Deputados federais que aprovaram moção de louvor a Trump

A lista de deputados da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados que votaram a favor da moção de louvor a Donald Trump, o mesmo que, no mesmo dia, anunciou sanções brutais contra a importação de produtos brasileiros. Só para não esquecer:

Recorde: desemprego cai para 5,8% e atinge menor nível da história

Pela primeira vez, o desemprego no país ficou abaixo dos 6%: o índice atingiu 5,8% no trimestre encerrado em junho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE desde 2012. É o menor nível já registrado na série histórica e um sinal claro de que o mercado de trabalho segue em recuperação, com mais empregos formais, renda em alta e políticas públicas fazendo a diferença na vida de milhões de brasileiros.

Em apenas três meses, 1,3 milhão de brasileiros deixaram o desemprego. Ao todo, o número de desocupados recuou para 6,3 milhões de pessoas, uma queda de 17,4% em relação ao trimestre anterior e de 15,4% na comparação com o mesmo período de 2024. O número de ocupados chegou a 102,3 milhões, também recorde da série, resultado da criação de 2,4 milhões de vagas em um ano.

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, celebrou em suas redes sociais os ótimos índices, lembrando que eles refletem “o resultado do trabalho do governo do presidente Lula, que sabe muito bem de que lado está: ao lado do Brasil e da sua gente.”

A frase do dia

“Se Alexandre de Moraes, juiz de um país democrático cujas decisões são submetidas a um colegiado, é definido como ‘violador dos direitos humanos’, o que os EUA reservam, por exemplo, para quem mata em larga escala, até crianças, até de fome? Ou para ditaduras que esquartejam jornalistas?”

Mônica Bergamo, jornalista

A farsa de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo

Por Paulo Motoryn – Cartas Marcadas

Como você sabe, a ideia da newsletter é trazer ao mundo investigações sobre as tramoias da extrema direita e do Centrão. Foi isso o que fizemos nas últimas semanas e seguiremos fazendo até a eleição do ano que vem. Mas, hoje, vou trocar a reportagem que estaria nesse espaço – mais uma apuração sobre o uso questionável do fundo partidário do PL, o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro – por um relato pessoal.

Farei isso porque tem me machucado profundamente a passividade com que temos encarado a hipocrisia protagonizada pelo empresário Paulo Figueiredo e pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, do PL de São Paulo, alçados a heróis pela extrema direita por estarem liderando o lobby anti-Brasil nos Estados Unidos. Vamos aos fatos.

No último dia 21 de julho, Figueiredo e Eduardo Bolsonaro participaram de uma sabatina no podcast Inteligência Ltda., comandado por Rogério Vilela, um dos programas com maior audiência da internet brasileira.

Não escrevo isso aqui para questionar se eles devem ou não ter espaço em podcasts ou emissoras de televisão, como a CNN Brasil — que, por sinal, tem dado amplo espaço para chantagens e ataques à democracia e à soberania brasileira.

Vou falar desse podcast porque, além de defenderem o que estão fazendo nos EUA, Figueiredo e Eduardo usaram o microfone para posar de paladinos da liberdade de expressão e do jornalismo. E isso me despertou o mais profundo asco. Sim, Figueiredo até afirmou que gostou muito da Vaza Jato, série que publicamos aqui no Intercept Brasil, e Eduardo performou certa simpatia diante dos jornalistas convidados para entrevistá-los.

Há quem acredite nesse papo furado. Não é o meu caso. Em fevereiro de 2024, fui um dos autores da reportagem que revelou imagens inéditas de Jair Bolsonaro escondido na Embaixada da Hungria com medo da Polícia Federal. O que aconteceu depois de a matéria ir ao ar?

Figueiredo passou mais de uma hora em uma transmissão ao vivo no seu canal de YouTube vasculhando meu perfil no LinkedIn, lançando ataques pessoais contra mim, contra o Jack Nicas e contra o Leonardo Coelho — meus colegas naquela investigação.

Na ocasião, o neto do ditador Figueiredo usou um argumento repetido: o fato de eu ter sido assessor de imprensa do governo federal em 2015, quando tinha pouco mais de 20 anos, para me acusar de parcialidade — algo que é munição para ataques constantes que sofro até hoje.

