Ronaldo e o paraíso dos intermediários

POR RICARDO KOTSCHO

Leio na coluna da colega Keila Jimenez, aqui no R7, que o ex-jogador, comentarista de TV e empresário Ronaldo Nazário, conhecido por Fenômeno, acaba de ganhar como cliente o ator Alexandre Nero, da Globo. Vai administrar a carreira do ator, o que quer dizer: cuidar de participação em eventos, comerciais, filmes, premiações.
A agência de Ronaldo, chamada “9ine”, que já tem sob contrato a atriz Paola Oliveira, o jogador Neymar e o lutador Júnior Cigano, entre outros famosos, negocia com mais quatro grandes atores.
O que mais me chamou a atenção foi o alto preço cobrado por estes serviços: até 20% dos valores recebidos em cada um deles. Pode-se imaginar o que isto representa para o faturamento da empresa do Fenômeno, pois todos são muito bem remunerados e cobram caro por trabalhos extras.
Já faz tempo que o Brasil está se tornando o paraíso destes intermediários. Eles estão em toda parte. Por trás, por exemplo, da guerra entre os taxistas e o aplicativo Uber, que oferece carros de luxo sem taxímetro, estão dois destes tipos, bastante poderosos.
De um lado, os donos do serviço Uber, que ficam com 20% das tarifas cobradas por motoristas autônomos pelas corridas; de outro, os proprietários das frotas de táxi – entre eles, grandes empresários e políticos famosos. Em regime de semiescravidão, os frotistas chegam a pagar diárias de R$ 190 para usar os táxis, ou seja, já começam o dia devendo uma nota e, para levar algum para casa, cumprem jornadas de 14 a 16 horas no volante rodando pela cidade.
Se formos mais longe, vamos encontrar intermediários que pontificam nos grandes escândalos da política e do futebol. Pois o que são figuras como o hoje célebre Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, e o bem-sucedido empresário J. Ávila, dono da Trafficc e de emissoras de televisão, ambos réus confessos, se não intermediários entre corruptos e corruptores?
Muito tempo atrás, fiz uma reportagem sobre os muitos intermediários entre os produtores de hortifrutigranjeiros e os consumidores finais, passando por transportadores, Ceasas e atacadistas. No trajeto entre a horta e o supermercado ou a feira, o valor de um repolho chegava a ser multiplicado por dez. A parte do leão ficava com os intermediários.
Pensando bem, são muitos os intermediários de alguma coisa _ corretores de imóveis, comerciantes, vendedores de lojas, feirantes, concessionárias de veículos, agentes de artistas e atletas _ entre os que produzem e os que compram. Nós mesmos, jornalistas, somos intermediários entre os fatos e os leitores, ouvintes, telespectadores. A diferença está entre atuar dentro ou fora da lei.
O problema maior deste paraíso nativo dos que gostam de levar vantagem em tudo é a ganância _ o valor cobrado e os meios utilizados na intermediação, lícita ou ilícita, que pode levar à fortuna e ao poder, mas também arruinar carreiras e levar à cadeia. Que o diga José Maria Marin.
Já pensaram nisso?

Macaé x Papão (comentários online)

Campeonato Brasileiro da Série B 2015 – 12 rodada

Macaé x Paissandu – estádio Cláudio Moacyr Azevedo, Macaé-RJ, 19h30

Na Rádio Clube, Guilherme Guerreiro narra; Gerson Nogueira comenta. Reportagens: Paulo Fernando e Dinho Menezes
Banco de Informações: Fábio Scerni. 

Memórias de um legionário de Brasília

DEPOIMENTO DE DADO VILLA-LOBOS A NIRLANDO BEIRÃO

Na CartaCapital

As pessoas me perguntam: de onde é você? Sou da Bélgica, onde nasci? De Paris, onde morei? Do Rio, onde moro há 30 anos? Prefiro responder: Não, não, eu venho de Brasília, eu sou de Brasília. Foi em Brasília que vivi meus anos de formação – e não só de formação musical, mas de formação pessoal, onde cresci como figura humana e como cidadão.

