Fortuna chega, enfim, para um ex-boleiro

Credt: PA

Um ex-jogador de futebol do Chelsea – que recebia pouco mais de 25 libras (R$ 123, em valores atuais) por semana como atleta profissional nos anos 1950 – ganhou um prêmio de 5,5 milhões de libras (R$ 27,2 milhões) na Lotto, uma modalidade de loteria no Reino Unido. Terry Bradbury, 75, jogou no final da década de 1950 ao lado de nomes conhecidos do futebol inglês, como Jimmy Greaves e Terry Venables.

Bradbury, que também jogou pelo Southend United, Leyton Orient e Wrexham, ganhou exatos £5.517.016 (R$ 27.332.400) no sorteio do último sábado (4). Ele e sua mulher Eleanor disseram planejar a compra de uma casa de veraneio na Espanha com o prêmio. Eleanor disse: “A casa será um lugar onde nossa família sempre poderá ir nos feriados”. (Da BBC Brasil)

Para a Alemanha, “um sétimo céu” em BH

Alemanha relembra 7 a 1

A Federação Alemã publicou um artigo com jogo de palavras em seu site oficial. Ao se referir à vitória de 7 a 1 diante do Brasil no dia 8 de julho de 2014, a entidade colocou no título do texto: “Um ano depois: sétimo céu em Belo Horizonte”. Em seguida, a DFB descreve as reações do técnico Joachim Löw, jogadores e até mesmo os dirigentes durante a construção do placar. Confira todo o relato:

“Passou-se um ano desde a jornada histórica na Copa do Mundo – sete jogos no verão de 2014 que trouxeram tanta felicidade. Começou um Salvador com um sonho e terminou no Rio com o sonho se transformando em realidade. Um ano depois do triunfo no Maracanã, DFB olha para trás nos sete jogos no Mundial de 2014. Completaram-se 365 dias de quando a seleção marcou sete gols em Belo Horizonte.
Números no futebol? Claro que existem 90 minutos, dois tempos de 45. Penalidades de doze jardas, caixas de 18 jardas, caixas de seis jardas, três pontos por vitória, um por empate. Todos esses números possíveis têm ligações diretas com o futebol, mas um que não tem é o número sete. Associações com este número? O magnífico sete, número 7 da sorte, os sete pecados capitais. Quando rolar dois dados de seis lados, sete tem a maior probabilidade de ser rodado. Mas quando se trata de futebol, sete é uma ocorrência rara.

Isso foi, naturalmente, até 08 de julho de 2014. O número sete está agora indissoluvelmente ligado com Belo Horizonte, a seleção e a Copa do Mundo no Brasil. Sete é o número de golpes que a Seleção (brasileira) tomou ou mais positivamente da perspectiva alemã, o magnífico sete também se refere ao sete gols que reescreveram a história para a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo.
Eles foram 90 minutos de construção de história em Belo Horizonte – um jogo que será, no mínimo, um ponto de virada do futebol no Brasil. Muito foi escrito, dito e analisado após o jogo, mas ninguém foi capaz de captar a grandiosidade. Um jornal na Alemanha não perguntou o “Porquê”, mas maravilhosamente e apropriadamente escreveu que o futebol alemão agora teve a sua própria pergunta: Onde você estava quando a Alemanha venceu o Brasil por 7 a 1 mas semifinais da Copa? 80 milhões de alemães podem responder a esta pergunta com certeza em nome de um dos seus compatriotas: Joachim Löw. Ele estava em Belo Horizonte, no estádio, perto e em frente ao banco. E no sétimo céu.

