Copa começou bem para o Brasil

POR GERSON NOGUEIRA

Boa parte do mundo parou na sexta-feira à tarde para acompanhar o sorteio dos grupos da Copa do Mundo. A apresentação começou meio arrastada, com propaganda trumpista e bocejos de Shaquille O’Neil e dos astros do futebol americano. Com exceção de Rio Ferdinand, quase ninguém parecia entender direito o que estava em jogo ali.

Abertas as bolinhas, uma bela notícia para a torcida brasileira: a velha freguesa Escócia mais uma vez caiu em nosso grupo (pela quinta vez). De quebra, veio junto o time amador do Haiti. Seleção perigosa e em ascensão, Marrocos deve dar trabalho logo no jogo de abertura.

Dos outros grupos, a tetracampeã Alemanha se deu bem no grupo E, tendo apenas o Equador como adversário mais sério. Já o grupo F é o mais próximo daquilo que se poderia chamar de “grupo da morte”. A Holanda terá como adversários o Japão e uma seleção europeia saída da repescagem. A Tunísia é um simples figurante.

Já o grupo H traz a favorita Espanha de Lamine Yamal dividindo holofotes com o imprevisível Uruguai de El Loco Bielsa, sem dar chances para Arábia Saudita e Cabo Verde. No grupo I, França e Noruega são protagonistas contra Senegal e uma seleção vinda da repescagem.

À atual campeã coube um grupo garapa, o J: Áustria, Argélia e Jordânia. Vida mansa para Messi & companhia – embora, em 2022, tenham perdido na estreia para a Arábia Saudita. No grupo K, Portugal e Colômbia devem se garantir, sem maiores problemas.

No L, há a promessa de um jogão logo na abertura: Inglaterra e Croácia se enfrentam em embate encardido. Gana corre por fora, com a dose natural de ousadia e correria que os times africanos costumam mostrar.  

Ancelotti terá dois amistosos para armar o time

Na entrevista pós-sorteio, Carlo Ancelotti valorizou o grupo que coube ao Brasil, não admitiu facilidades e deixou claro que vencer na estreia é obrigação. Boas falas. Times que chegam à Copa como favoritos precisam justificar isso em campo, sem hesitações. Vencer os marroquinos no dia 13 de junho (horários e locais seriam definidos neste sábado, 6), será como um cartão de visitas do escrete canarinho.

O mundo espera isso do Brasil. Ancelotti sabe disso. Isso explica sua preocupação em fazer dois amistosos sérios, contra França e Croácia. Chega daquela embromação de jogar com Senegal e Tunísia.

Os próximos amistosos, em março, são fundamentais para formatar a seleção da Copa, sem direito a novos testes. Não há mais tempo para experiências. É preciso buscar entrosamento para chegar bem preparado ao Mundial mais inchado e desafiador de todos os tempos.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, a partir das 22h, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, as definições do Parazão e os movimentos de Remo e PSC em direção a 2026. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Sob especulações, Remo começa a formatar elenco

Duas semanas depois da conquista do acesso à Série A, a diretoria do Remo dá sinais de que está agindo para formatar o novo elenco. Depois de anunciar a renovação de contrato com Marcelo Rangel, a diretoria do Remo avançou mais um pouco, fechando acordo com Ygor Vinhas (goleiro reserva), Marcelinho, Sávio e Pavani.

Ao mesmo tempo, encaminhou a aquisição do volante Patrick De Lucca, de 25 anos, que disputou a Série B pelo Cuiabá, realizando 25 jogos e marcando um gol. De perfil combativo na marcação e com qualidades na reposição de jogo, De Lucca chega para suprir a ausência de Caio Vinícius, que optou por jogar no futebol chinês.  

Foi divulgado também um suposto interesse pelo atacante Emerson Batalla, 24 anos, que jogou a Série A pelo Juventude. O problema é que a Chapecoense também apresentou proposta pelo colombiano, que pertence ao Talleres, da Argentina.

Por fim, há a novela envolvendo a escolha do técnico. Guto Ferreira esteve bem perto de assinar a renovação, mas desde sexta-feira o clube voltou ao mercado em busca de um comandante.

Cuca, pelas ligações com o Remo (foi jogador do clube em 1994 e iniciou como técnico no Baenão em 2001), é um dos nomes mais cotados. O alto custo, na faixa de R$ 1,2 milhão, é o maior empecilho. Por ora, nada sacramentado. 

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 06/07)

Rock na madrugada – Steve Cropper, “(Sittin’ On) The Dock of the Bay”

Parceiro de Otis Redding na criação de clássicos como os clássicos “(Sittin’ On) The Dock of the Bay”, Steve Cropper construiu uma carreira sólida como guitarrista, servindo de referência para diversas gerações de músicos. Surgiu no período de glória da lendária gravadora Stax, trabalhando diretamente com Otis, que era um dos maiores ídolos da América e começava a conquistar o mundo quando morreu em desastre aéreo, em dezembro de 1967, aos 26 anos de idade.

Cropper terminou o trabalho na canção após a morte de Redding. “Eu não sabia que tínhamos a mesma idade até ler um obituário”, disse o guitarrista em 2024. “Sempre achei que Otis fosse mais velho. Eu o admirava como um irmão mais velho. Por quê? Ele era tão sábio”. Depois da mixagem feita por Cropper, Dock of the Bay foi finalmente lançada, semanas após a morte de Redding.

Músico inscrito no Rock & Roll Hall of Fame, Cropper ajudou no início da carreira a formatar o som conhecido como “soul de Memphis” nas gravações da Stax Records com Otis ReddingWilson Pickett e Booker T. & the M.G.’s. Ele morreu na quinta-feira, 4, aos 84 anos.

Versátil, acompanhou a evolução musical dos anos 60 até meados deste século, conseguindo se manter sempre atualizado. Redescoberto por bandas como o Pearl Jam, era presença constante em festivais e grandes shows das cenas norte-americana e inglesa. Trabalhou no cinema, com uma participação marcante em “Os Irmãos Cara de Pau” (1980), de

Pat Mitchell Worley, presidente e CEO da Soulsville Foundation, responsável pelo Stax Museum of American Soul Music, em Memphis, disse que “sua composição e trabalho na guitarra moldaram a própria linguagem da música soul. Um compositor, produtor e músico talentoso, Cropper ajudou a criar sucessos atemporais que continuam a influenciar artistas e pessoas em todo o mundo. Seu estilo característico ajudou a definir uma era e cimentou seu legado como um dos guitarristas mais importantes da história da música moderna”.

Os editores da revista Rolling Stone afirmaram que “Cropper tem sido o ingrediente secreto em algumas das maiores canções de rock e soul” ao destacá-lo na posição 45 da lista dos 250 Maiores Guitarristas de Todos os Tempos. O estilo econômico de tocar muitas vezes era entrecortado por assomos de fina sensibilidade, como nos espaços preenchidos de “(Sittin’ On) The Doc of The Bay” e nas notas dobradas de “Green Onions”.

Era um operário da guitarra e não curtia ser o frontman. “Não me importo em estar no centro do palco”, disse Cropper certa vez. “Sou membro de uma banda, sempre fui membro de uma banda”.