Leão protesta contra escalação de Raphael Claus para jogo decisivo diante do Goiás

A escalação de Raphael Claus não foi bem recebida pelo Clube do Remo, que emitiu uma nota oficial em termos duros, manifestando descontentamento com a indicação da CBF para comandar a partida válida pela 38ª rodada da Série B, diante do Goiás, neste domingo (23), no estádio Jornalista Edgar Proença (Mangueirão).

O Remo, 6º colocado, com 59 pontos, luta pelo acesso em um confronto direto com o Goiás, 4º colocado, com 61 pontos. Preocupado com a arbitragem, o clube solicitou à CBF “esclarecimentos sobre os critérios de designação do árbitro e demais membros da equipe de arbitragem para esta partida, com vistas a assegurar total imparcialidade, independência e conformidade com o regulamento”.

Claus esteve à frente de duas partidas do Remo, em 2021 e 2022, ambas com resultados considerados desfavoráveis a partir do desempenho do árbitro. Em 2022, o jogo da volta da 3ª fase da Copa do Brasil, terminou com a vitória do Cruzeiro por 1 a 0. Com isso, o confronto foi decidido nos pênaltis, com triunfo do time mineiro.

Um ano antes, Claus apitou o jogo entre Remo e Confiança pela última rodada da Série B 2021. A atuação de Claus até hoje é lembrada por marcações polêmicas: anulou um gol do atacante Neto Pessoa e ignorou uma penalidade muito reclamada pelos azulinos. Com 0 a 0 no placar, o Leão foi rebaixado.

A NOTA DO REMO

O Clube do Remo vem a público manifestar sua discordância e preocupação em relação à escalação do árbitro Raphael Claus para a partida válida pela última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, frente ao Goiás Esporte Clube, marcada para este domingo no Estádio Mangueirão.

Em sua trajetória, o árbitro possui histórico de péssimas arbitragens que já prejudicaram os resultados esportivos do Clube do Remo, inclusive graves prejuízos no passado recente.

Considerando o histórico dessa designação e o momento decisivo que o clube atravessa — com a disputa direta por acesso à Série A — entendemos que a transparência e a segurança da arbitragem são fatores essenciais para garantir a lisura da competição.

Solicitamos formalmente à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por meio dos canais competentes, esclarecimentos sobre os critérios de designação do árbitro e demais membros da equipe de arbitragem para esta partida, com vistas a assegurar total imparcialidade, independência e conformidade com o regulamento.

Reafirmamos que o Clube do Remo seguirá firme na defesa dos seus interesses e direitos, estando preparado para atuar conforme as normas que regem o futebol profissional, garantindo que a partida ocorra em ambiente justo e equilibrado, tanto para o clube quanto para seus torcedores.

Convocamos nossa torcida para com calma e urbanidade, lutarmos bravamente garantindo apoio à equipe em campo, mantendo o respeito aos adversários, à arbitragem e todos os agentes da partida — dentro do espírito que sempre nortearam os valores do clube.

Contamos com o comprometimento de todos os envolvidos para que o espetáculo esportivo seja realizado de forma justa, competitiva respeitosa, honrando a grandeza e tradição do Clube do Remo.

O legado lexical dos negros

(A propósito do 20 de novembro)

Por Sérgio Buarque de Gusmão – no Facebook

Em seu discurso de posse como primeira negra a entrar na Academia Brasileira de Letras, no dia 7, a escritora Ana Maria Gonçalves anunciou: “Venho falando pretuguês…” – referindo-se ao uso de palavras e expressões de línguas africanas correntes no português do Brasil. A realidade é que elas não são numerosas o bastante para caracterizar uma espécie de ramo intra-idiomático na língua de Machado de Assis. A ouvido nu, o tupi, sobretudo por nomear boa parte da fauna e da flora, e literariamente o francês, têm uma presença maior no português.

Proporcionalmente às quase 400 mil palavras registradas em nossos dicionários, os africanismos são poucos, uma assimetria com os termos e acepções dos idiomas que vieram com os estimados cinco milhões de pretos da África, por eles usados ao longo de três séculos de escravidão.

