Galeria do rock

Postagem de Wolf Van Halen, filho de Eddie Van Halen, sobre a noite em que ambos receberam a visita de Eddie Vedder e do guitarrista Mike McCready, do Pearl Jam, e músicos do Alice In Chains após um show em Tacoma (EUA), em maio de 2012.

Rebeca: o ouro, o recorde e a glória

Com a medalha de ouro conquistada na manhã desta segunda-feira, em Paris, a ginasta Rebeca Andrade ultrapassou Torben Grael e Robert Scheidt e assumiu a liderança absoluta entre os medalhistas brasileiros de todos os tempos. Ao som de “Mas que nada”, de Jorge Ben, ela fez uma apresentação impecável no solo e superou a lenda Simone Biles (EUA).

O resultado transformou o ginásio numa grande celebração brasileira em torno de Rebeca. Ela já tinha ganho duas medalhas de prata e uma de bronze (por equipe). Ainda no pódio, ela foi reverenciada pela própria Simone Biles, curvando-se num gesto de respeito muito aplaudido por toda a plateia.

Esta é a terceira participação de Rebeca em Olimpíadas. No Rio, em 2016, a atleta saiu zerada. Já nos jogos de Tóquio, teve as duas primeiras conquistas. A ginasta conquistou a prata na disputa do individual geral e com o ouro na prova do salto na mesma edição. Agora, em Paris, Rebeca fez sua melhor Olimpíada, subindo ao pódio em quatro oportunidades diferentes. 

Em premiações do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Rebeca receberá R$ 1 milhão pelas medalhas obtidas. O ouro vale R$ 350 mil, a prata paga R$ 250 mil e o bronze, R$ 150 mil. É a maior premiação já paga a uma atleta olímpica no Brasil. Merecidamente.

Rebeca é bolsista do programa Bolsa Atleta, instituído no Brasil no primeiro governo Lula, em 2004.

Leão joga para entrar no G8

POR GERSON NOGUEIRA

A chegada ao G8 vem sendo adiada pelo Remo há várias rodadas. Sempre que o time se aproxima um detalhe acaba frustrando a expectativa. Desta vez, com resultados favoráveis na rodada, a chance é das melhores: contra a Aparecidense, às 20h, no estádio Jornalista Edgar Proença (Mangueirão), uma vitória põe o Leão na oitava colocação.

Para atingir esse objetivo, o time precisa ser agressivo e consistente. Na última vitória em casa, o Remo atuou bem no primeiro tempo, chegou a abrir o placar e ficou com um jogador a mais. Na etapa final, porém, permitiu o empate e quase complicou a vitória.

É o cenário que precisa ser evitado a todo custo hoje, quando deve se repetir aquela situação de ataque contra defesa, muito comum em jogos da Série C. O problema é que o Remo falha muito nas finalizações.

O Remo cria, em média, quatro boas chances por jogo, mas até hoje só conseguiu uma goleada (4 a 2 sobre o Caxias). As outras vitórias foram sempre por placar apertado, o que atesta os erros de pontaria.

O técnico Rodrigo Santana projeta seis alterações, a começar pela adoção do sistema 4-4-3, com a linha de quatro zagueiros – Diogo Batista, Ligger, João Afonso e Sávio. A medida visa abrir espaço para que o volante Bruno Silva entre no time. Saudado como o líder que o time não tinha, Bruno terá Pavani e Jaderson como parceiros de meio-campo.

Para a linha ofensiva, novas mudanças: Kelvin, Ribamar e Marco Antônio. Se há o lado positivo da barração de Cachoeira e Ytalo, fica a dúvida quanto à velocidade que o jogo vai exigir. Para quem precisará propor o jogo, é obrigatório que Jaderson atue mais adiantado.

A campanha na Série C tem mostrado que Rodrigo Santana é chegado a mudanças constantes, nem sempre bem sucedidas. Desta vez, a entrada do estreante Sávio é o movimento mais esquisito e temerário, pois o time sempre funcionou bem quando Raimar faz parte do esforço ofensivo.