Minha Brasília tem duas etapas. A primeira foi na infância. Eu cheguei em 1970, 1971. Brasília tinha 11 anos, eu tinha 6. Ali eu me alfabetizei em escola pública, de ótima qualidade, aliás, na 104 Sul, onde a gente morava. Saí com 10 anos, voltei de novo aos 14, em 1979. Morei até 1985 e vivi todo aquele período das novas bandas, dos grupos de rock, o País vivendo a alegria da redemocratização e a gente, em Brasília, fazendo a trilha sonora dessa transformação toda, da revolução cultural que iria sacudir todo o Brasil. O fenômeno musical que brotou em Brasília tem muito a ver com o clima de abertura que tomava conta do País – de compressão à abertura. O rock exprimiu esse sentimento. Para meu livro, o Felipe Demier e o Romulo Mattos fizeram todo um trabalho de contextualização histórica, digo que vai da Arena ao PT. As mudanças políticas e socioculturais se misturam em Brasília

Muitas vezes me perguntam como foi crescer à sombra de Niemeyer, daquela arquitetura tão peculiar, e de certa forma tão fria – a acusação recorrente de que Brasília não tem vida, não tem esquina, não estimula a convivência entre as pessoas. Brasília é, sim, um lugar genuinamente diferente de qualquer cidade do planeta. Naquele momento em que vivemos lá, mais ainda. O Plano Piloto, as superquadras, o Lago Sul, o Norte: a configuração geográfica era um desafio para quem já tinha vivido em cidades convencionais mundo afora. Mas pouco a pouco fui descobrindo os códigos da cidade, estabelecendo uma convivência, amizades, as turmas das superquadras, a gente saía para acampar, tomar banho de cachoeira, dormir sob aquele céu. Adolescentes, aprendemos a viver intensamente aquele projeto Lucio Costa-Oscar Niemeyer, cientes de que naquilo havia uma experiência diferente, sem igual. Aí veio a música e tudo ficou ainda mais claro e mais intenso.

A minha Brasília não era só a Brasília da política e dos políticos, era a Brasília do Nelson Piquet, tricampeão mundial de Fórmula 1, que fez seu aprendizado de volante nas avenidas sem culpa da cidade, fazia seus pegas lá no Kasebre; a Brasília que acolhia gente como Ney Matogrosso, que foi parar por lá nos anos 60-61 como enfermeiro do Hospital de Base. Minha Brasília é aquela cidade que acolheu e ainda acolhe tanta gente em busca de oportunidades – e até de uma nova identidade. Uma cidade de histórias nem sempre reveladas e de personagens fascinantes, mas nem sempre reconhecidos. 

A paisagem já é um convite à liberdade. Aquele horizonte de 360 graus, aquele sol intenso, aquele céu tão expressivo, aquelas cores todas – aquilo tem um efeito simbólico nas pessoas. O contraste é que Brasília também é uma cidade onde o tédio reinante é muito forte. Se você não se ocupasse ali, poderia ser tragado pela inércia e até pela depressão. Você tem de achar o que fazer, para não enlouquecer. É, portanto, uma cidade que desafia. Para mim, encontrar essa turma do punk rock foi a salvação. Mas o punk rock era a própria expressão daquela liberdade que a paisagem expunha à nossa frente.

Aquela geração musical era muito cosmopolita, tinha muitas informações de fora, nossos pais eram diplomatas ou professores lá na UnB, ou funcionários públicos de classe média alta, mas ainda assim eu arrisco dizer que Brasília criou um som específico, uma poesia específica, uma atitude musical específica.  

Naquele momento da gestação das bandas, digo, de 1979 a 1983, tinha o Aborto Elétrico, tinha a Blitx, depois veio a Plebe Rude, o Capital, a Legião, as referências eram o punk rock inglês, principalmente. Lembro que o pai do André Mueller (da Plebe Rude) era professorda UnB, recém-chegado de pós-graduação na Inglaterra, a família trouxe muitas informações sobre a cena musical inglesa. As informações deram fruto em Brasília, naquela paisagem, naquela atmosfera de efervescência, mas teve uma hora em que a ficha caiu, para todos nós: “O que a gente faz aqui, ninguém faz”. Continuo achando isso.

