Ciro Gomes: “Não posso me calar. Um bandido pedindo impeachment”

Cabra bom. Se Dilma tivesse mais uns três como ele a defendê-la, a curriola golpista já teria batido em retirada.

21 comentários em “Ciro Gomes: “Não posso me calar. Um bandido pedindo impeachment”

  1. Amigo Gerson, após ouvir mais de uma vez este trecho da entrevista, ainda estou refletindo para fazer um comentário definitivo a respeito dela. Mas, duas palavras já podem ser proferidas:

    (i) não me parece que o CG esteja efetivamente defendendo a presidente reeleita, Deveras, me parece que ele foi muito mais veementemente crítico com ela e com o seu respectivo mandato do que qualquer destes pretensos oposicionistas ou aliados falácios de que ela se cerca no Congresso;

    (ii) e a segunda parte da entrevista o Blog vai postar?.

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    1. Sim, irei postar a segunda parte logo mais. Inteligente e assertivo, Ciro sempre dá entrevistas interessantes e pertinentes. Quanto a defender Dilma, ele é bem claro, amigo Oliveira: critica duramente os descaminhos de seu governo, mas ressalta a honestidade pessoal da presidente e a importância democrática de defender seu governo legitimamente eleito.

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  2. Oba! Estou curioso pela segunda parte.

    Quanto ao teor da primeira parte, concordo que há esta defesa que você enfatiza.

    Todavia, quer me parecer que prepondera os aspectos alusivos à reprimenda tais como aquele em sustenta a questão da legitimidade do governo, das práticas contrárias ao que foi prometido na campanha, da “intervenção” do Levy no governo etc.

    Mas, quem sabe, não são exatamente as duras reprimendas que faz ao governo que vão infundir a credibilidade necessária ao apoio que dá à reeleita.

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  3. Já vi a segunda parte no youtube. Ciro Gomes é sim inteligentíssimo. E socialista. Ele discorda de alguns pontos do mandato da presidenta, e isso é algo comum entre os esquerdistas, discordar. Sabe?, caro Oliveira, a profundidade do pensamento marxista gera uma profusão de pontos de vista. Isso porque, como sabemos, é uma epistemologia. Dificilmente se veria uma ampla unidade de pensamento em torno de uma ideologia baseada em Marx. Os adeptos de Adam Smith são mais coesos entre si porque o universo explorado por Smith é raso, individualista e é tão idealizado, contendo tantas simplificações, que o discurso neoliberal de hoje é basicamente o mesmo discurso liberal do passado. A frase do açougueiro que o alimenta não porque seja solidário mas porque precisa produzir o próprio sustento é um clichê bastante repetido por neoliberais de hoje, o que quero usar para mostrar que de “neo” há muito pouco. O neoliberalismo é mais ou menos parecido com chamar a explicação da Gênese bíblica de teoria do design inteligente: não muda o conteúdo, só o nome. A crítica de Ciro Gomes não é a algazarra infantil dos opositores, mas a opinião esclarecida de um político que fala honestamente sobre o que pensa.

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  4. Amigo Lopes, a respeito das declarações do CG, cuja segunda parte, registro, também já consegui assistir, tenho a dizer o seguinte:

    Não resta dúvida que o CG é pessoa dotada de inteligência acentuada. Aliás, à inteligência que naturalmente já dispunha ele agregou alguns pontos mediante realização de muitos estudos em grau superior, tendo inclusive frequentado Haward.

    Quanto às críticas que proferiu ao governo federal e à respectiva titular, também não resta dúvida que foram
    ácidas como ele próprio sustenta que ninguém conseguiria fazer mais acidamente que ele.

    Aliás, é oportuno dizer, com todo o respeito ao CG, que nem é necessário ter pós em Haward para apontar os problemas que ele apontou existirem no governo.

    É verdade, eu mesmo, que não desfruto de tão distinguidos predicados, aqui mesmo neste Blog, já havia feito cada uma destas críticas que ele fez, seja, por exemplo, quanto ao mandato anterior da presidente; seja quanto à frustração das expectativas criadas no eleitorado no vigente mandato; seja quanto à intervenção do Levy, sabidamente tucano em seu governo; seja quanto às pedaladas, enfim, uma a uma, todas as críticas que ele fez aqui, eu mesmo, e vários outros comentaristas já as fizemos aqui mesmo no Blog.

