Leão confirma primeiro reforço

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo finalmente assegurou o primeiro reforço para a disputa da Série A. Marcelo Rangel fechou acordo para permanecer no clube, realizando o sonho de disputar a Primeira Divisão com a camisa azulina e é, sem dúvida, um dos que mais merecem essa oportunidade. Foi peça emblemática, com atuações memoráveis, na conquista dos dois acessos – em 2024 (Série C para B) e em 2025 (da B para a A).

As negociações não foram tão amarradas como as de Guto Ferreira e Pedro Rocha, outras duas prioridades do clube para a próxima temporada. Pesou na balança a clara vontade de Rangel em seguir no clube, fato exposto em declarações que deu desde a conquista do acesso.

Caso típico de identificação com o Remo e sua torcida, Marcelo Rangel é visto como um atleta na mais perfeita acepção do termo. Comprometido e dedicado, com grande regularidade de atuações desde que se firmou no gol azulino, é hoje um dos líderes do elenco.

A milagrosa recuperação na reta final do campeonato, quando quase todos avaliavam que ele não iria mais jogar em 2025, foi outro ponto de conexão com a torcida. Não passou despercebido o esforço do jogador em voltar para reforçar o time no momento mais importante da competição.

Com a prestimosa ajuda da equipe do Nasp, o centro de saúde do Remo, Rangel se recuperou em duas semanas de uma lesão no joelho que exigiu cirurgia e fisioterapia intensa. A previsão dos médicos era de uma recuperação em dois meses. O goleiro contrariou a lógica e retornou a tempo de ajudar decisivamente o Leão a conquistar o acesso.

Por isso mesmo, Marcelo Rangel foi um dos jogadores mais festejados na vitória sobre o Goiás, que sacramentou a subida à Série A. Foi carregado em triunfo por torcedores que sabem da importância que um grande goleiro pode ter em campanhas espinhosas como a que o Remo fez. A renovação de contrato consolida sua condição de ídolo da torcida. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Papão pode autorizar a volta do filho pródigo

A notícia mais surpreendente desses dias marcados por especulações trata do interesse de Esli García em jogar pelo PSC no próximo ano. Sem espaço no Goiás após a pífia participação na Série B deste ano, o atacante venezuelano pode estar a caminho de uma nova experiência na Curuzu.

É bom lembrar que, no ano passado, Esli foi simplesmente o melhor jogador do PSC na Série B, mesmo sob boicote explícito dos técnicos que passaram pelo clube no período. Hélio dos Anjos chegou a dizer que ele era franzino demais, sem força ou resistência física.

Márcio Fernandes não ficou atrás. Afirmou que Esli não podia ser titular porque não voltava para marcar. É verdade, ele não fazia a marcação, mas era competente em balançar as redes – fez 10 gols e foi o terceiro na tábua de artilheiros, mesmo entrando apenas nos minutos finais das partidas.

O que houve com Esli no Papão de 2024 foi abusivo e irresponsável. Por antipatia ou falta de noção, os técnicos não deram oportunidades ao jogador e acabaram por prejudicar seriamente o próprio time. Adorado pela torcida, Esli vivia um momento inspirado e era garantia de gols, o que torna ainda mais surreal o que fizeram com ele.

Caso volte, de fato, será um recomeço interessante para ambos, clube e jogador. Habilidoso e bom finalizador, pode ser muito útil na Série C.

Enfim, um podcast digno de respeito

A internet é invadida diariamente por vídeos, análises e podcasts que contam (ou tentam contar) a impressionante saga do Remo na Série B 2025. Por mais boa intenção que haja, grande parte desse conteúdo é descartável e ruim. A baixa qualidade técnica e os comentários de pé quebrado afugentam até os torcedores mais empedernidos.

Mas, como tudo na vida, há exceções dignas de registro. O portal NE45 é uma delas. Sustentada por três jornalistas nordestinos – à frente, Fred Figueiroa (Recife), Thiago Minhoca (Fortaleza) e Cascio Cardoso (Salvador) –, a resenha flui calma e sem apelações, como um rio de águas serenas. Sem gritos ou expressões grosseiras, apenas informação e análise.

Coube ao NE45 a melhor das análises feitas sobre o acesso azulino. Ninguém chegou nem perto do que o podcast conseguiu fazer em exposição de ideias, apresentação de gráficos, comparações precisas e preciso conhecimento sobre a história do Remo e do futebol paraense.

Deram-se ao luxo de abordar aspectos culturais que sedimentam a paixão do paraense pelo futebol, sem esquecer de referenciar a tradição religiosa, retratada no culto à Nossa Senhora de Nazaré. Um trabalho jornalístico impecável, acrescido de respeito e carinho pelo Leão Azul.

No deserto criativo que domina a internet nossa de cada dia, o NE45 é um saudável ponto de respiro, um oásis de responsabilidade jornalística. Aconselho uma espiada no trabalho dessa rapaziada. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 03)