O fato é que, numa rodada em que os adversários diretos não livraram grande vantagem, o Remo tem excelente chance de avançar. Para isso, precisa fazer sua parte, para corresponder à ajuda externa. (Foto: Silvio Garrido)

Papão tenta quebrar sequência ruim

Sem Nicolas, o PSC encara esta noite o Vila Nova, em Goiânia, buscando se afastar da zona de rebaixamento da Série B. Com 23 pontos, está na 15ª posição, mas o equilíbrio da disputa mantém o time paraense a 6 pontos do G4. De qualquer forma, o jogo com o Vila chega em um momento particularmente agitado na Curuzu.

Para afastar a turbulência, nada melhor que uma vitória. Apesar da ausência de seu principal atacante, o PSC tem um time arrumado, que sofre com uma campanha apenas mediana em termos de pontuação.

O retrospecto recente mostra um PSC sempre predominante nos confrontos com o Vila Nova. A última Copa Verde é o exemplo mais emblemático. No placar agregado dos jogos finais, uma goleada histórica do Papão: 10 a 0.

A lembrança desse resultado desastroso é um dos ingredientes da partida de hoje. Apesar da boa campanha na Série B, a torcida não esquece a humilhação e quer uma revanche. Óbvio que ninguém espera que o Vila devolva placar tão dilatado, mas exige-se uma vitória.

Esse tipo de cobrança quase sempre representa um fardo emocional para o mandante. Caso não consiga chegar logo ao gol, o Vila vai enfrentar a irritação de seus próprios torcedores, o que naturalmente beneficia o PSC.

Em campo, independentemente da crise de gestão no futebol do clube, o Papão terá praticamente a mesma equipe que jogou contra o Grêmio Novorizontino na rodada passada. O rendimento foi abaixo do esperado, repetindo a má atuação do embate com o Brusque.

Duas derrotas em sequência despertam sempre preocupação na torcida, ainda mais na Série B atual, que vem se revelando uma das mais equilibradas dos últimos anos.

O meio-campo deve ter Leandro Vilela, João Vieira e Cazares. No ataque, Jean Dias, Ruan Ribeiro e Paulinho Boia. Ruan ganhou a titularidade pelo gol e a boa atuação diante do Novorizontino.  

A polêmica dos acréscimos no futebol das Olimpíadas

O triunfo brasileiro sobre a França (1 a 0) no torneio de futebol em Paris quase foi sabotado por um exagerado tempo de acréscimos. A árbitra aplicou 19 minutos extras no 2º tempo. Somado aos 6 minutos do tempo inicial, foram 25 minutos – praticamente o período de uma prorrogação.

É bem verdade que as brasileiras abusaram da cera, mas os 19 minutos constituíram um castigo excessivo. Por sorte, a França não conseguiu empatar, para alegria da torcida brazuca e alívio de Tori Penso, que seria obviamente responsabilizada por qualquer prejuízo ao Brasil.

Rebeca leva 2ª prata e já é recordista de medalhas

O resultado era pedra cantada: a excepcional Simone Biles não errou nenhum de seus dois saltos e, com isso, Rebeca Andrade ficou com a medalha de prata na final do salto da ginástica artística das Olimpíadas de Paris-2024. Com a conquista de sábado (3), Rebeca soma agora cinco medalhas em sua trajetória olímpica.

A ginasta paulistana ganhou o ouro no salto e a prata no individual geral em Tóquio, há três anos, e completou a coleção em Paris com o bronze por equipes e as pratas no individual geral e no salto. Um feito e tanto.

É sempre bom lembrar que a ginástica artística não era uma modalidade tão popular no país até a ascensão de Daiane dos Santos, Daniele e Diego Hypólito. O furacão Rebeca foi além, elevando o patamar e transformando a ginástica em destaque do Brasil nos esportes olímpicos.

Rebeca cravou outra façanha admirável: empatou com Robert Scheidt e Torben Grael como os maiores medalhistas da história olímpica brasileira. Lendas da vela, Scheidt tem dois ouros, duas pratas e um bronze, enquanto Torben acumulou dois ouros, uma prata e dois bronzes.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 05)

A frase do dia

“Rebeca é um talento extraordinário. Forjada em programa de iniciação esportiva da Prefeitura de Guarulhos. Do PT, claro. Sim, politizo as medalhas. Se não gostam, vazem. As medalhas brasileiras têm cor e forma: estrela vermelha”.

