Ipiranga bate Paissandu em Macapá

O Ipiranga do Amapá derrotou o Paissandu por 2 a 1 em amistoso disputado nesta terça-feira à noite, em Macapá. Sob o comando do técnico Samuel Cândido, o Ipiranga se prepara para disputar o certame amapaense. Capela, cobrando falta aos 37 minutos do primeiro tempo, abriu o placar. Eduardo Rato ampliou aos 9 do segundo. E Vanderson diminuiu para o Papão aos 18 da etapa final.

Uma pequena história brasileira

Por André Barcinski

Local: uma padaria “de luxo”, das mais caras da cidade de São Paulo. Um misto quente custa o preço de um almoço no Centro. Estou na fila para pagar. Na minha frente, há uma velhinha miúda, de uns 80 anos, acompanhado de um casal de cerca de 50 anos. Os três estão bem vestidos. Parecem estar voltando de uma peça de teatro ou coisa parecida. A velhinha entrega o cartão de comanda para a menina do caixa: “Está zerada a comanda, pode passar, senhora!”.

Um funcionário da loja se aproxima da velhinha. Ele fala em voz baixa: “Minha senhora, é a terceira vez em dez dias que a senhora dá o mesmo golpe…”. A velhinha parece não entender o que se passa. O funcionário mostra uma comanda para ela: “A senhora pegou duas comandas, usou uma, e jogou a comanda usada na lata de lixo. É a terceira vez que eu vejo a senhora fazendo isso em pouco mais de uma semana.” A velhinha esboça um protesto: “Eu não sei o que o senhor está falando…”

O funcionário diz, sem perder a calma: “A senhora tem duas opções: ou paga o que tem nessa comanda, ou eu chamo a viatura e a gente vai pra delegacia assistir ao vídeo do circuito interno”. A velhinha, sem dizer nada, pega a comanda e paga a conta: mais de 60 reais. O casal acompanha tudo, calado. Os três saem da padaria. No estacionamento, vejo a mulher discutindo com a velhinha. “Eu te disse, mãe! Você é muito burra! Não te disse que aquele sujeito já tinha sacado?”. O trio entra num carro. Preço de tabela do carro: mais de 100 mil reais.

Voltei à padaria e procurei o funcionário. Contei que a família toda estava na jogada. “Ah, eu sei, esses três aí dão esse golpe há um tempão”, respondeu. “Cada dia é um que esconde a comanda!”. Mas então por que vocês deixam esses safados entrarem na padaria? “Porque senão eles processam a gente por constrangimento público. Hoje eu dei sorte que a velha jogou a comanda numa lata de lixo bem na frente da câmera. Geralmente eles jogam a comanda no lixo do banheiro, onde a gente não pode pôr câmera”.

Definitivamente, o Brasil não é para amadores.

Até quando?

“Vivo da floresta, protejo ela de todo jeito. Por isso, eu vivo com a bala na cabeça a qualquer hora. Por que eu vou para cima, eu denuncio os madeireiros, os carvoeiros e, por isso, elas acham que eu não posso existir. A mesma coisa fizeram no Acre com Chico Mendes, querem fazer comigo. A mesma coisa que fizeram com a Irmã Dorothy, querem fazer comigo. Eu posso estar hoje aqui conversando com vocês, daqui a um mês vocês podem saber a notícia que eu desapareci”.

Do líder extrativista José Claudio Ribeiro, em entrevista recente. Ele e a esposa, Maria do Espírito Santo, foram assassinados ontem, em Nova Ipixuna. Qualquer semelhança com as execuções de Chico Mendes e Irmã Dorothy não é mera coincidência.

Troféu Camisa 13: Robinho brilha na 2ª parcial

Há apenas quatro anos um dos possíveis premiados pelo Troféu Camisa 13 nunca tinha disputado um torneio profissional de futebol. Trabalhando na roça para ajudar os pais a criar sete irmãos, Robinho decidiu deixar a pequena Mirabela, no interior de Minas Gerais, para fazer um teste na capital. Acabou ganhando uma oportunidade no time amador do Tio Sam. No ano seguinte, veio parar no futebol paraense, contratado pelo então Vila Rica Cametá, depois de campanha discreta defendendo o Abaeté. Nesta temporada, seu futebol finalmente ganhou reconhecimento geral. Robinho é o grande destaque da segunda parcial de apuração de votos do Troféu Camisa 13, divulgada nesta terça-feira (24). Com 2.894 votos, o meia do Cametá parece ter caído no gosto de torcedores de Remo e Paysandu, recentes vítimas de seus dribles, passes e gols. De contrato pré-assinado com o Paissandu para a Série C 2011, o ex-roceiro se prepara para alçar voos maiores. (Com informações do Bola e DOL)

