POR GERSON NOGUEIRA

Na véspera do clássico mais importante do futebol da Amazônia poderíamos estar falando animadamente das possibilidades de classificação à próxima fase da Série C. A realidade, porém, é inteiramente outra. O Re-Pa só importa para definir a sobrevivência de um dos times na luta desesperada para se manter vivo na competição.
Um tremendo desperdício de paixão popular e oportunidade de faturamento. Nenhum outro jogo da Terceira Divisão chega aos pés do apelo que a dupla Re-Pa pode proporcionar. Nenhum outro time consegue arrastar um terço do público que vai ao Mangueirão amanhã à noite.
Apesar dessa pujança, os dois clubes paraenses patinam no Brasileiro. Para quem às vezes se arvora a dizer que o lugar do futebol paraense é a Série B ou até a Série A, as gestões de PSC e Remo se acomodam com muito pouco. Acostumaram-se a aceitar a Série C como princípio e fim.
Mesmo na terceira competição nacional, desvalorizada pela pouca visibilidade, ambos não conseguem se firmar entre os primeiros. Clubes que subiram da Série D estão em posições superiores, com maiores possibilidades de classificação aos quadrangulares.
Amanhã, no estádio Jornalista Edgar Proença, teremos mais uma apoteose do desperdício. Duas imensas torcidas reunidas para apoiar times ruins, que proporcionaram mais vexames que alegrias nesta Série C. Como o futebol é movido pela paixão, quando a bola rolar as emoções irão dominar o duelo, principalmente nas arquibancadas e nas ruas.
Dentro de campo, poucos jogadores se mostram tocados pelas tradições do clássico. Não por desinteresse, mas por falta de tempo para fixar uma conexão com os clubes que defendem. São tantas contratações, com idas e vindas, que não há como solidificar sentimentos.
Os técnicos, de gerações e trajetórias diferentes, personificam essa realidade meio caótica e podem ser a redenção da dupla. Hélio dos Anjos, 65 anos, 35 anos de profissão, já comandou os dois lados, sem nunca ter perdido. Ricardo Catalá, 41 anos, tem seis anos de carreira e uma respeitável experiência anterior como teórico e assistente técnico.
Os comandantes, indiscutivelmente capazes, podem ajudar a tirar seus times do atoleiro em que se encontram. A ironia é que, depois do choque-rei, um deles só terá como missão juntar os cacos para tentar fugir do rebaixamento iminente.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 22h, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em análise, a Série D e as projeções para o Re-Pa de segunda-feira. A edição é de Lourdes Cezar.
Marketing excessivo não ajuda o projeto feminino
A quatro dias da abertura da Copa do Mundo de Futebol Feminino, sediada na Austrália e na Nova Zelândia, há uma situação nova quanto à expectativa criada. Pela primeira vez, a principal emissora de TV do país, detentora dos direitos de transmissão, dá às mulheres da Seleção o mesmo tratamento dedicado aos homens, o que representa um inegável avanço.
O problema está nos excessos. Como ocorre às vésperas de toda Copa do Mundo de futebol masculino, a emissora arma um circo midiático tão espalhafatoso que termina por criar um efeito contrário ao desejado. Ao invés de empolgar a torcida, cria um clima de antipatia no torcedor.
É o que ora acontece, perigosamente à beira de um esgotamento de papagaiadas em relação às jogadoras do escrete feminino. No afã de badalar o Mundial, a Globo apela para matérias lacrimosas, de descarado cunho emocional.
Uma forçada de barra que mais atrapalha do que ajuda uma modalidade ainda dependente de estrutura e força própria para cair de fato no gosto do torcedor. É um longo processo, que não pode ser abreviado com ações sustentadas exclusivamente no marketing.
Ancelotti pode estar saindo do radar da CBF
Uma notícia de O Globo, na tarde de sexta-feira, estabelece uma nova fronteira nas negociações entre a CBF e o italiano Carlo Ancelotti, técnico preferido do presidente Ednaldo Rodrigues para dirigir a Seleção Brasileira. Com contrato em vigor com o Real Madrid, Ancelotti não anda muito contente com a tagarelice do cartola da CBF, que diz aos quatro cantos que o treinador já está fechado com a Seleção.
Segundo o jornal esportivo Marca, de Madri, emissários do treinador avisaram Ednaldo para “baixar o tom das declarações e o tom de pressão em relação à figura de Ancelotti”. É provável que o Real esteja cobrando de Ancelotti uma renovação contratual. Significa também que um eventual pré-contrato entre as partes pode estar sob risco. E Fernando Diniz, meio por acaso, pode virar o comandante titular da Seleção.
Aliás, a estreia de Diniz deve ocorrer em Belém, no dia 7 de setembro, contra a Bolívia na abertura das Eliminatórias Sul-Americanas. Está prevista para quarta-feira a chegada de dois funcionários da CBF para inspeção a hotéis e outras providências típicas de preparação para jogos da Seleção Brasileira, o que praticamente confirma o Mangueirão como sede da partida inaugural.
(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 16)
