PGR Paulo Gonet confraterniza com aliados de Bolsonaro

A foto do PGR num convescote com bolsonaristas é, de longe, a imagem mais intolerável e preocupante de um Brasil sob assédio sem fim do fascismo e do crime. É o flagrante de um aceno simbólico à complacência com um segmento político fiador de tragédias sociais e violações civilizatórias cáusticas ao povo brasileiro. É grave. Sobretudo porque o PGR tem a exata noção do peso inerente às ações públicas e maneja a discrição como selo da postura em relação a cargo e processos.

Nas eleições, evitou agir contra o bolsonarismo para não influenciar o voto e permitiu a pregação fascista que infectou os municípios. A autorização para se deixar fotografar é, assim, um recado indigesto para um país aflito e à espera de punição à delinquência conhecida pelos comensais do rega-bofe. É uma ridicularização do perigo golpista ao confraternizar com quem se alinha com o mentor e principal beneficiado de um atentado mal-sucedido contra o país.

A letargia em denunciar quem deveria estar na jaula em contraste com a disposição para sentar à mesa com o extremismo amarga a esperança por justiça no Brasil. O fedor da impunidade saiu na foto. (Por Tiago Barbosa, no X)

Quando alguém duvidar do mal causado pelas big techs, mostre o dossiê sobre jogo sujo nas redes

Do Intercept_Brasil

Hoje o alinhamento das grandes empresas de tecnologia com Donald Trump – e com a extrema direita mundial – ficou óbvio. Mas nem sempre foi assim. Um discurso de relações públicas bem alinhado, um time de lobistas de várias matizes ideológicas e técnicas sofisticadas para conquistar corações e mentes de políticos, jornalistas e sociedade civil foram cruciais para, durante anos, blindar essas grandes corporações de regulação e escrutínio público.

Agora, um dossiê lançado nesta quinta-feira, 6, por três organizações, a Avaaz, o Sleeping Giants Brasil e o Projeto Brief, documenta e sistematiza as violações das big techs no Brasil e no mundo nos últimos anos – muito antes de Trump retornar ao poder de braços dados com os oligarcas do Vale do Silício. 

O relatório enumera e resume toda a podridão que assistimos, consolidando evidências do impacto destrutivo dessas empresas na política e na sociedade.

Ainda que não seja novidade – aqui no Intercept, por sinal, nunca descansamos antes de reportar boa parte desses absurdos –, não deixa de ser assustador ver tudo reunido em um lugar só. E, mais do que isso, o documento chega em um momento crítico. Só nas últimas semanas, assistimos Elon Musk implodir o governo dos EUA como se estivesse gerindo uma startup, Mark Zuckerberg desmontar qualquer iniciativa que proteja as pessoas em suas plataformas e o Google simplesmente voltar atrás da sua promessa de não usar IA para armas ou vigilância. Eles perderam qualquer freio ou vergonha.

Que o ecossistema de recomendação e monetização das big techs fortalecem a extrema direita a gente já sabia há tempos. Reportamos inúmeras vezes sobre isso só aqui no Intercept (leia como a Jovem Pan, a extrema direita e a Brasil Paralelo foram beneficiadas) . Mas o discurso público delas ainda era polido. Agora, perderam a vergonha de abraçar o caos. 

Aqui no Brasil, de certa forma, já havíamos tido um prenúncio do que viria. As big techs já haviam se alinhado com a extrema direita, inclusive com táticas sujas de lobby e mentiras, para engavetar o PL 2630, o PL das Fake News. Ali, tivemos a real noção da capacidade de influência na política real – e a consciência de que somos reféns das decisões tomadas por inconsequentes homens brancos do Vale do Silício. 

A seguir, confira os pontos-chave trazidos no dossiê.

1. Redes sociais detonam a saúde mental de crianças e adolescentes

Estudos e comunicados de autoridades de saúde dos EUA, de pesquisadores em todo o mundo e até da própria Meta mostram que redes sociais – particularmente TikTok, X, Instagram e Facebook – estão associadas a danos psicológicos e estímulo a comportamentos nocivos entre crianças e adolescentes. Os documentos vazados no Facebook Papers indicam que pesquisas internas revelaram que o Instagram piorava pensamentos de suicídio e automutilação em 13,5% das meninas jovens. Para 17%, a rede social afetava negativamente os transtornos alimentares. E, para uma a cada três, piorava a autoestima.

Enquanto isso, aqui no Brasil, já mostramos que as big techs pagam estudos que minimizam essa realidade.

