Título justo com futebol ruim

POR GERSON NOGUEIRA

Ao lado do bragantino Cláudio Guimarães, comentei a final da Libertadores na Rádio Clube do Pará. Ele, eu e todos os fãs de futebol esperávamos um jogão de bola. Afinal de contas, estavam em campo os melhores times do continente. Palmeiras e Flamengo são protagonistas do torneio há pelo menos cinco anos, frequentemente participando de finais – exceção para o ano passado, quando o Botafogo e o Atlético-MG interromperam brilhantemente essa rotina.

Durante todo o 1º tempo, o jogo transcorreu como qualquer jogo de Série C ou Série B no Brasil, com muitos passes errados, marcação selvagem no meio-de-campo e nenhum chute perigoso em direção aos goleiros.

A primeira metade do confronto não teve lances agudos nas duas áreas. O mais próximo disso foi um lance com Bruno Henrique, travado pelo goleiro Carlos Miguel, e um cabeceio de Raphael Veiga por cima do travessão. Quem esperava emoções fortes, começou a se frustrar muito cedo.

Não havia inspiração, apenas transpiração e força. Tanto que o Flamengo acumulou três cartões amarelos. Os três meio-campistas – Pulgar, Jorginho e Arrascaeta – foram advertidos por faltas violentas. Pulgar, que deu uma bicuda (sem bola) na canela do palmeirense Fucks, deveria ter sido expulso, mas só recebeu cartão amarelo.

Impressionou a falta de habilidades das duas equipes para se impor tecnicamente. O Palmeiras de Abel Ferreira é um time normalmente operário, que aprecia do choque e do rodízio de faltas. No sábado à tarde, em Lima, o time fez exatamente isso, esquecendo-se de atacar.

O Verdão só foi lembrar de procurar o ataque quando ficou inferiorizado no marcador. Foi vítima do próprio veneno: um gol em cobrança de escanteio. Carrascal cruzou da direita em direção à área, onde o zagueiro Danilo se posicionou na marca penal para testar à direita de Carlos Miguel.

Quando o gol aconteceu, o Flamengo já era o time mais empenhado em cercar a área adversária, pressionando e ganhando escanteios seguidos, com mais de 60% de posse de bola. Tanto esforço foi premiado com o gol que garantiu ao time o quarto título continental.

A parte final da decisão mostrou um Palmeiras correndo contra o tempo, cruzando bolas e tentando empatar a qualquer custo. Inutilmente. O jogo já estava perdido, as chances surgidas foram mínimas e sem criar maior risco para a defensiva do Flamengo.

O longo tempo perdido sem ir ao ataque cobrou um preço alto do Palmeiras, que a cada minuto via a conquista se encaminhar para as mãos do rival. Um título merecidamente vencido, mas sem a comoção de outras finais, como aquele sensacional Flamengo x River de 2019 e o vibrante Botafogo x Atlético de 2024.

Mas, para o torcedor, o que interessa é a taça, ninguém quer saber como transcorreu o duelo decisivo. Isso é tarefa para comentarista chato, que insiste em esperar grandes espetáculos onde o que importa mesmo é vencer e comemorar. Então, vida que segue. E viva o campeão!  

Ironia da campanha “zero racismo” na Libertadores

É importantíssimo lutar contra o racismo e a cultura do ódio no âmbito do futebol. As disputas entre clubes sul-americanos têm sido marcadas por episódios vergonhosos, punidos apenas quando ocorrem em estádios brasileiros. Em outros países, prevalece a tolerância criminosa.

Por esse motivo, a campanha contra o racismo ganhou destaque, exposta em dizeres na camisa usada pelos dois times antes da grande final de sábado: “Zero racismo”.

Ao lado deles, o sorridente presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Domínguez. Em março, ele proferiu uma frase de cunho racista em relação aos brasileiros, comparados a macacos. Disse que a Copa Libertadores sem times brasileiros seria como “Tarzan sem Chita”.

Corinthians disputa Pedro Rocha com o Leão

Com o prestígio em alta, após a excelente campanha pelo Remo, apontado como o melhor jogador da Série B, o artilheiro Pedro Rocha participou ontem do programa Bola na Torre (RBATV) e admitiu que vive um dos grandes momentos de sua carreira. Em termos de gols marcados, a temporada já é a mais produtiva. Fez 15 gols e nove assistências no Campeonato Brasileiro.

Nos últimos dias, surgiu a informação de que Pedro Rocha entrou no radar do Corinthians, com aval do técnico Dorival Júnior. A visibilidade propiciada pela conquista do acesso acabou atraindo o interesse natural de outras equipes de Série A, o que pode dificultar o processo de renovação entre o Remo e o atleta.

Segundo o próprio jogador, o papel desempenhado pela família foi decisivo para que optasse em jogar pelo Remo, após ter recebido proposta do então executivo Sérgio Papellin, no final do ano passado.

Rocha havia sido atleta do Fortaleza, onde conheceu Papellin. Em Belém, a maneira como foi tratado pelo clube e a receptividade do torcedor são fatores que podem pesar no momento de decidir o futuro.

Para o Remo, fechar um acordo com o artilheiro é questão prioritária. As negociações começaram logo após o domingo do acesso, com reuniões constantes com o jogador e seus representantes. A situação deve ser decidida durante esta semana.

O torcedor já vê Pedro Rocha e Marcelo Rangel – que também é cobiçado por outros clubes – como ídolos do clube, esperando naturalmente que ambos permaneçam para a disputa da Série A. O problema é que o patamar mudou e as cifras podem dificultar acordos.     

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 01)

Raio-X minucioso e analítico do acesso do Leão

Em meio à enxurrada de podcasts sobre a subida do Remo à Série A, o canal NE45 / 45 minutos merece destaque pela qualidade da análise, pelo olhar generoso sobre a trajetória remista e o futebol paraense em geral e pelo resgate de fatos praticamente esquecidos, como a passagem pela Série A em 2000, com direito à polêmica virada de messa pela CBF que tirou o clube do Brasileiro de 2001. Uma bela homenagem ao Leão na forma de comentários certeiros e repletos de boa informação. Vale a pena acompanhar!