Naquele momento, a cidade tinha 200 mil habitantes, hoje dizem que circulam pelo Distrito Federal mais de 4 milhões de pessoas. Claro que muita coisa mudou. Mais uma vez percebi isso ao voltar três semanas atrás para lançar meu livro. Tinha uma quebrada na UnB onde a gente ia toda sexta-feira à noite e ouvia o K7 do Talking Heads. Não existe mais. A turma também ia ao Parkway, o pai do Bi Ribeiro tinha um sítio lá, a gente acampava à beira de um lago, mesmo no inverno, tinha riacho, floresta – o Parkway foi urbanizado, mudou de cara. Outros lugares onde íamos eram a Lanchonete do Janjão, o Gilbertinho, aquele centro comercial do Lago Sul e os bares da Asa Norte, como o Cafofo, onde o Aborto tocava no porão. Depois outras bandas também passaram por lá. Não sei se existem ainda esses lugares tão marcantes do meu passado. Ficaram, sim, os amigos de sempre, pessoas queridas e que continuam me confirmando como Brasília é um lugar tão especial. Gente normal, gente decente, gente criativa.

Até outro dia eu era o paladino da defesa de Brasília contra os que a criticavam. Me tocava, me incomodava. Qualquer um que falasse alguma coisa, eu replicava. Cheguei certa vez a mandar um e-mail irritado ao Fernando Rodrigues, da Folha. Ele odeia Brasília e, coitado, mora lá – ou, sei lá, morava. Tem gente que não admite sequer que a capital tenha mudado para lá. O Afonso Ouro Preto, pai do Dinho e marido da minha mãe, tem em casa uma edição antiga da primeira Constituição da República, a de 1891, e lá, capítulo terceiro, acho eu, já está escrito que a Capital dos Estados Unidos do Brasil seria transferida para determinado lugar do Planalto Central, e que a capital seria uma cidade-Estado. Exatamente no local demarcado onde é hoje o Distrito Federal. JK simplesmente cumpriu o que estava escrito desde 1891.

Sempre digo: acontece muita coisa boa em Brasília e tem muita gente boa por lá. É uma cidade que buscou e construiu uma identidade cultural. Tem a música, a dança, o teatro, e a cena do cinema é interessante. Mas Brasília paga o preço de ter virado a cidade do poder. Sua imagem negativa acaba vindo dessa gente que fica lá dois, três dias por semana, gente que não é de lá, que vem do Brasil inteiro, essas aves de arribação da política que lhe dão má reputação. Brasília não pode pagar pelos pecados alheios. Sempre gritei isso, mas hoje em dia eu percebo, triste, que, desde que o José Roberto Arruda (ex-governador entre 2007 e 2010, que foi preso e posteriormente cassado) foi pego, esse meu discurso perdeu a força. Brasília é a impressão digital do Brasil. No bom e no mau sentido.

Um choque de modernidade – Trecho de “Memórias de um legionário”

“O meu primeiro contato com Brasília foi um choque. Acostumado ao traçado das cidades tradicionais, fiquei surpreso com a arquitetura e o planejamento urbano modernistas da capital federal. No Plano Piloto de Brasília, avenidas substituem ruas e o espaço é setorizado, ou seja, cada setor deve corresponder a uma respectiva função (embora ultimamente ocorra cada vez mais mistura de atividades nos setores projetados). Eu me perguntava como seria a vida ali, e o que teria de fazer em uma cidade estranha como aquela. Tinha impressão de Brasília como um  lugar inacabado, ainda em formação, e essa avaliação fazia sentido. Afinal, eu tinha 6 anos e a cidade, 11: éramos quase da mesma idade.

Fui alfabetizado em uma instituição pública bem bacana, chamada Escola Parque, perto da quadra 104 Sul, onde eu morava. Ali viviam famílias de diplomatas, de militares de alta patente e de funcionários especializados do Banco do Brasil. Por volta dos 8 anos, retomei o contato com o Bi (Ribeiro), cuja família morava em um bloco próximo ao meu. Ele estava com seus 12 anos e já conhecia o Herbert Vianna, que também residia naquela quadra. Mais ou menos uns seis anos depois, eles formariam Os Paralamas do Sucesso, a primeira banda de amigos meus a se tornar famosa.