    Então, nada do que ele disse na primeira e na segunda partes da entrevista me surpreenderam ou me impressionaram de algum modo, ou me causaram algum tipo de dúvida.

    Na realidade, o objeto de minhas reflexões eram de outra ordem, qual seja, o que inspiraria o CG a dizer o que disse?

    Ademais, com o que você escreveu outras situações me pareceram merecedoras de reflexão: Será mesmo socialista o CG? terá sido mera emissão de opinião diferente, simples discordância; inofensivas críticas entre adeptos de ideologia semelhante, o que disse o CG sobre a reeleita e seu antecessor e seus respectivos mandatos?

    (Continua)

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  5. Cont.

    Deveras, tenho sérias dúvidas que o CG seja realmente um socialista. Deveras, um político cuja carreira deita raízes na antiga e de triste memória Aliança Renovadora Nacional – ARENA, tendo passado mais recentemente pelo PMDB e PSDB, muito dificilmente tem DNA socialista, ou professa autenticamente algo de semelhante natureza.

    (Continua)

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  6. Cont.

    Acredito que foi muito mais do que simples discordância de pontos de vista, mera discordância entre adeptos da mesma ideologia o que disse o CG sobre o governo nos últimos 12 anos e seus respectivos titulares.

    Deveras, pra mim, o CG, sob o pretexto de somar seu apoio à presidente, aproveitou a oportunidade para detonar a ela, seu antecessor e seus respectivos adversários, tanto os ostensivos, quanto aqueles que se disfarçam de aliados.

    Sim, o CG, mesmo dizendo, sob comedida inflexão, que tem a reeleita como pessoalmente honesta (honestidade pessoal que até agora não foi contestada nem por seus mais desleais adversários) e que o governo eleito não pode ser alvo de golpes, sustenta de maneira muitíssimo veemente as mais severas reprimendas às práticas da figura da governante e de seu antecessor.

    Abaixo, segue um resumido inventário de tudo o que ele disse nesta primeira parte da entrevista:

    1. a partir de 2′ 33” ele diz que logo que assumiu a presidente, lamentavelmente, adotou um agenda prática que está desconstituindo a legitimidade do seu mandato;

    2. a partir de 3′ 17” ele diz que os plutocratas continuam insatisfeitos mesmo já tendo colocado um interventor no governo, que é o Joaquim Levy, o qual estaria ocupando o terceiro nível de uma instituição financeira quando foi guindado ao Ministério;

    3. a partir de 7′ 45” ele diz que o agastamento do país com a presidente pode levar a que o impedimento dela acabe tendo êxito no Congresso. Na oportunidade, aproveita para dizer que ele tem tido sorte do pior ainda não ter acontecido por conta do presidente da Câmara que está se desgastando muito rapidamente, pois ele entende que é justificada a fúria popular com a conduta presidencial.

    4. a partir de 8′ 33” ele diz, com a autoridade de ex ministro da fazenda, que é justo falar que o governo atual praticou pedalada fiscal. Não ajudando em nada ele dizer que outros governos também o fizeram, eis que como sabemos dois, três, quatro cinco ou mais erros não fazem um acerto;

    5. a partir de 10′ 29” ele chega a insinuar que a reeleita no segundo mandato fez tudo errado, mas fala bem claramente que ele enganou a população nos discursos da campanha, pois ao assumir fez tudo diferente do que prometera e que isso (ser enganado) o povo não tolera. Acrescenta que ela paga um preço pela inexperiência e outro pela indevida interferência de seu antecessessor. Sustenta ainda que ela tem de o mais rapidamente possível de se reconciliar com o povo.

    Como se vê, ele foi muito específico e contundente no apontar dos defeitos do governo e bem genérico na defesa que faz da presidente, limitando-se a dizer que ela é pessoalmente honesta.

    (Continua)

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  7. Pra encerrar, como é resumo, faço um único registro, o qual me parece que retrata com exatidão o caráter gravíssimo das reprimendas que o CG faz aos governos rubros destes últimos 12 anos. Vejamos:

    A partir de 5′ 55” ele diz que o governo rubro quando era oposição alegava ser o único partido ético e honesto que havia. Se propunha a ser o estilingue moral da nação. E ao assumir o poder se transformou completamente naquilo que condenava passando a fazer as malfeitorias que recriminava, passando a adotar as piores praticas que o psdb adotava. Imitando o psdb naquilo que ele tem de pior: “reacionarismo econômico e a ladroagem”, dizendo, para arrematar que o povo perdoa o pecado do pecador, mas não perdoa o pecado do pregador.