Um ano depois, em março de 2025, após revelar o paradeiro de um foragido do 8 de Janeiro na Argentina — condenado a 16 anos e meio de cadeia por envolvimento em atos violentos —, foi a vez de Eduardo Bolsonaro transformar minha vida em um inferno.

O filho de Jair Bolsonaro compartilhou um post me chamando de “cadela do tirano” e ameaçando que “a hora de vocês vai chegar”. O resultado? Uma avalanche de ameaças de morte, divulgação do meu endereço, ataques à minha família.

Foram semanas fechado em casa e um impacto que vivo até hoje. Vou evitar detalhes por questão de segurança, mas posso garantir que o ódio despejado por ele e seus apoiadores prejudicou profundamente minha vida e minha família.

Agora, Figueiredo e Eduardo sentam juntos em um podcast para falar de liberdade e democracia — ao mesmo tempo em que admitem, sem vergonha, que participaram de reuniões em Washington onde se discutiu impor sanções e tarifas comerciais ao Brasil.

No podcast, eles próprios confirmaram que não apenas sabiam da possibilidade de que Donald Trump taxasse produtos brasileiros, mas que deram opinião favorável. Tudo isso para, segundo eles, defender a liberdade de expressão no Brasil.

Eu sei que você que está lendo isso não acredita nessa balela. Mas nunca é demais lembrar que Figueiredo e Eduardo gostam, sim, de jornalistas. Desde que estejam torturados ou mortos, como fazia a Ditadura Militar que eles tanto admiram.

VOCÊS DA IMPRENSA

Essa edição é uma boa oportunidade para recomendar um livro que, infelizmente, dialoga diretamente com o que contei até aqui. Vocês da Imprensa, de João Paulo Saconi, é uma obra urgente sobre o impacto da violência política no jornalismo brasileiro. Aos 29 anos, Saconi reuniu histórias suas e de dezenas de colegas perseguidos, ameaçados e calados por fazerem seu trabalho.

O ponto de partida foi uma reportagem que ele publicou em 2019, ainda no início da carreira — e que rendeu a ele ameaças de morte e a necessidade de mudar de endereço por segurança.

Sobre quem foi a reportagem? Sim, Eduardo Bolsonaro. E, seis anos depois do episódio, o filho do ex-presidente — esse defensor implacável da liberdade de expressão – segue perseguindo Saconi por ter feito seu trabalho. Inclusive, voltou a atacá-lo no famigerado podcast que tratei nesta edição.

O livro é um retrato cru de uma profissão sob ataque, com capítulos que expõem não só o crescimento dos episódios de violência a partir de 2013, mas principalmente como o bolsonarismo institucionalizou esse ódio.

A publicação tem o mérito de dar nome aos agressores, contexto histórico aos ataques e, acima de tudo, humanidade a quem os sofre.

À beira de um ataque de nervos

POR GERSON NOGUEIRA

O festival de gols perdidos no jogo com o Goiás, anteontem, deixou a torcida remista com os nervos à flor da pele. Apesar de ter conquistado um empate fora de casa diante do líder do campeonato, a insatisfação surgiu pelo péssimo rendimento dos atacantes do Leão, que desperdiçaram pelo menos cinco claras oportunidades de gol ao longo do 2º tempo.

Pedro Rocha, goleador máximo do Brasileiro com 10 gols, contribuiu com a perda de dois gols, daqueles que se costuma dizer que até vovó faria. No caso do camisa 32, há crédito suficiente: ele é um dos responsáveis pela excelente campanha azulina na Série B.

Aliás, a importância da campanha foi deixada de lado no último jogo do turno. As facilidades encontradas pelo Remo permitiam obter uma vitória tranquila. As chances desperdiçadas por Rocha, Matheus Davó (2) e Janderson foram amplificadas pelo gol de empate nos minutos finais.

O torcedor não costuma olhar para o copo meio cheio, quase sempre se abraça ao meio vazio. É próprio do futebol, mas neste caso específico caberia uma leitura mais generosa. O Remo fez um bom jogo, obteve um ponto e poderia ter se saído melhor.