Escanteio para a Alemanha, 11 minutos. Toni Kroos vai cobrar. Joachim Löw fica fora de seu assento. Os bancos de suplentes são baixos no chão em Belo Horizonte, assim Löw teve de escalar três degraus para que ele ficasse ao nível dos olhos com os seus jogadores, em vez de olhar para os seus pés. Kroos entrega a bola, os olhos de Löw estão bem abertos, os lábios apertados, com as mãos nos bolsos das calças. O treinador dá dois pequenos passos para a frente enquanto a bola está no ar. Thomas Müller passa por
dois adversários e dá dois pequenos passos para trás. A bola voa para dentro da rede. O braço esquerdo de Löw voa no ar acompanhado por um grito, e talvez um palpite? Löw balança seu braço uma vez, duas vezes … sete vezes – nós contamos. Ele, então, fecha o punho e coloca o polegar para cima. A celebração do gol inaugural de Löw terminou com um ritual que se repetiria mais tarde: Um gole de água de uma garrafa.


NoMiroslav Klose faz o 2 a 0 aos 23 minutos. Foi um belo gol, um gol importante e um gol histórico. Klose marcou o seu 16º gol em Copas e se tornou o artilheiro em Copas do Mundo. Ele também é o jogador de futebol cujo treinador não viu o gol. Löw estava conversando com seu assistente Hansi Flick. Fez uma pausa. Ele estava na área técnica, pronto para comemorar, quando Kroos fez o passe para Müller. Müller lançou a bola para Klose. Klose chutou … e Löw se afastou quando Julio César salvou.
Então Löw não viu que a bola voltou para Klose e o atacante foi mais bem sucedido na segunda vez. Flick foi mais atento e continuou focado na ação. Ele viu a bola entrar no gol. Flick corre para seu chefe na comemoração – a colisão não é nem pesada nem dolorosa. Löw agora entende o que aconteceu: É 2 a 0. Desta vez, a alegria é mais contida, talvez porque ele não tenha visto o gol. Suas ações são reservadas. Ele faz um cumprimento com o médico da equipe Tim Meyer. Em seguida, cumprimenta Roman Weidenfeller e Lukas Podolski. Finalmente, ele retorna ao seu assento e toma um gole de água. Löw conseguiu ver o terceiro gol com seus próprios olhos, apenas dois minutos depois. Philipp Lahm joga a bola dentro e encontra Müller livre no meio. Löw se levanta – Müller novamente? Não, Müller está livre, mas perde a bola. O canto da boca de Löw sofre pequenas contrações, mas desta vez ele permanece voltado para a ação. E assim ele vê a bola rolar para Kroos que chuta em direção ao gol com o pé esquerdo. Julio César defende, mas não o suficiente para parar o tiro. As cenas no banco alemão repetem-se como momentos antes: O treinador comemora, desta vez com os dois braços, uma nova rodada de acenos com Weidenfeller e Podolski, e o gole de água. Löw não estava comemorando quando marcou o 4 a 0.
Quando Toni Kroos roubou a bola no meio-campo aos 26 minutos e jogou com Sami Khedira, Löw apareceu em sua área técnica novamente. Houve fogos de artifício de endorfinas em torno dele. Foi cercado por jogadores do melhor banco do mundo e eles formaram um amontoado de comemoração com os jogadores em campo. Löw não está menos feliz do que os outros, ele simplesmente não está mostrando isso. Ele até se esqueceu de tomar um gole de água neste momento, mas ele não esquece seu trabalho. Ele grita, “Bastian,” e Schweinsteiger vem para uma conversa com o seu treinador na ala. Löw dá algumas palavras de conselho a seu líder emocional em campo. Seus gestos explicam o que ele disse: Fique calmo, não exagere e não fique desleixado. Löw, em seguida, voltou para seu assento, onde Flick dá quatro tapinhas no ombro de Löw.
Aos 29 minutos, outra dobradinha, mas diferentes protagonistas. Desta vez Özil alimenta Khedira, mas o resultado é o mesmo: Um gol para a Alemanha e 5 a 0. Bem-vindo ao delírio. E no banco? Löw mostra uma nova variante da sua celebração, desta vez com ambos os braços tremendo no ar. Isto foi seguido por repetir seu gesto do punho com a mão esquerda. Löw está agora de volta na linha e se lembra de seu gole de água para completar o ritual. Ele toma o seu lugar no banco de novo, pronto para a próxima celebração.