    Ah, e pra não deixar de falar d’algo bem atual, ele sustentou que subscreve as ações do Moro, e que ele não toma as iniciativas, apenas responde às demandas que lhe são apresentadas pelo Ministério Público.

    Falta agora falar (o que farei noutro comentário) só daquilo que, sob o meu ponto de vista, teria animado o CG a dizer o que disse.

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    1. Não, Diego. Meu elogio é livre e legítimo. Tenho o direito de pensar como penso, da mesma forma que o seu jeito de ver as coisas é problema exclusivo seu. Considero Ciro um político respeitável, assim como a presidente Dilma. Quando se faz qualquer comparação direta com o tucano derrotado, sua biografia só aumenta de envergadura. Contra os demais opositores, quase todos entregues à perigosa cantilena golpista, a situação só se torna mais favorável ainda à mandatária. A defesa de Ciro ao mandato democrático de Dilma merece aplausos porque surge num momento em que viceja o oportunismo rasteiro na classe política brasileira.

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  8. A propósito, anoto que o comentário número 8 diz respeito à segunda parte da entrevista concedida pelo CG, onde o mesmo, ao meu ver, deixa bem claro o motivo pelo qual, a pretexto de defender a reeleita, desferiu-lhe tantos e gravíssimos ataques, com sobras até para o seu antecessor rubro.

    Deveras, a mim me parece que ele também amarga uma certa frustração por ainda não ter conseguido galgar a presidência da república, mesmo se sentindo tão preparado como se sente estar para tal, exatamente o oposto de todos aqueles que até lá chegaram (e os impropérios que dirige a quase todos deixa isso bem claro). Demais disso, me parece que agora ele vislumbra a possibilidade de concretizar seu projeto presidencial, se promovendo como via alternativa competente e honesta à polarização que há mais de vinte anos vem disputando a cadeira presidencial, cuidando pra isso de desancar o psdb, o ex presidente rubro e a própria candidata seringueira.

    De minha parte, nada a objetar acerca das críticas que o CG fez a todos os que criticou, minha inquietação é apenas se ele, o CG, dado ao seu histórico político, seria mesmo a melhor alternativa para o Brasil.

    Abaixo segue o link da segunda parte da entrevista:

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  9. Só pelo “cara” que entrevista, deduz-se que é totalmente tendenciosa e sem conteúdo para perguntar. Este mesmo senhor que junto com seu irmão, deixou um rastro de desonestidades no Ceará, não tem uma mínima honra de falar nada e de nem defender ninguém. Hoje está milionário , somente sendo politico.
    Infelizmente nossa ala jornalistica ou é de direita ou de esquerda, ou torce para “Remo” ou “Paysandu”.
    Triste.

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    1. Não é o que diz a população cearense, Vinícius. Ciro e o irmão são muitíssimo bem avaliados, razão de terem conseguido para Dilma o melhor desempenho por Estado nas últimas eleições presidenciais, em 2014, com mais de 70% dos votos. Vá aos resultados finais no portal do TSE e verifique.

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  10. Caro Oliveira, a visão da entrevista é holística. A crítica nem sempre é um ataque e a posição frente ao que se vê na política brasileira atual é muito clara: ruim com o PT, pior com o PSDB e, como seria com o PMDB, disso nem se fala. Das três experiências democráticas na presidência que tivemos, com o PMDB, com o PSDB e com o PT, não resta dúvida, a mais vantajosa ao povo foi com o PT. Para mim, é daqui para a frente, por mim, mantenho o PT até que outra alternativa de esquerda se consolide, porque, pra direita, nunca mais quero voltar, não funciona para o Brasil, o que está suficientemente claro. Isso é mais do mesmo do que a esquerda socialista afirma, e com razão, sobre as diferenças entre as filosofias daqueles mandatos do PSDB dos anos 90 e os seguintes, do PT.

    Segue um link que define a privataria tucana, que foi posta à população como política pública capaz de resgatar e pagar as dívidas nacionais, ou parte delas.