Com organização e estratégia, a equipe cumpriu sua melhor apresentação fora de casa, superior até à vitória sobre o Athletic, a única até agora obtida longe de Belém. Méritos do espírito coletivo e das ideias do técnico Antônio Oliveira, que optou por Pavani no meio-campo, ao lado de Cantillo e Caio Vinícius.

Foi de Pavani o lançamento perfeito para Pedro Rocha marcar aos 15 minutos. Foi dele também outro passe açucarado para Rocha perder outro gol no 2º tempo. Apesar disso, Oliveira também cometeu pecados, quase despercebidos diante da boa atuação.

Poderia ter lançado Jaderson quando Pavani cansou. Felipe Vizeu podia ter sido o homem de referência quando Marrony saiu. Por fim, Reynaldo não precisava ter entrado nos minutos finais. A dupla Camutanga-Kayky fazia uma partida estupenda. O gol do Goiás saiu em cima do capitão azulino.

São problemas normais em meio às complexidades da Série B. Apesar da insatisfação gerada pelo resultado, o Remo terá amanhã a oportunidade de voltar ao G4. Para isso, mesmo sem tempo para treinar entre um jogo e outro, tem potencial para superar a Ferroviária no Mangueirão. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Papão pronto para os desafios do 2º turno

É compreensível a preocupação da torcida com a situação do PSC, que fechou o turno da Série B na zona de rebaixamento. Por outro lado, a excelente arrancada após a chegada de Claudinei Oliveira não pode ser desconsiderada. Graças à fase de invencibilidade, o time parte de uma base de 20 pontos conquistados para a busca da recuperação no 2º turno.

A missão é desafiadora, principalmente porque a disputa vai se tornar naturalmente mais difícil na metade final do campeonato. O Papão terá que conquistar mais 23 pontos para permanecer na Série B. Serão 10 jogos como mandante, incluindo o Re-Pa previsto para 17 de outubro.

Desses 30 pontos em casa, o PSC terá que vencer oito para afastar qualquer risco de queda. A missão, mesmo complicada, é plenamente possível. A ajuda do torcedor, que tem lotado a Curuzu em todas as partidas, será um reforço e tanto nessa empreitada.

Para que tudo se encaminhe favoravelmente é claro que o time precisa continuar a mostrar consistência e organização. O sistema executado sob o comando de Claudinei tem sido muito bem sucedido, mesmo com as normais perdas de peças.

Claudinei tem feito os ajustes necessários, com o aproveitamento de jogadores recém-contratados, como Anderson Leite, Denner, Garcez e Diogo Oliveira. São os sustentáculos deste novo PSC e devem ganhar em breve a companhia de Rossi, que se recupera de contusão.

Mesmo que o problema com o Transfer Ban impeça a contratação de novos reforços, o PSC tem plenas condições de ir em busca dos pontos necessários para seguir na Série B ou até mesmo empreender uma arrancada em busca de classificação mais tranquila na competição.

Omissão aos chiliques de Abel vira consentimento

Em rede nacional, ontem à noite, os jogadores que participaram do clássico paulista Corinthians x Palmeiras (válido pela Copa do Brasil) conviveram com um concorrente inesperado: ao lado do campo, gesticulando e xingando em alto volume, o técnico palmeirense Abel Ferreira detonava a arbitragem a cada marcação que julgava injusta, seguido pelas câmeras da transmissão.

Corte rápido para a participação do treinador português em jogos e entrevistas no recente Mundial de Clubes nos EUA, quando abria seu melhor sorriso e um leque de mesuras para tratar árbitros e repórteres.

Seria um caso de dupla personalidade? Penso que a questão é mais simples. No Brasil, sob a medrosa complacência de árbitros e mídia, Abel se comporta como bad boy de língua irrefreável e grosseria explícita. Nos States, aos olhos da imprensa internacional, agiu como um legítimo fidalgo europeu, aceitando até eventuais erros de arbitragem.  

Em resumo, a estupidez é seletiva e conveniente, ao sabor das circunstâncias. Como sabe que no Brasil o muro é baixo, faz e acontece, sem medo de vir a ser punido como realmente merece.   

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 31)