Rebaixados como seres humanos na economia escravista, os cativos não tinham voz e, em geral analfabetos, dispunham de poucos textos que documentassem seu léxico, só no século XX reconstituído por africanistas. A exceção eram os malês, muçulmanos sudaneses alfabetizados em árabe que liam o Alcorão.

Em Falares africanos na Bahia, a etnolinguista Yeda Pessoa de Castro anotou 3.517 palavras e expressões de origem africana, a maioria de circulação regional, não dicionarizada nem abonada por escritores. Apesar da rica crônica sexual dos negros na formação social brasileira, não vingaram algumas do banto e iorubá como nozdo (tesão), naborodô (transar), indumba (adultério), kukungola (solteira que perdeu o cabaço), huhádumi (me come).

Mas circula tabaco, que como erva e fumo veio da espanhola tabaco, e é atribuída por Yeda de Castro ao quicongo ou quimbundo mubaki com o sentido de vulva, porém Nei Lopes, no Dicionário banto do Brasil não a registra. Ela não anota prexeca, que ele supõe ser do banto, assim como xoxota. Para pênis, o dicionarista registra bimba e chibata. Cabaço, significando hímen, virgindade de homem ou mulher, o Aurélio dá como vinda do quimbundo, e Nei Lopes confirma, filiando-a a cabasu, virgindade.

A escassez de africanismos é compensada na linguagem cotidiana do povo por termos que todo brasileiro conhece e fala, como nesta amostra muito reduzida: angu, cachimbo, caçula, cafuné, farofa, fubá, moleque, muvuca, quiabo, quilombo, quindim, quitute, samba, senzala.

Yeda Pessoa de Castro destaca algumas que substituírem “a palavra de sentido equivalente em português: caçula por benjamim, corcunda por giba, moringa por bilha, molambo por trapo, xingar por insultar, cochilar por dormitar, dendê por óleo de palma, bunda por nádegas, marimbondo por vespa, carimbo por sinete, cachaça por aguardente.”

Haverá racismo no dicionário?

Quando o Brasil joga contra o Brasil

O triste espetáculo do vira-latismo em tempos de COP30.

Por Marcelo Botelho

Fico observando a reação de muitos brasileiros diante da COP30 e me pergunto, com sincera inquietação, quando foi que nos acostumamos a torcer contra nós mesmos. O fenômeno é antigo, mas a intensidade atual assusta. Há quem deseje, todos os dias, de maneira quase visceral, que qualquer espelho internacional onde o Brasil apareça retorne quebrado — como se o fracasso coletivo representasse, de algum modo, uma vitória pessoal. A isso se soma uma constatação incômoda: muitos que vibram com a possibilidade de ver o país envergonhado sequer possuem base sólida de estudo, estabilidade ou segurança mínima. Ainda assim, acolhem com entusiasmo uma sensação ilusória de pertencimento a uma elite que jamais os incluirá. O resultado é uma torcida pelo caos que nasce da ignorância e floresce na desinformação.

E esse comportamento, que já seria triste vindo de qualquer parte do país, se torna ainda mais doloroso quando parte de paraenses. Sim, paraenses. Filhos da terra que hoje abriga o maior evento climático do planeta. Pessoas que deveriam estar celebrando o protagonismo amazônico, mas que preferem repetir um velho mantra de autodepreciação: “quanto pior, melhor”. É o complexo de vira-lata em sua forma mais cruel — não apenas duvidando da própria capacidade, mas desejando ativamente que um desastre prove seu ponto. Enquanto haitianos, venezuelanos, angolanos e tantos outros imigrantes chegam ao Brasil descrevendo-o como um lugar onde puderam recomeçar, trabalhar, estudar e viver com dignidade, muitos brasileiros seguem insistindo em enxergar somente o que há de ruim, como se o pessimismo fosse sinal de inteligência.

É nesse ambiente de torcida contra que emerge a pergunta: “Por que escolheram Belém? Brasília ou São Paulo seria muito melhor”. A crítica, compartilhada em tom de perplexidade por alguns, revela não uma análise técnica, mas uma crença arraigada de que o Norte jamais será digno de protagonismo. Para esses, a Amazônia pode ser debatida, desde que longe da Amazônia. A floresta pode ser pauta, desde que seu povo permaneça invisível. Belém, ao ser escolhida, rompeu um eixo histórico — e isso incomoda muitos que se acham donos do Brasil. Belém não é um corpo estranho ao país; é sua alma úmida, pulsante e verde. Negar sua centralidade é negar o próprio Brasil.

