Como no verão passado

POR GERSON NOGUEIRA

Não foi o renascimento esperado. O Remo deixou de vencer na estreia por desperdiçar muitas chances de gol, principalmente no primeiro tempo. Não foi um mau resultado, mas frustrou expectativas e deixou o torcedor com um quê de desconfiança em relação ao time. Do meio pra frente as coisas até funcionaram, mas a lentidão na saída e o excesso de toques improdutivos prejudicaram a atuação do time em Vilhena.

Contra um adversário limitado, que tinha claros problemas de entrosamento, o Remo teve a chance de liquidar o jogo nos 45 minutos iniciais. Mesmo com apenas um meia criativo, mas jogando no ataque desde os primeiros movimentos, o time criou jogadas agudas, puxadas quase sempre por Eduardo Ramos. Paty perdeu duas oportunidades. Aleílson e Chicão também desperdiçaram.

O gol nasceu quase ao final do primeiro tempo de uma boa jogada entre Ameixa e Chicão. Em rápida troca de passes, que não se repetiu depois, ambos envolveram a marcação do Vilhena e Chicão acertou um belo chute abrindo o placar.

A vantagem deu tranquilidade, mas parece ter acomodado o Remo, que caiu na velha armadilha de ficar esperando o adversário para explorar o contra-ataque. Como havia experimentado timidamente no começo do jogo, o Vilhena voltou a buscar espaços na defensiva azulina na etapa final e acabou encontrando.

Com a transição deficiente, o Remo se atrapalhou diante de um oponente pouco mais que voluntarioso. Os laterais, que já tinham apoiado pouco no primeiro tempo, praticamente abandonaram as ações ofensivas. Com isso, a equipe perdeu um dos caminhos para pressionar a defesa do Vilhena.

Na defesa, Ciro Sena surpreendeu pela firmeza, mas a zaga fraquejou no jogo aéreo, como ocorreu na Série D do ano passado sob o comando de Roberto Fernandes.

O goleiro Fernando Henrique também andou hesitando em algumas bolas, transmitindo insegurança. Ramos, enquanto teve fôlego, foi o jogador mais lúcido do meio, segurando o jogo e buscando acionar os dois atacantes. Podia ter rendido mais com outro meia (Juninho) ao seu lado.

Além de Ramos, Ameixa e Chicão tiveram boas atuações, mas Aleílson e Paty ficaram devendo. Chances criadas não podem ser desperdiçadas.

O ponto obtido fora só vai ser contabilizado como positivo se Nacional e Rio Branco também se atrapalharem em Vilhena. O problema é que, pelo que se viu do time rondoniense, dificilmente vai jogar de igual para igual contra os demais adversários.

Resta a Cacaio corrigir os erros exibidos na estreia para não ser surpreendido nos confrontos previstos para Paragominas. É fundamental que o time tenha mais objetividade na ligação entre meio e ataque e, principalmente, capriche nas finalizações.

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Nova derrota deixa o Águia ainda mais ameaçado

O Águia parece confirmar os piores vaticínios sobre sua trajetória na Série C deste ano. Sem vencer em casa até agora, o time marabaense vinha pelo menos se mantendo invicto como visitante. Isto acabou no sábado à tarde. Foi derrotado pelo Icasa, que ainda não havia sequer pontuado na competição.

A defesa continua a ser o principal dos problemas de João Galvão, tomando gols bobos e intranquilizando o resto do time. O ataque também tem se mostrado fraco, dependendo muito da produção de Flamel no meio-de-campo.

Os dois anos de ausência do Parazão estão cobrando sua conta, pois o time parece ter perdido a identidade e a velha ousadia. A experiência desastrada com Dario Pereira explica muito da derrocada do Águia.

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E Ronaldinho fecha outro bom negócio

A gente percebe que o Brasil continua apanhando de 7 a 1 para Alemanha quando um dos grandes clubes do país, o Fluminense, contrata um ex-jogador em atividade com salários de quase R$ 800 mil e ainda sai comemorando o feito.

Ronaldinho Gaúcho há muito tempo deixou de ser decisivo pelo simples fato de que o futebol deixou de ser importante para ele. Na verdade, depois das Bolas de Ouro conquistadas nos tempos de Barcelona e das temporadas fulgurantes de 2004 a 2006, nunca mais se interessou verdadeiramente pelo jogo.

Sua saída do Barça, sem deixar saudades, foi sintomática do fim de carreira antecipado. A fugaz passagem pelo futebol italiano só antecipou a previsível volta para o Brasil, onde sabia que ainda encontraria espaço para brincar de jogar.