    A severidade notada por você nas colocações de Ciro Gomes dão conta da posição pessoal que você assume diante do fato de o golpe estar em curso, vendo legalidade e sem a crítica histórica necessária para entender que não há política partidária fraudulenta. Mesmo o PSDB tem legitimidade em se posicionar a favor de políticas econômicas neoliberais, mas não realizou que vender patrimônio público traria vantagens ao país nem em médio ou longo prazo, quando nem no curto prazo as dívidas do Estado foram pagas à época e de lá para cá só aumentaram. Ciro Gomes, ao ter feito parte daquele governo tucano de Itamar, torna ainda mais contundente e grave as críticas que dirige ao neoliberalismo brasileiro. A privataria é um estelionato grave, passível de julgamento e que não prescreve. Portanto, porque já faz algum tempo que saíram da presidência, não muda o fato de que cometeram um, ou mais crimes, de lesa pátria. E a justiça não pode abonar uns, e condenar outros. As relações de doações de campanha deveriam ser de posicionamento ideológico mas são um investimento. O que mostra esse caráter de investimento a partir da visão das instituições privadas? O investimento relativo à liderança das pesquisas de opinião pública quando da corrida presidencial. Dilma começou liderando com folga, o que um analista de investimentos observará como investimento de maior chance de retorno. Aécio, o segundo colocado, recebeu o segundo maior investimento. Fica muito claro, e cada dia mais claro, que as empresas não observam campanhas eleitorais como debates ideológicos ou de programas de governo, mas como oportunidades de estreitar relações institucionais, reforçando simpatias e criando proximidade. As campanhas eleitorais recebem essa atenção da mídia e do mercado. Investimento. Por isso mesmo, é possível deduzir que a doação eleitoral vista como suborno ou propina necessariamente afeta todos os beneficiários das doações, independentemente da soma de recursos recebidos.

    (continua)

    Voltando ao idealismo, sem o qual considero completamente inútil qualquer tentativa de análise conjuntural

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  11. Voltando ao idealismo, sem o qual considero completamente inútil qualquer tentativa de análise da realidade, observe que o legado de Adam Smith incide, apenas e exclusivamente, sobre as possibilidades de realização do indivíduo e de possíveis (possíveis, e não prováveis) desdobramentos sociais que as interações econômicas entre os indivíduos gera. A colocação de Smith é brilhante naquela célebre frase posta até outro dia, um dia desses, como frase do dia aqui mesmo no blog do Gerson, quando tratou de atribuir à necessidade de prover o próprio sustento que o açougueiro produz a carne do jantar, e não necessariamente à preocupação com a fome (dos outros). Smith foi genial ao mostrar que os benefícios de se viver em sociedade não resultam da consciência social do indivíduo, mas de seu comportamento egoísta que busca prover-se. No entanto, ao mesmo tempo, considero esse ponto de vista um tanto ingênuo porque só num contexto totalmente idealizado (por exemplo, o açougueiro será sempre honesto e nunca venderá carne imprópria ou sem qualidade mínima para o povo) é que não existe corrupção. No modelo de Adam Smith, as imperfeições econômicas são simplesmente esquecidas, não há cartéis, trustes, monopólios ou oligopólios. Não há jeitinho, esperteza ou trapaça. Simplesmente há indivíduos moralmente bem adaptados a uma circunstância que ele mesmo postulou. No entanto, o próprio egoísmo fará seu papel e determinará que haverá homens prontos a enganar e a obter vantagens desonestamente. Nesse ponto, a visão marxista, do coletivo, que se inicia com a premissa da luta de classes, introduz já os interesses corporativos e as imperfeições econômicas podem ser vistas nas desigualdades sociais. E tanto uma visão como outra mostra que o pobre tem mais a perder e que a ausência ou uma redução dramática do Estado num contexto de “livre mercado” é ilusório. O Estado é necessário para proteger o povo, porque um Estado fraco significa menor vigilância sobre o mercado. O mercado não tem coração. Não tem preocupação com os filhos daqueles que, mesmo tendo vontade de contribuir socialmente, trabalhando e produzindo e comprando… não têm oportunidades de fazê-lo. O socialismo é a consciência do Estado do próprio papel, não apenas criação do contrato social, enquanto o neoliberalismo tem efeito deletério, forçando a barra para o mercado tomar as rédeas, o que, claramente, resultará numa catástrofe sempre que acontecer.

