A diretoria do Remo acertou em cheio ao decidir pelo estádio Jornalista Edgar Proença (Mangueirão) como palco do jogo contra o Goiás, no próximo domingo (23), fechando em grande estilo a campanha na Série B, e em clima de esperança quanto ao acesso à Primeira Divisão.
A torcida azulina, que garantiu o maior volume de recursos de um clube na competição, líder absoluta em dinheiro arrecadado nas bilheterias, merecia ser prestigiada com a chance de incentivar o time no espaço adequado. O Banpará Baenão, estádio do clube, abriga apenas 14 mil espectadores. O Mangueirão recebe mais de 50 mil.
Para se ter uma ideia, ontem à tarde, horas depois de aberta a venda, cerca de 22 mil ingressos foram vendidos, assegurando a lotação máxima no Lado A, que concentra tradicionalmente o torcedor azulino. O Lado B já apresenta venda expressiva e deve esgotar nesta quarta-feira.
É absolutamente oportuno que o clube homenageie seu torcedor, convocando-o para um jogo que adquire aspectos de uma grande celebração. Obviamente, os 50 mil espectadores sonham com a vitória e o acesso. A motivação natural de quem vai a um estádio é festejar triunfos do seu time, mas o encontro no Mangueirão será bem mais que isso.
A diretoria ouviu a comissão técnica, que era favorável à manutenção do jogo no estádio Banpará Baenão. Pesou, porém, a preocupação em dar à torcida a oportunidade de ir em grande número apoiar o time em confronto tão importante. Além disso, há a lembrança de confrontos de desfecho desfavorável no Baenão – Confiança (2021) é o exemplo mais vivo. (Foto: Felipe Sacramento/CR)
Racismo agride torcida do Remo e ofende o Pará
A cultura do ódio, que assola o país há séculos e que emergiu com mais virulência nos últimos oito anos misturada ao fascismo, principalmente em Estados sulistas do Brasil, sob a tolerância de muitos, manifestou-se de forma brutal no último sábado (15) no estádio da Ressacada, em Florianópolis, por ocasião da partida entre Avaí e Remo.
Era um jogo importante e decisivo, com forte presença de famílias paraenses nas arquibancadas. Merecia um desfecho pacífico. Independentemente do resultado final e das eventuais gozações que envolvem o universo do futebol, a civilidade deveria prevalecer.
Não foi o que se viu. Uma torcedora catarinense, cujo nome até agora foi preservado, dirigiu-se a torcedores do Remo gritando insultos variados. Chegou a dizer: “Olha a tua cor…”, passando a mão no rosto para acentuar a eventual diferença de pele.
Uma inconfundível e clássica afirmação racista, acompanhada de uma saraivada de ofensas sobre condição social e origem geográfica das pessoas. São nesses momentos que se percebe da pior forma o quanto o Brasil pacífico e gentil às vezes dá lugar a um país cruel e intolerante.
É necessário dizer que crimes desse tipo precisam ser contidos e punidos porque são reveladores de uma grave doença social. São sintomas de uma sociedade dominada por sentimentos de hostilidade em relação às diferenças e de profunda rejeição aos contrastes.
Cabe destacar a categórica reação do Clube do Remo, da Federação Paraense de Futebol e da diretoria do Avaí. Por inaceitável, a agressão merece ser denunciada e os criminosos penalizados. Se não for possível curar a paranoia racista, pelo menos serve para inibir. Que assim seja.
Papão encara Athletic em clima de dupla despedida
O jogo contra o Athletic, no próximo domingo, será a despedida do PSC da Série B e também o adeus definitivo a um projeto equivocado, que resultou na campanha mais vexatória do clube em campeonatos brasileiros.
Para encarar o time mineiro, em São João Del Rey, o Papão terá praticamente o mesmo time que atuou nas últimas partidas, contra Coritiba e Amazonas. As exceções são Marlon e André Lima, ambos suspensos.
Há dúvida quanto a Quintana, que saiu lesionado do jogo com o Amazonas. O técnico interino Ignácio Neto deve utilizar mais jogadores do Sub-20 na relação de atletas para o jogo diante do Athletic.
Governo lança edital de seleção para “atleta pódio”
O Ministério do Esporte (MEsp) publicou na segunda-feira (17), no Diário Oficial da União, o edital de seleção para a categoria Atleta Pódio do Bolsa Atleta, referente ao ciclo 2025/2026. A categoria é a mais alta do programa e concede benefício de R$ 5.000 a R$ 16.629 mensais. Ela é destinada a atletas de alto desempenho com foco em competições internacionais. O programa é um dos maiores do mundo em patrocínio direto a atletas.
A secretária Nacional de Excelência Esportiva, Iziane Marques, destaca a importância da continuidade do programa. Ex-atleta de basquete, Iziane lembrou que o programa é um mecanismo de apoio fundamental para o esporte de alto rendimento no Brasil, pois garante condições adequadas de treinamento e participação em competições para atletas sem patrocínio.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 19)
O Clube do Remo voltou a se manifestar contra episódios de racismo após um novo caso ter sido denunciado nesta segunda-feira (17). Um vídeo (meme) publicado por uma página dedicada a torcedores do Paysandu divulgou o áudio de um suposto remista não identificado reclamando do desempenho do time na derrota para o Avaí. Em determinado momento, o autor se refere ao zagueiro Reynaldo usando o termo “macaco”, uma forma de injúria racial.
Em nota oficial, o Remo repudiou o episódio e informou que já acionou o departamento jurídico para identificar o responsável. “O Clube do Remo lamenta e repudia o ato de injúria racial sofrida pelo atleta Reynaldo nas redes sociais, após um áudio divulgado por páginas na internet. A intolerância, a discriminação e o preconceito precisam ser combatidos, seja no esporte ou em qualquer lugar na sociedade. O Clube está prestando todo o apoio necessário ao jogador e sua família, e tomará as medidas cabíveis junto ao nosso departamento jurídico para a identificação e responsabilização do autor”, diz o comunicado.
É mais um caso de racismo envolvendo o Remo em menos de 48 horas. No sábado (15), durante a partida contra o Avaí, uma torcedora do time catarinense foi flagrada proferindo insultos racistas contra torcedores azulinos nas arquibancadas da Ressacada. O episódio ganhou repercussão nas redes sociais e já foi encaminhado às autoridades.
Episódio foi gravado no estádio da Ressacada, em Florianópolis, no último sábado (15), durante o jogo Avaí x Remo
Um caso de racismo e xenofobia foi registrado na partida entre Avaí e Remo, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B, em Florianópolis, no estádio da Ressacada, no último sábado (15). No vídeo publicado pelo portal “Cidade 091”, é possível ver uma torcedora do Avaí gritando em direção à torcida do Remo “Olha tua cor… Olha, pobre aqui não fica”. No registro, outro torcedor também grita “Ei? Vieram montados de jegue de lá pra cá?”.
“O que tem no Pará? Seu feio. Ei? Vieram montados de jegue de lá pra cá? Gastaram o salário do mês? Gastou o salário para vir…agora vai embora a pé. O prefeito não quer, aqui em Floripa, tu. Olha tua cor. Olha, pobre aqui não fica. Quem comer? Tá com fome? Ali tem comidinha de graça”, dizem.
O Ministério Público de Santa Catarina informou que instaurou um procedimento administrativo e emitiu ofícios à Polícia Militar, na busca de um boletim de ocorrência, e também ao Avaí na expectativa de apurar mais informações sobre o caso.
O Clube do Remo e a Federação Paraense de Futebol se manifestaram, repudiando as agressões verbais da torcedora do Avaí. O clube qualificou como o episódio de “repugnante” e “clara manifestação de racismo e intolerância, e não pode ficar impune”. Nas redes sociais, o presidente da FPF, Ricardo Gluck Paul, condenou o ato de discriminação e informou que a CBF já foi informada.
