Hora do renascimento

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo batalhou muito para estar presente no Brasileiro da Série D. Venceu o Campeonato Paraense quando todos apostavam que iria fracassar e se preparou, aos solavancos, para se fazer representar dignamente na competição nacional.

Pois chegou o grande dia.

Contra o Vilhena, em Rondônia, o time estreia neste domingo cercado de expectativa. O período de preparação esteve longe de ser o ideal, consistindo rigorosamente de uma partida, disputada no domingo passado em Macapá contra adversário semi-amador.

Apesar disso, o técnico Cacaio conseguiu acrescentar bons valores à base do Parazão, formando um time competitivo para encarar a fase regionalizada do torneio. Chegaram Fernando Henrique para o gol, Juninho e Chicão para o meio-de-campo, Henrique para a zaga, Aleílson e Léo Paraíba para o ataque.

Em condições normais, é uma equipe capaz de superar os adversários nortistas, com uma ou outra dificuldade. O Vilhena, por tudo que se sabe do time rondoniense, não é está entre os favoritos à classificação no grupo.

Como joga em seus domínios, impõe algum respeito, mas não há dúvida que o Remo tem condições de brigar pela vitória.

Os treinos finais indicam que Cacaio conseguiu achar um jeito de botar Chicão na meia-cancha, ao lado de Ilaílson, Juninho e Eduardo Ramos. Mantém Ilaílson na proteção à zaga, tendo Chicão como segundo volante e ponte de ligação com os meias. É uma boa estratégia, capaz de garantir posse de bola e domínio de jogo ao Leão.

Acima de tudo, Cacaio é o principal nome deste Remo em busca de dias melhores em competições nacionais. Dependerá muito de seu comando sobre os jogadores, impecável até aqui, o sucesso da campanha. Isto se problemas extracampo não comprometerem o planejamento.

Num torneio que começa a pegar fogo a partir da segunda fase, é natural incluir o Remo – pela história, tradição e torcida – entre os favoritos ao acesso. Ao lado do bicampeão paraense, 11 outras equipes podem ser alinhadas como candidatas a subir para a Série C: Red Bull (SP), Botafogo de Ribeirão Preto, Metropolitano (SC), São Caetano (SP), Gama (DF), Caldense (MG), Internacional de Lajes (SC), Duque de Caxias (RJ), Vila Nova (MG), Nacional (AM) e River (PI).

O detalhe fundamental é que nenhum desses times – independentemente dos recursos e reforços que tiver – conta com uma torcida tão apaixonada e numerosa quanto a que o Remo arrasta atrás de si. E isto faz uma enorme diferença.

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A bola pune os perdulários

Quando Misael gingou na área e sofreu o pênalti aos 44 minutos do segundo tempo, ninguém mais duvidava que o Papão estava prestes a obter nova e importante vitória longe de seus domínios. Com confiança, o próprio Misael pegou a bola e partiu para a cobrança. O chute saiu fraco, no meio do gol e facilitou a defesa do goleiro Rafael.

Além da frustração por deixar escapar a vitória, o time passaria dois minutos depois por um trauma pior ainda: em cobrança de falta, a bola sobrou para Pipico dentro da área finalizar e liquidar a fatura. Uma vitória arrancada nos instantes finais, fazendo o Macaé ressuscitar no jogo de maneira triunfal.

Do lado paraense, a decepção pela derrota nos estertores da partida, uma das mais cruéis formas de perder um jogo. O Papão segue com 22 pontos e, dependendo dos desdobramentos da rodada, poderia até permanecer na vice-liderança, mas o travo amargo de fel – com bem definiu Guilherme Guerreiro na transmissão da Rádio Clube – ainda vai perdurar por algum tempo no coração do torcedor.

O que torna particularmente difícil aceitar o revés foi a maneira como ocorreu, nos últimos minutos e depois de o Papão ter desfrutado de várias oportunidades de consolidar a vitória. Ainda no primeiro tempo, depois do gol de Gualberto, aos 10 minutos, o placar poderia ter sido ampliado por Souza, que desperdiçou três chances, e Aylon, duas chances.

A rigor, o Macaé só chegou de verdade aos 39 minutos em boa arrancada de Marquinho, cuja finalização foi desviada pelo goleiro Ivan.

