
POR GERSON NOGUEIRA
Quando desembarcou em Belém no início do ano, Pedro Rocha trazia com ele a aura de incertezas quanto ao rendimento técnico. Jogador que surgiu de forma empolgante no Grêmio, ele não vinha apresentando um histórico positivo nos últimos anos, após passagens pelo Fortaleza e pelo Criciúma. Antes, teve uma experiência no futebol estrangeiro.
A feliz combinação de oportunidade com motivação deu ao jogador a chance de mostrar no Remo o futebol que parecia ter esquecido no tempo. Foi peça importante no Campeonato Paraense, mas se destacou de verdade durante a Série B, marcando gols decisivos, garantidores do acesso à Primeira Divisão e a honra de ser o principal goleador da competição.
Além dos 19 gols marcados – 15 na Série B – com a camisa 32 azulina, Pedro Rocha foi autor de nove assistências. Deixa a imagem de jogador comprometido e extremamente focado no objetivo de vencer. A baixa produção de gols na fase inicial dele no Baenão pode ser explicada por deficiências de condicionamento físico.
Bastou um período de preparação mais adequado, antes da Série B, para que o atacante impetuoso e rápido entrasse campo, adicionando ao repertório a sua capacidade de definição de jogadas e a facilidade para arrancadas com mudança de direção, algo sempre precioso para quem desafia as rígidas marcações defensivas da Segunda Divisão.
Tido como peça indispensável na formatação do time para a Série A, prioridade absoluta na mesa de negociações, Pedro Rocha discutiu durante duas semanas a renovação de contrato. Valores foram discutidos, concessões feitas de parte a parte, mas o entendimento final não aconteceu.
Na noite de sábado (6), ele postou nas redes sociais a sua carta de despedida, com um agradecimento emocionado ao clube e à torcida. Foi carinhoso na revelação de que um novo ciclo vai se iniciar, mas admitindo que sentimento de gratidão pelo Remo é definitivo em sua vida.
O fato é que, aos 31 anos, a valorização de carreira na Série B reabriu o mercado nacional para Pedro Rocha. Clubes como Corinthians e São Paulo manifestaram interesse, mas não puderam avançar por problemas com o Transfer Ban da Fifa. Enquanto isso, o Coritiba entrou no circuito, devendo anunciar o artilheiro da Série B como primeiro grande reforço.
A movimentação de idas e vindas é algo absolutamente natural no mercado da bola e se acentua ainda mais nas principais divisões. A chegada à Série A põe o Remo no olho do furacão, sujeito a perdas importantes – como foi o caso do técnico Guto Ferreira, que também não renovou contrato – na disputa direta com clubes de maior poderio financeiro.
É a nova realidade batendo na porta do Leão Azul paraense, que agora corre contra o tempo em busca de um novo artilheiro. A missão é das mais difíceis – e caras – levando em conta as poucas opções disponíveis.
Rebaixamentos reconfiguram o mapa da elite
A última rodada do Campeonato Brasileiro da Série A, disputada ontem, reconfigurou o mapa do futebol no Brasil. A principal divisão nacional será disputada no ano que vem por seis clubes paulistas, quatro cariocas, dois mineiros, dois gaúchos, dois paranaenses, dois nordestinos, um catarinense e um paraense. Não há representantes do futebol do Centro-Oeste.
Do futebol da parte superior do mapa brasileiro, somente o Remo, do Norte, e Bahia e Vitória, do Nordeste. A honrosa presença do Leão Azul é também a confirmação de que a elite da bola tende a ficar ainda mais restritiva com a queda de três clubes nordestinos – Ceará, Fortaleza e Sport. Aliás, o rebaixamento do trio é uma das piores notícias para o futebol do Nordeste nos últimos anos.
Aumenta a responsabilidade e o tamanho do desafio para o clube paraense, que terá pela frente uma competição tecnicamente bem mais difícil do que as três últimas edições. A 50 dias do início do campeonato, redobra a necessidade de montar um elenco forte para resistir às exigências da principal divisão nacional.
Repórter terá carreira digital dirigida por Mauro Neto
A equipe do jornalista paraense Mauro Neto – formada por Camila Alves, Fernanda Palheta e Vinícius Lima – assumiu o gerenciamento de carreira da repórter esportiva Melbya Rolim, revelação da cobertura do futebol paraense pela TV Cultura do Pará e atualmente na ESPN.
Com mais de três décadas de atuação no jornalismo e na comunicação pública, Mauro Neto foi editor executivo do Portal DOL, além de trabalhar no conteúdo jornalístico de campanhas eleitorais no Estado. A última foi a do atual prefeito de Belém, Igor Normando.
A movimentação marca a entrada de Mauro no campo da gestão estratégica de imagem, posicionamento e expansão de carreira de comunicadores.
Melbya Rolim, apesar do pouco tempo de carreira, já é reconhecida por seu trabalho no jornalismo esportivo e ganhou notoriedade com a participação em coberturas nacionais, sempre com linguagem acessível e espirituosa nas transmissões da ESPN.
A parceria com a equipe de Mauro promete fortalecer ainda mais sua presença no mercado e abrir novas frentes profissionais em mídia, conteúdo e projetos especiais. Natural de Moju, Melbya será agraciada em janeiro pela Câmara Municipal com o título de Cidadã de Belém.
(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 08)