Acusado nas redes de ser ‘inimigo do povo’, Motta se reúne com 50 empresários na casa de Doria

Encontro ocorre em meio ao avanço de críticas contra o Congresso, com uma percepção de conivência e alinhamento com interesses das elites econômicas

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se reuniu, nesta segunda-feira (30), com cinquenta empresários em um jantar na casa do ex-governador de São Paulo João Doria. O encontro ocorre em meio ao avanço de críticas nas redes sociais contra o Congresso, com uma percepção de conivência e alinhamento com interesses das elites econômicas. A hashtag #congressoinimigodo povo é uma das mais usadas nas plataformas digitais nos últimos dias.

Diante disso, o encontro desta segunda está sendo lido como mais uma demonstração da ligação entre empresários da Faria Lima e o presidente da Câmara, que retirou, na última semana, segundo cálculos de deputados aliados, cerca de R$ 10 bilhões do governo federal, impedindo o avanço de programas sociais. O montante viria das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Motta afirmou a interlocutores que o convite de Doria para o jantar foi feito antes do acirramento da crise entre ele e o governo. A informação sobre o encontro foi divulgada inicialmente pela jornalista Mônica Bergamo, da “Folha de S. Paulo”.

Nesta semana, o PT lançou uma peça publicitária nas redes afirmando que “é hora de rachar a conta Brasil de forma mais justa: quem tem mais paga mais. Quem tem menos paga menos. E quem é a favor do povo, aprova essa ideia”.

Na semana passada, junto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Motta liderou a votação sobre os três decretos editados por Lula que aumentavam as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Por 383 votos para a derrubada do texto presidencial e 98 pela manutenção, os decretos foram suspensos.

Além disso, o Legislativo adotou medidas que ampliam despesas, como o aumento no número de vagas para deputados a partir de 2026, bloqueiam cortes e mantém benefícios fiscais, dificultando o controle dos gastos públicos.

Um levantamento da Tendências Consultoria, elaborado a pedido do jornal O Globo, mostra que as medidas recentes aprovadas pelo Congresso terão impacto de R$ 106,9 bilhões nas contas públicas em 2025, valor que deve subir para R$ 123,25 bilhões em 2026.

Entre as causas principais para elevação dos gastos, segundo o estudo da Tendências Consultoria, estão a ampliação do número de deputados de 513 para 531, o crescimento das emendas parlamentares e a aprovação do programa de renegociação das dívidas estaduais (Propag), que praticamente eliminou os juros pagos pelos estados, mantendo apenas a correção pela inflação.

As emendas parlamentares são um dos fatores que mais pressionam o orçamento federal: passaram de R$ 8,6 bilhões em 2014 para R$ 62 bilhões em 2025, segundo dados da Tendências. (Com informações do ICL Notícias)

A frase do dia

“Hora do Bom Combate. A elite viu o cenário: isenção de IR até 5 mil, economia crescendo, desemprego caindo e Lula, simplesmente @LulaOficial . Eles NÃO aceitam um 4° mandato. Querem impor Tarcisio na marra. Querem impor medidas contra Lula. Chega de conciliação. Agora é guerra!!!”.

Ricardo Capelli, jornalista e presidente da ABDI

Renascimento empolgante

POR GERSON NOGUEIRA

Bastaram 4 minutos para o PSC reverter um resultado adverso diante da Ferroviária de Araraquara, ontem à noite, na Curuzu. Surpreendido com o gol do visitante no 1º tempo, o time paraense teve a virtude de não se abalar. Voltou para a etapa final com ânimo redobrado, superando as más condições do gramado e a eficiente marcação dos paulistas. A vitória foi construída em lances de movimentação na área, que comprova a funcionalidade do novo ataque.

O mais importante é o sentimento que o time passa ao torcedor com a conquista da terceira vitória consecutiva. O jejum de 11 jogos é coisa do passado, nem é mais lembrado, pois os triunfos têm efeito contagiante. Com Claudinei, o PSC reencontrou o caminho das pedras, mesmo frente a dificuldades como diante da Ferroviária.

Os problemas se concentraram no 1º tempo pelo excesso de passes errados. Sem conseguir articular jogadas ofensivas, o time perdia muito tempo e não conseguia conter o ímpeto do adversário nos contra-ataques.  

Sem Rossi, normalmente o articulador da equipe, o Papão custou a se organizar na meia-cancha. O trio que ocupou o setor central – Ronaldo Henrique, Anderson Leite e Marlon – buscava acelerar, mas as coisas demoraram a funcionar. Enquanto isso, a Ferroviária se mantinha retraída. 

O gramado enlameado atrapalhou pelo menos um bom ataque. Aos 15 minutos, Diogo Oliveira recebeu passe de Marlon e se preparava para entrar livre na área quando a bola acabou parando na água.

Quando a chuva diminuiu, o Papão começou a se movimentar. Diogo Oliveira esticou bola preciosa para Maurício Garcez, que finalizou com perigo para Dênis Júnior. Ágil, Garcez era a principal válvula de escape no ataque. Ainda disparou um chute cruzado, que o goleiro espalmou aos 35’.

Mesmo superior na reta final, o PSC teve o dissabor de sair para o intervalo em desvantagem. Num cochilo da zaga, aos 42’, Tarik aproveitou o cruzamento de Juninho, balançando as redes bicolores.

