Mudar para seguir como está

POR GERSON NOGUEIRA

Como quase tudo que envolve a Confederação Brasileira de Futebol, o turbilhão de informações das últimas 72 horas traz um toque de fofoca, intriga e disputas de bastidores à guerra pelo poder na milionária entidade que manda e desmanda no futebol brasileiro.

Ednaldo Rodrigues, que tentou se agarrar à contratação de Carlo Ancelotti como bóia de salvação para permanecer no cargo, foi derrubado por uma assinatura suspeita (ou falsa) de ninguém menos que o nosso conhecido Coronel Nunes, de tantas histórias tanto na FPF como na CBF.

Depois de ser apoiado por unanimidade na eleição de 24 de março, coincidindo com a surra em campo para a Argentina nas Eliminatórias, Ednaldo caiu em desgraça por alguma razão até agora oculta. Talvez nunca se saiba o que de fato ocorreu, mas é fato que os presidentes de federações que o aclamaram resolveram lhe puxar o tapete.

Um risível “Manifesto pela Estabilidade, Renovação e Descentralização do Futebol Brasileiro”, divulgado na sexta-feira (16), significa a pá de cal nas pretensões de Ednaldo. Ali, em termos pomposos, a cartolagem decreta que o ciclo dele acabou e que um novo aiatolá será ungido no dia 25 de maio, data da eleição convocada pelo interventor Fernando Sarney.

Aliás, Sarney é personagem importante no tabuleiro, nem tanto pela influência no esporte, mas pela mobilização no cenário jurídico, onde até pouco tempo atrás Ednaldo esteve bem amparado. A rapidez do processo de destituição mostrou que o baiano já não tem esse importante suporte.

Mesmo para os padrões da CBF, surpreende que um cartola inexpressivo de Roraima seja um dos cotados no pré-conclave que se instalou na CBF para formação de chapas. Por óbvio, a possível escolha de um desconhecido indica que novas tramas já estão em marcha. A conferir.

Invicto, Remo foca na regularidade

Regularidade e eficiência são virtudes fundamentais na Série B do Campeonato Brasileiro. Ninguém obtém sucesso numa disputa tão longa e difícil se não priorizar esses pontos. O Remo tem seguido à risca esse manual de caminhada dentro da competição.

Até aqui, foram quatro vitórias em casa e três empates fora. Nada mais exemplar da eficiência da equipe do que a prioridade dada à segurança defensiva, sem descuidar da agressividade no ataque.  

Dono da melhor zaga (4 gols sofridos) e do melhor ataque (10 gols) do campeonato, o time de Daniel Paulista exibe entrosamento no bloqueio às ações dos adversários e nas saídas em velocidade. Isso requer repetição em treinos e escolha adequada dos jogadores e do sistema utilizado.

Nas primeiras seis rodadas, o Remo utilizou o 4-3-3 e, por força da necessidade provocada pela ausência de cinco titulares, passou a adotar a variação para o 3-5-2 desde o confronto com o Vila Nova, no Mangueirão.

Era uma situação improvisada, mas deu certo. Por esse motivo, o time que irá enfrentar o Atlético-GO neste domingo (16h) deve ser basicamente o mesmo que atuou na quarta-feira, o que inclui a dupla Pedro Rocha e Adailton na linha ofensiva.

Daniel Paulista optou por repetir o 3-5-2 ao observar a forma segura como a defesa atuou contra o Vila e as opções abertas na frente com dois jogadores rápidos (Rocha e Adailton) auxiliados pelos alas Marcelinho e Alan Rodriguez. Com Felipe Vizeu de centroavante, o time não vinha mostrando a mesma mobilidade no ataque.

A dúvida está na defesa, onde o titular Klaus já tem condições de jogo. Caso seja escalado, deverá substituir Camutanga, que jogou mais centralizado diante do Vila Nova.  

Papão vai em busca da primeira vitória

Contra o líder Goiás, neste domingo (18h30), no Mangueirão, o PSC renova esperanças na conquista da primeira vitória, que quase aconteceu na rodada passada, quando esteve em vantagem sobre o América-MG até quase o final, mas cedeu o empate em apenas três minutos.

Sem alternativas para mudanças substanciais no time, o técnico Luizinho Lopes deve manter a equipe que jogou em Belo Horizonte, o que inclui o zagueiro Maurício, substituto de Quintana.

O ataque, como sempre, vai depender muito do rendimento de Rossi. Jogador mais importante do time, ele é decisivo no ataque e ainda tem participação importante nas ações a partir do meio-de-campo.

Os problemas de desgaste físico se juntam às deficiências individuais e fazem com que o time sofra até quando abre vantagem no placar. Os resultados negativos deixam os jogadores inseguros, o que acentua a necessidade de uma vitória para espantar a má fase.  

A condição de mandante, com o apoio da torcida, favorece as pretensões bicolores, apesar da boa campanha do Goiás como visitante.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 23h, na RBATV, destacando a oitava rodada da Série B e os jogos da Série D. Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião participam dos debates. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.  