Na súmula do jogo não há registro da solicitação do protocolo antirracista da Fifa ao longo da partida. Em nota, o Avaí confirmou e repudiou o episódio. O clube explicou que iniciou o processo de identificação da torcedora que aparece nas imagens, que irá vetar os acessos dela aos eventos do clube em tempo indeterminado e que pretende colaborar com as autoridades.
Veja o momento em que os torcedores cometem atos racistas e xenofóbicos dentro do estádio durante a vitória do Avaí por 3 a 1 contra o Remo:
NOTA DO REMO: MANIFESTAÇÃO DE REPÚDIO
O Clube do Remo vem a público repudiar o episódio de xenofobia e injúria racial sofrido por torcedores azulinos na partida de sábado (15), diante do Avaí, no estádio da Ressacada, em Florianópolis, pelo Campeonato Brasileiro da Série B.
Esse ato repugnante é uma clara manifestação de racismo e intolerância, e não pode ficar impune. O Clube do Remo não tolera qualquer forma de discriminação ou preconceito e exige a punição dos envolvidos.
O racismo e a xenofobia são crimes e precisam de uma resposta à altura da gravidade dos fatos ocorridos. É preciso, ainda, reiterar o compromisso do Clube na luta contra qualquer tipo de discriminação, sendo tais condutas incompatíveis com os valores e história do clube que se orgulha de representar a região norte e, principalmente, o estado do Pará.
A intolerância e o preconceito precisam ser combatidos, seja no esporte ou em qualquer lugar na sociedade.
NOTA OFICIAL DO AVAÍ
O Avaí Futebol Clube reitera seu posicionamento de repúdio inequívoco e total à conduta racista e xenófoba manifestada por uma torcedora durante a partida entre Avaí x Remo.
O racismo é um crime grave que não pode ser tolerado dentro ou fora dos estádios.
Por isso, queremos esclarecer à nossa torcida e à sociedade as ações que estão sendo tomadas e que reforçam nossa postura:
Identificação e Acompanhamento: Tão logo tivemos ciência do ocorrido, iniciamos o processo de identificação da pessoa responsável. Estamos em total colaboração com as autoridades competentes para que as investigações sejam concluídas e as sanções legais, aplicadas.
Medidas Internas: Após a identificação, a torcedora terá seu acesso aos eventos do clube, como jogos e atividades, imediatamente suspenso por tempo indeterminado.
JBS, MBRF e Minerva bancam influenciadores em propagandas sobre carne; campanhas foram mais intensas às vésperas da COP
Por TJ Jordan, Akhil Ranjan, Rachel Sherrington, Clare Carlile, DeSmog | Edição: Matthew Green, Emily J Gertz | Colaboração: Ellen Ormesher, Bruno Fonseca, Maria Martha Bruno
Empresas do agronegócio mobilizaram um exército de influenciadores e personalidades nas redes sociais antes da COP30, que termina nesta semana em Belém. Pelo menos 195 influenciadores brasileiros, entre modelos, apresentadores de TV, médicos famosos e ativistas de direita, publicaram conteúdos patrocinados por dez das maiores empresas de carne, fertilizantes e alimentos do mundo nos 12 meses que antecederam a COP30.
O número é mais de duas vezes maior que os 80 influenciadores patrocinados no mesmo período há um ano, segundo análise da organização de jornalismo internacional DeSmog, que a Agência Pública publica em parceria. Juntos, estes influenciadores têm milhões de seguidores no Instagram.
As publicações incluíam afirmações sobre os benefícios da carne para a saúde, esquetes de humor sobre a vida no campo e vídeos com músicas promovendo nuggets de frango e hambúrgueres.
O cantor pernambucano João Gomes é uma das personalidades recrutadas pelas empresas do agronegócio: ele publicou em março um vídeo em que aparece cantando e dançando ao lado de saxofonistas, depois de comer um hambúrguer bovino da Maturatta, marca da JBS. Ele tem 16,6 milhões de seguidores no Instagram.
Gomes e os demais mencionados na apuração foram procurados nas suas redes sociais para comentar. As respostas estão incluídas na reportagem.
A médica e atleta amadora Dra. Luciana Haddad também exaltou as virtudes da carne bovina, dizendo a seus 125 mil seguidores no Instagram que estava criando “conteúdo baseado em ciência” para a empresa Minerva. Ela afirmava: “No meu caso, a carne sempre foi essencial para a recuperação e o desempenho!”.
Quando procurada para comentar, Haddad respondeu por e-mail que “toda parceria que faço com empresas tem o mesmo objetivo: ampliar o diálogo e levar informação de qualidade sobre o que realmente importa para o bem-estar… com a Minerva, meu conteúdo é focado exclusivamente na minha área de atuação, ou seja, saúde.”
No festival de música The Town, realizado em setembro na cidade de São Paulo, a influenciadora de moda Bruna Biancardi publicou um vídeo abrindo sua bolsa de grife e mostrando produtos de frango frito da Seara, marca da JBS, com a legenda: “@searabrasil me convidou para mostrar o que eu levo na bolsa nos dias de festival.” Biancardi tem 14,5 milhões de seguidores.
Também no festival, a apresentadora Fátima Bernardes recebeu mais de 100 mil curtidas em um vídeo publicado para seus 13 milhões de seguidores, usando uma air fryer para preparar nuggets de frango da Seara.
O próprio festival esteve envolvido nas ações de marketing de empresas ligadas à COP30: o The Town, junto ao Rock In Rio e empresas como a Vale patrocinaram um show às vésperas da COP que contou com artistas paraenses como Dona Onete, Gaby Amarantos e Joelma, além da cantora dos EUA Mariah Carey. O show, realizado em cima de um palco que imitava uma vitória régia, aconteceu numa área protegida que enfrenta erosão, turismo predatório e ausência do Estado. Reportagem da Pública com a Carta Amazônia mostrou que, fora dos holofotes, a Ilha do Combu está ameaçada justamente pelas mudanças climáticas e problemas socioambientais que a COP30 tenta resolver.
Muitos influenciadores usaram sua reputação ou expertise para associar os produtos das empresas à cultura pop ou reforçar seus supostos benefícios à saúde e ao bem-estar, em vez de abordar diretamente questões ambientais ou climáticas.
Segundo ativistas de clima, ao se associarem a celebridades brasileiras, os gigantes do agronegócio buscam desviar a atenção pública de suas crescentes emissões e evitar pressões para reduzir o consumo de carne, em favor de dietas à base de plantas, menos nocivas ao planeta.
A agricultura é responsável por cerca de um terço dos gases de efeito estufa que impulsionam o aquecimento global, enquanto a pecuária industrial e o desmatamento para cultivo de ração, como a soja, são as principais causas de destruição florestal, inclusive na Amazônia.
“Esse aumento [no uso de influenciadores] não é uma surpresa: ele reflete a nova estratégia das grandes corporações de legitimar suas ações e fortalecer sua reputação. Elas apostam em uma forma de comunicação mais humana e próxima, que se conecta com o público e influencia diretamente seus estilos de vida”, afirmou Eva Morel, secretária-geral do think tank de mídia francês QuotaClimat, que publicou em outubro um relatório sobre desinformação climática na mídia brasileira.
“O volume em si, no entanto, é preocupante e exige uma vigilância maior por parte dos formuladores de políticas públicas”, acrescentou Morel.
A Petrobras também recorreu às redes sociais antes da COP30, contratando um grupo de sete influenciadores da Geração Z nas áreas de ciência, clima e cultura para produzir conteúdos que apresentem a petroleira como uma campeã da energia limpa, segundo reportagem da Pública de setembro.