Claudinei providenciou mudanças no time para buscar a reação. Promoveu a estreia de Thiago Heleno (no lugar de Novillo) e lançou Marcelinho, substituindo Vinni Farias. As mexidas foram fundamentais para botar fogo no jogo, apesar da chuva forte que insistia em castigar a Curuzu.

E foi pelos pés de Marlon que o Papão chegou ao empate, aos 18’. Ele aproveitou rebote da zaga e chutou duas vezes para acertar o canto da trave de Dênis Júnior. Logo em seguida, o lateral Bryan Borges cruzou para Diogo Oliveira. Ele escorou para Marlon, que errou o alvo por pouco.

Aos 22’, para festa da torcida que lotou a Curuzu, Reverson mandou a bola na área, Marcelinho matou no peito e finalizou rasteiro, sem chances para o goleiro. A Ferroviária botou mais atacantes, mas as saídas em contra-ataque do Papão eram sempre perigosas e o jogo terminou mesmo em 2 a 1.

Claudinei mantém o desempenho 100% e o PSC completou uma invencibilidade de três partidas, ficando mais próximo de deixar o Z4, a apenas três pontos do Botafogo-SP, primeiro time fora da zona. (Foto: Mauro Ângelo/Diário)

Fluminense, gigante, supera o 2º melhor da Europa

Espécie de patinho feio entre os representantes brasileiros no Mundial de Clubes, o Fluminense cravou categórica vitória de um time nacional sobre um dos pesos-pesados da Europa – feito parecido com o do Botafogo sobre o PSG, com a diferença de ter sido obtido num jogo decisivo.

Desembaraço e confiança não faltaram aos comandados de Renato Gaúcho contra a temida Internazionale de Milão, vice-campeã europeia. A postura do Tricolor no começo do confronto foi determinante para a vitória.

Logo aos 3 minutos, após cruzamento de Arias, Germán Cano mergulhou de cabeça para abrir o placar. O jogo transcorreu sob absoluto e competente controle do time de Renato Gaúcho, que ainda teve tempo para fazer 2 a 0 com Hércules, aos 48’ do 2º tempo.  

Renato, sempre sob desconfiança quanto ao conhecimento tático, confundiu os italianos com um sistema de três zagueiros e um meio-campo essencialmente marcador, liberando Arias e Cano para atacar.

Classificado para as quartas de final, o Flu também festeja o excelente faturamento: embolsou mais R$ 72 milhões em premiação. No total, já garantiu R$ 200 milhões no Mundial.

O feito do Flu foi tão impactante que o capitão Lautaro Martínez, da Inter, saiu disparando críticas ao próprio time: “Quero brigar pelos principais títulos. Quem quiser permanecer na Internazionale, muito bem, vamos lutar. Mas quem não quiser ficar pode ir embora. Precisamos de uma mentalidade de alto nível ou, por favor, vá embora”.

Covardia diante do Palmeiras custa emprego de Paiva

O técnico do Botafogo, Renato Paiva, foi o primeiro a rodar no Mundial de Clubes. O sistema que adotou contra o Palmeiras, baseado na cautela e sem força ofensiva, aborreceu John Textor, o dono da SAF, que resolveu demiti-lo no domingo à noite.

Textor quer um Botafogo ofensivo e vencedor. A SAF depende de conquistas para seguir dando lucro. Paiva não entendeu essa lógica e ainda aproveitou a entrevista pós-jogo para reclamar reforços. Dançou. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 01)

Rock na madrugada – Titãs, “Será que é isso que eu necessito?”

POR GERSON NOGUEIRA

Bons tempos do rock brasileiro aqueles quando os Titãs ousavam experimentar sonoridades diferentes, sem medo de errar e despreocupados em relação às ambições comerciais. Só pelo prazer de testar possibilidades. É o caso da canção pós-punk “Será que é isso que eu necessito”, cantada por Sérgio Brito com vocalização forte e gutural.

Do disco Titanomaquia (1993), o sétimo da banda, “Será que é isso que eu necessito?” expressa bem a pegada dos Titãs em plena era grunge. Sem Arnaldo Antunes, que havia deixado a banda um ano antes, o álbum foi produzido por Jack Endino, que trabalhou com Soundgarden e Nirvana. O título e a temática tratam de Titanomaquia, a batalha mitológica entre os Titãs e os deuses olímpicos. 

O brado contra a opressão, desajustes existenciais e injustiça social é a base das letras de “Titanomaquia”. O lado mais forte, porém, é a sonoridade é mais crua, pesada e áspera, com guitarras e bateria em destaque, por influência direta de Endino.

Além da óbvia referência ao grunge, o disco também flerta com heavy metal, hardcore e hard rock. Além desta canção, o disco trazia “Nem Sempre Se Pode Ser Deus”, “Disneylândia” e “Hereditário”, músicas que entraram para o repertório definitivo do grupo.

À época, os Titãs viviam aos empurrões com a crítica e tentavam recuperar identidade sem um de seus principais compositores (Arnaldo). Curiosamente, partiu para uma guinada radical, incluindo uma profusão de palavrões nas letras, o que remeteu naturalmente à explosão de Nirvana & cia. A avaliação predominante é que o disco representou um renascimento da banda.

Curiosamente, em entrevistas recentes, Nando Reis é o único ex-Titã que demonstra certa mágoa desse período, talvez pela crise criativa que vivia. Acabou não emplacando nenhuma canção e só interpretou uma música. Nando deixaria o grupo em 2002.