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 17/18)

Clubes e torcedores prestam homenagens ao repórter esportivo Agripino Furtado

Com passagem por várias emissoras de rádio de Belém, o repórter esportivo Agripino Furtado morreu nesta sexta-feira (16), aos 72 anos, vítima possivelmente de um infarto enquanto dormia em sua residência. Em sua homenagem, Remo e Paysandu postaram mensagens nas redes sociais, destacando a competência e a seriedade do radialista. Nas redes sociais, os torcedores também se manifestaram elogiando o trabalho de Agripino ao longo dos anos.

Natural de Mocajuba, na região do Baixo Tocantins, Agripino foi jornaleiro na juventude e trabalhou durante mais de três décadas como setorista do PSC, cobrindo diariamente as atividades do clube. “Trabalhou nas rádios Liberal e Marajoara, sempre com a missão de levar diariamente aos ouvintes as principais informações do Paysandu, de forma responsável, verdadeira e imparcial”, ressaltou o clube em publicação na internet.

Cobriu a histórica vitória do PSC sobre o Boca Juniors, no estádio de La Bombonera, em Buenos Aires, pela Copa Libertadores da América de 2023. Em 2016, sob a gestão do presidente Alberto Maia, o clube homenageou Agripino batizando com o seu nome uma praça localizada na área interna do estádio da Curuzu.

Agripa também foi destacado em nota oficial do Clube do Remo, onde chegou a trabalhar como setorista no início da carreira. “Figura marcante na comunicação esportiva do Pará. Que sua memória seja uma inspiração para todos”, diz a mensagem, contendo também palavras de solidariedade à família do radialista.

A trajetória profissional de Agripino começou com a cobertura do Remo, pela Rádio Marajoara. Em 1972, já na Rádio Liberal, passou a cobrir a Tuna, ficando por vários anos acompanhando o clube cruzmaltino, antes de se tornar setorista do Paysandu. Reportou alguns dos principais feitos do Papão, a partir dos anos de 1980, até se aposentar.

A notícia de sua morte foi relatada pela família. Agripino sofreu infarto enquanto dormia, no começo da tarde, em sua casa. Ele sofria do mal de Parkinson.

O velório ocorre na sede social do PSC, na avenida Nazaré, e o sepultado está marcado para a manhã deste sábado, 19. Em homenagem póstuma a Agripino, o Paysandu solicitou à CBF a autorização para que se cumpra um minuto de silêncio antes da partida contra o Goiás, neste domingo (18), às 18h30, no estádio Jornalista Edgar Proença, pela 8ª rodada da Série B.

NOTA DO PSC

“O Paysandu Sport Club lamenta profundamente o falecimento do radialista Agripino Furtado, o setorista mais antigo do clube, que cobriu as atividades do Papão por mais de 50 anos. Ele partiu nesta sexta-feira (16), aos 72 anos.
Agripa, como era carinhosamente conhecido, trabalhou nas rádios Liberal e Marajoara, sempre com a missão de levar diariamente aos ouvintes as principais informações do Paysandu, de forma responsável, verdadeira e imparcial.
Altamente identificado com o clube, o radialista acompanhou in loco as maiores glórias da história bicolor, como as conquistas dos dois títulos da Série B, a final da Copa dos Campeões, a vitória épica sobre o Boca Juniors em La Bombonera, pela Copa Libertadores da América, além de outros momentos inesquecíveis.
Devido ao seu trabalho sério, honesto e respeitoso, Agripino Furtado foi homenageado pelo Paysandu, em 2016, com o seu nome eternizado em uma praça localizada nas dependências internas do Estádio Banpará Curuzu.
O clube solicitou junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) um minuto de silêncio em sua homenagem, que será respeitado antes da partida contra o Goiás, no próximo domingo (18), às 18h30, no Estádio Mangueirão, pela oitava rodada da Série B.
O Paysandu se solidariza com familiares, amigos e ouvintes de Agripino Furtado neste momento de profunda tristeza”.

SUS realiza primeiras aplicações do zolgensma, remédio de R$ 7 milhões para crianças com AME

Com modelo inédito, um dos mais caros medicamentos do mundo é ofertado de forma gratuita na rede pública. Expectativa é atender 137 crianças com a condição rara em dois anos

Bebê que recebeu a terapia na quarta-feira, 14 de maio, no Hospital da Criança José Alencar, em Brasília (DF) – Foto: Igor Evangelista/MS

O Governo Federal viabilizou, na rede pública de saúde, as primeiras aplicações do zolgensma, medicamento de altíssimo custo utilizado no tratamento de crianças com Atrofia Muscular Espinhal (AME). Essa é a primeira terapia gênica incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Duas bebês, com menos de seis meses de vida, receberam a terapia simultaneamente na quarta-feira, 14 de maio, no Hospital da Criança José Alencar, em Brasília (DF), e no Hospital Maria Lucinda, em Recife (PE).