    (continua)

    Em vista disso…

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  12. Em vista disso, é claro e evidente que o julgamento moral ora imposto ao governo petista, por aqueles mesmos que outrora impuseram as maiores perdas históricas do país, é uma clara referência a uma legalidade que não tem sentido se considerados os fatos e fatores históricos que levam à dura crítica sofrida pelo PT, o que é um claro movimento das elites nacionais, novamente agindo no sentido dos interesses estrangeiros, que se queixam do “alto custo” da mão de obra brasileira, contra a presença do Estado na economia. Os endinheirados brasileiros, faturam com os juros, não empregam um trabalhador sequer. Investir sem esforço é o lema das elites nacionais. É a síntese da plutocracia. O PT levou o Estado à economia distribuindo renda, fazendo do bolsa-família uma estratégia de resgate do miserável posto a parte da economia, incluindo-o como consumidor e fomentando a produção pela receita às empresas com as vendas e produção. Isso sim é capitalismo na síntese de Adam Smith, não a bolsa de valores. Isso é muito diferente de pôr o dinheiro nas mãos dos bancos para empréstimo e que faturavam fortunas com os juros, o que dificultava o financiamento à produção e ao consumo. Ao distribuir renda, o PT proporcionou a oportunidade de participar no mercado aos mais pobres como consumidores e aos empreendedores que tinham produtos para vender. A economia “girou” capital e isso internamente fez o “bolo crescer” e a divisão das riquezas é menos injusta agora que antes, mesmo não sendo aquilo que se sonhou como justiça social um dia, mas melhorou bastante. A determinação de Dilma em manter algumas políticas econômicas foi um erro sim, mas isso mostra o desejo pessoal e político de permanecer com as medidas que fomentam o mercado interno, o que é uma decisão acertada, sem dúvida, mesmo que tenha errado no método. Não é um erro apostar no mercado interno, pelo contrário. Não abro mão, de jeito nenhum, de um conjunto de políticas socialistas que deram certo, e que têm tudo para continuar dando certo, pós-crise, por uma política econômica já experimentada e desastrosa. Pois, veja bem, é exatamente disso que se trata. É exatamente com a volta de políticas econômicas iguais àquelas dos anos 90 que sonha a oposição plutocrata. A despeito do debate entre situação e oposição, a população se posiciona como indiferente ao debate político, rejeitando partidos e ideologias, o que é um erro crasso, porque só nesse contexto, de desvalorização do discurso político e de extrema ignorância política é que é possível admitir uma política de direita. Só, e somente, nesse contexto.

    (continua…)

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  13. Não é indecoroso que a observação e a crítica venham de Ciro Gomes. Ele sabe o que é marxismo e liberalismo econômico. Deixou muito claro, ao sair do governo Itamar e do PSDB, sua posição técnica e política sobre o que os tucanos planejaram (e realizaram), nos mandatos de FHC, a privataria. Não o julgaria por corrupção sem que houvesse condenação, o que já não faço por Collor, e jamais daria um voto a esse, mas que posso fazer se Alagoas ainda lhe dá um voto de confiança? Sabe?, o contexto dos anos 98 era de profunda ignorância política, algo extremamente explorado pelos tucanos, valendo-se da desmobilização social em torno de temas delicados e decisivos do Brasil. Abusaram tanto da paciência do brasileiro que a mudança à esquerda era simplesmente inevitável. Aproveitaram o relaxamento das “diretas já”. Com bandeiras como o plano real, a estabilidade econômica e a baixa inflação, explique como se perde uma eleição num país onde se sofreu com Sarney e Collor na presidência? E, no mesmo país, uma esquerda socialista vence quatro eleições seguidas, num contexto em que a mídia trabalha forte e diariamente para destituir um governo eleito democraticamente, como se explica a diferenciação de tratamento entre duas filosofias distintas e opostas em meio ao editorial numa posição claramente tendenciosa? Aquele movimento das “diretas já” se quer substituir pela vigilância reacionária e estúpida, que não sabe o que quer, embora pululem as interpretações fascistas dos movimentos de 2013 e explicações simplórias sobre o que seriam os brucutus pau mandados daqueles black blocs mercenários.