2. A moderação de conteúdo é ineficiente

A recente decisão de Zuckerberg de acabar com a moderação de conteúdo foi, também, a forma covarde de a empresa se livrar de um problema: a moderação sempre foi falha. Já contamos os traumas vividos por uma moderadora, também mostramos que os sistemas de IA responsáveis por moderar conteúdo, a aposta da Meta, são treinados por pessoas que ganham centavos por isso, sem nenhum tipo de preparo.

Agora, o dossiê lembra que a própria Meta admitiu que o sistema é falho, e as regras não eram aplicadas para todos. Ao mesmo tempo, Google e TikTok, além da própria Meta, lucram com disseminação de conteúdo falso e extremo – quem lembra dos atos de 8 de janeiro no Brasil, transmitidos e disseminados ao vivo em canais monetizados?

3. Elas não estão nem aí para a privacidade das pessoas

Qualquer um que já mandou uma mensagem no WhatsApp e depois viu um anúncio sobre o que conversou no Instagram sabe do que eu estou falando. Mas fica ainda pior. Com três curtidas, o Facebook consegue saber se uma pessoa é homossexual, mostrou o estudo. O Google já permitiu que parceiros lessem e-mails privados dos usuários. Nem dados de crianças estão a salvo.

4. Usam táticas sujas para se livrar de regulação e influenciar a política

Na Europa, a Meta está sofrendo um processo por abuso de poder econômico relacionado à compra do WhatsApp. E adivinha o que a empresa fez? Mentiu. Mentiu e tomou uma multa milionária por isso. Também precisou aceitar um acordo por enganar investidores nos EUA sobre riscos de uso impróprio de dados. Aqui no Brasil, elas foram mais deselegantes: estamparam desinformação na capa dos principais jornais do país para travar o PL 2630, atuaram ativamente com campanha de pânico e usaram muito dinheiro para influenciar o debate público. Conseguiram.

5. As redes sociais conduzem pessoas para o extremismo

Elas negam, negam e negam. Dizem que são plataformas neutras, que os algoritmos de recomendação seguem as preferências dos usuários. Mas vários estudos, inclusive um do próprio Facebook, mostram que isso é balela. O dossiê cita este, do Counter Extremism Project, que mostra como o algoritmo do YouTube promove desinformação, teorias da conspiração e extremismo. O mesmo acontece com TwitterTikTok e Meta

Este último, aliás, é revelador: era um estudo da própria Meta, o que prova que a empresa sabia muito bem o quanto sua plataforma estava servindo para popularizar teorias conspiratórias. Ou seja: elas já tinham esse posicionamento político, mas se preocupavam em disfarçar. Agora, perderam a vergonha.

A PRESSÃO PELA REGULAÇÃO

Há mais casos listados no dossiê, que ainda cita outros estudos mostrando como as plataformas passam pano para bandidos e lucram com desinformação. As referências também estão disponíveis no site. “Há muito tempo as plataformas digitais não são espaços neutros”, diz o texto do dossiê. “Os poderes da República precisam agir com urgência, cada um dentro de suas atribuições, para enfrentar os desafios que se impõem”, defendem os organizadores, defendendo a regulação urgente.

Hoje, no Brasil, há três propostas para regular o tema: o julgamento no STF que avaliará a responsabilização das plataformas de internet, propostas no Congresso, particularmente o PL 2630, o PL das Fake News, e possíveis iniciativas do Poder Executivo. “Não podemos esperar pelos próximos atos de violência, ódio, e ataques à democracia para tomar atitudes mais contundente”, defendem.

Segundo Carolinne Luck, coordenadora do projeto Brief, o dossiê será apresentado a parlamentares e ministros atuantes no tema das regulações das big techs. O grupo também fez uma carta aberta aos três poderes cobrando a retomada do julgamento do Tema 987 no STF, que trata da responsabilidade de provedores na internet, e a aprovação do PL 2630, o PL das Fake News, no Congresso. 

(Foto: Angela Weiss/AFP)

A rodada dos “endividados”

POR GERSON NOGUEIRA

Remo e PSC estão em dívida com suas torcidas. Ambos fizeram má figura na 4ª rodada do Campeonato Paraense e, principalmente, na primeira fase da Copa Verde. Os bicolores perderam para o Santa Rosa, em Ipixuna, e empataram com o Porto Velho, na Curuzu, safando-se por pouco da eliminação. Os azulinos fizeram pior: tropeçaram no Capitão Poço e foram desclassificados pelo São Raimundo-RR, no Baenão. Uma vergonha.

