Bancada da direita na Câmara aprova projeto que reduz pena de Bolsonaro

Em uma sessão marcada por confusão e agressões, inclusive à imprensa, a Câmara aprovou na madrugada de hoje, por 291 votos a 148, o chamado PL da Dosimetria, que reduz as penas dos condenados pela trama golpista que culminou nos atos de 8 de janeiro de 2023 e beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De autoria do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), o texto, que segue para o Senado, não prevê anistia e determina redução das penas de acordo com o tipo de condenação. Caso os senadores aprovem a proposta, Bolsonaro terá a pena de 27 anos e três meses reduzida, segundo estimativas, para 13 anos, com direito a progressão do regime fechado em dois anos e quatro meses.

A votação da dosimetria, que não havia sido comunicada ao governo, seria parte de um acordo do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para cassar os mandatos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por faltas, Carla Zambelli (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), ambos condenados pelo STF e Glauber Braga (PSOL-RJ) por agressão a um colega. As punições devem ser decididas até o início do recesso parlamentar, que começa no próximo dia 23. (UOL)

Confira como votou cada deputado. (Poder360)

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) afirmou que o PL da Dosimetria deve ser votado nos próximos dias na Câmara Alta. O anúncio, feito em plenário, provocou reação imediata do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA). “Se chegar amanhã, amanhã mesmo vou designar um relator para discutir o tema. Mas não para chegar e votar imediatamente”, disse Alencar. Senadores avaliam que a mobilização em torno do tema é pequena, mas Alcolumbre disse ter compromisso de pautar o tema caso a Câmara o aprovasse. “Se a Câmara deliberar, o Senado deliberará. Este ano ainda”, afirmou, antes do fim da sessão na Câmara. (Folha)

A noite de terça-feira foi intensa mesmo antes da votação do PL da Dosimetria. Ameaçado de cassação, Glauber Braga ocupou a cadeira da Presidência da Câmara por mais de duas horas em protesto. A ação interrompeu os trabalhos do plenário e levou Hugo Motta a determinar sua retirada imediata pela Polícia Legislativa. Em nota nas redes sociais, Motta afirmou que a ocupação “desrespeita a Câmara e o Poder Legislativo” e classificou o ato como extremista. (g1)

A Polícia Legislativa impediu o trabalho de profissionais de imprensa que faziam a cobertura da tentativa de Glauber Braga de obstruir os trabalhos da Casa. Depois que Motta exigiu que ele fosse retirado da mesa, agentes resolveram expulsar repórteres do plenário e das galerias para que não houvesse registro do momento em que o parlamentar fosse retirado da cadeira. No momento em que policiais se preparavam para retirar Glauber à força, os sinais da TV Câmara foram cortados e a programação foi interrompida. Nas redes, Motta negou responsabilidade pela agressão aos jornalistas e disse ter determinado a “apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa”. (Globo)

Enquanto isso… A defesa de Jair Bolsonaro apresentou ao STF um pedido para que o ex-presidente passe por uma cirurgia em até uma semana para tratar uma hérnia inguinal unilateral. Os advogados pedem também que, após o procedimento, Bolsonaro seja transferido para prisão domiciliar por “razões humanitárias”. (g1)

CHANTAGEM

O Senado mandou nesta terça-feira “recados” ao STF, com o qual está em atrito desde que uma liminar do ministro Gilmar Mendes alterou as regras para o impeachment de integrantes da Corte. Os senadores aprovaram a inclusão na Constituição do marco temporal para demarcação de terras indígenas — só podem ser demarcadas terras ocupadas de forma permanente em 5 de outubro de 1988. A tese já havia sido considerada inconstitucional pelo Supremo. Paralelamente, a CCJ do Senado começa hoje a discutir a atualização da lei do impeachment.

O relator Weverton Rocha (PDT-MA) deve concordar com Gilmar Mendes e exigir apoio de dois terços do Senado (54 votos), e não de maioria simples, para autorizar a abertura de processo contra ministros do STF, mas autorizar partidos, sindicatos e a OAB a apresentarem denúncias contra os magistrados, o que Gilmar atribui exclusivamente à Procuradoria-Geral da República. (g1)

Do Canal Meio

Glauber: “Perdemos uma batalha, mas não saímos do campo de luta”

Agora, plenário decidirá se o deputado perde o mandato. São necessários 257 votos para cassação

Do Jornal GGN

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) reagiu com indignação à decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que rejeitou nesta terça-feira (29), por 44 votos a 22, o recurso que tentava barrar o avanço do processo de cassação de seu mandato. “Nosso recurso foi rejeitado na CCJ e a matéria agora segue para o plenário. Perdemos uma batalha, mas não saímos do campo de luta. Não vão nos calar. Vou sustentar nossa defesa com firmeza, apresentar todas as razões que nos movem e seguir mobilizando com força! Seguimos firmes!”, escreveu o parlamentar em sua conta na rede X (antigo Twitter).

Com a decisão, caberá ao plenário da Câmara dar a palavra final sobre a cassação. Para que o mandato seja revogado, são necessários pelo menos 257 votos favoráveis entre os 513 deputados. Caso esse número não seja alcançado, o processo será arquivado. O presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a votação não será pautada de imediato e garantiu um prazo de ao menos 60 dias para que Braga apresente sua defesa.

O recurso rejeitado pela CCJ contestava a legalidade do rito adotado pelo Conselho de Ética, que aprovou o parecer do relator Paulo Magalhães (PSD-BA) e recomendou a cassação de Braga por quebra de decoro parlamentar, em razão de um incidente ocorrido em abril de 2024, no qual o deputado empurrou um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), após ser xingado nos corredores da Câmara.