Postagem da Bayer, produtora de agrotóxicos, sobre a COP30
Para as dez empresas do agronegócio analisadas, o DeSmog baseou a pesquisa em conteúdos patrocinados ou de marca publicados no Instagram, coletados a partir da biblioteca de anúncios da Meta, empresa controladora do Instagram. O DeSmog também fez buscas manuais para identificar publicações patrocinadas que não estavam listadas na biblioteca de anúncios.
As empresas incluídas no levantamento foram: JBS, multinacional brasileira e maior produtora de carne do mundo; as também brasileiras MBRF e Minerva Foods; as gigantes globais de sementes e pesticidas Bayer, Corteva e Syngenta; a multinacional europeia de fertilizantes Yara; e as companhias norte-americanas de commodities agrícolas ADM, Bunge e Cargill.
Essas empresas foram selecionadas para representar toda a cadeia global de produção de alimentos, de produtores de insumos — como sementes, produtos químicos e fertilizantes — a processadores e exportadores de carne que abastecem mercados no Brasil e no exterior. Elas estão no centro de um modelo industrial de agricultura que gera quantidades crescentes de gases que causam efeito estufa, incluindo metano emitido pelo gado e dióxido de carbono produzido na fabricação de fertilizantes à base de combustíveis fósseis, que também podem liberar óxido nitroso poluente ao serem aplicados no solo.
A JBS, MBRF e Minerva foram responsáveis pelo maior volume de conteúdo com os influenciadores, representando três quartos das cerca de 200 parcerias identificadas.
No entanto, o maior aumento no uso de influenciadores foi registrado entre as europeias Bayer e Syngenta, do setor de pesticidas, e as norte-americanas Cargill e Bunge. Essas quatro empresas passaram de quase nenhuma ação com influenciadores no Brasil para um total combinado de 44 parcerias nos últimos 12 meses.
No geral, sete das dez empresas ampliaram o uso de influenciadores no último ano em comparação com o período anterior. As produtoras de fertilizantes Yara e Corteva, e a comerciante de grãos ADM, reduziram levemente ou não realizaram parcerias com influenciadores nos últimos dois anos.
A Syngenta afirmou que trabalha com influenciadores para “manter a relevância junto aos nossos públicos” e que “investir na produção de informação de qualidade contribui para o fortalecimento da ciência e da inovação em todas as áreas — especialmente na agricultura”.
A Yara se recusou a comentar. A JBS pediu mais informações sobre as propagandas citadas. As outras sete empresas não responderam aos pedidos de resposta.
Minerva Foods, que patrocinou influencers brasileiros, tem uma área dentro da COP30
Ativistas do clima afirmam que, ao se associarem a celebridades brasileiras, os gigantes do agronegócio buscam desviar a atenção do público de suas emissões crescentes e afastar as pressões para reduzir o consumo de carne em favor de dietas à base de plantas, que causam um impacto muito menor na saúde humana, no clima e no meio ambiente.
Um estudo de 2024 realizado por pesquisadores de saúde pública da Universidade de São Paulo (USP) descobriu que as quantidades excessivas de carne vermelha consumidas diariamente pela pessoa média no Brasil já estão aumentando os riscos de doenças como câncer, diabetes e enfermidades cardiovasculares, e excedem em muito a “dieta da saúde planetária”, recomendada pela Comissão EAT-Lancet para sistemas alimentares saudáveis, sustentáveis e justos, que aumenta o consumo de alimentos de origem vegetal e reduz o de proteínas de origem animal.
Segundo a atualização revisada por pares da EAT-Lancet, publicada em outubro de 2025, as emissões que aquecem o clima provenientes da agricultura cairiam cerca de 15% se o consumo global de carne, gorduras saturadas, açúcar e sal diminuísse, enquanto as mortes relacionadas à nutrição cairiam em torno de 15 milhões por ano — o equivalente a salvar mais de 41 mil vidas por dia. Esses impactos seriam ainda maiores se as mudanças relacionadas à alimentação fossem além das dietas, observou a EAT-Lancet: “Uma transformação nos sistemas alimentares é fundamental para solucionar as crises relacionadas ao clima, à biodiversidade, à saúde e à justiça”.
ESTRATÉGIA DIGITAL REFORÇA IMAGEM DO AGRO
Como país-sede da COP30, o Brasil colocou como um dos principais objetivos da conferência a “transformação da agricultura e dos sistemas alimentares”.
Do outro lado do balcão, o setor do agronegócio enviou centenas de lobistas e patrocina eventos para defender a tese de que a indústria pode enfrentar a crise climática com ajustes pontuais em seus negócios, em vez de adotar as mudanças estruturais profundas que cientistas do clima apontam como essenciais para reduzir drasticamente as emissões.
As grandes empresas de carne e agroquímicos têm usado táticas que incluem minimizar o impacto climático da indústria, defender soluções tecnológicas pouco confiáveis e argumentar que regulações obrigatórias ameaçam a saúde e a prosperidade humanas (confira as narrativas do agronegócio nas negociações).
Segundo uma pesquisa publicada em julho de 2024 pela Universidade Federal do Pará (UFPA), sete em cada dez brasileiros têm uma visão positiva do agronegócio. Muitos dos influenciadores contratados pelas empresas analisadas pelo DeSmog estão entre as figuras mais populares da cultura pop brasileira, pagos tanto para promover produtos específicos, como hambúrgueres e nuggets, quanto para se conectar com comunidades online segmentadas.
O educador físico e apresentador de TV Márcio Atalla apareceu em um vídeo de fevereiro patrocinado pela Minerva, no qual afirmou aos seus 1,1 milhão de seguidores que a carne “é uma excelente fonte de proteína, vitaminas e minerais, essencial para a saúde, o ganho de massa magra e até para o coração!”. Atalla acrescentou: “Confio na Minerva Foods, que garante qualidade e tem compromisso com a sustentabilidade”.
Já empresas agroquímicas como a Syngenta escolheram criadores de conteúdo populares dentro da comunidade agrícola. O canal Primos Agro, administrado por dois primos que produzem vídeos satíricos sobre a vida no campo, publicou duas vezes, em setembro e outubro, para seus 2,1 milhões de seguidores, promovendo produtos de fertilizantes da Syngenta. Os vídeos somaram 280 mil curtidas.
Embora mais raramente, alguns influenciadores falaram diretamente sobre temas ambientais e climáticos. A influenciadora do agronegócio Camila Telles, que participa frequentemente de eventos da direita e tem ligações com a Atlas Network, uma rede internacional de think tanks liberais, publicou em junho um vídeo patrocinado pela Minerva em que perguntava aos seus 455 mil seguidores: “Você sabia que a carne no seu prato pode ajudar o meio ambiente?”. No vídeo, ela descreve produções de carne de baixo carbono e pastagens que sequestrariam carbono da atmosfera.
Procurada, Telles respondeu que “as parcerias que firmo, existem justamente porque meu trabalho já é reconhecido pela abordagem séria, coerente e baseada em fatos sobre o agronegócio brasileiro. Elas não definem meu conteúdo — apenas ampliam o alcance de pautas que eu já defendo há anos, com ou sem patrocínio”. Veja a resposta completa aqui.
Alguns influenciadores chegaram a trabalhar tanto para empresas do agronegócio quanto para organizações ambientais. O comediante Fábio Cruz, que havia publicado conteúdo patrocinado pela marca de carnes Seara durante o festival The Town, em setembro, apareceu no mês seguinte em um post para o Greenpeace Brasil, vestindo uma camiseta com a frase “Respeitem a Amazônia”.
MARCAS AUMENTARAM ANÚNCIOS PARA COP30
O conteúdo com influenciadores foi apenas uma das armas no arsenal digital antes da COP30. As dez empresas analisadas também publicaram anúncios pagos no Facebook (Meta), Google e LinkedIn nos meses que antecederam as negociações climáticas.
