Leão conquistou a Série C 2005 com a melhor média de público entre todas as divisões


 C  — Foto: Cristino Martins/O Liberal e Carlos Silva/Arquivo O Liberal

Para a torcida azulina, o dia 20 de novembro de 2005 é inesquecível. Há exatos 18 anos, o Remo conquistou a Série C do Campeonato Brasileiro – primeira conquista nacional da história do clube. Esse feito histórico se concretizou longe de Belém, diante de um público inferior a 200 torcedores, em Novo Hamburgo (RS).

Melhor média de público entre todas as divisões

Remo teve a maior média de público entre todas as divisões do Campeonato Brasileiro, em 2005 — Foto: Reprodução

Remo teve a maior média de público entre todas as divisões do Brasileiro, em 2005

Na temporada 2005, a presença do Fenômeno Azul nas arquibancadas ganhou destaque nacional. O Leão foi empurrado pelos torcedores e teve a melhor média de público entre todas as divisões do Campeonato Brasileiro naquela temporada. O time terminou a Série C daquela temporada com uma média de 30.869 torcedores por jogo.

Maiores públicos

  • 42.086 | Remo 4 x 1 Tocantinópolis, Mangueirão (18/09/05)
  • 41.981 | Remo 0 x 1 Nacional-AM, Mangueirão (16/10/05)
  • 34.154 | Abaeté 2 x 3 Remo, Mangueirão (02/10/05)

LIVRO SOBRE A CONQUISTA

O livro “O Rugido Leão” foi lançado pelo técnico Roberval Davino em abril de 2006 para eternizar a trajetória do Remo no Brasileiro da Série C. Com 70 páginas e tiragem inicial de 1.100 cópias, o treinador investiu pessoalmente mais de R$ 10 mil na edição do livro, que teve noite de autógrafos na sede social azulina, em Nazaré.

Roberval Davino no lançamento do livro "Rugido do Leão", em 2006, sobre o título da Série C com o Remo — Foto: Ary Souza/O Liberal

Roberval Davino no lançamento do livro “Rugido do Leão”, em 2006, sobre o título da Série C com o Remo — Foto: Ary Souza/O Liberal

Campanha do título remista

Primeira Fase – Grupo 3

  • 31/07 – São Raimundo-RR 2 x 2 Remo – Canarinho
  • 07/08 – Remo 2 x 1 Abaeté – Mangueirão
  • 14/08 – Remo 3 x 2 São José-AP – Mangueirão
  • 21/08 – São José-AP 1 x 1 Remo – Zerão
  • 27/08 – Abaeté 1 x 2 Remo – Mangueirão
  • 03/09 – Remo 4 x 0 São Raimundo/RR – Mangueirão

Fase eliminatória

  • 11/09 – Tocantinópolis 2 x 0 Remo – Ribeirão
  • 18/09 – Remo 4 x 1 Tocantinópolis – Mangueirão
  • 25/09 – Remo 1 x 1 Abaeté – Mangueirão
  • 02/10 – Abaeté 2 x 3 Remo – Mangueirão
  • 08/10 – Nacional-AM 0 x 2 Remo – Vivaldão
  • 16/10 – Remo 0 x 1 Nacional-AM – Mangueirão

Quadrangular final

  • 22/10 – Remo 1 x 0 Novo Hamburgo/RS – Mangueirão
  • 29/10 – Ipatinga 1 x 0 Remo – Ipatingão
  • 02/11– América-RN 1 x 0 Remo – Machadão
  • 06/11 – Remo 2 x 0 América-RN – Mangueirão
  • 03/11– Remo 2 x 2 Ipatinga – Mangueirão
  • 20/11– Novo Hamburgo/RS 1 x 2 Remo – Santa Rosa

FINAL – FICHA TÉCNICA

Novo Hamburgo 1 x 2 Clube do Remo
Local: Estádio Santa Rosa (Novo Hamburgo-RS)
ÁrbitroDjalma José Beltrami (RJ)
Gols: Capitão aos 2 minutos, Maurílio aos 29 minutos e Luis Gustavo (pênalti) aos 34 minutos, todos do segundo tempo.
Público Pagante: 196 torcedores

Novo Hamburgo: Luciano; Sidney, William e Dias; Rafael, Emerson, Pedro Ayub, Preto e Gerson; Luis Gustavo e Flaviano (Duda). Técnico: Gilmar Iser

Remo: Rafael; Marquinhos, Magrão, Carlinhos e Eduardo; Márcio, Serginho, Maurílio e Geraldo (Capitão); Landu e Douglas Richard. Técnico: Roberval Davino.