Na defesa, Glauber argumentou que houve “inconstitucionalidades, antirregimentalidades, abusos, nulidades e ilegalidades” ao longo da tramitação no Conselho, além de ter questionado a isenção de Magalhães, a quem acusou de conduzir o processo com parcialidade.

Em protesto contra o avanço da ação, o parlamentar realizou uma greve de fome que durou mais de uma semana. Em entrevista à TV GGN 20 Horas, conduzida pelo jornalista Luís Nassif, Glauber afirmou que o processo é uma retaliação orquestrada pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em resposta às denúncias feitas por ele sobre o chamado “orçamento secreto”.

Remo compromete preparação

POR GERSON NOGUEIRA

A demora na contratação de um técnico e, por conta disso, o atraso na busca por novos reforços começam a angustiar a torcida azulina, preocupada com o pouco tempo que resta até a estreia do Remo no Brasileiro da Série A, que começa no dia 28 de janeiro.

Até o momento, o clube renovou com atletas remanescentes da Série B, como Marcelo Rangel, Ygor Vinhas, Marcelinho, Pavani e Sávio. As novidades são o atacante Alef Manga e o volante Patrick de Lucca, confirmados pela diretoria.

Há negociação avançada com o meiocampista Matheus Bianchi, ex-Mirassol, e com outros jogadores de clubes da Série A, cujos nomes não são revelados pela diretoria. É muito pouco para um clube que está de volta à Primeira Divisão após três décadas de espera.

As dificuldades impostas pelo mercado do futebol são de amplo conhecimento. Era previsível que o Remo tivesse que lutar para conseguir reforços de qualidade. A Série A 2025 terminou domingo e até o momento não há informação sobre jogadores garantidos para a campanha azulina.

Torcedores cobram mais agilidade por parte do executivo de futebol, Marcos Braz, profissional experiente que o Remo foi buscar em 2025 e é considerado um dos responsáveis pelo trabalho que conduziu ao acesso.

O problema é que as leis que movem o futebol são dinâmicas e não perdoam os que dormem. Os contratados Alef Manga e De Lucca são jogadores de Série B e, quando muito, irão compor elenco. Manga vem de duas temporadas perdidas, sendo que em 2025 foi terceiro reserva no Avaí.

Todas as expectativas se concentram na movimentação do Remo nas duas próximas semanas, antes da virada do ano. Quando janeiro chegar, é preciso que novos jogadores estejam em Belém para que seja possível iniciar a preparação para o duríssimo desafio do Brasileiro.

O fato mais preocupante é a demora na contratação de um técnico. Guto Ferreira, responsável pelo acesso, foi descartado após divergências nas negociações. Em seguida, o clube mergulhou em sondagens que não resultaram em nada. Renato Gaúcho e Cuca foram procurados, mas não se mostraram interessados.

A partir de agora, a corrida é contra o tempo. 

Começa o lobby para botar Neymar na Copa

A mídia trepidante do Sudeste já se assanha toda com sinais ainda discretos de recuperação de Neymar para o futebol. Fez gols e algumas firulas contra o Sport e o time reserva do Cruzeiro. Nada disso impediu a constrangedora babação de ovo dos canais esportivos em torno do ex-camisa 10 do escrete.

Apesar de resistir à condição de veterano, Neymar sustenta o orgulho e o ego inflado como armas para pressionar Carlo Ancelotti a convocá-lo para o Mundial. Até Tite reapareceu para encher a bola do atacante santista, colocando-o no pedestal dos insubstituíveis.

É óbvio que Neymar passa longe do patamar dos selecionáveis. Antes dele existem pelo menos cinco ou seis jogadores merecedores de convocação. Já há quem veja semelhança com a situação de Romário em 2002, preterido por Luiz Felipe Scolari e ausente da campanha do penta.

Há uma diferença abissal em relação ao clamor em torno de Romário naquela ocasião. Era um jogador pronto para jogar, acima de qualquer discussão sobre qualidade técnica e a fim de entrar em campo.

Faz tempo que Neymar demonstra um certo cansaço, preguiça até, com as exigências que o futebol profissional impõe. Ao mesmo tempo, as lesões se repetem e voltam a assombrar, embora o staff do jogador tenha se apressado em desmentir a possibilidade de nova cirurgia.

Diante dos recentes aplausos ao discreto ressurgimento do jogador, Ancelotti terá que mostrar pulso firme para enfrentar os apelos para incluir o Menino Ney no grupo que vai tentar o hexa.

Gol da virada’ repara injustiça contra Reinaldo

Uma das melhores notícias recebidas pelo mundo do futebol foi a anistia ao craque Reinaldo, com direito a indenização, após décadas de perseguição durante os anos de chumbo. O ídolo atleticano atraiu a fúria dos poderosos pelo posicionamento claro em favor dos desfavorecidos e pelo gesto poderoso de erguer o braço com o punho cerrado em sinal de resistência.

Foi um golaço da democracia, só possível sob um regime plenamente democrático. Reinaldo se emocionou durante a cerimônia na Comissão de Anistia, em Brasília. Lembrou a campanha difamatória que atrapalhou sua carreira porque jamais silenciou ou se curvou ao Estado opressor.

Em sua homenagem, o craque Bobô, deputado estadual na Bahia, fez um vídeo maravilhoso em homenagem ao atleticano. “Sem verdade não existe democracia, sem justiça não existe futuro. Que o gesto de Reinaldo, o punho cerrado, firme e corajoso, continue lembrando ao país que liberdade se conquista e se defende todos os dias”, disse Bobô. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 10)