Foram veiculados mais de 6 mil anúncios direcionados ao público brasileiro no Google, incluindo cerca de 350 anúncios em vídeo, com quase metade sendo publicada nos 30 dias que antecederam a conferência.
No fim de outubro, as empresas também tinham um total de 929 anúncios ativos no Facebook e no Instagram no Brasil. Como a legislação brasileira não exige que a Meta — empresa controladora do Facebook e do Instagram — mantenha anúncios inativos em sua biblioteca de publicidade, não foi possível determinar se as empresas haviam aumentado a quantidade de anúncios nessas plataformas.
Ainda assim, a análise sugere que as empresas tiveram um foco especial no Brasil. Em 31 de outubro, fabricantes de pesticidas como Bayer, Corteva e Syngenta tinham mais anúncios ativos no Facebook e no Instagram no Brasil do que em qualquer outro país.
O Brasil é o terceiro maior usuário de pesticidas no mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Assim como o conteúdo produzido por influenciadores, os anúncios geralmente evitavam abordar diretamente a questão das mudanças climáticas, mas serviam para justificar os modelos de negócios existentes das empresas, destacando os benefícios de seus produtos e serviços.
Um anúncio da Bayer afirmava: “Seguimos com a mesma missão: saúde para todos, fome para ninguém”, em referência ao seu ramo farmacêutico e ao de agroquímicos.
Um anúncio da JBS, promovendo oportunidades de emprego, convidava jovens recém-formados a se juntarem à empresa para “alimentar o mundo”.
Nos Estados Unidos, a subsidiária norte-americana da JBS fechou recentemente um acordo para encerrar um processo por publicidade enganosa movido pelo estado de Nova York. A procuradora-geral Letitia James havia processado a empresa por violar leis estaduais de proteção ao consumidor ao anunciar falsamente que zeraria suas emissões que aquecem o clima até 2040, depois que uma investigação de seu gabinete constatou que a JBS ainda não havia calculado suas emissões totais e não tinha um plano real para sustentar essa promessa.
Nos anúncios, a JBS USA “recorreu ao greenwashing e a declarações enganosas” para atender ao desejo dos consumidores por produtos ambientalmente responsáveis, afirmou o gabinete da procuradora-geral em um comunicado à imprensa — incluindo frases como: “A agricultura pode fazer parte da solução climática. Bacon, asinhas de frango e bife com emissões líquidas zero. É possível.”
A JBS concordou em pagar US$ 1,1 milhão ao estado para apoiar programas de agricultura resiliente ao clima em Nova York, mas afirmou em comunicado que sua decisão de fazer um acordo “não representa uma admissão de irregularidades”.
A 37ª rodada não foi favorável ao Remo. O plano do acesso, que parecia bem encaminhado, de repente entrou em compasso de espera. Subir ainda é possível, mas não depende mais exclusivamente das ações do time. Para alcançar o objetivo, o Leão terá que vencer o Goiás no domingo (23, às 16h30) e torcer para que Chapecoense ou Criciúma percam seus jogos. Depender dos outros é sempre angustiante.
E angústia foi o que a torcida azulina sofreu no sábado à tarde, durante o jogo com o Avaí, disputado em Florianópolis. O Remo sofreu gol ainda no 1º tempo, em pênalti discutível. Até sofrer o gol, o time azulino fazia uma partida controlada e tinha criado as melhores chances.
Panagiotis, Diego Hernández (2 vezes) e Nico finalizaram com muito perigo antes dos 15 minutos. O goleiro Otávio, reserva escalado para o jogo pelo Avaí, era um dos melhores em campo. Apesar disso, havia um grave problema na lateral direita azulina, ocupada pelo volante Pedro Castro.
Obrigado a marcar o velocista Emerson Ramon, Castro tomou um amarelo e se lesionou antes dos 20 minutos. Foi substituído por Freitas, meia-armador improvisado de lateral. Também não deu certo. Foi em cima dele que Ramon cavou a penalidade: um choque dentro da área que resultou no gol inaugural da partida, marcado por Cléber.
A situação de vulnerabilidade atrás era acompanhada pela ausência de criatividade no meio-de-campo. Panagiotis não conseguia produzir jogadas para os atacantes Nico Ferreira, Pedro Rocha e Diego Hernández. Lento e dispersivo, o meia errou a maioria dos passes. Caio Vinícius, que voltava ao time, também teve atuação aquém do esperado.
Sem conseguir reagir ao gol sofrido, o Remo precisou mudar. Guto Ferreira botou Nathan Pescador, Cantillo, João Pedro e Marrony. Deixou o time mais ofensivo, mas desguarnecido na marcação. Em poucos minutos, o Avaí aproveitou os espaços na zaga e chegou ao segundo gol em contra-ataque fulminante. Cléber recebeu livre diante de Marcelo Rangel.
Com trocas de passe e algumas investidas pelos lados, com Hernández e Nico, o Remo seguiu pressionando. Até que Nathan bateu em direção ao gol, Pedro Rocha desviou e João Pedro diminuiu. Pena que, dez minutos depois, o Avaí liquidou a fatura. Gol de Léo Reis em contra-ataque idêntico ao do segundo gol. Nova falha defensiva fatal.
Os erros de escalação e escolha de substitutos puniram o Remo terrivelmente, levando à primeira derrota sob o comando de Guto Ferreira. Pior ainda: o time caiu da terceira para a 6ª posição a uma rodada do final do campeonato e os pontas Hernández e Nico caíram na pilha dos adversários, sendo expulsos de campo.
Ficou difícil, mas quem falou que seria fácil?
Técnico admite erros, mas mantém fé no acesso
Guto Ferreira tem crédito. Botou o Remo no G4 quando quase ninguém mais acreditava na possibilidade de acesso. Dito isto, é preciso admitir também que ele comete erros. E cometeu dois erros crassos contra o Avaí. Na falta de opções para a lateral direita, escolheu o volante mais lento do time, Pedro Castro. Para substituí-lo, botou Freitas, jogador que não entrava em campo há meses. Tinha Pavani, Jaderson, Kayky…
Com sinceridade, o técnico admitiu que cometeu erros. De forma genérica, mas admitiu. É uma prova de inteligência e seriedade. Disse confiar no acesso, e passa confiança ao dizer isso ao torcedor. É importante que a torcida vá ao Mangueirão no domingo, faça uma festa e empurre o time para uma vitória que pode determinar o acesso.
Caso o sonhado salto para a Série A não se concretize, paciência. Vale a comemoração por uma campanha excelente, a melhor do Remo em Campeonatos Brasileiros. Vale ainda a experiência de brigar diretamente pelo acesso, enfrentando de igual para igual os melhores times da Série B.
Vale, também, como importante aprendizado sobre as filigranas de uma competição tão equilibrada, seletiva e traiçoeira. Depois de 2025, nada será como antes para o Remo, no bom sentido. A partir de agora, o clube ingressa em outro nível de ambição ao participar do Brasileiro.
Passou o tempo em que o objetivo era apenas não cair de divisão. O Remo de agora quer mais. Ambiciona o acesso para chegar à Primeira Divisão e, de preferência, se manter nela. Para isso, está investindo em estrutura, o que envolve a reforma completa do CT de Outeiro e a revitalização do Banpará Baenão. O caminho escolhido é um sinal de amadurecimento. (Fotos: Elói Mendes e Léo Piva)
Decisão de domingo traz coincidência gloriosa
Há 20 anos, o Remo conquistou seu primeiro título brasileiro. A Série C de 2005 foi conquistada em circunstâncias adversas, parecidas com as de agora. Era preciso vencer, longe dos olhos da torcida, e torcer por outro resultado favorável.
O Remo foi jogar no estádio Santa Rosa, em Novo Hamburgo (RS), com a missão de vencer para ter chance de conquistar o título, mas isso não bastava. Era preciso que Ipatinga e América-RN empatassem (0 a 0).
