Remo aposta alto em Manga

POR GERSON NOGUEIRA

Ousadia parece ser a palavra do momento no Remo. O clube confirmou na sexta-feira o seu primeiro reforço para 2026: Alef Manga, 31 anos, passagem apagada pelo Avaí na Série B 2025 e imagem arranhada pelo envolvimento no esquema de apostas esportivas, que causou uma suspensão de um ano, estendida ao futebol internacional. A rigor, o atacante parecia marchar para um final de carreira em declínio.  

O Remo resolveu apostar em Alef Manga. A chance que o clube proporciona ao jogador, com visibilidade nacional na Série A, não é pouca coisa. Espera-se que o atacante dedique ao clube o esforço necessário para resgatar seus melhores momentos na carreira.

Pelo começo promissor, era jogador com toda pinta de que iria longe. Despontou no Volta Redonda, chamando atenção de vários clubes pelo futebol agressivo e a facilidade para finalizações em velocidade.

Teve ótima passagem pelo Goiás e foi bem com a camisa do Coritiba. Veio a suspensão de 360 dias em 2023, após Manga confessar participação em esquema de manipulação de resultados.

No retorno aos gramados pelo Avaí, em 2025, Manga disputou 31 partidas (1.636 minutos jogados, média de 61 minutos por jogo) e marcou quatro gols na campanha vitoriosa pelo título catarinense. Na Série B, porém, perdeu a titularidade e terminou em baixa.

O interesse do Remo causou estranheza após a fraca participação de Manga no Brasileiro, mas um fator contribuiu para a contratação: o executivo Marcos Braz e os dirigentes do clube comparam a situação de Manga com a de Pedro Rocha, que também vinha de uma passagem discreta pelo Criciúma quando chegou ao Leão no começo do ano.

Rocha tornou-se artilheiro da Série B, com 15 gols marcados, e peça exponencial na campanha que levou ao acesso do Remo à Primeira Divisão. Cabe destacar que Manga nunca mostrou o mesmo nível técnico de Rocha, apesar de atuar também pelo lado esquerdo do ataque.

Outro diferencial está na dedicação aos treinos e no respeito às metas estabelecidas. Pedro Rocha mostrou-se um atleta no sentido puro do termo, entregando-se à preparação e buscando atingir o melhor condicionamento. Quando isso ocorreu, virou o goleador que o Remo precisava.

Alef Manga terá que provar que seu comprometimento com o Remo vai além das palavras bíblicas e motivacionais que tem usado nas redes sociais. Além da desconfiança natural que cerca um jogador punido por participar do esquema de apostas, ele terá que enfrentar as cobranças da torcida.

Por outro lado, o clube aproveitou a ocasião para fechar um negócio financeiramente vantajoso com um atacante que interessava a clubes da Série B. Por enquanto, porém, a contratação é uma aposta de risco.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração a partir das 22h, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, os preparativos da dupla Re-Pa para as primeiras competições de 2026. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Papão enfrenta o desafio das dívidas trabalhistas

Sete jogadores levaram o PSC aos tribunais, cobrando acordos não cumpridos, salários atrasados e gratificações diversas. O montante das ações supera a casa dos R$ 12 milhões. O efeito imediato disso foi a interrupção da agenda positiva que a diretoria vinha conseguindo construir desde que o time foi rebaixado à Série C, com a contratação do executivo Marcelo Sant’Ana e do técnico Júnior Rocha.

A apresentação da camisa comemorativa ao 10º aniversário da marca Lobo, com direito a show na Curuzu, no sábado passado, foi eclipsada pelas notícias que estouraram ao longo desta semana, com destaque para as cobranças de Leandro Villela (R$ 4 milhões) e Rossi (R$ 5,1 milhões).

Não há esforço de marketing capaz de superar a exposição pública de dívidas com jogadores, que expõem o caos financeiro do clube. O efeito paralelo é a imagem negativa que passa a envolver o PSC justo no momento em que novos reforços são buscados.

Na final da Copa, dois vascaínos em destaque

Na decisão da Copa do Brasil neste domingo (21), no Maracanã, entre Vasco e Corinthians, dois jogadores despertam elogios gerais: o goleiro Léo Jardim, peça fundamental pelo desempenho nas decisões por pênaltis, e o jovem atacante Rayan, cria da base cruzmaltina e grande revelação de artilheiro – valorizado com multa estabelecida de R$ 500 milhões.

São os destaques individuais do time de Fernando Diniz, superando o experiente Philippe Coutinho, meia-armador e ídolo da torcida. Jardim e Rayan são as principais armas do Vasco e os maiores expoentes da própria Copa do Brasil. Sem levantar um título nacional há 24 anos, a empolgação em torno do Almirante cativa grande parte da torcida brasileira.   

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 20/21)