
POR GERSON NOGUEIRA
A receita é antiga, muitos até já deixaram de lado por esquecimento ou arrogância, mas a velha máxima continua valendo: o caminho mais fácil para chegar ao gol é pelas pontas. É exatamente o que o Remo precisa fazer neste domingo (23), às 16h30, para passar pelo Goiás e – dependendo de outro resultado favorável na rodada – conquistar o acesso à Série A.
O desafio é conseguir explorar o jogo pelos lados sem ter os ponteiros titulares, Diego Hernández e Nico Ferreira, ambos suspensos. A comissão técnica terá que apostar em dois outros jogadores de ataque, igualmente agudos: Pedro Rocha, artilheiro da competição, e Janderson, extrema-direita que foi titular no início do campeonato.
Para que a força dos atacantes seja potencializada é necessário que tenham o suporte de laterais igualmente ofensivos. Pedro Costa, reserva imediato de Marcelinho, deve ser confirmado na lateral direita, enquanto Sávio (ou Jorge) entrarão no lado esquerdo.
Em papo com os jornalistas na sexta-feira, Pedro Rocha deu a entender que aprecia o entrosamento com Sávio, autor de cruzamentos primorosos, que resultaram em gols do artilheiro. Na direita, Janderson funciona também como um resgate do sistema ofensivo que o Remo utilizou no início do campeonato, acionando Rocha com passes e cruzamentos precisos.
É a combinação mais interessante para que o Remo consiga se impor diante de um adversário qualificado e que também vem a Belém disposto a vencer para conquistar o acesso. O esquema de transições rápidas e aproveitamento de contra-ataques precisa estar afiado, bem como a capacidade de aproveitar as oportunidades.
A comissão técnica tem que se preocupar com a formação de meio-campo. Há um esboço de trio com Cantillo, Caio Vinícius e Panagiotis. Talvez não seja o suficiente para um confronto que vai exigir alta intensidade e rapidez tanto no combate quanto nas saídas rumo ao ataque. Jaderson, Nathan Camargo, Pavani e Pescador são boas alternativas.
Enquanto torce por resultados favoráveis na rodada – derrota do Criciúma ou derrota/empate da Chapecoense –, o Remo terá que fazer o dever de casa. Só a vitória permite concretizar o sonho de acesso à Primeira Divisão. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)
Bola na Torre
Giuseppe Tommaso apresenta o programa, a partir das 22h, na RBATV, com participações de Jorge Anderson e deste escriba de Baião. Em pauta, a rodada final da Série B 2025. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.
Um simples ritual de cumprimento de tabela
Alguns aloprados chegaram a especular sobre supostas promessas de bicho gordo para o PSC endurecer o jogo com o Athletic, hoje, em São João Del Rey (MG). Os times que estão dependendo de um mau resultado do time mineiro são Ferroviária e Botafogo-SP, ambos em total desespero.
O problema é que nenhum deles tem cacife financeiro para oferecer premiação de R$ 1 milhão, como foi divulgado. Da parte dos bicolores, o que importa é encerrar a participação na Série B da forma mais digna possível, de preferência com um resultado positivo.
Vencer ou empatar não será por imposição ou estímulo de outro clube, mas por iniciativa dos próprios jogadores do Papão. O time tem muitos problemas na escalação, mas saberá honrar a história do clube.
Racismo: providências começam por inquérito
A divulgação de um vídeo mostrando os xingamentos racistas e xenofóbicos de uma torcedora do Avaí em direção à torcida do Remo, no estádio da Ressacada, é o ponto de partida para um inquérito que vai apurar o crime cometido e abrir caminho para o devido processo judicial.
A Defensoria Pública do Pará enviou ofício ao Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública de Santa Catarina (DPE-SC), solicitando providências diante da flagrante violação de direitos.
Segundo o defensor público Cássio Bitar, autor da denúncia, a conduta racista e agressiva contra os torcedores paraenses motivou um ofício à Defensoria de Santa Catarina pedindo providências. Ao mesmo tempo, ele se colocou à disposição para atuar em cooperação.
Uma pesquisa realizada em parceria pela CBF e o Observatório da Discriminação Racial no Futebol revela que o número de casos racistas no esporte cresceu 38,77% em 2023 em comparação ao ano de 2022.
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou que irá instaurar procedimento administrativo através da 40ª Promotoria de Justiça da Capital para “apurar possível crime de racismo em decorrência de suposta xenofobia”.
As imagens e áudios exibidos nacionalmente comprovam que não é mera suposição: o crime de ódio e racismo de fato aconteceu. Por essa razão, a autora dos insultos foi demitida pela empresa onde trabalhava.
(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 22/23)