É o segundo tempo e o Brasil está novamente correndo desesperadamente, criando chances, mas falhando nos testes contra Manuel Neuer, o melhor goleiro do mundo. E até o minuto 69 que o centro das atenções não voltou para Löw. Philipp Lahm lança a bola para André Schürrle: 6-0. Pela primeira vez, um sorriso atravessou o rosto do treinador da Alemanha. Löw mais uma vez fez os três passos para o campo, uma meia volta e, em seguida, um “Yessssss”, antes do cumprimento com Flick. Löw parece agora um pouco ausente, quase resistindo ao abraço de Andi Köpke. Muito porque ele está lutando para processar o que seus olhos estavam vendo. minuto 79, os brasileiros começaram a aplaudir o belo jogo dos alemães. A Seleção está em pedaços, a Alemanha está comemorando. A bola vem para Schürrle via Müller. É difícil de controlar, mas Schürrle corre a toda a velocidade para a grande área e chuta. A bola passa por cima da cabeça de Julio César e no canto mais distante da meta. A reação do treinador? Não. Löw não levanta-se desta vez, mas ele não para de sorrir. Na verdade, o treinador ri, descontraído, livre, mas ainda incrédulo. Eventualmente, ele se levanta e sussurra algo no ouvido de seu treinador de goleiros. Köpke aponta na direção do painel do estádio. Lá estava ele – era real: Alemanha 7 a 0 Brasil.
A Alemanha tinha visto o céu em Belo Horizonte. Raramente superlativos haviam sido tão justificados. Mesmo os mais empolgados se esforçaram para encontrar as palavras. Wolfgang Niersbach presidente da DFB foi um exemplo após o jogo contra o Brasil. Em seu discurso habitual no voo de volta a partir de Belo Horizonte para a Bahia, ele admitiu que não tinha palavras para descrever o que tinha acontecido. “A língua alemã tem muitas palavras, mas nenhum é suficiente para descrever isso. Posso, no entanto, simplesmente dizer, em nome da DFB e a delegação, um enorme obrigado “, disse Niersbach.
Mas o presidente da DFB não terminou ali. “O jogo agora está quatro horas atrás de nós. Eu gostaria de dizer a todos os envolvidos: Fechem os olhos, deixem-se afundar – e, em seguida, vocês vão lentamente compreender o que aconteceu hoje. É um resultado histórico, que não é nenhum exagero. Vocês serão capazes de dizer a seus filhos e netos nos próximos anos que vocês estavam lá em Belo Horizonte no dia 08 de julho de 2014: 7 a 1 contra o Brasil. Décadas no futuro, as pessoas ainda vão perguntar: Como foi possível”. Niersbach não tem a resposta para a pergunta, e ele diz à equipe:” Todos vocês podem ficar orgulhosos por uma performance tão incrível. Vocês venceram o Brasil no Brasil, algo que nenhuma outra equipe alemã já fez. Vocês fizeram isso contra um país inteiro, contra 70 mil brasileiros no estádio. O mundo inteiro estará relatando amanhã e depois de amanhã neste inconcebível 7 a 1″.
E assim o mundo inteiro relatou. Na França, Le Monde escreveu: “De repente, pouco antes do final, os restantes fãs brasileiros começaram a aplaudir. Foi uma cena surreal em um jogo que vai ficar na memória por muito tempo”. O Marca disse:”. Ecstasy alemão. Cinco gols em 18 minutos. O que aconteceu entre os minutos 11 e 28 minutos, entrará para a história da Copa do Mundo”. NRC Handelsblad, da Holanda, escreveu: “Punição em Belo Horizonte. Brasil 1 a 7 Alemanha. Isso realmente aconteceu. Nos próximos anos, dois brasileiros vão perguntar uns aos outros: Onde você estava quando o nosso futebol ficou em pedaços? Brasil, Alemanha na final depois de uma vitória por 7a 1, isto não é uma piada”.
Este jogo vai ser lembrado para sempre, também pelo treinador. Quando Joachim Löw é perguntado sobre suas melhores lembranças da Copa do Mundo no Brasil, ele ainda fala da viagem de volta da semifinal. Como os brasileiros ficaram na praia naquela noite e aplaudiram os alemães, como ele reconheceu a respeito em seus olhos, como o respeito para o desempenho da oposição foi maior do que a decepção para a Seleção. E é assim que ele estava no estádio. Quatro gols em seis minutos, uma histórica vitória por 7 a 1 no final, uma parede amarela que aumentou, como os fãs de futebol, não para apoiar a sua própria equipe, mas para celebrar uma obra de arte pelos convidados. Löw nunca vai esquecer essas imagens, como ele nunca vai esquecer a viagem de volta para a Bahia. “Um ponto alto da minha carreira veio após o jogo Brasil”, diz Löw sobre aqueles momentos. “Havia milhares de brasileiros ao longo das ruas e eles aplaudiram nossa equipe. Isso foi fascinante”. A Alemanha quebrou o coração dos brasileiros, mas ainda sim eles ganharam seus corações.”