(Com informações da Rádio Clube e GE)

As muitas faces de Milei, eleito presidente da Argentina

Futuro chefe de Estado oscila entre postura técnica e seu projeto de ultradireita. Tem falado amistosamente com figuras autoritárias como Bolsonaro e ditadores como Bukele

Por Sérgio Abranches, para Headline Ideias

Javier Milei tem pressa. Já anunciou seu ministro da Justiça, o presidente do Banco Central, a chanceler e a encarregada da ANSES, a agência que cuida da previdência social. Revelou que logo viajará aos Estados Unidos e a Israel, pois sua política externa será de total alinhamento com os dois países. Ao falar sobre temas sensíveis como privatização da educação, saúde e previdência, a dolarização e o combate à inflação, deixou de lado os excessos ideológicos e falou dos obstáculos técnicos a serem resolvidos previamente.

Seu presidente do Banco Central, Emílio Ocampo, economista do think tank liberal americano Center for Strategic and International Studies (CSIS), será o dolarizador. Publicou, com Nicolás Cachanosky, “Dolarización: una solución para la Argentina” (Editorial Claridad, 2023), no qual defende a dolarização como arma definitiva contra a inflação. Hoje, 20 de novembro, dia seguinte de sua eleição, Milei falou com vários médios, anunciando nomes e calibrando promessas e declarações.

Sobre os controles do câmbio e a dolarização, disse que será preciso, antes de tudo, resolver o “problema de las Leliqs”. São Letras de Liquidez com validade de uma semana exclusivamente dedicadas a entidades financeiras. Uma modalidade de dívida pública de curto prazo, que paga 60% de juros ao ano e cresceu explosivamente nos últimos anos chegando a quase US$ 1,2 bilhões, um pouco mais que 5% do PIB e quase 40% das reservas internacionais, segundo os últimos dados do Banco Central. Muitos dizem que o volume desta dívida é muito maior.

Segundo Milei, ele apresentará uma engenharia financeira que será aceita pelo mercado. O objetivo é que o cambio flutue o mais rápido possível. Sobre o combate à inflação, disse que com o choque monetário o resultado aparecerá em 14 ou 18 meses.

Na Previdência, a nova diretora da ANSES, será a deputada Carolina Píparo. Ela estará acompanhada de Juan Manuel Verón, que trabalhou na reforma do sistema previdenciário no México. Píparo foi candidata derrotada pelo partido de Milei ao governo da província de Buenos Aires. No pleito foi reeleito o amadrinhado de Cristina Kirchner, Axel Kicilof. Está totalmente alinhada com as ideias de reforma profunda e de mercado de Milei.

Milei disse que antes de pensar em qualquer mudança maior na ANSES é preciso cuidar dos grandes desequilíbrios do sistema. Esclareceu que a saúde e a educação não são privatizáveis, é uma questão das províncias e trabalhará com elas para definir seu destino.

Com relação às privatizações, carro chefe do projeto “de liberdade”, disse que será necessário recuperar o valor da petrolífera YPF antes de vendê-la. Disse que privatizará a Televisão Pública, a Rádio Nacional e a rede Telam de notícias. Transformaram-se em máquinas de propaganda de estado e é contra este uso.

Milei disse ainda que tem uma nomeação para vaga na Suprema Corte, que decidirá logo quem será em consenso com seu ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona. Fará o mesmo para escolher o nome do procurador geral. Cúneo Libarona, advogado criminal, ficou conhecido por representar empresários, políticos, artistas e desportistas famosos. É um personagem controvertido, de uma família tradicional de juristas. Envolveu-se no rumoroso caso  Cóppola, na década de 90, no qual estava envolvido o agente de Diego Maradona por narcotráfico. Defendeu os cunhados de Carlos Menem em inquéritos de narcotráfico e tráfico de armas. Em 1997, esteve preso um mês por causa do escândalo AMIA, relativo a um atentado à Associação Mútua Israelita Argentina.

Milei também definiu sua ministra das Relações Exteriores. O nome, já esperado, é o da economista Diana Mondino, que antecipou que defenderá profundas mudanças no Mercosul, nas relações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a redefinição no modelo de comércio exterior e mudanças profundas no ministério de Relações Exteriores, que ocupará. Ela está em sintonia com o alinhamento geopolítico proposto por Milei. Hoje pela manhã irritou-se com a imprensa que a assediava enquanto falava “com um presidente estrangeiro”.

Milei moderado?

A imprensa argentina abriu hoje dizendo que Milei “moderou seu discurso”. Mas, até agora ele apenas especificou melhor o que entende como “novo regime de liberdade”. Seus planos se estendem para além de um mandato presidencial. Explica que se projeto de profunda mudança ocuparia duas ou três gerações.

Como garantir a continuidade deste projeto com governabilidade democrática, não disse. Mas sua candidata a vice afirmou ontem que seria preciso uma tirania para fazê-lo. Faz mais sentido. Seria um modelo Frankenstein com pedaços liberais e outras partes autoritárias e tendentes ao neofascismo. Lógico que o lado autoritário desmente e elimina o liberal, ainda mais o libertário.