Eu estava descobrindo a cidade aos poucos. Andava de skate e esbarrava nas quadras com uns caras mais velhos, próximos dos 20 anos. Eram cabeludos, hippies e tocavam rock progressivo. Nessa época, tinha muita obra em andamento ou abandonada, que as crianças invadiam com skates e carrinhos de rolimã. Também utilizávamos essas construções inacabadas para brincar de polícia e ladrão e, é claro, jogar futebol. Batíamos pelada em terrenos baldios: nos dias de chuva tudo ficava alagado e tomávamos banho de lama.” (Editora Mauad X, 256 págs., 49,90 reais )

Cartola tomava “empréstimos” do clube

Cartolão tomava “empréstimos” semanais na tesouraria do Remo dando cheques pessoais “como garantia” – isto em plena crise financeira do clube ao longo do primeiro semestre. Até o momento já foram descobertos 16 borrachudos. Mais detalhes, inclusive com nomes, em breve aqui no blog campeão.

Pan é esnobado por astros brasileiros

POR BRUNO DORO, FÁBIO ALEIXO E RODRIGO MATTOS
Do UOL, em Toronto (CAN)

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A cada quatro anos era a mesma coisa. Os Jogos Pan-Americanos eram tratados como um evento de primeira linha por todo o universo esportivo brasileiro. Era o grande teste para os Jogos Olímpicos do ano seguinte. Para muitos, chegava a grande chance de brilhar em frente às câmeras de TVs, com medalhas que não viriam no ambiente olímpico.

Em Toronto-2015, esse cenário mudou bastante. O Pan-Americano que começa nesta sexta-feira (a abertura está marcada para 19h45 de Brasília) é o primeiro em que o Brasil não liga muito para os resultados. Explicações para isso não faltam.

Primeiro, o país tem vaga olímpica garantida em todas as modalidades, com exceção do hóquei na grama. Isso quer dizer que atletas que normalmente só apareciam graças aos resultados no Pan já estão focados no Rio-2016 e em como aproveitar uma Olimpíada em casa. “O Pan não é uma competição crucial para nós. Já estamos classificados. Achei melhor deixar meu posto em aberto, para testar novos conjuntos”, conta Rodrigo Pessoa, campeão olímpico de saltos, no hipismo.

Com isso, os campeonatos mundiais de 2015 ganharam importância. Afinal, é melhor medir forças contra adversários de todo o planeta e em um evento de alto nível comprovado do que com rivais apenas de um continente, incluindo que nem sempre fazem parte da elite do esporte. Piorando ainda mais as coisas para Toronto-2015, o calendário desses mundiais não ajudou. A maioria será disputada nos próximos dois meses. Isso significa que os atletas não chegam ao Pan no auge de sua forma.

“Eu gosto muito do Pan e conquistar uma terceira medalha de ouro é importante. Mas é verdade que ele é uma etapa da preparação para o Mundial, que é o principal evento do ano”, admite o judoca Tiago Camilo, dono de duas medalhas olímpicas e dois ouros pan-americanos. O mundial de judô será disputado no final de agosto, no Cazaquistão.

Não é uma visão isolada. Campeão olímpico em 2008 e recordista mundial em duas provas da natação, Cesar Cielo nem mesmo veio ao Canadá: preferiu se focar nos treinamentos para o Mundial de Khazan, na Rússia, que começa no fim deste mês. A maioria do time brasileiro de natação vai direto do Canadá para a Rússia.

“A coincidência com os Mundiais tornou esse Pan diferente. Não falo em número de medalhas, porque aumentou a distribuição por países, mas sempre analisamos o que deu certo e o que não deu, independentemente de quem veio”, admite Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Organizador do Rio-2016. “Não fazemos exigência nenhuma para as confederações quanto ao que farão no Pan. Estamos focados totalmente em 2016”, completa Adriana Behar, gerente geral de planejamento esportivo do COB.

Existem, é claro, exceções. Algumas apostas do esporte brasileiro estão estreando em Toronto. É o caso de Marcus Vinícius D’Almeida, vice-campeão da Copa do Mundo de tiro com arco. Ou das velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze, campeãs mundiais da classe 49erFX, da vela. Jovens, os três fazem parte da nova geração verde-amarela e nunca participaram de eventos da magnitude do Pan. Conhecer o clima de vila Pan-Americana, conhecer atletas de outras modalidades e dar entrevistas explicando resultados são preparações mais importantes do que a conquista da medalha em si.

O resultado de tudo isso é que a colocação no quadro de medalhas, que já foi uma obsessão dos cartolas brasileiros em edições anteriores, virou algo secundário no Canadá. “O top 3 é o normal em número de medalhas, mas não será um drama se não ficar. Mas acho difícil que não consiga”, avisa Marcus Vinícius Freire, superintendente do COB.