Escolheu o Flamengo para isso e acabou saindo da Gávea pela porta dos fundos. Reapareceu no Atlético-MG depois de um leilão ridículo promovido pelo irmão Assis. No Galo, teve o mérito de não atrapalhar um time que era todo velocidade e gana de vencer.

A perda do título mundial no Marrocos significou também o fim do encanto, fazendo com que o veterano mais festeiro do Brasil buscasse abrigo no México. Como maestro do desconhecido Querétaro, chegou a encantar no começo, como sempre acontece, pelos dribles e malabarismos com a bola, dom que jamais perdeu.

Ao cabo de uma campanha até surpreendente – o time chegou à decisão – arrumou as malas, guardou o cavaquinho e se prontificou a fazer novo leilão. Como interessado, apareceu o Vasco. Depois, um clube turco. Ronaldinho terminou fechando com o Fluminense.

Na internet, juras de amor eterno, beijos na camisa tricolor, o ritual de sempre. Pelo que se noticia, englobando acordos de exploração de imagem e salários, serão cerca de R$ 800 mil mensais. Cifra à altura de campeonato europeu de porte médio, mas extremamente salgada para o pré-falimentar futebol brazuca.

Sem dúvida, um grande negócio para o ex-craque. E um imenso ponto de interrogação para o clube: pode tanto ser a cereja do bolo de um time em evolução na Série A quanto a laranja podre capaz de botar tudo a perder.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 13)

13 comentários em “Como no verão passado

  1. E eles já são o lanterna kkkkkkk

    Esse poço tá com o fundo furado, só pode kkkkkkkkkkk

    A única alegria deles é quando o papão perde kkkkkkkk

    Time mobral, tem que voltar pro jardim da infância

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  2. Realmente é inadmissível que se pague tal valor a qualquer jogador do planeta aqui no Brasil

    Mas como futebol é negocio, se ele arrebentar em campo, vale o investimento.

    Por outro lado, mesmo com 35 anos, ele é um artista da bola, se nao se envolver muito em farras, o bambi carioca é candidato ao titulo.

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  3. Como sempre disse, ganhar jogando mal é diferente de perder jogando bem. Lembramos dos 7×1 contra a Alemanha porque a seleção jogou muito mal. Naquelas condições, perder de 1×0 ou 2×1, seria normal, dada a qualidade da seleção da Alemanha, mas perder de 7×1, não foi um sintoma, foi a morte de uma seleção no CTI, o resultado de uma síndrome que faz perecer o futebol nacional. Paralelos ou analogias a parte, o time do Remo se portou bem ao longo de todo o primeiro tempo, cedendo espaço ao time da casa no segundo tempo. No geral, a atuação do primeiro tempo dá esperança de que o time evolua e volte a jogar bem, como fez nos últimos jogos do parazão e reta final da copa verde. No entanto, é preciso lembrar que o time apresentou futebol canhestro e aquém das tradições do clube na semifinal e final do parazão e decisão da copa verde. Não é preciso reafirmar que o time caiu de produção nesses três últimos jogos, mas o potencial do grupo está provado pelas exibições diante do Atlético-PR, pela copa do Brasil e outras partidas sob o comando do Cacaio. Entendo que a volta de Max seja natural ao lado de Henrique, mesmo que Ciro Sena tenha mostrado mais firmeza que de costume, parece que todo o tempo de preparação ao lado de Henrique resultou num entrosamento mínimo, afinal. O problema de concentrar jogadas pelo meio continua, isso facilita as coisas para a zaga do adversário, é preciso contar com os laterais pela beirada do campo para abrir a defesa do adversário, o que praticamente não houve ontem. A saída de Dadá e a chegada de Chicão parece ter sido um lucro, já que Chicão é lucidamente voluntarioso, aparecendo bem no ataque e compondo bem a marcação, o time ganhou em qualidade ofensiva sem perder na pegada de meio-campo, mas também acho que entrar de cara com dois meias ofensivos fosse a melhor opção, para definir o jogo ainda no primeiro tempo. A boa atuação de Chicão, para mim, não revela mais que a fragilidade do adversário em se defender, embora acredite na qualidade do volante, mas a qualidade técnica de um meia ofensivo sempre suplanta toda a qualidade técnica do volante que sobe ao ataque, primeiro pelo posicionamento, segundo, pela disposição de atacar. Fossem dois meias no ataque, as oportunidades de gol seriam mais frequentes e, talvez, houvesse menos desperdício de gols porque entendo que meias ofensivos finalizam bem no ataque e o time não estaria tão dependente dos atacantes, que deixaram, mais uma vez, a desejar. Ainda que o gol tenha saído da tabela entre dois cabeças-de-área, vale ressaltar que este foi um lance isolado, o que é pouco para o atual time azulino. Mais uma vez, a decisão de jogar recuado se mostrou equivocada. Talvez por se tratar de um time que tem perfil de atacar sempre, já que conta com um meia-armador em boa fase, um atacante que joga pelos lados e um centro-avante que se posiciona na segunda trave, atrás da zaga, o recuo ao contra-ataque surtiria que efeito? A escalação do Cacaio deixa nítido, para mim, que o time não é pensado para mudar de perfil de jogo, é dizer, de posicionamento e postura, ao longo da partida. O Remo precisa jogar no ataque sempre, e manter a posse de bola. Com isso, deve ganhar o jogo em Paragominas.