ALTO CUSTO — O zolgensma é considerado um dos medicamentos mais caros do mundo, com custo médio de R$ 7 milhões por dose única. O fornecimento gratuito no SUS foi possível graças a um modelo inovador de Acordo de Compartilhamento de Risco, firmado entre o Governo Federal e a fabricante. 

O Brasil se tornou o sexto país no mundo a ofertar o medicamento em sistemas públicos de saúde, após Espanha, Inglaterra, Argentina, França e Alemanha. O acordo realizado estabelece que o pagamento só será feito se o tratamento for eficaz, o que garantiu ao Brasil o menor preço lista do mundo. 

HISTÓRICO — Durante visita ao Hospital da Criança em Brasília, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, celebrou o momento como um marco para a saúde pública no país. “Seria impossível para as famílias arcarem com um custo tão alto. É uma terapia gênica muito importante e inovadora, por isso garantir esse atendimento e poder acolher essas famílias é um momento de muita emoção”, disse o ministro.

INDICAÇÃO — O medicamento é indicado exclusivamente a crianças com AME tipo 1, com até seis meses de idade, que não dependem de ventilação mecânica invasiva por mais de 16 horas por dia. As duas bebês atendidas foram priorizadas por estarem próximas do limite de idade para receber a infusão e por cumprirem todos os critérios clínicos previstos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Atrofia Muscular Espinhal (AME) 5q tipos 1 e 2. 

“É emocionante, porque a gente nunca perde a esperança como mãe. Ver minha filha, daqui pra frente, poder andar, correr, falar e me chamar de mãe vai ser excelente. Posso viver a maternidade de uma forma diferente”.

Milena Brito
Mãe de bebê que recebeu a infusão de zolgensma em Brasília 

EMOÇÃO — Millena Brito, mãe da bebê que recebeu a infusão em Brasília (DF), descobriu o diagnóstico de AME aos 13 dias de vida da filha. Para ela, o tratamento oferecido pelo SUS foi o melhor presente que poderia receber. “É emocionante, porque a gente nunca perde a esperança como mãe. Ver minha filha, daqui pra frente, poder andar, correr, falar e me chamar de mãe vai ser excelente. Posso viver a maternidade de uma forma diferente”, afirmou Millena, emocionada. 

Com a garantia do acesso ao medicamento, as crianças poderão ter ganhos motores significativos, como a capacidade de engolir e mastigar, sustentar o tronco e sentar-se sem apoio. A expectativa do Governo Federal é atender 137 pacientes nos primeiros dois anos, impactando diretamente na qualidade de vida. Atualmente, um total de 15 pedidos foram protocolados para acesso ao medicamento no SUS e estão sendo encaminhados, começando por estes dois atendimentos. 

INTERVENÇÕES — Embora a AME não tenha cura, as terapias disponíveis ajudam a estabilizar sua progressão. Além do zolgensma, de dose única, o SUS oferece nusinersena e risdiplam, de uso contínuo, que atuam para evitar a progressão da doença. Sem essas intervenções, essas crianças enfrentam alto risco de morte antes dos dois anos de idade. Quem recebe o zolgensma não precisa receber outra terapia para AME. 

COMO TER ACESSO — As famílias devem procurar um dos 36 serviços especializados em doenças raras do SUS. Um médico realizará a avaliação clínica da criança e, caso os critérios de elegibilidade sejam atendidos, o processo de solicitação da terapia será iniciado. 

Dos 36 serviços, 31 já estão aptos a realizar a infusão da terapia gênica – sendo 22 já habilitados e nove em fase de capacitação. Os serviços estão disponíveis em Alagoas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e no Distrito Federal. 

Nos estados que ainda não contam com serviços habilitados para a infusão, o acordo garante, além do medicamento, o custeio de passagens e hospedagem para o paciente e um familiar responsável. 

ACOMPANHAMENTO — As crianças que recebem o zolgensma serão acompanhadas clinicamente até os cinco anos de idade pelo serviço de referência responsável pela infusão. Esse processo está alinhado com o Protocolo Clínico e com o Acordo de Compartilhamento de Risco. Após a infusão, o paciente deve permanecer internado por no mínimo 24 horas, sob observação clínica contínua. 

AVANÇOS — Incorporações como a do zolgensma mostram a capacidade do SUS em absorver terapias que envolvem alta complexidade. A adoção do modelo de compartilhamento de risco é uma alternativa para aquisição de medicamentos de altíssimo custo e cujos resultados requerem mais evidências científicas. 

Como vai funcionar o pagamento pelo governo:

  • 40% do preço total, no ato da infusão da terapia;
  • 20%, após 24 meses da infusão, se o paciente atingir controle da nuca; 20%, após 36 meses da infusão, se o paciente alcançar controle de tronco (sentar-se por, no mínimo, 10 segundos sem apoio);
  • 20%, após 48 meses da infusão, se houver manutenção dos ganhos motores alcançados;
  • Haverá cancelamento das parcelas se houver óbito ou progressão da doença para ventilação mecânica permanente.

Onde encontrar os serviços de referência

Em Belém, no Hospital Universitário Bettina Ferro.

(Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República)