(Do Globoesporte.com)

Lateral carioca é nova aposta do Remo

Um novo lateral-direito pode estar ganhando a posição de titular no time do Remo para a estreia na Série D contra o Vilhena, domingo. O carioca Gabriel Proença, de 20 anos, que foi recomendado ao técnico Cacaio, assinou contrato (por quatro meses) com o clube e já está incorporado ao elenco. Ele passou por testes no Evandro Almeida por 15 dias e vai disputar lugar no time com George Lucas e Levy.

Um ano perdido

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POR TOSTÃO, em O Tempo

Neste mundo maluco, em que se vê de tudo na internet, de imagens belíssimas e educativas a chocantes e insignificantes, esperava que fossem vazados os vídeos, feitos pela CBF e pela confederação alemã, nos vestiários, nos momentos que antecederam o 7 a 1. Como não foram mostrados, posso imaginar.
Antes da palestra de Felipão, Parreira leu outra carta de Dona Lúcia. Para quem não sabe, foi a mulher que enviou uma mensagem de solidariedade e de agradecimento aos jogadores e à comissão técnica, após o 7 a 1, lida por Parreira, em entrevista coletiva. Nessa outra carta, a “santa” Dona Lúcia chamou os atletas e a comissão técnica de “queridos” e “heróis” e disse que estaria ao lado deles, na derrota e na vitória, na tristeza e na alegria.
Até hoje, ninguém ainda sabe se Dona Lúcia existe ou se foi uma criação infeliz da CBF, para ser um exemplo de condescendência com o fracasso.
Antes de Felipão, Marin disse aos atletas: “Além dos prêmios combinados, em euros, para ganhar hoje e na final, ofereço a todos e a suas famílias 30 dias de férias no mais luxuoso hotel de Zurique, à beira do lago, onde me hospedo com os membros da Fifa”.
Felipão começou a palestra repetindo que, em casa, é impossível o Brasil perder. Parreira acrescentou: “Estamos com as mãos na taça. A CBF e a seleção são coisas que deram certo no Brasil”.
Felipão lembrou a estratégia: “Vamos pressionar, acuar os alemães, com uma linha de três atacantes (Bernard, Fred e Hulk), Oscar perto dos três e mais o apoio dos laterais. Luís Gustavo fica mais atrás, quase como um terceiro zagueiro, para fazer a cobertura”. Fernandinho, preocupado, perguntou: “Professor, não é perigoso eu ficar sozinho, no meio, contra os três alemães, que tocam muito bem a bola?”. Felipão, com seu trejeito característico, respondeu: “Eles vão tremer e não vão sair da defesa”.
No outro vestiário, o técnico alemão Joachim Löw relembrou: “Vamos congestionar o meio-campo, com cinco jogadores (Kroos, Schweinsteiger, Khedira, além de Müller e Özil, pelos lados), ficar com a bola, trocar passes e avançar em bloco”.
A Alemanha, contra o Brasil, e o Chile, contra a Argentina, congestionaram o meio-campo, defenderam e atacaram em bloco, sem deixar espaço entre os setores. Enquanto isso, Brasil e Argentina tinham um vazio no meio, pois jogaram com um volante, quase como um terceiro zagueiro (Luís Gustavo e Mascherano), um meia ofensivo, próximo aos três da frente, quase como um quarto atacante (Oscar e Pastore). No meio-campo, tinha apenas um jogador (Fernandinho e Biglia), ambos sem muito talento. A diferença é que a Alemanha tem muito mais qualidade individual que o Chile.
Para assimilar, conviver bem e renascer após uma tragédia, sem esquecê-la, é necessário, durante um tempo variável, refletir, vivenciar, com tristeza, a perda, o luto. A CBF, com apoio da maioria dos treinadores brasileiros, fez o contrário, ao negar, ao não dar importância ao 7 a 1, como se fosse apenas um apagão. Um ano depois, o futebol brasileiro está no mesmo lugar, sem identidade, perdido.