Na etapa final, logo aos 5 minutos, o mesmo Marquinho não deixaria passar a oportunidade. Encaixou um tiro de 25 metros, na gaveta direita de Ivan, batendo de canhota. Um golaço. Daí por diante, o jogo ficou aberto. O Papão trocou Capanema por Augusto Recife; Carlinhos, cansado, por Carlos Alberto e Souza por Misael. O meio-campo ficou mais leve e dinâmico, o ataque ganhou em velocidade.

E foi em jogada rápida de Carlos Alberto pela esquerda que o Macaé perdeu o zagueiro Filipe, expulso por derrubar o armador com violência. Alguns minutos depois, aproveitando o buraco na defensiva adversária, Misael invadiu a área e foi derrubado. A partir daí, tudo que era favorável se voltou contra o Papão, como naqueles enredos de filmes de suspense.

Como não adianta chorar o leite derramado, cabe observar os problemas mostrados pela equipe, principalmente quanto à lentidão ofensiva provocada pela presença de Souza e a necessidade de marcação mais eficiente à frente dos zagueiros, talvez com entrada de Recife para colaborar com Capanema e Fahel. O lépido Edinho jogou bem por ali, mas só cresceu mesmo no jogo quando passou a correr pela ponta-direita. São observações que Dado Cavalcanti deverá levar em conta para o próximo confronto, contra o Sampaio, no sábado que vem. Antes, encara o Bahia pela Copa do Brasil.

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Bola na Torre

Giuseppe Tommaso comanda o programa. Saulo Zaire, Valmir Rodrigues e este escriba de Baião completam a bancada. Em discussão, a rodada do fim de semana para os clubes paraenses. Começa por volta de 00h10, logo depois do Pânico na Band.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 12)

20 comentários em “Hora do renascimento

  1. Remo, mesmo com toda bagunça em sua diretoria, segue para mais uma série D, amigos… Cacaio explicou por toda semana passada, o porque dele querer jogar com 3 volantes, mas, em uma entrevista, o Eduardo Ramos disse que gosta de jogar mais com o Juninho e, aí ele passou a ter essa dúvida, no meio dessa semana e, acredito eu, que vá prevalecer a vontade do camisa 10 Azulino…

    Ao torcedor do Remo, resta esperar, e rezar, para que os jogadores, encarnem o espírito do Parazão e queiram dar ao Remo, esse acesso, como deram o título dessa competição.

    Ahhhhhhhhhhh Leãoooo, Olha lá hein…

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  2. Sobre o pênalti perdido pelo Paysandu, alguns dizem que faltou comando ao Dado Cavalcante, por ser o comandante e ao Augusto Recife, por ser o batedor imediato, caso Yago não esteja em campo…Olha, amigos, isso não procede, a meu ver… Jogador dentro de campo, ele pega a bola e sente que dá pra bater, mesmo ele não sendo um dos batedores oficiais do time…E isso, o técnico, não se mete, até por ter sido um lance que o Misael mesmo buscou e conseguiu o penal.

    Acredito que muitos aqui lembrem de um fato que ocorreu num jogo do Santos, onde o técnico Dorival Jr iria substituir o jogador P. H. Ganso e ele pediu pra não sair e acabou ficando e campo… Não foi um desrespeito ao técnico…Não foi porque o técnico não tinha comando..Nessa hora, o técnico percebe que o jogador tá afim de jogar e que ainda pode dar o seu melhor e, é isso que todos querem, pro bem do clube…Foi o caso do Misael…Se ele faz, nada disso teria acontecido. Como ele perdeu, servirá para o Dado dar um basta e pedir ao grupo que, a partir de agora, Yago bate sempre..Não estando, bate Recife,….. Isso, não se repetirá mais, podem ter certeza. Agora, nada de culpar o técnico, por favor..

    É a minha opinião.

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    1. Amigo Cláudio e demais baluartes. Estranhei o fato de o Recife não bater o penal, mas não entendo que seja uma falha grave de comando. Questão é ali, no calor dos acontecimentos, difícil avaliar as coisas com frieza. E tem mais uma coisa: já imaginou se o Dado faz valer sua autoridade e manda o Recife bater, e este perde a penalidade. Duvido que não iria aparecer um monte de corneteiros malas reclamando porque ele não deixou o Misael bater.