Parecia difícil, como agora, mas deu certo. Exatamente no dia 20 de novembro daquele ano aconteceu a rodada final do quadrangular decisivo. Capitão e Maurílio fizeram os gols do Leão. Luís Gustavo descontou para o Novo Hamburgo.
Foi o primeiro título nacional conquistado pelo Remo. Tão importante quanto a taça erguida no estádio gaúcho foi o acesso conquistado naquele momento.
(Quem avisou sobre esse episódio glorioso da história remista foi o professor Gil Matos, torcedor e otimista de carteirinha).
(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 17)
A ciência brasileira precisa entrar de maneira mais incisiva em pesquisas relacionadas ao tipping point da Amazônia não só para entender os diversos fatores envolvidos no processo como para ampliar as evidências disponíveis. A afirmação é do coordenador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), David Lapola. Lapola mediou o painel “Hipóteses extraordinárias exigem evidências extraordinárias: Perspectivas em pesquisa, educação e ações sobre o tipping point da Amazônia”, na Zona Azul da COP30, na quinta-feira (13/11).
A sessão teve o objetivo de discutir o conhecimento atual sobre a possibilidade de ultrapassar um ponto de não retorno na floresta, abordando ações institucionais e coletivas de adaptação e o papel do ensino superior na redução de incertezas e na implementação de soluções.
Vindo das ciências exatas, o termo designa um momento crucial a partir do qual um ecossistema não consegue mais se regenerar, entrando em um outro estado de retroalimentação. Ganhou destaque com o livro The tipping point: how little things can make a big difference, de Malcom Gladwell (2000), que olhou para a questão sob um ponto de vista das ciências sociais. Faz parte da programação da Unicamp na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, realizada em Belém, em parceria com a Fundação Conrado Wessel (FCW) e o AmazonFace, um programa de pesquisa apoiado pela Fapesp que, por meio de experimento de campo, estuda como o aumento de CO2 atmosférico afeta a floresta amazônica, sua biodiversidade e os serviços ecossistêmicos.
“Precisamos conviver melhor com as incertezas. Atualmente não conseguimos afirmar categoricamente que passamos do ponto de não retorno da Amazônia. Mas isso não torna a questão menos séria e urgente. Precisamos ter mais pesquisas brasileiras e simplificar a forma de comunicá-las, sempre mantendo o rigor e a integridade científica. Também é importante abordar pontos que hoje não estão incluídos nesse tipo de estudo, como outros conhecimentos, como os de povos tradicionais, e a visão de ciências humanas. Hoje temos evidências, mas não são extraordinárias”, disse Lapola à Agência FAPESP, logo após o evento realizado no pavilhão Higher Education For Climate Action, do qual a Unicamp faz parte.
O pesquisador é um dos 664 cientistas de 111 países convocados para elaborar o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC), órgão internacional de avaliação da ciência relacionada ao tema, que pela primeira vez incluirá o tema do ponto de não retorno da floresta amazônica na análise. Lapola é o autor principal do capítulo 8 do Grupo de Trabalho I, responsável pelo tema “Mudanças abruptas, eventos de alto impacto e baixa probabilidade e limiares críticos, incluindo pontos de inflexão, no sistema terrestre”.
Informação científica
Durante o painel, as pesquisadoras Sabine Righetti, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, e Ana Paula Morales (Fundação Conrado Wessel), fundadoras da Agência Bori , apresentaram os primeiros resultados de um estudo que analisou artigos científicos publicados sobre tipping point. Usando um sistema de mapeamento, organização e análise de informação científica com ajuda da inteligência artificial, foram analisados 823 artigos da Web of Science.
Após uma varredura com base em seis questões, os estudos foram divididos em três grupos: sim (com 178 artigos), não (247) e talvez (86) para indicação de ponto de não retorno. Concluiu que da perspectiva científica é preciso mais pesquisa para entender melhor o fenômeno e sua complexidade. E sobre a comunicação, que é preciso evitar discurso binário “acabou/não acabou” e explicar a “faixa” de risco e incerteza.
“Enquanto alguns estudos cravam 25% de desmatamento como ponto de não retorno, outros falam em faixas de 18% a 28%”, exemplifica Morales. A pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Atlas Cultural de Soluções Científicas, uma iniciativa da Bori com a FCW, que usa IA para mapear, organizar e analisar informação científica para apoiar tomadores de decisão.
O piloto do projeto, para testar o sistema, foi desenhado em reuniões com a Fapesp, que neste ano lançou o portal A Ciência na COP30 para reunir pesquisas e projetos apoiados pelas duas fundações visando ampliar o conhecimento sobre o clima.
“A população em geral não sabe o que é tipping point. Essa é uma linguagem da ciência. Queremos passar esse conhecimento científico para a sociedade e, principalmente, tomadores de decisão e formuladores de política pública”, disse Righetti, que também é assessora da coordenadoria geral Mídia Ciência da Fapesp.
A professora Marina Hirota, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destacou que o próprio termo tipping point tem variação ao ser usado, dependendo da especialidade do cientista.
“É importante, por exemplo, promover interação entre quem faz os modelos e quem está no campo. Como treinamos para que as pessoas queiram juntar modelo e ecologia? Mais do que nunca precisamos de mais gente conversando, inclusive fora da academia, porque senão daqui a pouco tudo pode começar a ser atribuído como ponto de não retorno”, afirma Hirota, que desenvolve estudo com representações algorítmicas da Amazônia para compreender por que certas porções da floresta são mais vulneráveis que outras, interligando diferentes disciplinas, como ecologia e antropologia.
Ao falar no painel sobre o conhecimento dos povos tradicionais, a indígena Kaiana Kamaiurá, do Xingu, disse que as comunidades indígenas não sabem o que é tipping point, “mas sentem na pele as mudanças climáticas”.
“Antes nosso povo contava o calendário para programar o plantio com a mudança das estrelas. Hoje, se usamos as estrelas perdemos o plantio por seca ou por chuva. Temos tentado adaptar, plantando em diferentes períodos para não perder a plantação. Pode parecer irrelevante em espaços de discussão maiores, mas essa é nossa forma de vida. As mudanças climáticas já estão em nossos territórios com os rios secando, os peixes desaparecendo e indo para outros lugares. Temos procurado nos adaptar para conseguir sobreviver.”
Já a pesquisadora Taís Gonzales destacou, entre outros pontos, a questão do racismo ambiental e como as mudanças climáticas têm impactos diversos para diferentes populações.
O embarque de Vinicius para a seleção brasileira nesta data Fifa, sob o comando de Carlo Ancelotti, foi visto com alívio pela imprensa espanhola. Ancelotti, conhecido por sua habilidade em gerir estrelas e egos, é considerado uma figura de grande influência sobre o atacante
A recente polêmica entre o atacante Vinicius Junior e o técnico Xabi Alonso, no Real Madrid, expôs um clima de tensão no vestiário merengue. A insatisfação do brasileiro com as substituições e decisões táticas do espanhol culminou em cenas de desabafo e irritação do atleta em campo, inclusive no último clássico diante do rival Barcelona.
O embarque de Vinicius para a seleção brasileira nesta Data Fifa, sob o comando de Carlo Ancelotti, foi visto com alívio pela imprensa espanhola. Ancelotti, conhecido por sua habilidade em gerir estrelas e egos, é considerado uma figura de grande influência sobre o atacante, sendo por vezes descrito como um “paizão” para ele.
Apesar de Xabi Alonso ter colocado uma pedra sobre o tema, é nítida a tensão de Vinicius em Madri. Porém, a convivência dele com Ancelotti na seleção teve um efeito imediato. Isso porque o ambiente criado pelo italiano é de união e parceria, ponto elogiado por diversos atletas da equipe.