Governo sucateia Cosanpa para privatizar

Do site do Sindicato dos Urbanitários

A exemplo do que fez com a Celpa, 17 anos atrás, agora o governo deixa de investir na Cosanpa para tentar a privatização.A terceirização por si só já é um processo perverso que prejudica o trabalhador e a população. Na Cosanpa, a situação é pior, pois a empresa repassa o serviço a empresas privadas sem a mínima fiscalização. Aliada à terceirização, o governo do estado deixa de investir e enche o quadro da empresa com pessoas comissionadas, que tem na Cosanpa um cabide de emprego e não um compromisso de serviço de qualidade. A soma disso tudo foi o que aconteceu no final de semana no Utinga: incêndio no quadro de comando resultando na interrupção no fornecimento de água em Belém.

Milhares de pessoas indo às ruas carregando baldes em busca de água, quebrando tubulações, sofrendo com a falta de responsabilidade da diretoria da Cosanpa e do governo do estado. Os motivos são evidentes: equipamentos expostos ao calor, falta de manutenção, falta de equipamentos para substituição, o que a grosso modo é chamado de falta de compromisso ou mesmo incompetência para gerir a coisa pública, um serviço essencial que deveria ser contínuo e de qualidade. Uma tragédia anunciada, denunciada muitas vezes aqui neste espaço de comunicação.

Pior que tudo isso é o fato de que a precária situação da Cosanpa é resultado de um plano de sucateamento. Tudo para que a população critique o serviço e enxergue na privatização a solução para o problema. É isso que o governo quer, ter a opinião pública a favor da privatização da água. Mas devemos ficar atentos. Ontem, 9 de julho, a Celpa fez 17 anos de privatizada. E vejam o resultado, tarifa absurdamente cara, serviço de péssima qualidade, demissões imotivadas, acidentes de trabalho, e aumento de terceirização.  Ou seja, a privatização não foi boa nem para a população, muito menos para o trabalhador.

Foi boa para quem afinal? Para o governo? Até hoje, a população pergunta, onde foram parar os R$ 450 milhões da venda da Celpa, empresa repassada à iniciativa privada que só fez sugar e depois dar um calote de mais de R$ 3 bilhões no povo do Pará e revendeu a empresa por R$ 1 real. É contra todos esses atentados contra a população e contra o trabalhador que vimos denunciar. Empreiteiras, continuam abusando da Cosanpa. Trabalhadores e equipamentos próprios  da empresa continuam sendo usados para resolver problemas que deveriam ser sanados pelas empresas contratadas. Para o trabalhador isso é uso político da Cosanpa. É contra isso que lutamos. Queremos uma empresa pública e de qualidade, sem discriminação, sem hipocrisia. Essa é nossa luta, vamos em frente!

A importância da 12ª rodada

POR GERSON NOGUEIRA

O Papão faz hoje o chamado jogo de seis pontos. Precisa pontuar para se manter na vice-liderança e, por tabela, manter o Macaé afastado da zona de acesso. Um cuidadoso estudo matemático em poder da comissão técnica bicolor aponta que a 12ª rodada da Série B é mais importante e significativa do que se imagina.

O levantamento mostra que, desde que a competição passou a ser disputada no sistema de pontos corridos, os números revelam uma tendência: dos quatro primeiros colocados na 12ª rodada, três conseguem o acesso ao final do campeonato. São números, não há como brigar com eles.

Com base nisso, o Papão entrará em campo hoje à noite sabendo da extrema importância do jogo, principalmente pelo acirramento da briga por um lugar no G4. A última rodada, cheia de empates, refreou alguns avanços, mas o Papão não pode estacionar nos 22 pontos sob pena de deixar o pelotão da frente.

Além do líder Botafogo, com 24 pontos, o Papão trava disputa direta com outras sete equipes – América-MG (21), Bahia (21), Náutico (21), Vitória (20), Macaé (18), Sampaio Corrêa (18) e ABC (16). Precisa, mais do que nunca, defender-se do avanço dos adversários.

Pelas próprias características da competição, são normais as oscilações de desempenho ao longo das 38 rodadas. Restam mais de dois terços dos jogos por disputar. Quem se encontra em posições inferiores no momento ainda tem chances legítimas de buscar a parte de cima da classificação. É o caso até do Ceará, estacionado na penúltima colocação, com apenas 6 pontos em 11 jogos.