Estilos diferentes

O Atlético, mesmo sem Leonardo Silva, Marcos Rocha, Luan e Dátolo, quatro titulares importantes, fez mais uma ótima partida, na vitória sobre o Inter, por 3 a 1. A grande evolução do Atlético é a de ter aprendido a jogar bem fora de casa, o que não acontecia nem quando o time foi campeão da Libertadores e da Copa do Brasil. No Brasileirão, o Atlético tem a melhor média de aproveitamento fora de casa. É isso que faz um time ser campeão.
Uma explicação para isso é a maneira de jogar, a mesma dentro e fora de casa, com troca rápida de passes e muita movimentação. Já o time, na época de Cuca, se destacava muito em casa, pelos lançamentos longos, pelas jogadas aéreas e pela pressão sobre o adversário. Fora, sem o apoio da torcida, a equipe se perdia.

Que texto! Quando crescer hei de escrever assim. 

Um jogo para esquecer

POR GERSON NOGUEIRA

Foi seguramente a pior apresentação do time na Série B. Não mostrou articulação no meio de campo, agressividade no ataque e nem consistência na defesa. A equipe sofreu também com atuações individuais abaixo da crítica, como a do volante Fahel, que parecia fora de ritmo. Além disso, o segundo gol sofrido logo no recomeço da partida foi determinante para a derrota por 2 a 0. O consolo é que, apesar do resultado negativo e da perda da invencibilidade de oito jogos, o Papão se manteve em segundo lugar na competição.

Acima de tudo, é preciso compreender que o Papão perdeu para um candidato ao acesso. Mesmo abalado pela goleada de 4 a 1 para o rival Vitória na última rodada, o Bahia comportou-se à altura de suas tradições. Utilizando seis jogadores oriundos da base, conseguiu impor seu ritmo e construiu uma vitória com segurança, sem correr grandes riscos.

Os primeiros movimentos mostraram um equilíbrio entre os times, com concentração de jogadores no meio-campo. Depois dos 20 minutos, porém, o Bahia acelerou o jogo e, quando todo mundo esperava que fosse explorar as subidas de Pikachu, concentrou seus ataques pelo lado direito, em cima do lateral João Lucas.

Com os três volantes (Fahel, Capanema e Jonathan) falhando seguidamente no combate e na reposição de bola, o Papão tinha imensas dificuldades em fazer a transição. A situação era agravada pela baixa movimentação de Carlos Alberto, novamente dispersivo e sem criatividade. Um meio-de-campo não funciona sem volantes firmes e um armador dinâmico. O Papão não teve nem uma coisa, nem outra.

Na frente, somente Aylon mostrava a velocidade que o jogo exigia, quase abrindo o placar aos 13 minutos em boa escapada pelo meio da área. O problema é que não era ajudado por Leandro Cearense, que se perdia na marcação do Bahia. Pikachu, outra opção ofensiva, também pouco aparecia, preocupado em não desguarnecer o lado direito da defesa.

De sua parte, o Bahia tinha em Gustavo, Eduardo, Patrick e Jacó os jogadores mais perigosos, sempre criando boas situações e envolvendo a zaga paraense. Sem uma cobertura eficiente dos volantes, Gualberto e Tiago Martins ficavam expostos e batiam cabeça, falhando seguidamente.