Na vitória do Brasil sobre Senegal por 2 a 0, Vini se apresentou em um modo mais leve. Em campo, demonstrou dedicação com belos passes e jogadas de velocidade. Fora dele, não houve espaço para o temperamento explosivo visto nos jogos do Real Madrid: o camisa 7 distribuiu sorrisos e abraços, inclusive no momento em que foi substituído no segundo tempo.
O efeito de Carlo Ancelotti sobre o psicológico de Vini é um trunfo extra para a seleção, que começa a desenhar um time titular no qual o camisa 7 é protagonista. Além disso, o “clima de Copa” no elenco também se tornou realidade sob o comando do italiano.
“Acredito que com o Ancelotti estamos evoluindo e tendo um padrão de jogo. Encontrar isso até a Copa do Mundo será importante. Temos poucos jogos até lá, então todos têm que entrar no ‘clima da Copa’ e colocar na cabeça que a nossa oportunidade está chegando”, disse Vini Jr.
Do lado do comandante, a recíproca é verdadeira. Ancelotti considera Vinicius um craque do Brasil e quer extrair dele a sua melhor versão, assim como foi no período em que dirigiu o Real Madrid.
“É verdade. Com a seleção, ele não conseguiu atingir o nível que costuma ter no Real Madrid. Mas, nestas últimas partidas, ele melhorou e se saiu muito bem com o Brasil, marcando gols e dando assistências. Ninguém pode questionar suas qualidades. Vini é craque”, conclui Ancelotti. (Com informações da Folha de S. Paulo)
Com desempenho abaixo do esperado, o Remo foi derrotado pelo Avaí por 3 a 1, no estádio da Ressacada em Florianópolis (SC), na tarde deste sábado, valendo pela 37ª rodada da Série B. Com o resultado, o time de Guto Ferreira caiu para o 4º lugar na classificação e será ultrapassado por Criciúma, Goiás ou Novorizontino, que ainda jogam na rodada. De favorito a subir para a Série A, o Remo encerrou o giro de dois jogos fora de casa com apenas um ponto conquistado e situação difícil na tabela de classificação, dependendo de outros resultados.
A partida começou equilibrada e o Remo buscava marcar a saída de bola do Avaí. Conseguiu criar boas situações antes dos 15 minutos. Teve chances claras logo no começo, com Diego Hernández (2 vezes), Panagiotis e Nico Ferreira, mas o Avaí reagia em contragolpes rápidos, principalmente pela esquerda de seu ataque, explorando a improvisação de Pedro Castro na lateral azulina.
Com dificuldades para marcar os rápidos atacantes do Avaí, Castro recebeu um cartão amarelo e se lesionou em seguida, sendo substituído por Freitas, também improvisado na posição. Pedro Costa, reserva imediato de Marcelinho, não foi escalado e nem relacionado para a partida.
A partida era equilibrada até a marcação do pênalti. No lance, Freitas e Emerson Ramon se chocaram dentro da área e o o árbitro apontou falta no lance. Na cobrança, Cléber converteu a penalidade. O Remo tentou esboçar reação, mas parou na firme marcação do Avaí.
Logo no início do 2º tempo, Marquinhos Gabriel tocou para Cléber finalizar, sem marcação, e ampliar para 2 a 0. O lance surgiu de uma falha no lado direito da zaga. Foi uma ducha de água fria na tentativa de reação do Remo, que passou a se expor ainda mais na busca pelo gol.
Guto Ferreira fez quatro mudanças, colocando Marrony, Nathan Pescador, Cantillo e João Pedro em campo. O time ficou com a bola e botou pressão pelos lados, com Hernández e Nico. Chegou ao gol em investida de Nathan, que bateu em direção ao gol, a bola desviou no caminho e Pedro Rocha tocou para João Pedro descontar, aos 25′.
O gol animou a torcida azulina que lotava um bloco da arquibancada do estádio. O Remo seguiu pressionando, mas não conseguiu acertar o gol. Com a zaga exposta, pois apenas Klaus e Reynaldo não tinham proteção de volantes, o Avaí atacava esporadicamente, mas chegou ao terceiro gol, aos 36′, em contra-ataque fulminante, finalizado por Léo Reis.
Apesar do esforço dos azulinos, a vitória catarinense se consolidou e o jogo terminou com briga nas arquibancadas entre torcedores do Avaí e do Remo. A confusão deixou a partida paralisada por cinco minutos. Quando o jogo ia terminar, surgiu um tumulto generalizado em campo, resultando na expulsão de quatro jogadores do Avaí e dos remistas Diego Hernández e Nico, que caíram na pilha dos adversários. Ambos desfalcam o time na partida final contra o Goiás, em Belém.
A importância da partida entre Avaí e Remo, neste sábado (16h30), vai além dos três pontos em disputa. Representa a chance de chegar à antessala de um salto gigantesco do clube, saindo do bloco intermediário para ocupar um lugar no banquete das elites do futebol no Brasil. Financeiramente, significa triplicar a receita atual (cerca de R$ 50 milhões).
Caso vença o Avaí e supere o Goiás, o Remo conseguirá um feito esperado pela torcida há três décadas: a volta à Primeira Divisão nacional. Pelo lado técnico, o acesso colocará o Leão no patamar mais alto do Campeonato Brasileiro, sonho acalentado pela diretoria, mas que poucos acreditavam ser possível no início da Série B.
A estratégia ousada que cercou a campanha justifica o entusiasmo dos principais responsáveis pela caminhada. Tudo isso, obviamente, só vai fazer sentido caso o time siga correspondendo em campo. Conforme palavras do próprio Guto Ferreira, nada está ganho e só o resultado final permitirá comemorações.
Contra o Avaí, que deve escalar sua melhor formação, o Remo terá que funcionar em alta rotação, corrigindo os erros vistos no jogo com o Novorizontino. A lentidão excessiva foi o problema mais preocupante. Afinal, o Remo conseguiu a arrancada de seis vitórias com transição rápida e muita velocidade nas manobras ofensivas.
O retorno de Caio Vinícius e Diego Hernández enche a torcida de esperança para o confronto na Ressacada. Ambos são peças essenciais no mecanismo de saída em velocidade e aproveitamento das ações pelos lados. Por isso mesmo, o caminho para chegar ao triunfo passa pela dupla. (Foto: Raul Martins/Ascom CR)
Metade dos brasileiros vê um jogo por semana
Além de confirmar a devoção que o brasileiro nutre por futebol, um levantamento inédito da Nexus reforça o poder da TV aberta para a transmissão de jogos. A preferência absoluta é por partidas do futebol nacional em detrimento de torneios internacionais. Sete (73%) em cada dez brasileiros acompanham futebol sempre. Sendo que quase metade (47%) assiste a, pelo menos, um jogo por semana.
Oito em cada dez brasileiros têm um time de coração: 78% declararam torcer por algum time, enquanto 22% não apontam um time preferido. Importante: 41% acompanham fielmente mesas redondas, chamadas “resenhas”, sendo que 24% assistem ao menos uma vez por semana. E dois em cada dez preferem torcer diretamente nos estádios.
Bola na Torre
Giuseppe Tommaso apresenta o programa, a partir das 22h, na RBATV, com a participação de Valmir Rodrigues e deste escriba de Baião. Em análise, os resultados de Remo e PSC na 37ª rodada da Série B. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.
Craques já foram mais bem referenciados
O conceito de qualidade no futebol avacalhou tanto, anda tão esgarçado e vilipendiado, que nos últimos tempos até caneleiros históricos, como Hulk, são reverenciados como se fossem craques. Assombrosamente, setores mais doidivanas da mídia esportiva tratam licenciosamente o entroncado atacante do Galo como referência de atacante.
Houve, até recentemente, quem o considerasse – a sério – um candidato a defender a Seleção na Copa do Mundo-2026. Como se a tosca participação na Copa-2014, quando era 13 anos mais jovem, tivesse sido esquecida. O fato é que Hulk é um jogador mediano e esforçado, não mais que isso.