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  3. E.R. pode ter razão. Pode ser mesmo um jogo para dois meias atacantes porque o Vilhena, em casa, deve vir pensando mais em atacar que em defender, quero dizer, não apostaria numa marcação tão pesada sobre dois meias como deve ser sobre apenas um, mesmo por que jogar na retranca é mais cansativo para um time que tem pouco tempo de preparação. Com o tempo curto, mas com muitos jogadores que jogam juntos há anos, talvez entrosamento não seja problema; a força dos times de Rondônia, como dos do Acre e do Amazonas, parece ser o longo tempo de entrosamento entre os atletas. Parece que poucos atletas dessas paragens chegam a ser negociados para fora… Bom, especulações a parte, é fato que o Remo teve melhor preparação e, teoricamente, tem mais time, e, por isso mesmo, pode começar vencendo fora de casa e confirmar o favoritismo. Há boa expectativa quanto à estreia azulina nesta série D, principalmente por contar com o Cacaio no comando e a maior parte do elenco que se garantiu no primeiro semestre, o que se traduz já em algum entrosamento. Como sempre, tô aqui na torcida pelo mais querido.

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  4. Duas verdades foram ratificadas nesse jogo: 1) quem não faz leva, e 2) por muito tempo Yago Pikachú não terá substituto à altura, sequer para bater penalty..!!!

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  5. Amigo Cláudio,bom todo respeito, mas não existe essa de confiança e bola de baixo do braço. Sinceramente, amigo, isso é coisa de pelada no campo da aeronáutica. Em futebol profissional tem-se o cobrador oficial e o segundo cobrador (Recife). Dado pecou pela falta de comendo, contudo, isso acontece com todos.

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  6. Mas Gerson, estaria sendo coerente ao orientar que o AR batesse. O Misael é reserva absoluto e alguem tinha que pegar a bola e dar pro Recife. Ao sofrer o penal, o Misael ainda sentado pediu pra cobrar levantando o braço e correu pra pegar a bola. Típico comportamento de fominha individualista. O Dado o defendeu em público, correto, mas internamente teria que conversar com ele. E se o Yago estivesse em campo? Provavelmente ainda assim o Misael iria querer bater. E outra, pelo jeito que bateu percebe-se que não treina e nem sabe bater bem. Cair de segundo pra sexto quando podia ser lider não é desprezível.

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  7. Mas é o que eu disse, Gerson. Dado pode ter errado (devia ter chamado e ordenado), mas são erros que acontecem e, como bem disse o Cláudio, não será cometido em próximos jogos, já que o time já entrará sabendo quem deve bater o penal. Em síntese, foi um erro que dói, mas ninguém em sã consciencia acreditou que Misael fosse cobrar tão mal, vida que segue. A campanha é melhor do que pensávamos e surpreendente. A posição do PSC condiz, inclusive, com sua qualidade. Subir vai ser lucro. Corremos por fora.

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  8. Claudio, sabes dizer o que aconteceu com o zagueiro Max do Remo? Viram ele numa churrascaria agora há pouco em Belém bonzinho com duas belissimas damas, uma saindo antes de fininho como diria minha avó.

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  9. Bem na mosca Gerson, no futebol não existe lógica. E olha que eu fui um dos que malharam o Dado, kkkkk, o que o calor das discussões nos fazem?, mas o importante é que o time esta a 2 pontos da liderança e que com trabalho e mais atenção pode retornar e se manter no G 4!

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  10. Aladio Oliveira. Max e Igor João não foram escalados para o jogo da estreia por conta da expulsão na final da Copa Verde, só voltam a jogar no segundo jogo do Remo. Na estreia a dupla de zaga será Henrique e Ciro Sena.

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  11. Penso que, com os atuais atacantes, será muito difícil de o PSC conquistar o seu acesso à Série-B. Esses atacantes perdem muito gols. Não são ”matadores”.

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  12. Boa Sorte ao Mais Querido!

    Quanto ao listrado, ele experimentou contra, um pouco daquilo que já havia experimentado a favor um ou dois jogos ao longo do campeonato: foi surpreendido por um adversário que parecia não ter mais condições de conseguir a vitória.

    E sobre o pênalti, creio que nada tem a ver com o treinador. A mim me parece que o próprio Recife é que não estava se sentindo seguro para efetuar a cobrança, posto que se estivesse bem, de nada teria adiantado a iniciativa do Misael, pois o Recife teria apanhado a bola, posto na marca da cal e efetuado a cobrança. Se teria feito o gol ou errado a cobrança como ocorreu recentemente, aí seria outra conversa.

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  13. Antônio, será que os adversários do Papão vão experimentar os erros da arbitragem contra si? Até agora foram três. Não é choro, não, pois sorte ou azar são relativos e na sexta foi incompetência do Misael mesmo e não cabe choro, mas erro de árbitro é injustiça.

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