E como se não bastasse a resistência inicial, bastou o incêndio no East African Community Pavilion, na Blue Zone, para que uma avalanche de ataques tomasse conta das redes. “Vai botar a culpa no aquecimento global?”, ironizou um senador. “Mais um desastre que marca um evento que já começou errado”, escreveu outro. Na ânsia de transformar um incidente técnico — possivelmente iniciado por uma régua de tomadas sobrecarregada — em munição política, parlamentares correram para rotular a situação como “vergonha internacional”, “falta de água, segurança, energia e saneamento” ou “planejamento inadequado”. A pressa em julgar diz mais sobre eles do que sobre a cidade. E enquanto especialistas lembram que acidentes podem ocorrer em qualquer lugar do mundo, aqui há quem prefira acreditar que apenas Belém seria capaz de atrair o infortúnio.

Curiosamente, no mesmo instante em que as redes ferveciam, a segurança interna da COP30 montava um cordão humano para retirar jornalistas e garantir a integridade física das pessoas. A Green Zone seguia funcionando normalmente, e delegações continuavam seus debates. O incidente foi contido, os eventos na Blue Zone continuaram, e a vida prossegue — menos para aqueles que torciam, secretamente, para que o fogo consumisse não apenas uma tenda, mas o prestígio de toda a Amazônia. Para esses, o incêndio foi um prato cheio: a chance perfeita de dizer “eu avisei”, mesmo que nada tivessem avisado de fato, exceto sua má vontade permanente.

E talvez aí resida o ponto central deste texto: quando foi que deixamos de nos reconhecer como parte de um mesmo país? Quando foi que torcer contra sua própria cidade virou demonstração de esperteza? Quando foi que desejar o fracasso de Belém se tornou, para alguns, equivalente a vencer um debate político? A Amazônia é parte indissociável do Brasil. Belém é porta de entrada do país para o mundo. O êxito da COP30 é o êxito de todos nós — do Acre ao Rio Grande do Sul. Não existe país forte com regiões humilhadas. Não existe Brasil respeitado internacionalmente se o próprio brasileiro insiste em desrespeitá-lo.

E é por isso que, apesar das críticas rasas, das ironias de internet e dos profetas do apocalipse, sigo acreditando que este momento é maior do que qualquer narrador de tragédias. O mundo veio até Belém porque entendeu algo que muitos brasileiros ainda não entenderam: a Amazônia não nasce à beira — nasce no centro daquilo que somos. Belém não é exceção — é o símbolo vivo de uma região que sustenta o Brasil e inspira o mundo. Uma verdade que transcende política, geografia ou conveniências: ela diz respeito à própria essência da nossa identidade nacional.

Porque no final das contas, amar o Brasil não exige cegueira, mas exige lealdade. Exige a coragem de reconhecer falhas sem desejar o colapso. Exige maturidade para saber que um incêndio não apaga um legado. E exige, acima de tudo, que deixemos de ser espectadores do próprio fracasso para nos tornarmos protagonistas do nosso futuro. A COP30 está dizendo ao mundo que a Amazônia importa. Resta saber se nós, brasileiros, teremos grandeza suficiente para acreditar nisso também.

Nota: A imagem final é apenas uma metáfora visual. Sua inclusão atende ao caráter visual da publicação. Criada para ilustrar a forma como alguns brasileiros necessitam visualizar o desastre que insistem em desejar ao Norte do país.

Um time sem improvisações

POR GERSON NOGUEIRA

Com a provável escalação de dois laterais de ofício, Pedro Costa na direita e Sávio na esquerda, o Remo deve ir a campo contra o Goiás com um time que tem mais a ver com a excelente campanha na Série B. Desde o primeiro técnico, Daniel Paulista, o Leão sempre se valeu das laterais para conquistar a maioria de suas vitórias na competição.

Ainda é muito recente a lembrança do que ocorreu na partida contra o Avaí, quando o Remo foi vitimado pelas improvisações na lateral direita – com Pedro Castro e Freitas. O resultado desastroso teve muito a ver com as escolhas do técnico para guarnecer o setor. O próprio Guto Ferreira admitiu isso minutos depois do jogo.  

