POR GERSON NOGUEIRA

Vinícius Leite não fazia boa participação na Série C até Hélio dos Anjos chegar. Foi um dos jogadores beneficiados diretamente pela argúcia e capacidade de observação do treinador. Antes, sob o comando de Marquinhos Santos, o atacante era uma peça improdutiva, movimentando-se pouco e evitando sua grande arma, os chutes de média distância.
O baixo rendimento na fase inicial do campeonato era percebido pelo torcedor e pelo próprio atleta, segundo declarações recentes dele. Obviamente, tinha consciência de que estava muito aquém do que podia produzir. Sempre foi um jogador de mobilidade, com recursos capazes de superar a marcação e abrir espaço para finalizações perfeitas.
Antes do início da Série C, Vinícius só foi notado pelo gol no Re-Pa que marcou a reabertura do estádio Jornalista Edgar Proença, valendo pelo campeonato estadual. Mas, para um atacante de seu nível, em segunda passagem pelo Papão, o desempenho deixava a desejar.
Com a chegada de Hélio, com quem Vinícius havia vivido uma grande temporada em 2019 no PSC, as coisas mudaram drasticamente – para melhor. O técnico observou que uma das causas da má fase do time estava na falta de força e intensidade nos jogos.
Tratou de reforçar o condicionamento, a tempo de salvar a campanha e tornar o PSC um dos times de melhor resposta física no quadrangular decisivo. Parece uma equipe completamente diferente, embora com os mesmos jogadores de antes.
A partir daí, o PSC deixou de ser um time ciclotímico, de performance irregular. Passou a correr nos dois tempos, chegando até a surpreender adversários com uma intensidade maior na reta final das partidas. Foi o que ocorreu diante do Botafogo-PB, nas duas partidas.
E foram essas duas situações que revelaram o bom momento vivido por Vinícius Leite. Foi o artífice do gol de Jacy Maranhão no minuto final do confronto no Mangueirão e brilhou na vitória por 3 a 2, em João Pessoa, marcando um gol no 1º tempo e dando a assistência (meio sem querer) para o gol decisivo de Robinho no 2º tempo.
É legítimo esperar que, nos próximos dois compromissos, pela evolução demonstrada, Vinícius esteja pronto a contribuir para que o PSC confirme o acesso e a presença na decisão da Série C.
Governo pune ato de intolerância de servidora federal
O episódio envolvendo Marcelle Decothé, assessora da ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, dá bem a medida de como a manifestação nas redes sociais se tornou um terreno movediço. Quem integra um governo que tem como uma de suas bandeiras mais caras o combate ao racismo e à intolerância, a jovem auxiliar da ministra pisou feio na bola.
Presente ao estádio do Morumbi para acompanhar junto com Anielle a final da Copa do Brasil e participar da assinatura de um documento simbólico da luta antirracista no país, Marcelle estava em missão de trabalho, mas se deixou trair pela emoção e o fanatismo esportivo.
Fez postagens na internet menosprezando e ofendendo a torcida do São Paulo e o povo paulista. Nada mais inadequado. O ministério da Igualdade Racial é um instrumento destinado a defender os interesses da população. Além disso, torcedoras são-paulinas não devem ser discriminadas, principalmente por uma funcionária federal.
O gesto de desatino foi um contraponto cruel às iniciativas positivas do governo Lula contra o racismo em todas as esferas, incluindo o futebol. Abriu espaço para as bizarras teses do racismo reverso (“racismo contra brancos”), brandidas pelas turbas extremistas.
Menos mal que Marcelle, por força de seu comportamento desastroso, foi demitida do Ministério da Igualdade Racial. Que sirva de exemplo, não apenas a assessores, mas a qualquer servidor público.
Um minuto de tributo pelo poeta imortal de “Paupixuna”
Clube de coração daquele que é um dos gigantes da música paraense, o PSC solicitou ontem à CBF que seja respeitado um minuto de silêncio antes do jogo de domingo contra o Amazonas em homenagem a Paulo André Barata, poeta e compositor de primeira linha.
Paulo André nos deixou na segunda-feira à noite, aos 77 anos. Era o dia de seu aniversário e as condolências pela sua morte envolveram desde o governador Helder Barbalho até os admiradores mais anônimos.
Mestre da poesia e da canção, Paulo André é neto de Alarico Barata, um dos fundadores do PSC. Pertencia a uma família alviceleste, o que inclui o pai, Ruy Paranatinga Barata, já falecido, e o jornalista Tito.
Cansei de encontrar o compositor em seu “escritório” vespertino, o Cosanostra, rodeado de amigos. Algumas vezes envergando a camiseta tricolor do Fluminense, sua outra paixão futebolística.
Excelente e oportuna iniciativa do clube, permitindo à torcida bicolor que também homenageie Paulo entoando um de seus hinos amazônicos. Pode muito bem ser “Foi Assim”, música popularizada na voz de Fafá de Belém. A ideia foi lançada pelo amigo Aldo Valente, um dos baluartes deste espaço.
(Não que a rica produção de Paulo André se limite a este clássico. A cada momento, é possível descobrir pérolas, como a brilhante “Abismo”, que eu nem conhecia, produto de parceria com o também poeta Paes Loureiro).
Que os versos e a inspirada melodia da canção, misto de bolero e toada amazônica, bem ao estilo de Paulo e Ruy. O Pará perde um ícone, cuja obra permanece viva na memória e na admiração de todos os paraenses, bicolores ou não.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 28)