Flávio Gomes, jornalista

Rock na madrugada – Led Zeppelin, “All My Love”

POR GERSON NOGUEIRA

Nascida dos escombros de um drama pessoal do vocalista Robert Plant, All My Love é uma das canções mais belas e importantes da discografia do Led Zeppelin e do rock setentista. Embalada numa melodia delicada e melancólica, é muitas vezes confundida com um tema romântico. Não é bem assim. Composto pelo próprio Plant e pelo baixista John Paul Jones, este clássico passa longe de uma crônica amorosa.

Incluída no oitavo álbum do Led Zeppelin, In Through the Out Door, de 1979, a canção foi gravada no Polar Studios, localizado em Estocolmo, Suécia. Dois anos antes, quando a banda excursionava pelos Estados Unidos, Plant recebeu uma ligação de sua esposa, Maureen Wilson, contando que o filho de ambos, Karac Pendragon Plant, que tinha seis anos, estava doente.

Duas horas depois, Maureen ligou de novo para dar a notícia trágica: Karac havia morrido de uma infecção viral desconhecida. Ele viajou de volta a Londres e a turnê foi suspensa. O enterro ocorreu em Birmingham, Inglaterra, e apenas o empresário Richard Cole e o baterista John Bonham representaram a banda na cerimônia.

A ausência de Jimmy Page e John Paul Jones magoou Plant, que passou a questionar o sentido da amizade entre eles. Afastado temporariamente da banda, ele foi convencido a retomar o trabalho por seu velho amigo John Bonham.

Para o biógrafo Mick Wall, a morte de Karac marcou uma ruptura no Led Zeppelin que iria até seus últimos dias. De um lado, Plant e Bonham, que se conheciam desde antes da formação do grupo. Do outro, Page e Jones, que tinham o controle criativo até o momento, mas passariam a ter que disputá-lo com Plant, já que o vocalista se via cada vez mais importante no funcionamento do grupo.

Como remédio para mitigar a dor, Plant dedicou-se a escrever uma música em homenagem a Karac. Extraída das entranhas da dor, nasceu “All My Love”, uma oração poética pungente de um pai pela perda do filho. Em versos líricos, Robert Plant expressa dor, angústia e incompreensão:

Should I fall out of love, my fire in the light? (Deveria eu me perder do amor, meu fogo na luz?)
To chase a feather in the wind (Para perseguir uma pena ao vento)
Within the glow that weaves a cloak of delight (Dentro do brilho que tece um manto de prazer)
There moves a thread that has no end (Deixando um fio que não tem fim)

Depois de pronta, a música foi mostrada a Page e Bonham, que de início acharam a faixa excessivamente lenta para o padrão Led Zeppelin. “Eu estava um pouco preocupado com o refrão [de ‘All My Love’]”, admitiu Page em entrevista publicada no livro Light and Shade: Conversations with Jimmy Page, de Brad Tolinski.

Muitas conversas e palpites depois, a canção acabou aprovada para o álbum. “Eu pensei ‘Isso não somos nós. Isso não somos nós’”. Apesar disso, Page concordou porque sabia que a música era importante para Plant. “Considerando o seu contexto estava tudo OK, mas eu não queria seguir aquela direção dali em diante”, finalizou o guitarrista e líder do grupo.

Um ano depois, o Led Zeppelin encerrou atividades, após a morte de John Bonham. Os companheiros entenderam que não havia sentido em continuar. As dores não saradas de Plant iriam se juntar à tristeza de todos pela partida de Bonzo, alma rítmica da banda e um dos maiores bateristas de todos os tempos.

Plant e Maureen teriam mais um filho, Logan, fato que certamente ajudou a cicatrizar as feridas da perda. “Faz muito tempo que o perdemos. 40 anos atrás. E fomos abençoados com outro garoto que veio cerca de dois anos depois, e as duas imagens se entrelaçam. A diferença entre Karac e Logan é… é difícil diferenciar, mas ele era mais um pequeno garoto da natureza, sabe? Ele era um homem da montanha“, comentou Plant, em 2018, durante entrevista a Dan Rather.

(Com informações da Rolling Stone e do livro “Quando os Gigantes Caminhavam sobre a Terra”, de Mick Wall)