O futebol é sempre mais simples quando os técnicos evitam complicações. É o que aparentemente deve ocorrer com a escalação para o confronto decisivo de domingo, no Mangueirão. Não há meio-termo, o Remo precisa vencer e para isso terá que usar seus melhores jogadores.

Sem os ponteiros titulares, Diego Hernández e Nico Ferreira, suspensos, o Remo precisará mais do que nunca dobrar a força ofensiva nas laterais. Pela direita, Pedro Costa pode formar dupla com Janderson, já que o titular Marcelinho permanece em tratamento intensivo.

No lado esquerdo, Sávio deve voltar à função que ocupou durante quase todo o primeiro turno. Com problemas físicos, perdeu a titularidade para Jorge, mas pode retomar a posição justamente para fechar a competição. Ofensivo, Sávio pode executar uma função estratégica na partida.

Ao se aproximar de Pedro Rocha, trocando passes e investindo na diagonal em direção à área, tem condições de tornar o ataque azulino ainda mais forte. Ao mesmo tempo, Sávio é um dos melhores batedores de falta do elenco, com gols importantes no currículo.

O artilheiro pode se beneficiar bastante da provável configuração do time para domingo. É como se a linha ofensiva mais produtiva que o Remo teve na Série B pudesse ser revivido com alterações pontuais, inserindo Sávio como um provável quarto atacante em determinadas situações de jogo. (Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Kadu conquista primeiro título no Botafogo

O lateral-direito Kadu Santos, de 20 anos, revelado na base azulina e que ainda pertence ao Remo, ganhou ontem o seu primeiro título como jogador e capitão do Botafogo. Em jogo realizado pela manhã, Kadu foi um dos destaques da vitória alvinegra sobre o Vasco (3 a 2 nos pênaltis), que valeu a conquista do Campeonato Carioca sub-20.

Com atuações elogiadas desde que foi incorporado ao time do Botafogo, mostrando qualidades técnicas e de liderança, tanto que passou a ostentar a faixa de capitão. De promessa azulina, Kadu avança para ganhar espaço dentro do Glorioso, podendo futuramente subir para os profissionais.

Goleiro presepeiro apronta e decide clássico

O goleiro Rossi, do Flamengo, protagonizou anteontem, contra o Fluminense, uma das maiores lambanças do atual Campeonato Brasileiro. Com excessiva confiança, tentou dominar uma bola dentro da área e acabou entregando a paçoca. O lance, que lembrou patacoadas do futebol-pelada, acabou abrindo caminho para a vitória tricolor.

Curiosamente, Rossi disse há algum tempo que pensava em se naturalizar brasileiro para buscar uma vaga na Seleção. Ainda bem que não levou a cabo a ideia. O Fla que se cuide. Afinal, a decisão da Libertadores vem aí.

Papão faz mistério antes de apresentar novo técnico

A contratação do novo comandante técnico é a prioridade de momento no PSC. Depois do rebaixamento à Série C, o novo colegiado que compõe a diretoria do clube entende que não há tempo a perder. O plano é começar a montagem do elenco em dezembro, garantindo que o novo time inicie os treinamentos a tempo das primeiras competições de 2026.

Como o calendário será mais apertado, com antecipação do início do Brasileiro da Série C, a pressa é justificada. Nos últimos dias, alguns nomes foram especulados, mas a diretoria só deixou escapar que o novo treinador nunca trabalhou em clubes paraenses. A previsão é de que seja apresentado na quarta-feira, 26, junto com o executivo Marcelo Sant’Ana.  

Um outro aspecto a ser observado é a manutenção de alguns jogadores do atual elenco. É bem provável que os goleiros Matheus Nogueira e Gabriel Mesquita permaneçam, assim como o lateral Edilson e o atacante Peterson.

Entre os que devem ser liberados estão os atacantes Marlon, Denilson, Marcelinho e Wendel Jr. Os zagueiros Quintana e Novillo também não estariam nos planos. No meio-campo, Carlos Eduardo e Nicola não ficam. O volante Pedro Henrique é o único meio-campista garantido para 2026.   

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 21)