    Ora, caro Oliveira, o debate político sem ideologia é uma venda e uma mordaça. É um convite a não criticar a política. É fácil e cômodo para o ignorante reproduzir que nenhum político presta, mas é também um atestado de ingenuidade, já que o país sempre necessitará da política para ser governável. Sabe?, a política existe desde os gregos e, creio que eu e você, conhecemos essa parte da história e acreditamos que a política é o melhor caminho para a democracia. Por isso, desistir dela, é entregar aos ladrões a melhor arma de que dispomos para lutar e fracassar. Será que não se percebe que uma ideologia nunca será responsável pelo desvio de caráter? E que um partido político é um dos abrigos sob os quais vive uma ideologia? É preciso tomar a política e afastar dela os maus elementos e debater politicamente o que queremos. Continuar progredindo, com ou sem o PT, ou retornar ao passado, com ou sem PSDB. É disso que se trata, da continuação de um ponto de vista que só o PT tem condição política de manter, ou adotar um outro, sem mais alternativas, que representam necessariamente o retrocesso.

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    1. Amigo Lopes, a tucanalha tem verdadeiro pânico do Ciro, de sua língua afiada e de sua autoridade moral para criticar. Esteve lá dentro e rompeu com os caras. E é destemido, não permite que nulidades como Aécio e Alckmin venham arrotar um conhecimento que não têm.

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  14. Caro Lopes, com todo o respeito a sua opinião:

    1. no meu modo de entender a visão da entrevista resta estritamente voltada para um único aspecto da questão, o interesse do entrevistado de eventualmente concorrer ao evento sucessório presidencial de 2018. Isso explica todos os ataques que fez (e foram muitos e pejorativamente muito específicos) à presidente, ao l u l a, à Seringeira, aos tucanos etc

    2. Os governo S a r n e y foi muito ruim, o governo C o l l o r foi muito ruim, o governo Itamar foi muito ruim, os governos tucanos foram muito ruins e os governos p e t is t a s são ruins quanto todos os anteriores. Praticou os mesmos atos e o povo continuou na mesma. Aliás, na mesma situação precária, só que agora endividado até o pescoço. Tanto prova que tudo ficou na mesma que os rubros até tomaram por padrinhos e também apadrinharam adversários ideológicos irreconciliáveis como C o l l o r, S a r n e y, e, pasmemos todos, o M a l u f, só para ficar nos piores.

    Mas, num aspecto pode-se dizer que o governo rubro foi pior do que os outros: ele conseguiu desmobilizar toda a estrutura de oposição com a qual o país contava. E fez isso aparelhando as entidades que atuavam fiscalizando o governo tais como a C U T e a U N E, por exemplo. Lembra que depois da doação milionária para a construção da sede da entidade estudantil não se ouviu mais falar da UNE questionando os atos danosos do governo.

    3. Quanto à privataria aqui mesmo no Blog, mais de uma vez, eu já disse que o governo rubro dela se tornou cúmplice quando assumiu o governo e conforme prometera ao grande capital (com quem se associou para chegar ao poder), manteve todos os contratos e não tomou nenhuma providência para reverter a dilapidação cometida pelo governo tucano. Portanto, se como você bem diz, a privataria é uma malfeitoria que o tempo não apaga, é cumplice do malfeito aquele que podendo e tendo o dever de responsabilizar os autores e recuperar o patrimônio nacional dilapidado, não responsabiliza ninguém, tampouco recupera o patrimônio dilapidado.
    (…)

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  15. (…)
    4. os questionamentos que os tucanos fazem do petismosão realmente hipócritas, mas, repito: o mundo não se divide entre tucanos e petistas, apenas; o Brasil não se divide entre tucanos e petistas, apenas; o eleitorado brasileiro não se divide entre tucanos e petistas, apenas. Há muito mais gente, muito mais eleitores, muito mais brasileiros envolvidos nesta questão que não se inscrevem entre os tucanos, e nem entre os petistas. São pessoas que acreditaram que com o petismo seria diferente. E não foi diferente. Foi igual! Se os tucanos foram malfeitores (e foram mesmo), foi exatamente por isso que eles foram postos pra fora. E o que se esperava era que quem os substitui fizesse diferente, fizesse melhor, fizesse muito melhor. E o que os petistas melhoraram no que fizeram nada tem a ver com o que se esperava que eles melhorassem, muito pelo contrário.

    (…)

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