Embora pouco provável, não é impossível que ocorram inversões de posicionamento, com a queda de rendimento de equipes bem situadas no começo do torneio. Contra os altos e baixos normais da Série B, o caminho mais lógico é a formação de elencos poderosos, com pelo menos dois jogadores de bom nível para cada posição.

Nesse aspecto, a diretoria do Papão tem sido extremamente criteriosa, seguindo à risca as indicações feitas pelo técnico Dado Cavalcanti. Sempre que o elenco precisou ser reforçado, o clube buscou as melhores opções dentro de seu orçamento para o campeonato. Foi assim que conseguiu montar um sólido grupo de zagueiros, que tem assegurado ao Papão presença no grupo de defesas menos vazadas até aqui, com 8 gols sofridos.

A política de contratações permitiu também que fosse sanado o crônico problema da lateral-esquerda, onde Pablo era improvisado frequentemente. João Lucas foi trazido para ser o titular e tem respondido bem às necessidades do time.

Do lado direito da defesa, onde residia outro velho drama, Pikachu já tem um substituto natural, Luís Felipe. E será ele o escalado para enfrentar o Macaé. Apesar disso, Dado contabiliza a perda de seu mais importante e decisivo jogador, espécie de termômetro da equipe. A outra vaga a ser preenchida é no gol, onde não deve haver maiores sobressaltos, visto que o experiente Ivan tem o mesmo nível do titular Emerson.

Com um elenco numeroso, um dos maiores da Série B, o fato é que o Papão está bem preparado para encarar as baixas (por contusão ou motivo disciplinar) no time titular. Isso certamente vai fazer a diferença à medida que o campeonato avançar e os problemas físicos se acentuarem, para todas as equipes, obviamente.

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Desbloqueio ajuda futebol do Leão

A decisão do TRT, desbloqueando 50% das cotas de patrocínio do clube, constitui uma importante vitória do departamento jurídico do Remo, representado pelo advogado André Meira. Graças à liberação do dinheiro, a diretoria poderá viabilizar pagamentos e garantir que o futebol esteja amparado ao longo da disputa da Série D, dando tranquilidade à comissão técnica e ao elenco de jogadores.

Ao mesmo tempo, a Justiça concordou ontem em liberar 70% do dinheiro arrecadado com a renda dos jogos.

O drama permanece, porém, quanto ao plano de pagamento da dívida trabalhista do clube, avaliada em cerca de R$ 11,5 milhões. Caso não consiga apresentar uma proposta que convença a JT, a área do Carrossel corre o risco de ir a leilão a um preço abaixo dos valores de mercado e distante da quantia necessária para quitar os débitos existentes.

Por sorte, a parte de campo dá sinais de estabilidade depois dos atropelos na viagem de retorno a Belém após a vitória sobre o Ipiranga, em Macapá, no último teste para a estreia na Série D, domingo, em Vilhena (Rondônia). Nos treinos da semana, a equipe titular ganhou corpo e deve ter como novidade a inclusão de Chicão no meio-de-campo, ao lado de Ilaílson, Ameixa e Eduardo Ramos.

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Lembranças da maior tragédia de BH

O longo texto postado pela Federação Alemã de Futebol festejando os 7 a 1 sobre o Brasil na Copa dá bem a medida da relevância daquela vitória, de certa forma mais comemorada pelos germânicos do que o próprio título ganho em cima da Argentina.

Comparando o triunfo ao “sétimo céu”, os alemães não escondem a surpresa com o placar elástico, mas enaltecem a frieza e a organização do time comandado por Kroos, Müller e Klose naquela tarde/noite em Belo Horizonte.

Mais revelador é o relato de um time de repórteres da Folha de S. Paulo que fizeram matéria especial com os personagens da maior tragédia do futebol brasileiro em todos os tempos.

Descobriram coisas curiosas, como a confiança de Felipão no receio que Bernard, aquele da alegria nas pernas, imporia ao time alemão. O técnico achava que a torcida do Galo iria ter um papel importante, incentivando Bernard e ajudando a intimidar os comandados de Joachim Löw.

O jogo mostraria, de maneira cruel para nós, que Bernard foi solenemente ignorado pelos adversários, preocupados apenas em fazer seu jogo de passes em velocidade e indiferentes à gritaria dos torcedores mineiros.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 10)