O gol de Jacó aos 43 minutos confirmou a supremacia do Bahia em campo e expôs as deficiências de marcação do Papão. Minutos depois, já nos acréscimos, nova falha de Tiago Marins obrigou o goleiro Emerson a fazer o pênalti sobre Maxi. Na cobrança, o atacante mandou a bola longe.

Quando o jogo recomeçou, esperava-se um Papão reanimado e disposto a buscar o empate, mas logo a 2 minutos Jacó ampliou, aproveitando nova bobeira coletiva dos zagueiros bicolores.

Dado Cavalcanti trocou o inexpressivo Carlos Alberto por Edinho e Cearense por Souza, mas o time permaneceu travado, até porque a linha de volantes continuava a falhar, transmitindo insegurança a toda a defesa.

A situação só melhorou mesmo depois dos 35 minutos quando o Bahia começou a administrar, recuando em excesso. O Papão se animou e Edinho se aproximou de Pikachu permitindo boas arrancadas. Souza, lento e atrapalhado, ainda perdeu uma chance incrível. Mas não havia mais tempo e a vitória baiana, justa, estava garantida.

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Pelo olhar do técnico, nada funcionou

Dado Cavalcanti avaliou que o primeiro tempo foi de fato ruim, mas que na etapa final a equipe igualou as ações. Disse que a compactação do time estava boa, mas a saída era deficiente. Observou ainda que faltou finalizar, de média e longa distância. Em resumo, o time não foi o mesmo de outras jornadas.

Só não explicou o motivo de não ter substituído Carlos Alberto por Carlinhos. Como também não deixou claro manteve Fahel, com atuação desastrosa, por Augusto Recife.

Como alguns de seus jogadores, Dado reclamou bastante da arbitragem, atribuindo a ela parte de seus problemas. Um exagero. Apesar de falhar no aspecto disciplinar, árbitro não comprometeu na parte técnica. Aliás, foi até camarada, pois no lance do pênalti poderia ter expulsado o goleiro Emerson.

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O primeiro massacre ninguém esquece

Há quem analise o 7 a 1 histórico de Belo Horizonte como uma espécie de 11 de Setembro do futebol brasileiro. Descontado o evidente exagero, o fato é que o Brasil jamais se recuperou daquela sova de um ano atrás. Estava lá, ao lado de Carlos Castilho, Guilherme Guerreiro e Paulo Fernando. Acompanhei o massacre ao vivo, acomodado nas tribunas de imprensa do Mineirão, ao lado de jornalistas do mundo inteiro, igualmente perplexos com o desenrolar da partida.

Ao escrever a crônica daquele jogo, lamentei que o futebol – ao contrário de basquete e vôlei – não tenha pedidos de tempo para que os técnicos possam arrumar a casa em meio a uma tormenta. E aquilo ali foi bem mais que um vendaval, foi um tsunami de grandes proporções.

Os cinco gols marcados pela Alemanha em sequência matadora destroçaram o time de Felipão e cravaram um novo trauma na alma do torcedor brasileiro. Bem pior do que o drama de 50, a tragédia do Mineirão foi marcada pela humilhação. E a certeza de que jamais, nem em 300 anos, conseguiremos ir à forra.

Em retrospecto, cabe observar que a superioridade técnica dos alemães na Copa era reconhecida, mas ninguém em juízo perfeito imaginava um desfecho tão doloroso daquela semifinal. Jogadores como Dante, David Luiz e Fernandinho sequer viram a cor da bola. Felipão, ao lado do campo, estava mais perdido que todos. E continuaria assim na disputa do terceiro lugar diante da Holanda.

De bom naquela noite morna em BH, somente o encontro inesperado com o Placido Domingo no restaurante D. Lucinha duas horas depois da goleada. Gentil e compadecido de nossa desdita, o tenor espanhol disse ter sofrido ao ver tanta gente chorando no estádio e vaticinou a recuperação do Brasil na Copa de 2018. Generosa previsão, na qual obviamente nenhum de nós botou fé.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 08)