Havelange e Teixeira novamente contra as cordas

Por Juca Kfouri

O programa de TV “Panorama”, da BBC de Londres, afirmou ontem à noite que a Fifa está impedindo a divulgação de um documento que revela a identidade de dois dirigentes da Fifa que foram forçados a devolver dinheiro de propinas em um acordo para encerrar uma investigação criminal na Suíça no ano passado. Um desses dirigentes é Ricardo Teixeira, do Comitê Executivo da Fifa, presidente da CBF e do Comitê Organizador da Copa do Mundo no Brasil.

O acordo encerrou uma investigação sobre propinas na casa dos 100 milhões de dólares pagas a altos dirigentes da Fifa na década de 1990 por uma empresa de marketing esportivo, a falida ISL. Além de Ricardo Teixeira, a investigação do Panorama cita o ex-presidente da Fifa João Havelange. Só Teixeira, segundo o programa da BBC, recebeu 9 milhões e meio de dólares. Tanto ele quanto Havelange se recusaram a responder as perguntas do programa.

Como Teixeira viaja hoje para Suíça é possível que lá ele se manifeste depois de conversar com Joseph Blatter, que tenta evitar a divulgação dos detalhes do caso, como já determinou um juiz da cidade suíça de Zug, para não ver atrapalhado o seu plano de reeleição na presidência da Fifa na semana que vem.

A frase do dia

“Gol é um momento mágico do futebol, é um momento de alegria. Daria uma cambalhota – na comemoração – contra o Fluminense e contra qualquer outro clube. Por que não daria? Não é dor de cotovelo. Não é ódio. É amor. Mas eles não conseguem demonstrar de uma maneira bonita. Tem algumas pessoas que têm dificuldade de dizer que amam. Tive uma lesão e demorei um pouco para me recuperar. Mas na verdade hoje estou no Corinthians, que sei que tem um departamento médico respeitado e se por ventura tiver uma lesão, estou em um lugar em que posso me recuperar mais rápido”.

De Emerson, o “Sheik”, agora no Corinthians, mandando recado ao Fluminense, seu ex-clube.

Rock na madrugada – Paul McCartney, Venus and Mars/Rock Show/Jet/All My Loving

BBC denuncia máfia de ingressos na Fifa

O programa do canal de TV britânico BBC que foi ao ar, na noite desta segunda-feira (final da tarde no Brasil), revelou mais uma escândalo na Fifa: o mercado negro de ingressos para jogos da Copa do Mundo. Segundo a BBC, os cambistas operam justamente a partir das entranhas da entidade e com ingressos que são distribuídos pela Fifa. Os responsáveis pela venda ilegal seriam os próprios cartolas. A BBC foi até a Noruega e obteve depoimentos de um dos principais cambistas da Europa, Atle Barlaup. Segundo ele, 40% das entradas para jogos de Copa do Mundo no mercado negro tem origem dentro da própria Fifa e seriam os cartolas máximos da entidade que lucrariam com a sua venda. O cambista revelou um dos acordos com o então vice-presidente da Fifa, Jack Warner. Em 2006, o cartola o vendeu 820 entradas, que seriam dadas a ele por ser presidente da Federação de Futebol de Trinidad e Tobago. (Com informações da ESPN)

Macca faz apresentação impecável no Engenhão

Por Jamari França

A fonte da juventude de Paul McCartney é a adoração dos fãs que ele tem pelo mundo a fora. Ele serve um show impecável de duas horas e trinta e cinco minutos para uma platéia de todas as idades e recebe de volta uma carga de energia positiva que o realimenta para seguir em frente. E olha que o véio adora uma adulação. Mil vezes no show ele abre os braços, levanta o instrumento, se curva e outras mumunhas mais para que a platéia berre seu nome, grite, aplauda, ajoelhe, chore, ria e tudo o mais. Vi adolescentes cantando as músicas certinho e gente de cabelo branco com brilho nos olhos pelas lembranças do significado das músicas dos Beatles em suas vidas. Catarse total. O setlist foi o mesmo dos shows de Santiago e Lima. Nada a reclamar. Claro que falta uma ou várias canções, normal de quem tem um repertório tão vasto. Banda afiadíssima, garganta nos trinques, casa cheia num coro de 45 mil vozes a maior parte do show e a festa ficou completa.