Entre os dirigentes e figuras políticas com quem Milei falou diretamente, percebe-se sua vinculação à alt-right mundial e a ditadores. Falou, por exemplo, muito cordial e informalmente, com Jair Bolsonaro, que lhe disse que sua vitória era muito importante para Argentina e Brasil e para todos os democratas. Pode ser interpretado como uma ameaça, vindo de quem vem. Milei falou também com Nayib Bukele, o ditador de El Salvador.

Ouvi algumas das entrevistas de Milei e, embora usasse um tom de voz moderado e buscasse ficar mais nos argumentos técnicos, o subtexto continuava a ser de seu projeto de extrema-direita, ultralibertário, que provocará enormes conflitos. Disse muito pouco ainda sobre como pretende garantir a governabilidade para implementar suas ideias.

Terraplanismo contra as drogas

A política de combate às drogas precisa ser urgentemente discutida no Brasil sob um olhar técnico e longe da captura moralista. Em determinados pontos, como na descriminalização da maconha, até houve avanços consideráveis em pauta recente no Supremo Tribunal Federal.

Por outro lado, os espaços de decisão ainda são contaminados por soluções precárias e conservadoras, que pioram o problema sem usar critérios técnicos para resolvê-los. No dia 10 de novembro, em entrevista à BandNewsFM, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, foi perguntado sobre a mudança da Cracolândia na cidade e quais recursos têm articulado para tratar o problema. Entre outras coisas, listou o apoio municipal às comunidades terapêuticas para acolher e tratar o usuário de drogas.

Além de ser uma resposta vaga, essa fórmula está longe de ser científica ou mesmo eficiente. No fim de outubro, nós publicamos no Intercept a primeira reportagem da série Máquina de Loucos, que mostrou os horrores vividos por mulheres dentro de uma comunidade terapêutica na cidade de Cajamar, na Grande São Paulo. Lá, as pacientes foram torturadas, dopadas, agredidas e impedidas de deixar o local – havia vigilância de câmeras, monitoramento de telefones e multas exorbitantes nos contratos.

O centro, chamado Esdras, era um espaço evangélico, que oprimia as internas de outras religiões, sobretudo as de matriz africana. Os donos e funcionários também pediram abertamente voto em Jair Bolsonaro, à época em campanha pela reeleição presidencial.

Esse local não é uma exceção. Uma pesquisa do Ipea, de 2017, mostrou que a maioria desses centros, Brasil afora, são evangélicos. Eles usam a religião como pretenso espaço de cura e conversão, ao passo que se vangloriam de fazer um trabalho social primoroso. Mas é, acima de tudo, um negócio.

Entre 2017 e 2020, houve um investimento de R$ 560 milhões para financiar vagas de internação em 593 centros terapêuticos no país. A maior parte, R$ 300 milhões, foi bancada pelo governo federal. Os números são do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, Cebrap, e da ONG Conectas Direitos Humanos.

Durante o governo Bolsonaro, que chegou ao Planalto com forte apoio dos evangélicos, os valores escalaram. Em seu primeiro ano de mandato, foram destinados R$ 104,8 milhões – aumentando para R$ 105,2 milhões no ano seguinte.

Vale lembrar que as comunidades terapêuticas, erradamente chamadas de clínicas, não são consideradas serviços de saúde – e, sim, de interesse social. Elas são reguladas pela Anvisa e lá não devem ocorrer prescrições médicas e nem internações compulsórias. Isto é, todo paciente que quiser deixar o espaço deve ter liberdade para isso.

Basicamente, esses centros devem focar na reabilitação do usuário de drogas por meio da convivência entre os pares.  

Eleito com uma agenda considerada progressista, o presidente Lula não parece disposto a mudar essa lógica de repasse de verba federal a esses centros terapêuticos – num claro aceno à base evangélica. No dia 8 de agosto deste ano, foi publicada no Diário Oficial da União, a contratação de vagas em comunidades terapêuticas, mas ainda sem informar onde e nem quantas serão, o que só será descrito a partir de um edital.

Em janeiro, recém-empossado, o petista já havia contrariado especialistas em saúde mental e Direitos Humanos ao criar o Departamento de Apoio a Comunidades Terapêutica – em maio, voltou atrás e ampliou a pasta para atender outras demandas.

Atualmente, o governo Lula financia quase 15 mil vagas em comunidades terapêuticas no país. Já foram repassados mais de R$ 50 milhões do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome para esses espaços.

Enquanto não eles não forem supervisionados, tiverem seus resultados analisados e cobrados, serão como cloroquina na pandemia: gasto de dinheiro público e terraplanismo científico. (Do The Intercept_Brasil)