Resultados decepcionantes, que abriram de imediato um debate sobre o potencial dos times para encarar a Série B daqui a pouco mais de um mês. Está óbvio que, apesar das oscilações normais de começo de temporada, a dupla Re-Pa não está forte em nível suficiente para competir mesmo com equipes modestas de Rondônia e Roraima, ambas sem divisão.

O fato é que a rodada do Parazão será observada com lupa pelos torcedores neste domingo. O PSC vai encarar o Bragantino, às 15h30, no estádio Diogão, em Bragança. A dúvida está no meio-campo, onde Matheus Vargas e Leandro Vilela disputam a titularidade. PK deve continuar na lateral-esquerda e o ataque vai completo, com Borasi, Rossi e Nicolas.

O Remo faz o clássico com a Tuna, às 18h, no estádio Jornalista Edgar Proença. A Águia busca subir na tabela e o Leão tenta ampliar vantagem na liderança. O time de Rodrigo Santana entra pressionado pela necessidade de se reabilitar perante o Fenômeno Azul. Dodô volta e é possível que Adailton siga no ataque, assim como Klaus na zaga. O jogo passou a valer muito. Um novo tropeço seria desastroso.

É preciso considerar que enquanto o problema se limitava à caminhada no Parazão, onde PSC e Remo têm situação confortável na classificação, os maus passos eram aceitáveis. Quando a chave virou e ambos tiveram que encarar confrontos com times de outros Estados, a coisa adquiriu outros contornos.

Na esteira do fiasco diante do São Raimundo, veio à tona a inglória lembrança da eliminação do Remo diante do Porto Velho, na Copa do Brasil 2024. O drama é tão sério que a definição do confronto no torneio deste ano já desperta o receio de um novo vexame: o Leão vai duelar com o Grêmio Atlético Roraima (GAS), de Roraima, treinado por Emerson Almeida e cheio de atletas paraenses.  

Os temores são justificados. O Remo não mostrou competência técnica para superar o São Raimundo. Além da atuação constrangedora, ainda mostrou um desligamento preocupante, como se estivesse em patamar absolutamente superior aos adversários – e não está. Camisa e tradição importam, mas não garantem vitórias.    

Do lado bicolor, os receios também existem. O time avançou na Copa Verde, classificando-se para enfrentar o Manaus em duas partidas. Por via das dúvidas, depois das críticas dos jogadores Rossi e Vargas ao gramado da Curuzu, a diretoria decidiu receber o Manaus (jogo de ida) no Mangueirão. Na Copa do Brasil, o Papão só estreia na 3ª fase.

Leão tenta reforçar staff com ex-flamenguista

Caiu como bomba a notícia de que Marcos Braz é o novo representante legal do Remo junto à CBF e que negocia sua participação no staff de futebol do clube. A informação surgiu por ocasião do sorteio de datas e jogos da Copa do Brasil, na sexta-feira à tarde.

Ex-vice-presidente do Flamengo, Braz é conhecido pelo estilo  respeitado nos bastidores, principalmente em relação à CBF. Esteve no Baenão há duas semanas e se reuniu com a diretoria do Remo. O motivo da visita, não informado à época, agora ficou bastante claro.

Segundo a nota oficial, o clube “já iniciou as tratativas” para que Braz possa integrar o staff do futebol azulino, ao lado de Sérgio Papellin. Fica a dúvida quanto ao papel do CEO a partir da chegada de Braz. 

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, a partir das 23h, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a análise da 5ª rodada do Parazão. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.

Tuna apoia inclusão doando ingressos para jovens

A partir de uma iniciativa da Federação Paraense de Futebol junto à Defensoria Pública, jovens em situação de vulnerabilidade ganham ingressos para assistir o clássico Tuna x Remo, hoje, no Mangueirão. O objetivo é garantir o direito de convivência e inclusão de crianças e adolescentes em situação de risco social.

A Tuna, mandante do jogo, vai disponibilizar ingressos para os jovens cadastrados no Núcleo de Atendimento Especializado da Criança e do Adolescente (Naeca), reforçando o compromisso em favor das políticas inclusivas. Os ingressos se destinam às unidades Dulce Aciolli e Esperança, localizada em Icoaraci.

A iniciativa é digna de aplausos. A Tuna é um clube conhecido pela formação de atletas e o gesto já nasce vitorioso pela importância social e a garantia de cidadania aos jovens acolhidos. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 08/09)