Paul prova que está em paz com seu passado. Sabe que sua maior obra foi feita ao lado de John, George e Ringo, daí serve uma porção generosa desse repertório no show: 23 canções no total de 34. Das cinco primeiras músicas, três são dos Beatles. A abertura com novo arranjo de Hello Goodbye, All My Loving e Drive My Car. As outras duas são da Wings, sua banda pós-Beatles, Jet e Letting Go.

Ele se alterna entre baixo, seu emblemático Hofner violino, violão, bandolim, ukelele, guitarra (Les Paul) e piano(Yamaha de cauda). Quando está no baixo, os dois músicos Rusty Anderson e Brian Ray tocam guitarra. Se ele vai para o piano, guitarra ou violão, Brian toca baixo. O baterista Abe Laboriel tem uma pegada animal, ele recria algumas batidas de Ringo em músicas como A Day In The Life e The End, mas nas demais baixa a mão. Paul Wickens faz bases nos teclados e é encarregado de recriar em samplers a sonoridade Beatle de várias canções, como as cordas de Eleanor Rigby e Yesterday. Dois enormes telões verticais mostram Paul e a banda, o telão central ilustra as músicas. Na homenagem a George em Something, fotos dele surgiram no telão. Em Here Today, para John Lennon, uma lua cheia brilhou no fundo do palco. Não sei se é piração minha mas notei uma maior emoção de Paul na homenagem a seu parceiro de tantas canções.

A homenagem a John foi além de Here Today. No final de A Day In The Life ele puxou o hino pacifista Give Peace a Chance que a platéia toda cantou e ele elogiou: “Lindo, paz em toda parte, por todo o mundo. Precisamos disso agora.” Jimi Hendrix também mereceu citação, um trecho instrumental de Foxy Lady ao final de Let Me Roll It. Houve momentos de introspecção e momentos de grande euforia. Yesterday e Here Today foram momenos clamos, com a platéia toda cantando a primeira. Mrs. Vandebilt, Ob-La-Di Ob-La-Da, Back In The USSR e Helter Skelter tiraram o povo do chão.

Um beatle nunca faz o mesmo show

Tive a oportunidade, graças ao presentaço de um velho amigo (tão beatlemaníaco como eu), de ver Paul McCartney ao vivo outra vez. Não fosse por isso teria ficado curtindo de longe, vendo o show vivo pelo portal Terra e acompanhando as matérias na TV. Quis ainda o destino que esta terceira vez (antes, estive no Maracanã em 1990 e no Morumbi no ano passado) fosse em território botafoguense. Sir Macca pisou no palco do Engenhão com o mesmo show de 2010, mas quando o cara é um beatle temos que reconhecer que nada é sempre igual. Talvez a mudança esteja nas pequenas mudanças do set-list. Em S. Paulo, abriu com Venus and Mars. No estádio do Botafogo, a primeira foi Hello, Goodbye (Magical Mistery Tour no segundo show). No restante do roteiro, as alterações são de timbre e pegada, principalmente nas canções mais roqueiras, que predominam hoje no repertório de um cantor/compositor que passou a vida sendo chamado de romântico. Fazia tempo que Helter Skelter não recebia um tratamento tão pesado, justo esta que é a pedra de toque do gênero heavy metal.

A histeria continua exatamente igual aos shows de Macca no mundo inteiro, mas fiquei com a impressão de que em ambiente carioca ele se sente mais à vontade. Talvez pelo recorde (184 mil pessoas) de 90 no Maraca e pela assumida tietagem do Rio por ele. Gerações diferentes de fãs estão representadas na plateia, com óbvia predominância dos jovens. Fica claro, também, que a banda está afiadíssima, o que é natural para quem acompanha o beatle há mais de cinco temporadas. As canções reproduzem os arranjos originais, tão caros aos ouvidos dos fãs, mas já existem brechas para improvisos, como citações em homenagem a Jimi Hendrix, além de homenagens caprichadas a George Harrison (Something) e John Lennon (Here Today e Give Peace A Chance). Grande show, que provavelmente não voltará ao Brasil tão cedo, daí a satisfação de ter visto esse retorno com tanto prazer.

Reforçado pelo fato de ter encontrado paraenses entusiasmados como Ambire, Sérgio e Ricardo Gluck Paul, Jorge Reis, Sandra Leite, Carlos Rocha (com uma oportuna faixa contra a divisão do Pará) e Sérgio Ricardo.