Papão desperdiça pênalti; empate rebaixa a Onça
O jogo era de cumprimento de tabela, mas o PSC sonhava com uma vitória na partida final da Série B. Para o Amazonas, valia a sobrevivência na competição. Nenhum dos times conseguiu seu objetivo.
A partida terminou empatada, após um 1º tempo repleto de erros nas finalizações. Vinni Faria e Wendell perderam chances pro Papão. Henrique Almeida, Rafael Tavares e Diego Torres desperdiçaram pro Amazonas.
O time amazonense perdeu Erick Varão, expulso aos 29 minutos. O PSC só foi se beneficiar da superioridade numérica na segunda etapa, com André Lima, que acertou um belo chute e abriu o placar aos 25 minutos.
O Amazonas reagiu rápido, marcando dois gols, aos 31 e 21 minutos, com Diego Torres e Joaquín Torres. O PSC reagiu à virada fulminante do adversário, aos 46′, com Bryan Borges. O mesmo Bryan podia ter cravado a vitória, mas desperdiçou um pênalti aos 52′.
(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 15/16)
A cinebio do Rei do Pop está chegando – mas quanto sentido MJ faz em 2026?
Michael Jackson aprendeu a cantar como um anjo e dançar como um cafetão fazendo shows em puteiros aos oito anos de idade. O pai, Joseph, o surrava se não se apresentasse bem, se não ensaiasse o suficiente – qualquer razão era boa.
Todos os irmãos Jackson entravam no couro. Michael, o sétimo filho e óbvia estrela do grupo, apanhava mais. Na casa dos Jackson era deus no céu – Jeová, eram Testemunhas – e Joseph na terra. O pai tentara se dar bem como artista, sem sucesso. Acabou metalúrgico e empresário e feitor dos filhos.
Devemos a esta figura detestável o maior artista que a música jamais teve. Contra números não há argumentos. São 750 milhões de discos vendidos até agora.
O Jackson 5 estreou em 1967, mas foi em 1968 que passaram a fazer parte do elenco da mais eficiente máquina de produção de hits em série da música pop.
A Motown Records foi fundada por Berry Gordy em 59. Seu primeiro hit foi composta pelo próprio Gordy, “Money (That’s What I Want)”. Declaração de princípios ou falta deles. A Motown fazia qualquer coisa por um sucesso. Até mágica.
Os primeiros singles do Jackson 5 na Motown foram “I Want You Back”, “ABC” “The Love You Save” e “I’ll Be There”. Só por isso já mereciam os livros de história.
Os programas de TV da época não mentem. Michael era endiabrado. Requebrava como James Brown, cantava como Stevie Wonder e era fofo como um querubim.
O primeiro disco solo chegou aos 17 anos, “Got to Be There”. De 76 a 84, Jackson seria não só o frontman do Jackson 5 – depois rebatizado como The Jacksons – mas seu principal compositor.
Em 1978, já com vinte anos, Jackson encontrou uma outra figura paterna. O experiente jazzista Quincy Jones, diretor musical do filme “The Wiz” – em que Michael encarnava o Espantalho do mundo de Oz – produziria com Jackson “Off The Wall” e “Thriller”.
“Thriller” fez a ponte entre o soul dos 60, a disco dos 70 e o novo rock dos 80. Era new wave. Era pop, o melhor do pop de três décadas. E popular: vendeu 109 milhões de cópias, recorde para sempre imbatível.
Jackson tinha 37% do preço de cada disco vendido.
Os anos seguintes foram de esquisitice crescente, parte marketing, parte verdadeira. Em 1987, Michael lançaria “Bad”, uma tentativa de repetir “Thriller”. Vendeu, mas vendeu menos. Soava quase sempre histérico, equivocado e pior, velho.
Aos 29 anos, o superastro estava ultrapassado. Era uma anedota bilionária.
O que veio depois é menos importante musicalmente. Em alguns casos, constrangedor. A música piorou. Ficou impossível dissociar Michael, o artista, de Michael, o homem cada vez mais distante de sua humanidade.
Com sua morte, tudo será perdoado, como foi a seu ídolo, James Brown. Agora não é mais um slogan vazio: Michael Jackson será para sempre o Rei do Pop.
(Escrevi o texto acima no dia que Michael morreu. Lembrei porque saiu o primeiro trailer de sua cinebiografia, zilhões de views logo nos primeiros dias.
Parece chapa branquíssima. É estrelada por seu sobrinho, Jaafar Jackson, filho de Jermaine. O diretor, Antoine Fuqua, é especialista em filmes de ação apelões.
O filme tem pinta de bomba, pode virar mania; quem sabe o apresentará para quem não viveu suas impossíveis explosão e implosão. Será que esse monumento com pés de barro faz sentido pras novas gerações?
Descobriremos em abril de 2026. Abaixo republico um textinho de 2014, mais leve, mais esperançoso, sobre seu disco de “inéditas” e uma fantasia do que Michael quem sabe pudesse ser hoje…)
UM MUNDO COM MICHAEL, SEM “MICHAEL”
Michael Jackson tinha 24 anos quando gravou “Love Have Never Felt So Good”. Era 1983. Demorou três décadas para podermos ouvir essa delícia.
É um grande hit e a única música que merece ser hit no disco “Xscape”, que cobre as piores décadas da carreira de Michael, sua transformação de um artista criativo e contagiante em um vampiro vazio.
Mas lá a música tem uma produção modernosa e participação do insosso Justin Timberlake, a cópia da cópia da cópia de Michael. Vale ouvir a versão original. Feliz, solar, com o frescor de um namoro novo. E Michael achou que não era grande coisa…
“Love Have Never Felt So Good” não é obra à altura do gênio de Jackson, certo. Mas nos obriga a imaginar um mundo em que “Thriller” não fez tanto sucesso assim. Nada que pirasse de vez o garoto com décadas de palco e uma iniciante carreira solo.
Quem sabe ele superasse uma infância insana. Talvez superasse a contradição entre ser homossexual e testemunha de jeová, entre se permitir a liberdade de criar e exigir o sucesso a qualquer preço. Um mundo lindo em que Michael Jackson estaria por aí, coroa, mulato, fazendo linda música.
Era um príncipe e que bom seria se nunca virasse rei. Eu estava por aí em 1983 e lembro bem: Michael never felt so good.
Um movimento discreto e providencial da diretoria do Remo e da comissão técnica tem ajudado a sufocar os níveis exagerados de empolgação em relação à partida de amanhã (15) contra o Avaí, em Florianópolis. O compreensível entusiasmo da torcida começou a ser explorado irresponsavelmente por figuras alheias ao clube, interessadas em alardear o suposto favoritismo da equipe azulina.
Houve até quem se dispusesse a especular sobre locais para a festa da vitória. Uma tremenda insanidade, que também é atitude desrespeitosa em relação ao adversário. Além disso, como é normal em futebol, as notícias sobre o clima de festa podem facilmente ser capitalizadas pelo time catarinense, tornando a batalha mais difícil do que já é.
Diante de sinais de hostilidade emitidos por dirigentes e técnicos dos times derrotados pelo Remo nas últimas rodadas, o bom senso recomenda foco e concentração absoluta no jogo, evitando complicações desnecessárias.
O fato de o elenco treinar em Florianópolis, bem distante das muvucas de Belém, facilitou o trabalho de blindagem. A comissão técnica, sob o comando do experiente Guto Ferreira, tem se encarregado de dedicar tempo e atenção à preparação para a partida mais importante do ano.
Apesar disso, um expressivo contingente de torcedores já se encontra em Florianópolis e esgotou a primeira carga de ingressos disponibilizados para o jogo na Ressacada – cerca de 2 mil bilhetes. No final da manhã de ontem, a diretoria anunciou mais um lote de 800 ingressos, também já adquiridos.