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  4. Aleilson já merece um banco pelos gols perdidos ontem. E Cacaio mexeu errado, era pra entrar o Silvio que vinha treinando e não o Léo Paraíba que não treinou a semana toda. Serve como exemplo.

    Apesar do Ciro Sena ter jogado bem, ainda prefiro a dupla Max e Igor João que voltam no jogo de Paragominas.

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  5. Tem uns clones nesse Blog que nada acrescentam, do contrário. mancham e denigrem a linda imagem desse instrumento social ! Que pena !. Quanto a tão badalada estreia do remo´foi só um penúncio de que “Aguas passadas estão voltando ao Oceano” “Tudo como antes no Quartel de Abrantes”, “Quem gosta,torna” e etc…Se tanta troca de passes resolvesse, o time teria goleado. Atenção : Eu falei Teria ! Edson,parece que está muito difícil afastar esse encosto. Procura a Mãe Delamare ! Kkkkkkkkk !

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  6. Aleilson tão cobiçado e desejado pelo leão,já merece um banco de reservas ? Futebol e torcedor têm dessas coisas ! Achei muito pouco o que foi apresentado, ainda mais se tratando de um adversário formado as vésperas do jogo,sem chances de entrosamento ! Minha opinião !

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  7. Engraçado que aconteceu o mesmo que aconteceu no último jogo oficial em maio.

    O Remo depois do placar favorável se acomoda de um jeito que começa, por si próprio, a motivar o time adversário a correr atrás do placar favorável.

    E não importa o quanto seja a diferença de placar, consegue apenas retomar as rédeas da partida quando já é tarde demais.

    Ontem foi assim, mas tá na hora de um gás extra.

    O jogo tava ganho, não pode ter a soberba de achar que o time vai ficar trocando passes laterais e vai funcionar.

    O Aleílson ontem foi o jogador mais afobado do mundo, e ele tirou o Paty, que quase não tocou na bola.

    Apesar disso, os volantes se apresentaram muito bem.

    Chicão e Ameixa jogaram bem e quando resolveram ir pra cima, deu bastante resultado.

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  8. Aleilson não passa de engodo, foi assim no Papão, perde muitos gols . Não acredito nesta seleção azulina do parazinho. Ontem deu calo assistir um jogo com tantos passes improdutivos diante de uma equipe montada às pressas, sem entrosamento, completamente amadora. Sei não, mas em 2016 teremos um clássico regional Remo x Águia, isto se o Remo conseguir a vaga no estadual.

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  9. O meio de campo do Remo tá bem produtivo. Chicão quando pega na bola sabe onde quer jogar, ontem errou um passe, e Eduardo Ramos não preciso nem comentar é o melhor meia em atuação aqui pelas nossas bandas. O grande problema do Remo é arrumar esse ataque, não pode perder tantos gols como ontem. E na lateral não dá para o Levy, arrumando esses dois setores dá para chegar em primeiro nessa chave.

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  10. Desconfio que esse Fernando Henrique amealhará, junto à torcida remista, uma taxa de rejeição semelhante a que seu homônimo conquistou na presidência da República.
    É hora de ajudar o Águia, o Pará não perder essa vaga. Bem que o Papão poderia emprestar ao Azulão o Leandro carvalho, o Caio e o Marquinhos.

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  11. O Águia nessa temporada vai ser rebaixado e o futebol brasileiro é uma mãe. Pagar quase R$ 800 mil? Como o blogueiro escreveu: o Brasil continua apanhando de 7 x 1 para a Alemanha. No caso do CR, foi também como o blogueiro escreveu: como no verão passado.

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  12. Bacana o título da coluna. Lembra nome de romance-drama. Boa sacada rss.
    Ultimamente o Remo não passa de um déjà-vu, ao passo que o Papão surpreende positivamente.

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