Guardou posição no começo, mas na primeira oportunidade se lançou ao ataque.

Avanços que foram providenciais e benéficos ao Remo. Como no lance que originou o primeiro gol. A movimentação de um atacante habilidoso como Potiguar contribuiu para abrir espaços na retrancada equipe cametaense. Na primeira escapada, Leandrão recebeu livre para fazer o disparo certeiro, abrindo o marcador, aos 7 minutos.

Mesmo desorganizado, o Remo se tranquilizou com a vantagem inicial e passou a tocar a bola, esperando o Cametá. Ainda assim, falhava no aproveitamento dos laterais, praticamente ausentes no primeiro tempo. Em consequência disso, Leandrão também ficava isolado e pouco acionado nos lances de bola aérea, justamente a sua especialidade.

O Cametá, com meia-cancha confusa, apostava na correria. Pressionava pelo empate e só gerava algum desassossego quando a bola chegava a Rogélio. Robinho, principal articulador, tinha Dadá a segui-lo por todo o campo, atrapalhando a evolução do time.

Ramos destoava no meio-campo, pois não brigava como Dadá e Jonathan e nem tomava qualquer iniciativa. Como o Cametá se distribuía mal, esse problema não chegou a incomodar o Remo. Entregue à marcação, o meia tinha apenas lampejos, arriscando alguns passes de média distância e dois chutes de longe.

Zé Soares, a aposta pela direita, pouco apareceu justamente pelo sumiço de Ramos. Potiguar, ao contrário, buscava o jogo pela esquerda e foi responsável pelas melhores tentativas individuais no primeiro tempo.

No segundo tempo, o jogo se tornou ainda mais desinteressante, pelo excesso de passes errados e chutões. Sem inspiração, o Cametá se limitava a cruzar bolas. O Remo marcava muito e esperava em seu campo. As oportunidades de contragolpe eram desperdiçadas em lances improdutivos, que retardavam a saída.

O Remo ficou mais dinâmico com a entrada de Ratinho no lugar de Zé Soares. O problema é que o Remo só ia ao ataque de vez em quando, deixando de se beneficiar da presença de três jogadores de habilidade na frente. Depois de alguns sustos em bolas paradas, a equipe controlou o jogo no meio e quase chegou ao segundo gol com Leandrão, que bateu cruzado, rente à trave.

Já no final veio o único contragolpe bem organizado pelo Remo. Dadá roubou bola na intermediária, passou para Ramos, que lançou Ratinho pela esquerda. O atacante deu dois dribles no marcador e chutou à meia altura, sem defesa para Alencar Baú. Um belo gol, coroando a melhor jogada da noite.

O Remo se reabilitou, volta para Belém em vantagem para o segundo jogo, mas continua um time órfão de equilíbrio entre seus setores. Carece de arrumação e, por isso, desperdiça talentos. Um luxo caro.

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Só o amor salvará o futebol

A cena do ex-craque Gerson tirando a camisa na cabine de rádio do Maracanã para festejar com a torcida os gols do Botafogo marcou a classificação alvinegra para a fase de grupos da Libertadores. E vai muito além do simples gesto de torcedor. É a prova insofismável de que o futebol é de fato imortal, como bem lembrou o amigo Glauco Lima.

Calejado pela experiência como boleiro de sucesso e a posterior carreira de comentarista esportivo, Gerson não conteve a emoção diante da festa que a torcida botafoguense fazia nas arquibancadas, cantando o hino do clube ao longo de quase toda a partida.

Quanto contraste com as imagens deprimentes de mais um show de truculência de gangues uniformizadas nas arquibancadas do Pacaembu, em São Paulo, onde nova derrota do Corinthians desencadeou outra explosão de violência. A TV exibiu cenas de pugilismo entre arruaceiros e até ataques a policiais.

Diante da fúria primitiva dos brucutus, fica evidente que o futebol só tem chance de sobrevivência pelas mãos dos que o amam verdadeiramente. Como o eterno craque Gerson, o Canhotinha de Ouro.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 07)