Sinal evidente de que não faltará o apoio e o calor do Fenômeno Azul ao time de Guto Ferreira. E é nas arquibancadas que o entusiasmo deve ser manifestado, com o objetivo de empurrar o time rumo à vitória. Comemoração só depois dos 90 minutos. (Foto: Raul Martins/Ascom CR)
Projeção favorece, mas sistema é ponto forte
Há oito rodadas, o Remo joga dentro de um sistema de transições rápidas, contra-ataques letais e avanços pelos lados do campo. Nada revolucionário, mas extremamente funcional com as peças disponíveis no elenco. Nesse sentido, a capacidade de recuperação de bolas no meio-campo se junta à velocidade nas ações ofensivas.
O sistema funcionou muitíssimo bem nos seis primeiros jogos de Guto Ferreira como comandante. Foram seis vitórias, quase todas sustentadas por desempenho de bom nível. No sétimo jogo, houve o empate com a Chapecoense dentro de casa, apesar da boa atuação coletiva.
Na oitava partida, contra o Novorizontino, surgiram fragilidades que ainda não eram visíveis. Sem Caio Vinícius na luta de meio-campo e sem Diego Hernández ajudando Pedro Rocha e Nico Ferreira na frente, o Remo não lembrou a agressividade dos jogos anteriores.
A boa notícia é que os dois ausentes daquele confronto estarão em campo amanhã. Os sites de projeções dão ao Remo 59% de chances de acesso, abaixo da Chapecoense (68%) e do Coritiba, praticamente classificado. Para que isso se confirme, será preciso reativar o sistema.
Papão desfigurado encara Onça desesperada
O PSC entra em campo hoje à noite (20h) para enfrentar o Amazonas com um time praticamente novo em relação ao que disputou o 1º turno da Série B. Sem Matheus Nogueira, que cumpre protocolo de concussão e foi titular na maioria dos jogos, a equipe terá mudanças em todos os setores.
A zaga, que até pouco tempo atrás era formada por Thiago Heleno e Thalisson, agora tem Quintana-Novillo. Em alguns aspectos, a dupla atual leva vantagem sobre a anterior, principalmente quanto ao jogo aéreo.
O meio-de-campo se ampara na figura de Pedro Henrique, segundo volante e bom distribuidor de jogo, grande revelação desta fase de cumprimento de tabela. O ataque tem Marcelinho, Wendel e Marlon. No banco, Ignácio Neto leva vários jogadores da base do clube.
Com 35 pontos e ocupando a 18ª posição, o Amazonas tenta lutar contra as probabilidades. Para escapar ao rebaixamento, o time do lendário Aderbal Lana precisa de seis pontos, contra PSC e Coritiba. É a única possibilidade de alcançar Athletic (40 pontos) e Botafogo-SP (41).
Bruno Henrique: um prêmio à impunidade
O mundo sofre mudanças profundas, inclusive climáticas, mas não há jeito de alterar a nociva influência de certos clubes na justiça desportiva. O STJD teve a pachorra de absolver Bruno Henrique, acusado (com provas) de envolvimento com a máfia das apostas esportivas.
Não haveria maior grita se outros jogadores – Alef Manga, Nino Paraíba – não tivessem sido punidos com longas suspensões, pelo mesmo delito.
(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 14)
Rafael Magalhães, 37 anos, dirigente sindical, é um dos cerca de 50 mil turistas que estão em Belém participando da COP30. Mas, para além de conferências, debates e painéis sobre as emergências climáticas, Rafael, que é de São Paulo, não para. Além de acompanhar, diariamente, a programação da chamada Green Zone na Conferência Mundial do Clima, Rafael também não passa um dia sequer sem conhecer os encantos da capital paraense. “Tento aproveitar ao máximo o que Belém tem a oferecer”, afirma.
Dormindo cerca de quatro horas por noite, o paulista cumpre uma agenda que mistura a programação oficial da COP e as festas que agitam Belém neste período. “Fui nas programações da Freezone, em vários barzinhos e, claro, no Ver-o-Peso. Amanhã vou ver o cantor Felipe Cordeiro se apresentar em uma casa tradicional de shows da cidade”, conta o turista empolgado.
O ritmo alucinante do turista paulista em Belém começou desde o primeiro dia em Belém. Desembarcou de madrugada e antes mesmo de descansar, seguiu direto para a Ilha do Combu. Desde então, não parou mais. Entre um painel sobre clima e uma palestra, o turista se diz encantado com a cidade e seus sabores. “Almocei várias vezes no Ver-o-Peso. Amo o peixe com açaí de lá. Também adoro maniçoba”, revela.
Essa é a segunda visita de Rafael à capital paraense. “Há dois meses vim com amigos, passar férias, mas a cidade estava toda em obras. Agora está muito linda. As obras da COP deram outra cara para Belém. A Doca, por exemplo, está maravilhosa”, elogia o turista, ao mesmo tempo em que pesquisa qual será a festa do dia.
O paulista Rafael explica que adorou as mudanças realizadas na cidade: Belém ganhou outra cara
Além da comida, das festas e da paisagem amazônica, o que mais encanta Rafael é o jeito acolhedor dos belenenses. “Em São Paulo tudo é muito mecanizado. Aqui, não. As pessoas são simpáticas, tratam a gente muito bem. Em qualquer lugar, a gente faz amizade”, comenta.
Rafael participa até de um grupo de WhatsApp, que reúne turistas brasileiros e estrangeiros que vieram para a COP30, criado para combinar os eventos e festas nas quais eles estarão.
Sobre a organização do evento, o paulista não economiza elogios: “Achei estratégica. Essa divisão entre Green Zone e Blue Zone ficou ótima. Gosto também de ver que há programações espalhadas pela cidade, não tudo concentrado num só lugar”. Antes de voltar a São Paulo, no dia 17 de novembro, Rafael ainda pretende conhecer a Ilha do Marajó, para encerrar a viagem em grande estilo.
Quem também aproveita a estadia na COP30 para conhecer a cidade é Elleen Kim, 21 anos, estudante de graduação na Universidade de Boston (EUA). É a primeira vez que ela visita o Brasil — e a experiência, segundo ela, não poderia ser melhor.
É a primeira vez que a norte-americana Ellen Kim vem ao Brasil.
“Me sinto muito feliz que minha primeira experiência no país tenha sido aqui, na Amazônia”, diz a jovem. Na COP 30, ela se dedica a assistir palestras e conferências sobre a fauna, flora e povos indígenas da região. Menos agitada do que o paulista Rafael, Elleen prefere passeios diurnos e ao ar livre. “Visitei a Ilha do Combu, a Estação das Docas e o Mangal das Garças. Também provei frutas locais, vatapá e maniçoba”, conta, sorridente.
Encantada com a paisagem e a história local, a estudante norte-americana compara Belém à sua cidade natal. “Belém é linda e tem uma rica história, diferente da antiga Boston, de onde eu venho. Estou animada para explorar ainda mais esta cidade linda”, revela a turista internacional.
Mas se Kim difere do turista paulista em relação ao ritmo, uma coisa eles têm em comum. Ambos exaltam a hospitalidade paraense. “Uma das coisas que mais gostei em Belém é que os moradores são muito acolhedores. Mesmo quando não falam inglês, tentamos nos comunicar pelo Google Tradutor e eles são pacientes e gentis. No fim, dá tudo certo”, conta Ellen.
Ellen está em Belém acompanhada de outros colegas da universidade americana e, segundo ela, todos voltarão para casa levando não apenas o aprendizado da conferência, mas também a vivência da cidade, da floresta e do calor humano amazônico.
Para Ellen, Rafael, e tantos outros milhares de turistas, a capital da Amazônia já deixa saudades antes mesmo de a COP30 terminar.